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Tecido Nervoso 1 🌟 Tecido Nervoso Quais são os dois componentes principais do tecido nervoso? Os neurônios, que são células com prolongamentos, e vários tipos de células da glia ou da neuróglia, que sustentam os neurônios e participam de funções importantes para a sua atividade. Como o sistema nervoso é dividido? Anatomicamente, esse sistema é dividido em: sistema nervoso central (SNC), formado pelo encéfalo e pela medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), formado pelos nervos e por pequenos agregados de células nervosas denominados gânglios nervosos Quais as funções fundamentais do sistema nervoso? Receber e transmitir informações oriundas de outros neurônios e de estímulos sensoriais representados por calor, luz, energia mecânica e modificações químicas do ambiente externo e interno; Analisar, organizar e coordenar, direta ou indiretamente, o funcionamento de quase todas as funções do organismo, dentre as quais as motoras, viscerais, endócrinas e psíquicas. Assim, o sistema nervoso estabiliza as condições intrínsecas do organismo, como pressão sanguínea, tensão de oxigênio (O2) e de gás carbônico (CO2), teor de glicose, de hormônios e pH do sangue, além de participar dos padrões de comportamento, como os relacionados com alimentação, reprodução, defesa e interação com outros seres vivos. Quais estruturas fazem parte da morfologia do neurônio? Dendritos, prolongamentos cujo diâmetro diminui à medida que se afastam do pericário. São ramificados e numerosos e constituem o principal local para receber os estímulos do meio ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios Corpo celular ou pericário, que é o centro trófico da célula, onde se concentram organelas, e que também é capaz de receber estímulos Tecido Nervoso 2 Axônio, prolongamento único, de diâmetro constante na maior parte de seu percurso e ramificado em sua terminação. É especializado na condução de impulsos que transmitem informações do neurônio para outras células (nervosas, musculares, glandulares). As dimensões e a forma das células nervosas e seus prolongamentos são muito variáveis. O corpo celular pode ser esférico, piriforme ou anguloso. Quais as classificações dos neurônios baseado na sua morfologia? Tecido Nervoso 3 De acordo com sua morfologia, os neurônios podem ser classificados nos seguintes tipos: Neurônios bipolares, que têm um dendrito e um axônio Neurônios multipolares, que apresentam vários dendritos e um axônio Neurônios pseudounipolares, que apresentam junto ao corpo celular um prolongamento único que logo se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o SNC. A maioria dos neurônios é multipolar; os bipolares são encontrados nos gânglios coclear e vestibular, na retina e na mucosa olfatória. Neurônios pseudounipolares são vistos nos gânglios espinais, que são gânglios sensoriais situados nas raízes dorsais dos nervos espinais, e também nos gânglios cranianos. Como os neurônios são classificados em relação a sua função? Os neurônios podem ainda ser classificados segundo a sua função. Os motores controlam órgãos efetores, tais como glândulas exócrinas e endócrinas e fibras musculares. Os sensoriais recebem estímulos sensoriais Tecido Nervoso 4 do meio ambiente e do próprio organismo. Os interneurônios estabelecem conexões entre neurônios, sendo, portanto, fundamentais para a formação de circuitos neuronais desde os mais simples até os mais complexos. O que é o corpo celular do neurônio e qual a sua função? O corpo celular, ou pericário, é a porção do neurônio que contém o núcleo e o citoplasma que envolve o núcleo. É, principalmente, um centro trófico, mas também tem função receptora e integradora de estímulos, recebendo estímulos excitatórios ou inibitórios produzidos em outras células nervosas. Quais as principais organelas celulares presentes no corpo celular do neurônio? O corpo celular dos neurônios é rico em retículo endoplasmático granuloso, que forma agregados de cisternas paralelas, entre as quais existem numerosos polirribossomos livres. Esses conjuntos de cisternas e ribossomos são vistos ao microscópio óptico como manchas basófilas espalhadas pelo citoplasma, os corpúsculos de Nissl. A quantidade de retículo endoplasmático granuloso varia com o tipo e o estado funcional dos neurônios, sendo mais abundante nos maiores, particularmente nos motores. O complexo de Golgi localiza-se exclusivamente no pericário e é formado por vários grupos de cisternas localizados em torno do núcleo. As mitocôndrias existem em quantidade moderada no pericário, mas são encontradas em grande número nas terminações axonais. Os neurofilamentos são filamentos intermediários (10 nm de diâmetro), abundantes tanto no pericário como nos prolongamentos. O citoplasma do pericário e dos prolongamentos também apresenta microtúbulos semelhantes aos encontrados em outros tipos celulares. Em determinados locais, os pericários contêm grânulos de melanina, pigmento de significado funcional ainda desconhecido nesse tipo celular. Outro pigmento às vezes encontrado nos corpos celulares dos neurônios é a lipofuscina de cor parda, que contém lipídios e se acumula ao longo da idade. Acredita-se que ela consista em resíduos de material parcialmente digerido pelos lisossomos. O que são os dendritos, qual a sua importância e principais características? A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que aumentam consideravelmente a superfície celular, tornando possível receber impulsos trazidos por numerosas terminações axonais de outros neurônios. Os neurônios Tecido Nervoso 5 que têm um só dendrito (bipolares) são pouco frequentes e localizam-se somente em algumas regiões específicas. Ao contrário dos axônios, que mantêm o diâmetro constante ao longo de seu comprimento, os dendritos tornam-se mais finos à medida que se ramificam, como os galhos de uma árvore. A composição do citoplasma da base dos dendritos, próximo ao pericário, é semelhante à do corpo celular; porém, não há complexo de Golgi. A maioria dos impulsos que chegam a um neurônio é recebida por pequenas projeções dos dendritos, os espinhos dendríticos. São formados por uma parte alongada presa ao dendrito e terminam com uma pequena dilatação. Os espinhos dendríticos são muito numerosos e um importante local de recepção de sinalização (impulsos nervosos) que chega à membrana dos dendritos. O que são os axônios? Qual a sua importância para a propagação do impulso nervo e quais as suas principais características? Cada neurônio emite um único axônio, cilindro de comprimento e diâmetro que dependem do tipo de neurônio. Na maior parte de sua extensão, os axônios têm um diâmetro constante e não se ramificam abundantemente, ao contrário do que ocorre com os dendritos. Alguns axônios são curtos, mas, na maioria dos casos, são mais longos do que os dendritos das mesmas células. Geralmente, o axônio se origina de uma pequena formação cônica que se projeta do corpo celular, denominada cone de implantação. O trecho do axônio que parte do cone de implantação, denominado segmento inicial, não é recoberto por mielina. É um trecho curto, mas muito importante para a geração do impulso nervoso, fato que se deve à existência de grande quantidade de canais iônicos para Na+ em sua membrana plasmática. O segmento inicial recebe muitos estímulos, tanto excitatórios como inibitórios, de cuja somatória pode originar-se um potencial de ação. A propagação do potencial de ação ao longo da membrana do axônio constitui o impulso nervoso. O citoplasma do axônio, ou axoplasma, é muito pobre em organelas. Tem poucas mitocôndrias, algumas cisternas do retículo endoplasmático liso e muitos microfilamentos e microtúbulos. A ausência de retículo endoplasmático granuloso e de polirribossomos demonstra que o axônio é mantido pela atividade sintética do pericário. Muitos axônios originam ramificações em ângulo reto próximo a sua terminação,denominadas colaterais. Em geral, a terminação é muito ramificada e se chama telodendro. Nele se concentram pequenas dilatações do citoplasma, Tecido Nervoso 6 denominadas botões sinápticos ou botões terminais, em que se acumulam sinalizadores químicos e os axônios estabelecem sinapses com outras células. Existe um movimento muito ativo de moléculas e organelas ao longo dos axônios. O centro de produção de proteínas é o pericário, e as moléculas sintetizadas migram pelos axônios, movimento chamado fluxo anterógrado. Este fluxo tem diversas velocidades, mas há duas correntes principais: uma rápida (centenas de milímetros por dia) e outra lenta (poucos milímetros por dia). Além do fluxo anterógrado, existe também um transporte de substâncias em sentido contrário, o fluxo retrógrado, que leva moléculas diversas para serem reutilizadas no corpo celular. O que são a dineína e cinesina e qual a relação com o transporte axoplasmático? Microtúbulos e proteínas motoras são responsáveis pelos fluxos axonais. As proteínas motoras prendem vesículas, organelas ou moléculas e transitam com a sua “carga” sobre os microtúbulos. Uma delas é a dineína, que toma parte no fluxo retrógrado; a outra é a cinesina, que participa do fluxo anterógrado. Ambas também atuam como ATPases, que rompem uma ligação do trifosfato de adenosina (ATP), liberando energia necessária para o movimento. O que é o potencial de membrana e como ocorre a propagação do impulso no neurônio? Quando a diferença de voltagem (diferença de potencial) é medida no interior e no exterior das células, observa-se um valor de cerca de –65 mV (dependendo do neurônio, pode ser de –40 a –80 mV), porque o interior da membrana plasmática é negativo em relação ao seu exterior. Essa diferença de potencial é denominada potencial de repouso, que resulta da existência de diferentes cargas elétricas entre uma e outra superfície da membrana. O potencial de repouso depende da presença de moléculas carregadas eletricamente, assim como de diferentes tipos e concentrações de íons em um lado e outro da membrana plasmática. Há, por exemplo, uma concentração maior de sódio (Na+) no exterior da célula e de potássio (K+) no interior. O potencial de repouso é mantido, em grande parte, por canais iônicos e bombas de transporte iônico. Assim, de modo simplificado, pode-se dizer que Na+ é transportado continuamente para fora da célula e K+ para dentro. Estímulos locais sobre a membrana plasmática de um neurônio, causados por sinalização transmitida nas sinapses, podem provocar a entrada de íons e a Tecido Nervoso 7 consequente despolarização e/ou inversão da polaridade do potencial de repouso no local da recepção da sinalização. Os neurônios geralmente recebem grandes quantidades de estímulos em sua membrana plasmática, tanto excitatórios como inibitórios. A somatória dessas sinalizações ocorridas na membrana dos dendritos e do pericário pode resultar na produção de um pico de despolarização denominado potencial de ação, cuja característica mais relevante é a sua propagação ao longo da membrana plasmática do axônio. O potencial de ação se forma pela entrada súbita de íons Na+ em um local da membrana, alterando a polarização local. Na maioria das vezes, ele é gerado no segmento inicial dos axônios, e sua propagação resulta da entrada sequencial de íons Na+ ao longo da membrana. No entanto, em cada parte da membrana, logo após a passagem do potencial de ação e a entrada local de Na+, ocorre a reversão do potencial, com seu retorno ao potencial de repouso, e os íons Na+ rapidamente são transportados para fora da célula por meio de bombas e transportadores. A reversão do potencial de ação em um potencial de repouso também se propaga ao longo da membrana em seguida à onda de propagação do potencial de ação. A duração de todo esse processo é de cerca de 5 ms. A chegada do potencial de ação à terminação axonal provoca vários eventos, que resultam na transmissão de informação a outra célula por intermédio de uma estrutura denominada sinapse. O que são as sinapses? Quais os seus tipos? Explique como elas ocorrem. As sinapses são locais de grande proximidade entre neurônios, responsáveis pela transmissão unidirecional de sinalização. Há dois tipos: sinapses químicas e sinapses elétricas. Sinapses elétricas: são constituídas por junções do tipo comunicante, que possibilitam a passagem de íons de uma célula para a outra, promovendo, assim, uma conexão elétrica e a transmissão de impulsos. Elas existem em vários locais do SNC, e a transmissão de informação por meio delas é mais rápida, porém com menor possibilidade de controle. Sinapse química: também chamada simplesmente de sinapse, que predomina sobre o outro tipo, um sinal representado pela chegada de um potencial de ação (impulso nervoso) ao terminal axonal é transmitido a outra célula por sinalização química. Esta consiste em moléculas Tecido Nervoso 8 denominadas neurotransmissores, que são liberadas para o meio extracelular por exocitose. Os neurotransmissores geralmente são sintetizados no corpo celular do neurônio e transportados até os botões sinápticos, onde são armazenados em pequenas vesículas chamadas de vesículas sinápticas. Os neurotransmissores são exocitados em um estreito espaço situado entre as células que formam a sinapse e, para que possam agir, devem ser reconhecidos por receptores situados na membrana da célula que recebe a informação. Nessa membrana, os neurotransmissores promovem abertura ou fechamento de canais iônicos, ou desencadeiam uma cascata molecular no citoplasma, que resulta na produção de segundos mensageiros intracelulares. A sinapse de um axônio com o corpo celular de outro neurônio chama- se axossomática; a sinapse com um dendrito chama-se axodendrítica; e entre dois axônios chama-se axoaxônica. Como ocorre a sequência de transmissão de sinalização nas sinapses químicas? A despolarização que se propaga ao longo da membrana celular do axônio alcança o terminal axonal e promove a abertura de canais de cálcio na membrana dos botões sinápticos. Em consequência, há um rápido influxo de cálcio para o citosol do botão sináptico, que provoca o transporte das vesículas sinápticas para a proximidade da membrana pré-sináptica, o qual depende de proteínas motoras, como a quinesina. Na membrana pós-sináptica, as vesículas aderem preferencialmente a regiões da membrana denominadas zonas ativas, devido à atuação de várias moléculas. Nesses locais, ocorre a fusão das vesículas com a membrana pré-sináptica e a exocitose do neurotransmissor, que se dispõe no estreito espaço da fenda sináptica. A cada transmissão de impulso sináptico, centenas de vesículas liberam neurotransmissores no espaço da fenda sináptica, que são reconhecidos por receptores presentes na membrana pós-sináptica. Estes se comportam também como canais iônicos, permitindo a entrada de íons através da membrana pós- sináptica. Este afluxo de íons provoca uma despolarização local da membrana pós-sináptica que pode ser conduzida ao longo da membrana dos dendritos e do pericário do neurônio pós-sináptico. Esse neurônio integra o sinal com muitos outros recebidos simultaneamente de outros neurônios e pode gerar um potencial de ação que é transmitido ao longo do seu axônio em direção às sinapses que esse neurônio estabelece. Assim, de maneira simplificada, pode- Tecido Nervoso 9 se dizer que essa sinapse é do tipo excitatório, e há sinapses que podem inibir a geração de um potencial de ação, as inibitórias. Após seu reconhecimento por receptores, os neurotransmissores são removidos rapidamente da fenda sináptica por degradação enzimática no interior dela, ou são captados por endocitose pela membrana pré-sináptica, podendo ser reutilizados no botão sináptico. Desse modo, a ação dos neurotransmissores é muito curta. O excesso de membrana que se acumula no terminal pré-sináptico após a fusão da membrana das vesículas sinápticas é captadopor endocitose para ser reciclado na formação de novas vesículas sinápticas. O que são as células da neuróglia e quais as principais células? Sob a designação de neuróglia ou glia incluem-se vários tipos celulares encontrados no SNC ao lado dos neurônios. Calcula-se que no SNC haja 10 células da glia para cada neurônio; no entanto, em virtude do menor tamanho das células da neuróglia, elas ocupam aproximadamente a metade do volume do tecido. O tecido nervoso tem uma quantidade mínima de material extracelular, e as células da glia fornecem um https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732178/epub/OEBPS/Text/cap-09.xhtml#fig9-7 Tecido Nervoso 10 microambiente adequado em torno dos neurônios, desempenhando ainda outras funções. As várias células da glia são formadas por um corpo celular e por seus prolongamentos. Os seguintes tipos celulares formam o conjunto das células da glia: Oligodendrócitos, astrócitos, células ependimárias e células da micróglia. Vários autores incluem neste grupo células do SNP que exercem funções similares às da neuróglia: as células de Schwann e as células satélites de neurônios ganglionares. Oligodendrócitos e Células de Schwann Os oligodendrócitos, por meio de seus prolongamentos, que se enrolam várias vezes em volta dos axônios, produzem as bainhas de mielina, que isolam os axônios emitidos por neurônios do SNC. Cada oligodendrócito pode emitir inúmeros prolongamentos, e cada um reveste um curto segmento de um axônio. Dessa maneira, ao longo de seu trajeto, um axônio é revestido por uma sequência de prolongamentos de diversos oligodendrócitos. As células de Schwann, presentes no SNP, têm a mesma função dos oligodendrócitos; no entanto, cada uma delas forma mielina em torno de um curto segmento de um único axônio. Consequentemente, cada axônio do SNP é envolvido por uma sequência de inúmeras células de Schwann. Astrócitos Os astrócitos são células de forma estrelada com múltiplos prolongamentos irradiando do corpo celular. Eles têm muitos feixes de filamentos intermediários constituídos pela proteína fibrilar ácida da glia, os quais são um importante elemento de suporte estrutural dos prolongamentos. Há dois tipos de astrócitos: fibrosos e protoplasmáticos. Os astrócitos fibrosos têm prolongamentos menos numerosos e mais longos, e se localizam preferencialmente na substância branca. Os astrócitos protoplasmáticos, encontrados principalmente na substância cinzenta, apresentam maior número de prolongamentos, curtos e muito ramificados. Além da função de sustentação dos neurônios, os astrócitos participam do controle da composição iônica e molecular do ambiente extracelular. Alguns apresentam prolongamentos, chamados de pés vasculares, que se dirigem para capilares sanguíneos e se expandem sobre curtos trechos deles. Admite-se que esses prolongamentos transfiram moléculas e íons do Tecido Nervoso 11 sangue para os neurônios. Estruturas semelhantes são encontradas também na superfície do SNC, formando uma camada contínua, possivelmente com função de barreira a moléculas e isolamento do SNC. Os astrócitos podem influenciar a atividade e a sobrevivência dos neurônios, graças à sua capacidade de controlar os constituintes do meio extracelular, absorver excessos localizados de neurotransmissores e sintetizar moléculas neuroativas, como peptídios da família do angiotensinogênio e encefalinas (precursores de opioides). Existem evidências experimentais de que eles transportem compostos ricos em energia do sangue para os neurônios e metabolizem glicose até o estado de lactato, que é passado para os neurônios. Os astrócitos comunicam-se por meio de junções comunicantes, formando uma rede por onde informações podem transitar de um local para outro, alcançando distâncias relativamente grandes dentro do SNC. Por exemplo, por essa rede e pela produção de citocinas, os astrócitos podem interagir com oligodendrócitos e influenciar a renovação da mielina, tanto em condições normais como patológicas. Células ependimárias As células ependimárias são células cúbicas ou colunares que, de maneira semelhante a um epitélio, revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinal. Em alguns locais, as células ependimárias são ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano (LCR). Micróglia As células da micróglia são pequenas e ligeiramente alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares, geralmente emitidos em ângulos retos entre si. As células da micróglia são fagocitárias e derivam de precursores que provavelmente penetraram no SNC durante a vida intrauterina. Por isso, são consideradas pertencentes ao sistema mononuclear fagocitário. As células da micróglia participam da inflamação e da reparação do SNC. Quando ativadas, elas retraem seus prolongamentos, assumem a forma dos macrófagos e tornam-se fagocitárias e apresentadoras de antígenos. A micróglia secreta diversas citocinas reguladoras do processo imunitário e remove os restos celulares que surgem nas lesões do SNC. Por que a substância cinzenta possui esse nome? Tecido Nervoso 12 É denominada assim porque mostra uma coloração escura quando observada macroscopicamente. Qual a constituição da substância cinzenta? É formada principalmente por corpos celulares de neurônios, dendritos, porções não mielinizadas dos axônios e células da glia. A substância cinzenta é o local onde ocorrem as sinapses entre neurônios. O que são os núcleos? São aglomerados de neurônios na substância branca, que formam ilhas de substância cinzenta dentro da substância branca. Quais são as três camadas de células presentes no córtex cerebelar e suas características? O córtex cerebelar tem três camadas: a molecular, mais externa; a central, formada por neurônios de grandes dimensões chamados de células de Purkinje; e a granulosa, que é a mais interna. A camada granulosa é formada por neurônios muito pequenos (os menores do organismo) e organizados de modo muito compacto. Tecido Nervoso 13 Como é a organização interna da medula espinhal? Em cortes transversais da medula espinal, observa-se que as substâncias branca e cinzenta localizam-se de maneira inversa à do cérebro e cerebelo: externamente está a substância branca, e internamente, a substância cinzenta, Tecido Nervoso 14 que, em cortes transversais da medula, tem a forma da letra H. O traço horizontal desse “H” tem um orifício, o canal central da medula. Ele é revestido pelas células ependimárias (pertencentes ao grupo de células da neuróglia) e é um remanescente do lúmen do tubo neural embrionário. A substância cinzenta dos traços verticais do “H” forma os cornos anteriores, que contêm neurônios motores e axônios que dão origem às raízes ventrais dos nervos raquidianos. Forma também os cornos posteriores, os quais recebem as fibras dos neurônios situados nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinais (fibras sensoriais). O que são as meninges? São membranas de tecido conjuntivo que envolvem e protegem o SNC. Quais são as três camadas de meninges e a sua ordem de disposição? As três camadas, de exterior para interior são: dura-máter, aracnoide e pia- máter. Quais as principais características da dura-máter e quais os espaços existentes nessa meninge? A dura-máter é a meninge mais externa, constituída por tecido conjuntivo denso aderido ao periósteo dos ossos da caixa craniana. A dura-máter, que envolve a medula espinal, é separada do periósteo das vértebras, formando-se entre os dois o espaço peridural, o qual contém veias de parede muito delgada, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. Em todo SNC, a superfície da dura-máter em contato com a aracnoide constitui um local de fácil clivagem, onde, muitas vezes, em situações patológicas, pode acumular-se sangue externamente à aracnoide, constituindo o chamado espaço subdural, que não existe em condições normais. A superfície interna da dura-máter no cérebro e a superfície externada dura-máter do canal vertebral são revestidas por um epitélio simples pavimentoso de origem mesenquimatosa. Quais as principais características da aracnoide e qual o espaço presente nessa meninge? A aracnoide apresenta duas partes: uma em contato com a dura-máter e sob a forma de membrana, e outra constituída por traves que ligam a aracnoide à pia- máter. As cavidades entre as traves conjuntivas formam o espaço subaracnóideo, que contém líquido cefalorraquidiano (LCR), e comunica-se com os ventrículos cerebrais, mas não tem comunicação com o espaço subdural. O espaço subaracnóideo, cheio de líquido, constitui um colchão hidráulico que protege o SNC contra traumatismos. A aracnoide é formada por tecido Tecido Nervoso 15 conjuntivo sem vasos sanguíneos, e suas superfícies são todas revestidas pelo mesmo tipo de epitélio que reveste a dura-máter: simples pavimentoso e de origem mesenquimatosa. O que são as vilosidades da aracnoide e qual a sua função? Em certos locais, ela forma expansões que perfuram a dura-máter e provocam saliências em seios venosos, onde terminam como dilatações fechadas: as vilosidades da aracnoide, cuja função é transferir LCR para o sangue. Assim, o líquido atravessa a parede da vilosidade e a do seio venoso até chegar ao sangue. Quais as principais características da pia-máter? A pia-máter é muito vascularizada e aderente ao tecido nervoso, embora não fique em contato direto com células ou fibras nervosas. Entre a pia-máter e os elementos nervosos, situam-se prolongamentos dos astrócitos, que, formando uma camada muito delgada, unem-se firmemente à face interna da pia-máter. A superfície externa da pia-máter é revestida por células achatadas, originadas do mesênquima embrionário. Os vasos sanguíneos penetram o tecido nervoso por meio de túneis revestidos por pia-máter, os espaços perivasculares. A pia-máter deixa de existir antes que os vasos mais calibrosos se transformem em capilares. Os capilares do SNC são totalmente envolvidos pelos prolongamentos dos astrócitos. O que é a barreira hematoencefálica e qual a sua importância? É uma barreira estrutural e funcional que dificulta a passagem de diversas substâncias, como antibióticos, agentes químicos e toxinas, do sangue para o tecido nervoso. A barreira hematencefálica se deve à menor permeabilidade dos capilares sanguíneos do tecido nervoso. Seu principal componente estrutural são as junções oclusivas entre as células endoteliais. Essas células não são fenestradas e mostram raras vesículas de pinocitose. É possível que os prolongamentos dos astrócitos, que envolvem completamente os capilares, também façam parte da barreira hematencefálica. Além de uma possível participação direta na barreira, há estudos que mostram que a formação das junções oclusivas desses capilares é induzida pelos prolongamentos dos astrócitos. O que são os plexos coroides e qual a sua constituição? Tecido Nervoso 16 Os plexos coroides são compostos por pregas da pia-máter ricas em capilares fenestrados e dilatados. São constituídos pelo tecido conjuntivo frouxo da pia- máter, revestido por epitélio simples, cúbico ou colunar baixo, cujas células são transportadoras de íons. Onde os plexos coroides se localizam? Eles estão situados no interior dos ventrículos cerebrais. Formam o teto do terceiro e do quarto ventrículo e parte das paredes dos ventrículos laterais. Qual a principal função dos plexos coroides? A principal função dos plexos coroides é secretar o LCR, que contém apenas pequena quantidade de sólidos e ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal central da medula, o espaço subaracnóideo e os espaços perivasculares. Ele é importante para o metabolismo do SNC e o protege contra traumatismos. O que é a hidrocefalia e quais as suas causas? A obstrução do fluxo de LCR, qualquer que seja a causa, resulta no distúrbio denominado hidrocefalia. Essa condição patológica é caracterizada pela dilatação dos ventrículos do encéfalo produzida pelo acúmulo do líquido. A hidrocefalia pode também ser decorrente de uma diminuição na absorção de LCR pelas vilosidades aracnóideas ou, mais raramente, de um tumor do plexo coroide que produza excesso de LCR. Os sintomas neurológicos e psíquicos decorrem da compressão do córtex cerebral e de outras estruturas do SNC. A hidrocefalia iniciada antes do nascimento ou em crianças muito pequenas causa afastamento das suturas dos ossos cranianos e aumento progressivo do tamanho da cabeça, podendo ocorrer convulsões, retardo mental e fraqueza muscular. O que é a fibra nervosa? Fibra nervosa é a denominação dada ao conjunto formado por um axônio e sua bainha envoltória. Conjuntos de fibras nervosas formam os feixes ou tratos de fibras nervosas do SNC e os nervos do SNP. Quais são as células que envolvem os axônios do Sistema nervoso? Todos os axônios do tecido nervoso do adulto são envolvidos por uma célula envoltória. Nas fibras periféricas, a célula envoltória é a célula de Schwann. No SNC os axônios são envolvidos por prolongamentos sucessivos de inúmeros oligodendrócitos. O que são as fibras mielínicas? Tecido Nervoso 17 São fibras nervosas enroladas pelas células de Schwann (SNP) ou pelos prolongamentos dos oligodendrócitos (SNC). O enrolamento dessas células ao redor do axônio forma um conjunto de membranas plasmáticas, este conjunto tem constituição lipoproteíca e é chamada de bainha de mielina. As fibras assim formadas são as fibras mielínicas ou fibras mielinizadas. O que são as fibras amielínicas? Axônios de pequeno diâmetro são envolvidos por uma única dobra da célula envoltória, constituindo as fibras nervosas amielínicas ou amielinizadas. No SNP as fibras amielínicas são também envolvidas por células de Schwann. No entanto, as células não se enrolam em torno dos axônios, pois eles se alojam em reentrâncias ou túneis formados pelo citoplasma das células de Schwann. Cada célula de Schwann geralmente envolve vários axônios, cada um com o seu próprio mesaxônio. Qual a constituição e os componentes do SNP? O tecido nervoso periférico (SNP) é constituído pelo tecido nervoso situado fora do SNC. Seus componentes são os nervos, feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo, e os gânglios, acúmulos de corpos celulares de neurônios. O que são os nervos e qual a sua constituição? Os feixes de fibras nervosas que constituem os nervos são formados por axônios, cada um envolvido por uma sequência de células de Schwann revestidas por uma lâmina basal. Devido ao seu conteúdo em mielina e colágeno, os nervos são, macroscopicamente, em geral esbranquiçados. De que forma os nervos se organizam internamente? Nos nervos calibrosos as fibras nervosas estão divididas em feixes de diferentes espessuras, separados por lâminas de tecido conjuntivo. Nervos mais delgados, por outro lado, são constituídos somente por um feixe. Os nervos calibrosos são externamente revestidos por uma faixa de tecido conjuntivo, chamada de epineuro, cuja porção mais superficial (oposta ao nervo) em geral se continua com o tecido conjuntivo das estruturas vizinhas. Nervos delgados, geralmente posicionados no interior de órgãos, são revestidos pelo tecido conjuntivo que forma o estroma do órgão, isto é, não têm revestimento próprio. O feixe único ou o conjunto de feixes de fibras nervosas de um nervo são diretamente envolvidos por uma delgada bainha chamada perineuro. Este é formado por algumas camadas de células alongadas que se unem por junções oclusivas, constituindo uma barreira à passagem de macromoléculas e sendo Tecido Nervoso 18 também importante mecanismo de defesa contra agentes agressivos. O epineuro pode se continuar para o interior de nervos muito espessos, separando feixes menores, cada qual com seu perineuro próprio. Entre as fibras nervosas individuais, há uma delicada camada de tecido conjuntivo constituída principalmente por fibras reticulares sintetizadas pelas células de Schwann, chamada endoneuro.Quais são os tipos de nervos existentes? Os nervos estabelecem a comunicação dos centros nervosos com os órgãos da sensibilidade e com os efetores (músculos, glândulas). A maioria é mista (nervos sensoriais e motores), formada por fibras mielínicas e amielínicas. Geralmente, os nervos contêm fibras aferentes e eferentes. As aferentes levam para os centros superiores as informações obtidas no interior do corpo e no meio ambiente; as eferentes levam impulsos dos centros nervosos para os órgãos efetores (músculos, glândulas) comandados por esses centros. Os nervos que contêm apenas fibras de sensibilidade (aferentes) são chamados de sensoriais, e os que são formados apenas por fibras que levam a mensagem dos centros para os efetores são os nervos motores O que são os gânglios e quais os seus tipos? Os acúmulos de pericários de neurônios localizados fora do SNC são chamados de gânglios. A maioria é de órgãos esféricos, envolvidos por cápsulas Tecido Nervoso 19 conjuntivas e associados a nervos. Alguns gânglios reduzem-se a pequenos grupos de células nervosas situados no interior de determinados órgãos, principalmente na parede do sistema digestório, constituindo os gânglios intramurais. Conforme o tipo de informação que retransmitem, os gânglios podem ser sensoriais ou do sistema nervoso autônomo (SNA). O que são os gânglios sensoriais e suas principais características? Os gânglios sensoriais ou sensitivos recebem fibras aferentes, que levam impulsos da periferia para o SNC. Há dois tipos: alguns são associados aos nervos cranianos – gânglios cranianos –, e a maioria se localiza nas raízes dorsais dos nervos espinais – gânglios espinais. Estes últimos são aglomerados de grandes pericários, cada um exibindo muitos corpos de Nissl e circundado por células da glia ou equivalentes à glia, denominadas células satélites. O que são os gânglios do sistema nervoso autônomo e suas principais características? Os gânglios do SNA são, geralmente, formações bulbosas ao longo dos nervos. Alguns localizam-se no interior de determinados órgãos, principalmente na parede do tubo digestivo, formando os gânglios intramurais. Estes contêm menor número de pericários e não apresentam cápsula conjuntiva, sendo seu estroma a continuação do próprio estroma do órgão em que estão situados. O que é o Sistema nervoso autônomo (SNA) e por quais estruturas ele é formado? O SNA é quase que somente um sistema motor e efetor, isto é, conduz informação do SNC para órgãos efetores (musculatura lisa, musculatura cardíaca e glândulas). O termo “autônomo” pode dar a impressão de que essa parte do sistema nervoso funciona de modo completamente independente, o que não é verdade; afinal, as funções do SNA sofrem constantemente a influência da atividade consciente do SNC. O conceito de SNA é anatômico e funcional. Anatomicamente, ele é formado por aglomerados de células nervosas localizadas no SNC, por fibras que saem do SNC através de nervos cranianos e espinais, pelos gânglios do SNA e por fibras nervosas que conectam os gânglios. Os pericários dos neurônios das fibras efetoras do sistema nervoso somático localizam-se no SNC, e suas terminações axonais atingem diretamente os efetores. O SNA, ao contrário, é formado por cadeias de dois neurônios. O primeiro, de cadeia autônoma, está localizado no SNC, de onde seu axônio sai Tecido Nervoso 20 para estabelecer conexão sináptica com o segundo neurônio da cadeia, encontrado em um gânglio do SNA (externamente ao SNC). Fibras que emergem deste segundo neurônio alcançam os efetores. As fibras nervosas que ligam o primeiro neurônio ao segundo são denominadas fibras pré-ganglionares, e as que partem do segundo neurônio para os efetores são as fibras pós-ganglionares. O mediador químico nas sinapses formadas pelas fibras pré-ganglionares é a acetilcolina (fibras colinérgicas). Qual a função do SNA? O sistema nervoso autônomo (SNA) relaciona-se com o controle da musculatura lisa, com a modulação do ritmo cardíaco e com a secreção de várias glândulas. Sua função é ajustar diversas atividades do organismo, a fim de manter a constância do meio interno (homeostase). O SNA é intimamente ligado estrutural e funcionalmente ao sistema nervoso somático. De que forma o SNA é dividido? O SNA é formado por duas divisões, distintas por sua anatomia e por suas funções: a divisão simpática, também chamada de sistema simpático, e a divisão parassimpática, também denominada sistema parassimpático. Como se organiza o Sistema nervoso autônomo simpático? Os primeiros neurônios da cadeia da divisão simpática formam agrupamentos localizados nas porções torácica e lombar da medula espinal. Por isso, o sistema simpático é chamado também de divisão toracolombar do SNA. Axônios desses neurônios (fibras pré-ganglionares) saem pelas raízes anteriores dos nervos espinais dessas regiões. Os gânglios do sistema simpático contêm os pericários do segundo neurônio da cadeia simpática, que emitem axônios para as células efetoras inervadas pelo simpático. O conjunto dos gânglios simpáticos forma a cadeia vertebral e plexos situados próximos às vísceras. O mediador químico das fibras pós-ganglionares do simpático é a norepinefrina, e as fibras são denominadas fibras adrenérgicas. Como se organiza o Sistema nervoso autônomo parasimpático? Os grupos de pericários dos primeiros neurônios da cadeia do sistema parassimpático situam-se no encéfalo e na porção sacral da medula espinal. As fibras desses neurônios saem por quatro nervos cranianos (III, VII, IX e X) e pelo segundo, terceiro e quarto nervos espinais sacrais. Por essa razão, a divisão parassimpática é denominada também divisão craniossacral do SNA. Tecido Nervoso 21 O segundo neurônio da cadeia do parassimpático localiza-se em gânglios menores do que os do simpático e sempre perto dos órgãos efetores. Frequentemente, esses neurônios ficam no interior dos órgãos, como, por exemplo, na parede do estômago e do intestino (gânglios intramurais). Nesses casos, as fibras pré-ganglionares penetram nos órgãos e lá estabelecem sinapse com os segundos neurônios das cadeias, os quais emitem fibras pós- ganglinares que inervarão as células efetoras. O mediador químico liberado pelas terminações nervosas pré e pós- ganglionares do parassimpático é a acetilcolina. Essa substância é rapidamente destruída por acetilcolinesterase, uma das razões pelas quais os estímulos parassimpáticos são de ação mais breve e mais localizada do que os do simpático. A maioria dos órgãos inervados pelo SNA recebe fibras do simpático e do parassimpático. Geralmente, nos órgãos em que o simpático é estimulador, o parassimpático tem ação inibidora, e vice-versa. Por exemplo, a estimulação do simpático acelera o ritmo cardíaco, enquanto a das fibras parassimpáticas diminui esse ritmo. Em alguns casos, ambos os sistemas agem sinergicamente sobre efetores.
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