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7 FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MONTES CLAROS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL II / 5º PERÍODO PRÁTICA 1: Solubilidade e Termodinâmica Montes Claros/MG 11 de março de 2019 INTRODUÇÂO Solubilidade é a propriedade que uma substância tem de se dissolver espontaneamente em outra substância denominada solvente. Este é um componente cujo estado físico se preserva, quando a mistura é preparada ou quando está presente em maior quantidade. Os demais componentes da mistura são denominados solutos. (AUCÉLIO; TEIXEIR, p.1). Dissolução é a dispersão das partículas do soluto em um solvente. Na solubilização de compostos que formam íons ocorre a solvatação, que consiste na interação da parte negativa do solvente com os cátions e interação da parte positiva do solvente com os ânions, de modo que várias moléculas do solvente envolvem os íons. É importante saber que a solvatação não é permanente: quando ocorre a formação do corpo de fundo, passa a ter um equilíbrio entre a fase sólida e a fase aquosa, ou seja, o sólido dissolve formando os íons e os íons se ligam formando o sólido. Nesse caso, o ΔG do sistema é 0, pois ele está em equilíbrio. (COSTA, p.8). A influência da temperatura na solubilidade pode ser compreendida à luz do princípio de Le Chatelier. Considere uma solução saturada, em equilíbrio com excesso de soluto (corpo de fundo). O que acontece se fornecermos calor ao sistema? Segundo Le Chatelier, nesse caso, o equilíbrio irá se deslocar na direção que absorve calor. Bem, se a dissolução for um processo endotérmico, que ocorre devido à absorção de calor, a absorção de calor implica em deslocamento do equilíbrio para a direita. Com isso, aumenta a massa na fase aquosa, ou seja, sua solubilidade aumenta com a temperatura. Por outro lado, se a dissolução for um processo exotérmico, que libera calor, o aumento da temperatura desloca o equilíbrio para a esquerda. A solubilidade, nesse caso, diminui com o aumento da temperatura. (AUCÉLIO; TEIXEIR, p.6-7). Termodinamicamente, a formação de uma solução pode ser discutida em termos da variação da energia livre de dissolução (∆G) à temperatura e pressão constantes. A dissolução de um soluto em solvente envolve uma energia de separação das moléculas do soluto (∆Hr) conhecida como energia de rede (processo endotérmico), bem como, uma energia de solvatação ∆Hs das moléculas ou íons do soluto (processo exotérmico). Isto é: ∆H = ∆Hr + ∆Hs (1) Se /∆Hr/</∆Hs/ a dissolução é exotérmica caso contrário, será endotérmica. Evidentemente, nos processos de dissolução é necessário levar em conta o fator entropia. A entropia do soluto na solução é maior que a do soluto puro. Portanto, aumentando a temperatura à energia livre de dissolução diminui de um fator T∆S, provocando como resultado um aumento da solubilidade. A solubilidade de um dado sal em água depende da temperatura em que o sistema se encontra. A reação pode ser considerada no equilíbrio quando o sólido está em contato com a solução saturada, no início da cristalização. A solubilidade “s” do sal em mol/litro pode ser calculada a partir da quantidade de sal pesado e do volume da solução. A constante de equilíbrio K para a reação citada será: KNO3(s) → K+(aq) + NO3 –(aq) (2) K= [K+][NO3-] = (s)(s) = s² (3) A constante de equilíbrio pode ser usada para calcular G° para a reação a cada temperatura, usando a seguinte relação: ∆G° = -RTln K (4) lnK = - ∆G°/RT (5) Considerando a relação: ∆G° = ∆H° - T∆S° (6) Substituindo na equação (5), chega-se a: lnK = - ∆H°/RT + ∆S°/R Esta equação permite calcular o valor de ∆H° através da inclinação do gráfico de lnK versus 1/T.(CUEVAS, p.1-2). OBJETIVOS Objetivo geral Calcular as variáveis termodinâmicas ∆S, ∆H e ∆G, do equilíbrio da reação de dissolução do KNO3. Objetivos específicos Determinar as temperaturas de solubilização e de cristalização do KNO3 em diferentes concentrações. Construir um gráfico de ln k versus 1/T a fim de calcular o valor de ∆Hº. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais: Provetas de 50 mL Pipeta volumétrica de 10 e 5 mL Termômetro KNO3(s) 2 tubos de ensaio grandes Banho-maria Métodos Pesou-se 20,0985g de KNO3 e transferiu-se para um tubo de ensaio, após adicionar 15 mL de água destilada ao tubo de KNO3, o mesmo foi aquecido em um banho (com água já quente) agitando até que o KNO3 se dissolvesse completamente e assim anotando sua temperatura de solubilização. Outro tubo de ensaio idêntico foi enchido com água a fim de se determinar o volume de KNO3 presente no tubo, comparando o volume de ambos e medindo o volume contido no segundo tubo, em uma proveta. Removeu-se o tubo teste com a solução de KNO3 do banho de água, deixando esfriar lentamente. A temperatura de aparecimento dos primeiros cristais foi medida por um termômetro. Adicionou-se 5 mL de água ao tubo teste, e aqueceu-se a mistura até que o sólido se dissolvesse novamente, determinando seu volume e temperatura como feito anteriormente. Foi feito o ciclo adicionando 5 mL de água por mais 3 vezes. A temperatura de solubilização, o volume de KNO3 e a temperatura de cristalização foram registrados como mostra a tabela abaixo: # Temperatura de solubilização Volume de KNO3 dissolvido Temperatura de cristalização Início do experimento 83ºC 23 ml 75ºC Adição de 5 mL de água destilada 76ºC 26 ml 63ºC Adição de 5 mL de água destilada 69ºC 30 ml 55ºC Adição de 5 mL de água destilada 61ºC 31 ml 47ºC Adição de 5 mL de água destilada 58ºC 36 ml 40ºC Tabela 1 – Dados Experimentais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi possível perceber através do experimento que à medida que a concentração de KNO3 decrescia, a temperatura de solubilização e de cristalização também diminuíam sendo diretamente proporcional, isso e devido a sua curva de solubilidade (gráfico 1). É possível notar também que a dissolução de KNO3 em água é um processo endotérmico, que ocorre devido à absorção de calor e que, por isso a sua solubilidade aumenta com a temperatura. Gráfico 1: Curva de Solubilidade. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS V (mL) T (K) 1/T (K-1) s (mol/L) K lnK ∆G° (J/mol) ∆H° (J/mol) ∆S° (J/mol.K) 23 mL 348,15 2,87x10-3 8,64 mols/L 74,65 4,32 - 12504,32 J/mol 11266,3 J/mol 68,27 J/mol.K 26 mL 336,15 2,97x10-3 7,65 mols/L 58,52 4,07 - 11374,64 J/mol 11266,3 J/mol 67,35 J/mol.K 30 mL 328,15 3,05x10-3 6,63 mols/L 43,96 3,78 - 10312,74 J/mol 11266,3 J/mol 65,75 J/mol.K 31 mL 320,15 3,12x10-3 6,41 mols/L 41,09 3,72 - 9901,62 J/mol 11266,3 J/mol 66,11 J/mol.K 36 mL 313,15 3,19x10-3 5,52 mols/L 30,47 3,41 - 8878,03 J/mol 11266,3 J/mol 64,32 J/mol.K Tabela 2 – Variáveis Termodinâmicas. Gráfico 2: ln K versus 1/T CONCLUSÃO Observou-se que à solubilidade do KNO3 e diretamente proporcional a temperatura. E sabendo que a reta apresentar um coeficiente angular negativo, o valor de ∆H será positivo, significando que a reação é endotérmica. Conclui-se também que o KNO3 passa de um estado físico para outro espontaneamente, indicando que o estado com o menor potencial químico é o sólido, para o qual ele está se tornando. Ainda podendo associar este fato a questão da entropia, tendo em vista que o sal ao passar do estado líquido em solução para o sólido há uma diminuição da entropia, favorecendo a espontaneidade do processo. BIBLIOGRAFIA Livros e apostilas: CUEVAS, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. Artigos: AUCÉLIO, Queiroz; TEIXEIRA, Letícia Regina de Souza. Solubilidade. Disponívelem:http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_solubilidade.pdfAcesso em: 27 de fevereiro de 2019. COSTA, Victor. Soluções, equilíbrios e solubilidade Disponívelem:http://www.cmr.poli.usp.br/resumos/QFL2129%20-%20Solu%C3%A7%C3%B5es,%20equil%C3%ADbrios%20e%20solubilidade.pdf Acesso em: 27 de fevereiro de 2019.