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1 Logística Reversa no Varejo: Barreiras e Motivações para Retorno de Produtos e suas Embalagens. Autoria: Jacques Demajorovic, Laida da Silva de Oliveira, Juliana Bonomi Santos de Campos Resumo A atividade de logística reversa (LR) no varejo vem se modificando nos últimos anos, assumindo novos papéis e desafios. Inicialmente, o foco estava nas atividades de retorno de produtos defeituosos. Atualmente, novas atividades foram incorporadas em função de uma maior preocupação das empresas com a questão da sustentabilidade. Isso gerou um aumento de complexidade na gestão dos fluxos reversos de materiais e uma maior integração entre as partes envolvidas na gestão desses fluxos parece ser chave para lidar com essa crescente complexidade. Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar a construção das relações entre as áreas, fornecedores e clientes envolvidos na gestão da LR no contexto do varejo em duas modalidades: devolução de produtos e retorno de embalagens utilizadas na movimentação logística de produto. A metodologia escolhida foi o estudo de caso único com duas unidades de análise, sendo o caso analisado um dos principais varejistas supermercadista do Brasil. Os resultados mostram que os conflitos estão presentes nas áreas externas, ou seja, em fornecedores, produtores e parceiros, e internas, nas áreas comercial, logística e lojas. Destaca-se ainda que a relação mais colaborativa e que rendeu maiores benefícios econômicos e ambientais encontra-se na LR de embalagens de movimentação, impulsionada por ação voluntária e não por legislação. Palavras Chave: Logística reversa. Relacionamento. Devolução de Produtos e Reciclagem de Embalagens. 1. INTRODUÇÃO O varejo ocupa uma posição estratégica na cadeia de valor por sua capilaridade. O setor varejista é o ponto intermediário entre produtores, clientes e consumidores. Além deste papel tradicional, o varejo também pode contribuir para a destinação adequada de produtos defeituosos ou de pós-consumo e suas embalagens ao viabilizar o retorno destes materiais para seus fabricantes (LAU; WANG, 2009; SCHEFFER et al., 2013). A literatura aborda a questão da LR no varejo de forma homogênea. No entanto, uma visão mais refinada do tema aponta para a presença de duas modalidades principais relacionadas com o retorno produtos e suas embalagens no setor varejista. A primeira modalidade inclui a devolução de produtos defeituosos, recall e produtos sazonais, impulsionados pelo avanço da legislação do direito do consumidor (BALLOU, 2006; HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). A segunda modalidade está ligada a mudanças no padrão de consumo e no estilo de vida da população, que favorecem um maior consumo de produtos descartáveis, aumentando o descarte de produtos e embalagens (SLUISVELD; WORRELL, 2013). A ampliação do mercado de descartáveis, associada às questões socioambientais, torna grande parte das embalagens geradas no varejo um produto que pode ser vendido para outras empresas com a finalidade de compor parte dos insumos, gerando seu reaproveitamento durante o ciclo produtivo para confecção de um novo produto favorecendo também a questão competividade (BRAGA JUNIOR; COSTA; MERLO, 2006; BRAGA JUNIOR; MERLO; NAGAN, 2009; SCHEFFER et al., 2013). Esta evolução tem tornado a atividade de logística reversa cada vez mais complexa. O aumento do volume e variedade dos materiais retornados e da diversidade de localização dos postos de coleta e retorno amplifica os fluxos de materiais e informação existentes internamente nas empresas varejistas e entre os varejistas, os fornecedores e clientes 2 envolvidos no fluxo reverso dos materiais. Tal contexto exige um melhor gerenciamento do fluxo reverso entre os varejistas, seus clientes e seus fornecedores. A literatura de gestão da cadeia de abastecimento aponta que uma forma central de melhorar o fluxo de materiais é por meio de uma maior integração entre as partes envolvidas na gestão e coordenação dos mesmos. Especificamente no que se refere à importância de relacionamentos cooperativos entre dois ou mais departamentos que trabalham em uma interface organizacional, Santos e D´Antone (2014) sustentam, a partir da realização de uma revisão sistemática da literatura, que maiores níveis de integração entre áreas funcionais podem aumentar o compartilhamento de informações entre as áreas, a coordenação de seus processos e o desempenho desses processos. De forma similar, Flynn, Huo e Zhao (2010), mostram que uma maior integração da empresa com seus fornecedores e clientes também pode gerar benefícios semelhantes. Infere-se assim que os relacionamentos cooperativos entre os dois departamentos e também com outros stakeholders externos da cadeia reversa também desempenham um papel central para melhoria do desempenho da atividade de logística reversa no varejo. Nesse cenário, propõe-se a seguinte pergunta de pesquisa: como as relações entre o varejo, fornecedores e clientes estão sendo construídas de forma a viabilizar a devolução de produtos e embalagens. Nesse contexto, objetivo desta pesquisa é analisar a construção das relações no contexto da LR no varejo brasileiro em duas modalidades: devolução de produtos e retorno de embalagens utilizadas na movimentação logística de produto. Para responder ao problema de pesquisa realizou-se um estudo de caso único em um dos principais varejistas supermercadista do Brasil. 2. A EVOLUÇAO DA LOGÍSTICA REVERSA NO VAREJO O varejo ocupa uma posição estratégica no fluxo reverso, pois fornece um canal para que bens e serviços defeituosos sejam retornados aos fabricantes (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008) e para que embalagens e resíduos sejam descartadas para reciclagem (BRAGA JUNIOR; COSTA; MERLO, 2006). Nesse cenário, a LR precisa ser tratada como parte importante das operações logísticas devido ao alto volume de retorno, que tem acompanhado o crescimento das vendas (LEITE, 2009; BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011). A evolução da LR no varejo é discutida a partir de suas principais modalidades no cenário atual: retorno de produtos e embalagens utilizadas para movimentação logística. 2.1 Retorno de produtos A pesquisa realizada com os consumidores norte-americanos por Hsu, Alexander e Zhu (2008) mostra que existe uma preocupação dos clientes com a política das empresas quanto ao processo de retorno de produtos no momento da decisão da compra. Os consumidores buscam empresas que oferecerem o melhor custo, benefício e diferenciação, assim, aquelas com políticas muito rígidas em relação à aceitação de produtos acabam perdendo vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Também os estudos de Jack, Powers e Skinner (2010), Rogers e Tibben-Lembke (2001), com varejistas norte- americanos, mostram que os consumidores se preocupam com a política de retorno no momento da compra, e para algumas empresas manter políticas de retorno mais flexíveis para seus produtos podem proporcionar benefícios, garantindo vantagem competitiva, colaborando com a retenção de clientes e atraindo novos (DE BRITO; DEKKER, 2003). Dessa forma, a política de retorno de produto nas empresas deve ser concebida em níveis estratégicos para encontrar o equilíbrio entre satisfação do cliente e os custos da empresa para gerenciar este processo (BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011). 3 Os clientes devolvem os produtos por diversos motivos: produtos defeituosos, indesejáveis, fora de garantia, recalls, fora de linha, arrependimento pela compra, falta de conhecimento para operacionalizar o produto, compra de quantidade superior à necessária, ausência de qualidade no produto adquirido, ou até mesmo, por mudar o conceito em relação ao produto por não conhecer previamente suas características (ROGERS; TIBBEN- LEMBKE, 2001; DE BRITO; DEKKER, 2003; BALLOU, 2006; HSU; ALEXANDER; ZHU,2008; LEITE, 2009; BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011). Mesmo diante de tantos motivos, as empresas avaliadas por Bernon, Rossi e Cullen (2011) no estudo sobre a LR no varejo britânico, mostrou que grande parte das empresas não avalia a real importância da LR e poucas possuem ações para reduzir os efeitos do retorno de produtos, gerando insatisfação na indústria, reclamando que os varejistas devolvem produtos mesmo sem defeitos por acatarem a alegação do cliente (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 2001). Os produtos são direcionados as lojas/clientes por meio de um centro de distribuição, e a partir desse ponto, já existe a possibilidade do fluxo reverso. Ainda assim, para Tibben- Lembke e Rogers (2002) o fluxo de LR é um processo reativo e com pouca visibilidade, uma vez que não se consegue prever qual produto e quantidade que poderão ser devolvidas para a origem. Qualquer esforço diferenciado criado pela área de compras e marketing para incremento das vendas deve ser acompanhado por um alinhamento estratégico com a área de logística para identificação dos possíveis impactos nos processos, mensurando custos e esforços necessários com antecedência. Os produtos que retornam dos clientes precisam ser tratados com prioridade, pois, muitas vezes precisam atender disposições legais, garantias e negociações contratuais (THIERRY et al., 1995; BARBIERI; DIAS, 2010). Na perspectiva da cadeia de suprimentos, os motivos para o retorno são diversos: equalização do estoque, marketing, acordos comerciais, ciclo de vida e sazonalidade (DE BRITO; DEKKER, 2003; HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). Para exemplificar esse processo, em casos de equalização dos estoques, o produto retorna ao estoque original de produtos íntegros para ser comercializado, para casos como ciclo de vida e sazonalidade, se inicia a difícil tarefa de identificar o melhor destino envolvendo negociações e/ou acordos comerciais com os fornecedores (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). O produto retirado da loja / cliente precisa de uma triagem e avaliação da integridade em um centro de distribuição específico ou não, para determinar o melhor local para seu destino (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). Segundo a pesquisa de Rogers e Tibben-Lembke (2001), aproximadamente 70% das empresas analisadas utilizavam um centro de distribuição específico para o processo de retorno, de forma a processar maiores volumes com oportunidade de gerar maiores receitas através do ganho de escala, focando na recuperação total do produto devolvido (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). As vantagens visualizadas por Rogers e Tibben-Lembke (1998) foram: simplificação de processos, melhoria das relações com os fornecedores, melhoria no controle do estoque retornado, redução de custos administrativos, redução nos volumes enviados a aterros, garantindo maior tempo para o varejista focar em suas competências. A implantação da LR deve incluir acuracidade, disponibilidade e pontualidade das informações (JACK; POWERS; SKINNER, 2010) para facilitar o gerenciamento das atividades relacionadas à redução dos custos logísticos, melhorando as receitas provenientes das vendas desses produtos (BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011), ou direcionando para leilões com empresas interessadas (LEITE, 2009). O fluxo de produtos no varejo discutido acima é apresentado na Figura 1. Esse fluxo envolve cada momento de movimentação do produto, tanto no seu fluxo de entrega, quanto no seu fluxo de retorno. 4 Figura 1 – Fluxo de Produtos no Varejo Fonte: adaptado de ROGERS; TIBBEN-LEMBKE (2001, p. 273) As dificuldades apontadas no processo estão relacionadas a ausência de qualidade e integridade do produto entregue, a embalagem original ou embalagem e produto estão danificados. Os fabricantes gastam tempo para identificação do melhor destino, sendo que para o varejo o fator tempo é importante devido ao foco em produtividade (LEITE, 2009). A grande variedade de produtos com diferentes formatos, tamanhos e pequenas quantidades (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 2001) também dificultam o processo de formação de pallets para embarques no transporte, deixando as mercadorias de forma desorganizada e ainda mais vulnerável, aumentando os riscos de avarias e perda relacionada à otimização do veículo. Para minimizar os impactos dos custos no processo de retorno, o setor de atendimento ao cliente tem dois papéis importantes ressaltados nos estudos de Bernon, Rossi e Cullen (2011). Um deles é a orientação ao cliente quanto à compra do produto correto, seu funcionamento e instalação, eliminando dúvidas no momento da compra. O outro papel está no processo pós-venda, a área de atendimento ao cliente deve incorporar a identificação dos motivos das devoluções para contribuir na apuração das oportunidades de melhoria no processo (BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011). A política de retorno também deve existir entre fabricantes e varejistas. O varejo normalmente realiza negociações por meio de acordos com seus fornecedores para devolução de produtos com os seguintes motivos: produtos danificados, ciclo de vida reduzido, e produtos sazonais que não foram vendidos (DE BRITO; DEKKER, 2003; BERNON, ROSSI, CULLEN, 2011). Um dos acordos é o pagamento por parte dos fabricantes para que o varejo se responsabilize pelo destino final do produto, compartilhando riscos e custos dos produtos que não foram vendidos, esta prática foi nomeada por Tibben-Lembke e Rogers (2002, p. 274) como “política de retorno zero”. Essa política é utilizada pelos fabricantes norte- americanos, principalmente por fornecedores com poucos recursos para manuseio de produtos e optam por efetuar um crédito ao varejista, sendo um percentual das vendas, para o mesmo se responsabilizar pela descaracterização e destruição destes produtos, quando o fornecedor não permite que seu produto seja comercializado em mercados de desconto, conhecido como outlets ou mercados secundários (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). O maior custo envolvido no relacionamento dos integrantes da cadeia produtiva é o custo de transporte para realização da movimentação (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008). Esse custo está associado à quantidade de pontos de origem e pontos de destino. No varejo, o fluxo de entregas é tratado de um ponto de origem para diversos destinos, enquanto, o fluxo reverso é tratado de diversos pontos de origem para apenas um destino, encarecendo o processo de coleta. A velocidade para coleta dos produtos de retorno não é usualmente tratada com a mesma prioridade da entrega (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 2001; BERNON; ROSSI; CULLEN, 2011), assim, os produtos que aguardam retorno correm riscos de maiores 5 danos, avarias, obsolescência e redução da margem de lucro, principalmente em produtos com tecnologia agregada e ciclo de vida reduzido. Os estudos de Hsu, Alexander e Zhu (2008, p. 527) com o objetivo de entender como a logística pode gerar valor a um produto foi possível concluir que a implantação da LR é uma área em plena ascensão, tratada por esses autores como uma "nova fronteira", apresentando uma grande oportunidade para melhoria da rentabilidade no varejo. Na busca de maior rentabilidade das operações de fluxos reversos, gestores do varejo influenciados pela atenção dada nas relações das empresas com a questão socioambiental identificam novas possibilidades para a geração de valor, especialmente ao que se refere às embalagens utilizadas pela movimentação logística e que não são levadas pelo consumidor ao adquirir o produto. 2.2 Retorno de embalagens As embalagens são importantes dentro da cadeia produtiva, uma vez que assumem diferentes funções. Além da importância quanto à comercialização dos produtos, elas são essenciais nos processos logísticos do varejo porque reúnem as unidades desses produtos em unidades maiores, facilitando sua movimentação, transporte e distribuição logística.O varejo tem trabalhado intensamente em processos de inovação das embalagens logísticas em busca de vantagem competitiva, focando em contenção, proteção, conservação, e movimentação de produtos (VERNUCCIO; COZZOLINO; MICHELINI, 2010). Uma das tendências apontadas está relacionada com a facilidade do uso e reuso, com oportunidades no desenvolvimento de novos formatos de embalagens reutilizáveis e novos sistemas para gerenciamento do fluxo reverso, minimizando impactos e maximizando oportunidade de reciclagem (FERNIE; SPARKS; MCKINNON, 2010; VERNUCCIO; COZZOLINO; MICHELINI, 2010). Essas embalagens e equipamentos retornáveis são pallets de madeira ou plástico, contêineres de transporte, caixas confeccionadas para acondicionamento de produtos, e racks especiais com finalidade logística (DE BRITO; DEKKER, 2003; LEITE, 2009), podendo também ser utilizada para exposição de produtos. Caso essas embalagens sejam avariadas e precisarem ser inutilizadas, podem ser reprocessadas e utilizadas como matéria-prima, por um custo menor ao disponibilizado diretamente pela origem (SCHEFFER et al.; 2013). Essas embalagens retornáveis também podem ser utilizadas pelos fabricantes e varejistas (ADLMAIER; SELLITTO, 2007). A premissa básica para sua utilização é o gerenciamento de um eficiente sistema de retorno para que essas embalagens estejam disponíveis para utilização no momento da necessidade, realizando o percurso, do cliente para o varejo, e do varejo ao fabricante. A Figura 2 apresenta os fluxos normais e fluxos reversos das embalagens de produto e para realização da movimentação logística discutido acima. 6 Figura 2 – Fluxo de Embalagem no varejo Fonte: organizado pela autora (DE BRITO; DEKKER, 2003; ADLMAIER; SELLITTO, 2007; LEITE, 2009; FERNIE; SPARKS; MCKINNON, 2010; VERNUCCIO; COZZOLINO; MICHELINI, 2010) Com a crescente demanda por embalagens, o mercado brasileiro já visualiza o surgimento de empresas prestadoras de serviços de locação de embalagens logísticas (LEITE, 2009), sendo responsáveis pelo desenvolvimento, manutenção, e disponibilidade das embalagens no tempo e local correto, de acordo com a necessidade do cliente, proporcionando redução de custos tanto no transporte quanto na equipe administrativa para realização do controle do processo. Um exemplo já bem mais adiantado no retorno de embalagens é a experiência britânica. Diante da forte tradição europeia quanto à preocupação com as embalagens e seus resíduos (BARBIERI; DIAS, 2010), o modelo britânico focado em redes de supermercados foi identificado como a LR mais eficiente do mundo (FERNIE; SPARKS; MCKINNON, 2010). O título só pode ser alcançado devido ao desenvolvimento de um relacionamento colaborativo dentro da cadeia de suprimentos, através do controle, organização e gerenciamento desde a produção até o consumo. A pesquisa também apontou que a logística britânica vem se transformando nas últimas três décadas, incluindo o reconhecimento da importância dos termos logística verde e sustentabilidade diante das alterações climáticas que o mundo está sofrendo, propondo soluções que incluam novas práticas operacionais e na redução de embalagens, focando em reutilização. Os benefícios provenientes do aproveitamento das embalagens no varejo também tem sido foco de interesse de algumas pesquisas no contexto brasileiro. As pesquisas realizadas por Braga Junior, Costa e Merlo (2006), Braga Junior, Merlo e Nagan (2009) e Scheffer et al. (2013) com o varejo supermercadista, foi possível identificar oportunidades e ganhos econômicos através das embalagens recicláveis / descartáveis e retornáveis. Os ganhos apresentados foram: financeiros, redução no descarte de resíduos, gerando receita e criando competitividade, ganhos ambientais com redução do descarte de embalagens no meio ambiente. Também foram identificados ganhos sociais, pois o valor recebido pelas vendas das embalagens foi investido na qualificação de funcionários por meio do custeio das despesas com cursos, compra de equipamentos para treinamentos, desenvolvimento da consciência ambiental, além da criação de novas oportunidades de empregos diretos e indiretos na região onde essas lojas estão instaladas (BRAGA JUNIOR; COSTA; MERLO, 2006; BRAGA JUNIOR; MERLO; NAGAN, 2009). A LR das embalagens de papelão foi estudada por Nunes e Jesus (2011) em dois supermercados brasileiros e identificaram que a principal razão para adoção dos fluxos reverso de embalagens não está limitada ao retorno financeiro do processo, mas, na poluição 7 visual gerado pelo volume de caixas de papelão e o espaço ocupado nas lojas que poderiam ter uma utilização mais produtiva para exposição de produtos, focando em vendas. A partir destes estudos, é possível identificar que a LR de embalagens pode trazer ao varejo – benefícios econômicos, sociais e ambientais com a redução dos resíduos. Como em todo processo, desafios e dificuldades também foram identificados. Um dos desafios é o gerenciamento das rotas (ADLMAIER; SELLITTO, 2007), assim como no retorno de produtos, o varejo está focado na distribuição aos clientes e lojas, e não na coleta das embalagens retornáveis, com diversos pontos de origem para apenas um destino. Os aspectos econômicos também são tratados como um desafio, o investimento inicial e os investimentos para reposição dessas embalagens precisam ser dimensionados (ROGERS; TIBBEN- LEMBKE, 2001), devendo considerar peso e resistência porque esses fatores impactam nos custos no momento do embarque (ADLMAIER; SELLITTO, 2007). Também precisam ser considerados os custos de transporte, manuseio, rastreamento e controle. 3. METODOLOGIA Esta pesquisa de natureza qualitativa utiliza como estratégia a realização de um estudo de caso contendo duas unidades de análise. Para explicar situações presentes, cotidianas e responder questões que demandam uma descrição ampla e profunda a partir da prática, a melhor estratégia para a pesquisa é o estudo de caso (EISENHARDT, 1989; YIN, 2010; GODOI; BALSINI, 2010; GODOY, 2010). Para Yin (2010, p. 32), “[...] o estudo de caso é preferido nos exames dos eventos contemporâneos, mas quando os comportamentos relevantes não podem ser manipulados[...]”, principalmente, quando são tratados assuntos que envolvem os estudos organizacionais, exigindo do pesquisador uma profunda observação dos fatos por meio de fontes de comprovação (GODOI; BALSINI, 2010). Um elemento fundamental que justifica a escolha da organização, segundo Eisenhardt (1989), é sua exemplaridade, uma vez que os resultados estão vinculados a evidências empíricas. A empresa escolhida é uma das maiores empresas de varejo supermercadista do Brasil, atuando em 65% dos estados brasileiros, representando cerca de 30% do faturamento total do varejo supermercadista (ABRAS, 2014). Além disso, e mais importante, a empresa escolhida se adapta ao estudo realizado por atuar e contemplar ações amplas nas duas modalidades da LR identificadas na revisão da literatura. A necessidade de devolução de produtos está atrelada a diversos fatores, e por isso a empresa possui uma política de retorno de produtos, contando com uma área exclusiva para realizar a liberação, agendamento das coletas, recebimento e tratamento dos produtos devolvidos de acordo com seus motivos. A empresa possui um programa de LR estabelecido em toda a cadeia de suprimentos para execução do retorno de suas embalagens de movimentação, contentores ou equipamentos reutilizáveis que realizam o acondicionamento dos produtos, para protegê-los e realizar a movimentação logística adequada. Para o presente estudo optou-se pelo emprego de três fontes de evidências: documentos, entrevistas e observações diretas, que, segundo Godoy (2010), já representam o grupo principal de evidências. A utilização de múltiplas fontes de evidênciaspermite uma abordagem mais ampla, proporcionando o encadeamento das evidências de várias perspectivas, utilizando a triangulação dos dados (YIN, 2010), aumentando a probabilidade de se alcançar uma teoria mais precisa e confiável (EISENHARDT, 1989), além da validação dos dados (GODOI; BALSINI, 2010). As visitas para realização das entrevistas foram conduzidas no ambiente de trabalho dos gestores de cada uma das categorias definidas, e como foram realizadas no ambiente natural e de modo informal (GODOY, 2010), as observações diretas puderam proporcionar e permitir anotações, observação de comportamentos, o que serviu de fonte adicional de evidências para encadeamento e aumento da confiabilidade do estudo (YIN, 2010). O foco da observação foi 8 realizado de acordo com cada uma das modalidades da LR definidas neste estudo – fluxo de devolução de produtos e embalagens: autorização, recebimento, triagem, tratamento e destino final; relações internas: comercial, operações, marketing, lojas e área de sustentabilidade; e relações externas: fornecedores, parceiros e cooperativas. Já com relação às entrevistas, os principais assuntos abordados foram: motivos do retorno, recall, assistência técnica, leilão, gestão do resíduo, devolução ao fornecedor, relacionamentos entre as áreas; destino das embalagens dos produtos e de que forma a utilização dos contentores e equipamentos de movimentação reutilizáveis é operacionalizada pelo varejo e desenvolvida pelos parceiros; e os relacionamentos entre as áreas. Figura 3 – Codificação dos entrevistados e duração das entrevistas Fonte: Autora Após a coleta dos dados, todo o montante de informação coletada foi analisado. Para Eisenhardt (1989), uma das táticas para obter o resultado esperado na análise de dados é selecionar categorias, dimensões ou unidades de análise com o intuito de avaliar suas semelhanças e diferenças, possibilitando uma visão estruturada e diversificada de todo os dados coletados. Para este trabalho a figura abaixo, apresenta as categorias de análise selecionadas com base na teoria. PRO EMB. POS PRO-1 Produto Perecível 00:29 áudio x x x PRO-2 Produto Eletroeletrônicos - Assistência Técnica 01:40 áudio x x EMB-1 Embalagem Logística / Produto 00:43 áudio x x x EMB-2 Embalagem Logística / Produto 00:36 áudio x x x EMB-3 Embalagem Logística / Produto 00:45 sem aúdio x x x EMB-4 Embalagem Logística 01:07 áudio x x x EMB-5 Embalagem Logística 01:35 sem aúdio x Categorias Identificadas Tipo Tempo (h) Categoria do EntrevistadoCódigo 9 Figura 4 – Categorias de Análise Fonte: organizado pela autora 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Essa seção apresenta os principais resultados identificados com o estudo de caso. 4.1 Retorno de produtos A partir dos dados coletados nas entrevistas, é possível identificar que o varejista possui um fluxo de devolução definido para todas as modalidades dos produtos comercializados. Para os eletroeletrônicos, o fluxo de devoluções está devidamente desenhado e normatizado desde o final da década de 90 e motivado pela assinatura do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), ou seja, foram os avanços da legislação brasileira do direito do consumidor que proporcionaram um melhor atendimento e, por conseguinte, maior proteção aos consumidores. Também foi identificada concordância entre os entrevistados de que os clientes estão mais preocupados com o pronto atendimento (JAYARAMAN; PATTERSON; ROLLAND, 2003) e buscam no varejo empresas que apresentem políticas de retorno mais flexíveis (HSU; ALEXANDER; ZHU, 2008; JACK; POWERS; SKINNER, 2010). Por outro lado, os consumidores também estão confundindo as obrigações dos fabricantes e dos varejistas, dificultando o relacionamento entre varejo e consumidor (EMB- 1). Para os produtos alimentícios e perecíveis, o fluxo de retorno também está desenhado e normatizado, porém é avaliado pelos entrevistados como burocrático e moroso (EMB-1; EMB-3). Para cumprir a legislação, o varejista centralizou suas operações de assistência técnica em um centro de distribuição na cidade de São Paulo no final de 1998 (PRO-2), contando com redes autorizadas multimarcas para melhorar o prazo para realização dos consertos dos produtos devolvidos e melhorar o atendimento aos clientes. Para Hsu, Alexander e Zhu (2008) e Rogers e Tibben-Lembke (2001), a centralização de produtos em um centro de distribuição 10 específico aumenta as oportunidades de processar maiores quantidades de produtos, gerando sinergia nas atividades. Considerando ainda a evolução do processo de devolução de produtos eletroeletrônicos, em 2009 o varejista fez uma parceria com uma empresa para atendimento e realização de testes dos produtos no momento da compra, reduzindo significativamente os índices de devolução (PRO-2). Isso reforça os estudos de Jack, Powers e Skinner (2010) e de Bernon, Rossi e Cullen (2011) sobre a importância da orientação ao cliente no momento da compra, sanando suas dúvidas e reduzindo esforços com a LR do produto, embora aumente os custos com treinamento de mão de obra. Mesmo diante de resultados positivos, a parceria foi interrompida após quatro anos por decisões estratégicas da alta direção do varejista. O gestor da assistência técnica (PRO-2) acredita que, em um curto espaço de tempo, o varejista terá dificuldades para identificar os motivos das devoluções, como era no passado. Os estudos de Bernon, Rossi e Cullen (2011) concluem que grande parte dos trabalhos tem foco na entrega de produtos, ou seja, na logística direta e não na operacionalização do fluxo reverso. Essa questão também comentada por dois dos entrevistados que expõem sua opinião sobre a visível preocupação e priorização do varejista para a logística direta, sem prioridade para os processos de LR (EMB-2; EMB-4). No entanto, embora a preocupação e priorização do varejista sejam a logística direta (EMB-4), a empresa possui um CD exclusivo para os processos de LR de produtos e equipamentos, o que, conforme os autores Hsu, Alexander e Zhu (2008) e Leite (2009), propicia oportunidades para obter ganhos de escala, simplificar processos, reduzir custos com mão de obra, apresentando maiores oportunidades de recuperação. No caso estudado, alguns dos avanços observados foram a redução de mão de obra e ganhos de escala, pois os produtos retornados são direcionados para um único local para realização da triagem e destino adequado. Assim, é possível obter mão de obra mais especializada, além de conseguir maiores ganhos no momento da negociação devido ao maior volume. Apesar dos avanços, permanece uma série de desafios. Ao falar das dificuldades no retorno de produtos comercializados pelo varejista, grande parte dos entrevistados (PRO-1; EMB-1; EMB-3) destacou a morosidade no fluxo de aprovação para realização da LR, impactando no tempo de operacionalização do processo. O alto custo para operacionalização do retorno dos produtos também foi ressaltado pelos entrevistados nas lojas (EMB-1; EMB-2; EMB-3), mas eles não compreendem os custos apenas limitados ao frete de retorno e incluem os custos envolvidos em toda a operação. A responsabilidade sobre os custos gera atritos para o responsável pela operação de LR (EMB-4) devido a dificuldade em dimensionar os valores totais. Como o fluxo de retorno é citado por Rogers e Tibben-Lembke (2001) como uma importante ferramenta estratégica, a morosidade pode impactar na competitividade em relação aos concorrentes. Os autores Adlmaier e Sellitto (2007) citaram a dificuldade no gerenciamento das rotas para retirada dos produtos, pois, se forem inadequadas, dificultam a atividade de LR. A fim de evitar o desperdício e colaborar com a responsabilidade social, os produtos sem condições de venda, masque apresentam condições de consumo são doados. A maioria dos entrevistados (PRO-1; PRO-2; EMB-2; EMB-3; EMB-3) conhece esse processo de doação e participa do processo. A empresa possui uma área de sustentabilidade responsável pela atualização do cadastro de instituições sem fins lucrativos e bancos de alimentos para efetuar as doações, mas tanto a logística (EMB-4) quanto as lojas (EMB-1; EMB-2; EMB-3) também podem indicar instituições para cadastramento. O processo de doação não possui nenhum retorno financeiro; ao contrário, a empresa paga impostos para emissão de nota fiscal desses produtos, mas ainda assim a iniciativa é considerada pela empresa como um benefício para a população 11 mais vulnerável, enfatizando a imagem da empresa quanto à sua responsabilidade social e ambiental (EMB-4). Com o objetivo de recuperar parte dos produtos retornados sem condições de venda e que, por restrição da política interna do varejista, não podem ser doados, é realizado o processo de leilão. Os gestores das operações das CDs e da LR citaram esse processo (PRO-2; EMB-4) que, de acordo com Leite (2009), mesmo que seja uma recuperação parcial de produtos, pode garantir retorno econômico para a empresa. É possível identificar conflitos internos nos relacionamentos entre as áreas do varejista, tais como qualidade, logística, comercial e loja; e conflitos externos, como indústria ou produtores, e órgãos competentes, são diversos, pois cada ator quer se responsabilizar apenas por seus processos e se manifesta em prol dos próprios interesses. Na relação entre certos fabricantes de produtos eletroeletrônicos e o varejo, existe um contrato - mesmo que informal - para realização da troca de produtos. No caso de outros fabricantes existem dificuldades quanto ao entendimento da política de troca, pois eles preferem seguir o que diz a legislação do consumidor (PRO-2). O varejo, por sua vez, foca na fidelização do cliente a partir da oferta de alguns benefícios (LEITE, 2009). Para os demais relacionamentos, é visível a ausência de cooperação entre as áreas, e cada uma age em grande parte dos processos de modo individualizado, embora pudesse obter melhores resultados por meio de sinergias. Como exemplo, é possível citar o relacionamento da área comercial com a logística (PRO-2): problemas com os produtos retornados só ocorrem quando o estoque está muito alto e tem impactos sobre a compra de outros produtos, já que a empresa limita o valor do estoque por categoria de produto. Nos estudos realizados por Jack, Powers e Skinner (2010) e Bernon, Rossi e Cullen (2011), foi identificado que o relacionamento entre varejo, consumidor e parceiros, quando devidamente formalizado, pode resultar em relações positivas de redução de custos nos processos de LR. Tanto o retorno de produtos quanto o retorno de embalagens para movimentação logística apresentam resultados positivos para o processo de LR. 4.2 Retorno de embalagens utilizadas para movimentação logística De forma voluntária, a empresa realizou uma evolução em suas embalagens de movimentação logística (EMB-4) e tem trabalhado na inovação das embalagens com fornecedores parceiros, buscando vantagem competitiva. Os autores Vernuccio, Cozzolino e Michelini (2010) e Leite (2009) defendem que a inovação é o sucesso para garantir vantagem competitiva. O varejista inovou nas embalagens para acondicionamento e movimentação de produtos de hortifrúti. Um dos formatos apresentados pelos integrantes da cadeia logística (PRO-1; EMB-1; EMB-2; EMB-3; EMB-4; EMB-5) é a utilização de contentores plásticos e dobráveis. Anteriormente, os produtos eram entregues em caixas de madeira, depois passaram a usar contentores plásticos e agora são utilizados contentores plásticos, retornáveis e dobráveis que realizam o fluxo completo da cadeia logística, desde o produtor até a entrega do produto na loja, contando com um eficiente sistema de gerenciamento de retorno das embalagens. Segundo Adlmaier e Sellitto (2007), esse gerenciamento é uma premissa básica para o varejista. O atual modelo dos contentores plásticos e dobráveis foi apresentado por um fornecedor europeu (EMB-5) e possui ganhos como: padrão de qualidade e higiene dos contentores; economia com frete no retorno desses equipamentos, já que são dobráveis; redução de matéria prima virgem, pois os contentores têm utilização média de até 300 ciclos (EMB-5) e, quando não apresentam mais condições de uso, são reprocessados. O 12 reprocessamento é citado por Scheffer et al. (2013), pois, quando reprocessado, o material pode ser utilizado como matéria-prima por um custo menor do que o retirado diretamente da origem. No modelo anterior, existiam alguns conflitos de interesse que impactavam o pagamento da locação dos contentores plásticos, pois o contrato era firmado entre o fornecedor e o varejista, o fornecedor alegava dificuldades para cumprir o pagamento. No modelo atual, o contrato é firmado entre o fornecedor e a empresa proprietária dos contentores plásticos retornáveis e dobráveis, ou seja, o fornecedor é obrigado a arcar com os custos do aluguel para garantir suas entregas ao varejista. Leite (2009) afirma que empresas prestadoras de serviços de locação de embalagens logísticas têm aumentado nos últimos anos e, conforme o exemplo dos contentores, o varejista estudado atua a partir desse modelo. A empresa varejista possui um fluxo de gerenciamento do retorno de embalagens, mas foram identificadas algumas dificuldades no processo. Os autores Rogers e Tibben-Lemke (2001) e Bernon, Rossi e Cullen (2011) consideram que a velocidade para retirada de produtos é um fator crítico para as operações de LR. No varejista estudado, não é diferente. Um dos conflitos internos aparece na devolução de equipamentos de movimentação logística, pois as lojas são cobradas por reter esses equipamentos, mas a LR não é percebida como eficiente pelos gestores das lojas entrevistadas (EMB-1; EMB-2; EMB-3). Com efeito, o mesmo veículo que realiza a entrega de produto também efetua a retirada dos equipamentos, mas, como precisa finalizar as entregas dos produtos das CDs para as demais lojas da empresa, acaba não cumprindo o acordado que é retornar para efetuar a coleta solicitada. Todos os equipamentos utilizados na movimentação logística que facilitam a movimentação de produtos e colaboram com a segurança dos produtos são reutilizáveis, sendo eles: pallets PBR, carrinhos e gaiolas, geladeiras móveis, contentores unitizadores (EMB-4), garantindo a utilização dos conceitos de gestão ambiental adequada (BRAGA JUNIOR; MERLO; NAGAN, 2009), bem como oportunidades econômicas com a reutilização de embalagens (SCHEFFER et al., 2013). Outro conflito interno identificado entre a área da LR e as lojas refere-se aos cuidados na manipulação dos equipamentos. A área de logística não consegue conscientizar seus clientes internos – as lojas, quanto à correta manipulação e cuidados com os equipamentos que, fazendo parte ou não dos ativos fixos da empresa, necessitam periodicamente de altos investimentos para aquisição e manutenção (EMB-1). A retenção dos equipamentos nas lojas também é um problema, para o gestor da LR (EMB-5) e para o responsável pela empresa proprietária dos contentores plásticos (EMB-4), o problema está nas lojas que retêm os equipamentos para utilização interna. Os gestores responsáveis pelas lojas, por sua vez, defendem que o problema é de infraestrutura da loja (EMB-2) e citam a dificuldade em relação ao transporte da empresa (EMB-1; EMB-3). Outra situação conflituosa entre a área comercial e logística ocorre a propósito da utilização dos contentores plásticos retornáveis e recicláveis. Existe a obrigatoriedade desse equipamento para operacionalização da logística de produtos de hortifrúti, mas aárea comercial, mesmo sabendo do fluxo correto, ainda negocia com os fornecedores entregas fora do padrão, impactando os processos logísticos da empresa (PRO-1; EMB-5). O desenvolvimento de novos equipamentos é outro gerador de dificuldades, pois existe uma área responsável pelo desenvolvimento de equipamentos logísticos que não atende a demanda necessária das operações em tempo hábil. As operações precisam realizar esforços de forma individualizada, perdendo sinergia no desenvolvimento de novos equipamentos, tanto em padronização quanto em custo (PRO-1). Alguns autores pesquisados no referencial teórico (BRAGA JUNIOR; COSTA; MERLO, 2006; BRAGA JUNIOR; MERLO; NAGAN, 2009; SCHEFFER et al., 2013) 13 identificaram que existem oportunidades econômicas e ambientais nos materiais recicláveis provenientes das operações logísticas e gerados durante as atividades das lojas. Essas conclusões foram validadas por alguns dos entrevistados (PRO-1; EMB-1; EMB-2; EMB-3), pois, mesmo que o varejista tenha embalagens reutilizáveis, ainda é gerada uma quantidade significativa de papelão e plástico nas operações. Os ganhos econômicos são identificados no abatimento da despesa com a coleta dos rejeitos e recicláveis das lojas e CDs. O prestador de serviço realiza a retirada e calcula a receita proveniente da venda dos recicláveis. Dessa forma, ele realiza um abatimento do valor da venda sobre as despesas com a coleta (PRO-1; EMB-3). Outra ação para reduzir o envio dos resíduos para aterros é o tratamento dos resíduos orgânicos por meio da compostagem realizada na própria loja. O objetivo da iniciativa é ampliar o número de lojas em parceria com uma empresa de resíduos sólidos e contribuir com o meio ambiente ao reduzir o envio de materiais para os aterros. 5. CONCLUSÕES A LR está cada vez mais presente nos debates acadêmicos e nas práticas gerenciais. Motivadas pelo avanço de diferentes tipos de legislações, preocupação com sua imagem junto aos consumidores e redução de custos, as empresas têm investido no aprimoramento da coleta, reaproveitamento ou destinação correta de seus resíduos. Assim, é necessário uma ação coordenada que permita a coleta e retorno dos produtos pós-consumo para seus fabricantes. O varejo é um dos atores centrais nesse processo na medida em que ocupa uma posição intermediária entre a indústria e os consumidores. No entanto, a particularidade do varejo impõe uma série de desafios, mas também de oportunidades. Produtos com data de validade vencida, produtos devolvidos para conserto e o uso de grandes quantidades de embalagens logísticas torna o aprimoramento da LR uma necessidade para reduzir custos em um momento em que se observa redução de margens de lucro em um ambiente cada vez mais competitivo. Considera-se que a proximidade do varejo com o consumidor propicia inúmeras possibilidades para reforçar a marca das empresas com sua inserção na LR, demonstrando compromisso com a responsabilidade social e ambiental. O estudo de caso realizado mostrou que as duas modalidades de LR identificadas na revisão da literatura estão presentes na empresa analisada. A primeira unidade de análise foi o retorno de produtos. Para todas as modalidades de produtos comercializados, o varejista possui um fluxo de devolução devidamente definido. A devolução de produtos eletroeletrônicos foi centralizada no final da década de 90 em um CD específico na cidade de São Paulo e trabalha com redes autorizadas de assistências técnicas multimarcas. O programa foi motivado pelos avanços do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) para garantir a agilidade e melhoria no controle dos produtos que apresentam defeitos e precisam ser reparados ou trocados, já que o varejo é visto pelos órgãos públicos como co-solidário com o fabricante. A centralização da assistência técnica possibilitou o desenvolvimento de uma visão mais estratégica da atividade. Destaca-se, em primeiro lugar, a mudança do foco que passa de uma simples garantia do retorno de produtos eletroeletrônicos defeituosos, para uma ferramenta que diferencia a qualidade dos produtos oferecidos pelos fornecedores. A partir do mapeamento dos motivos de devolução, foi possível cobrar da indústria melhor qualidade e menor prazo para o retorno do produto consertado. Outro desdobramento desta visão mais estratégica da devolução de produtos foi a contratação de uma empresa parceira para realizar testes de produtos e orientar os consumidores no ato da compra, o que resultou em redução significativa na devolução de produtos. Apesar dos benefícios econômicos desta inovação, reconhecidos por parte dos entrevistados, a decisão de eliminar este programa mostrou que a visão estratégica para a devolução de produtos não se encontra compartilhada em toda a organização. Priorizando a redução de custo no curto prazo, a decisão tomada 14 reduziu seu poder de negociação com fornecedores. Esse processo enriquecia o mapeamento dos problemas, fortalecendo o varejo na atribuição de responsabilidades sobre eventuais problemas de produtos. Para os demais produtos não perecíveis e perecíveis, o fluxo definido para autorização do retorno foi apontado pela maioria dos entrevistados como moroso e ineficiente, não atendendo as necessidades das lojas, além de incidirem altos custos sobre o processo. O varejista identificou duas oportunidades para evitar perda de produtos sem condições de venda ou que não podem ser comercializados: doação e leilão. A doação é realizada para entidades e instituições sem fins lucrativos localizadas em regiões próximas aos CDs e lojas do varejista para facilitar a retirada das doações, uma vez que o varejista não se responsabiliza pela retirada dos produtos, o que seria um custo adicional. Com as doações, o varejista também afirma a responsabilidade social e ambiental atrelada à sua marca. Nas visitas, foi observado que se trata de um processo rotineiro e colaborativo para as entidades e instituições. No caso de produtos que não podem ser doados devido as políticas internas do varejista, são realizados leilões. O varejo busca empresas especializadas para realização desse processo a fim de recuperar parte do investimento realizado na mercadoria e obter benefício econômico. A segunda unidade de análise identificada foi a devolução de embalagens para movimentação logística, processo adotado pelo varejista há muito tempo com a utilização de equipamentos de movimentação retornáveis. Foram observados especificamente os contentores plásticos para hortifrúti, que apresentaram uma evolução significativa. Inicialmente, eram utilizadas caixas de madeira, depois contentores plásticos, e atualmente são usados contentores plásticos retornáveis e dobráveis, inseridos no mercado brasileiro por uma empresa europeia. Essa alteração traz vantagens como: melhor higienização dos contentores, evitando riscos de contaminação; economia financeira nos processos de armazenagem e transporte dos produtos; transporte dos contentores vazios e desmontados realizado nos fluxos reversos; além da capacidade de reutilização e recuperação do contentor. Mesmo utilizando embalagens de movimentação retornáveis, ainda são geradas, dentro das operações logísticas e nas lojas, embalagens que podem ser recicladas. Elas são retiradas por uma empresa contratada e os valores decorrentes das vendas dos reciclados são revertidos para o pagamento das despesas com a coleta, apresentando uma relação de parceria. Esta modalidade analisada foi a que mostrou maior avanço em termos de economia e ganhos ambientais, além de relações mais colaborativas entre a empresa e os fornecedores. Impulsionada por inovações tecnológicas e pela valorização das embalagens no mercado de reciclagem, a empresa analisada transformou atividades que geravam apenas custos em processos mais eficientese geradores de recursos. Por fim, com relação à principal pergunta que este trabalho se propõe a responder, acerca das relações que vêm se construindo para operacionalização da LR, foram identificados conflitos nas duas modalidades estudadas. Eles estão presentes nas áreas externas, ou seja, fornecedores, produtores, e parceiros; e internas, principalmente nas áreas comercial e logística, bem como nas lojas. No caso da política de troca de produtos eletroeletrônicos, é possível perceber conflito no relacionamento entre a indústria e o varejo. De fato, o varejo pode elaborar sua própria política desde que sejam cumpridos os requisitos da lei do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), propondo alguns benefícios como redução no tempo para troca de um produto. Algumas indústrias não concordam, gerando dificuldades na negociação. Com o produtor de hortifrúti também existiu dificuldade no relacionamento com o varejo, no caso da locação dos contentores plásticos. O problema foi revertido com a alteração do fornecedor dos contentores e a mudança no contrato de locação, hoje firmado entre o produtor e a empresa proprietária dos contentores plásticos retornáveis e dobráveis. 15 No relacionamento entre as áreas internas, observa-se que elas trabalham de forma independente, que atuam para atender aos seus próprios interesses. As atividades de retorno não são percebidas com prioridade por algumas áreas. A preocupação com a logística direta e não com a LR é clara nas entrevistas realizadas: o responsável pela área de LR mencionou que os indicadores da cadeia de suprimentos estão atrelados ao nível de serviço de abastecimento, mas não há nenhuma responsabilidade quanto aos indicadores atrelados ao retorno de produtos. Embora exista uma área responsável por essa atividade, ela não atende a demanda das operações em tempo hábil, e, assim, cada operação desenvolve seu processo por conta própria. A discussão sobre os custos envolvidos nas operações de LR também é dificultada pela falta de integração entre as áreas. Atualmente, o fornecedor paga determinado valor para realização da LR, mas o contrato é negociado pela área comercial, sem interferência da área que realiza a atividade e tem conhecimento de todos os custos envolvidos no processo, que não se limitam ao custo do frete de retorno. Outra situação de conflito entre a logística e a área comercial tem como foco os contentores plásticos retornáveis e recicláveis. Embora saiba da obrigatoriedade da utilização desse equipamento, a área comercial ainda negocia com os fornecedores entregas fora do padrão. No relacionamento entre a área da LR e as lojas foram apontados dois conflitos. A logística sinaliza a ausência de cuidado na manipulação dos equipamentos e a retenção dos equipamentos nas lojas. Isso interfere no abastecimento de outras lojas da empresa, mas os gestores responsáveis pelas lojas defendem que o problema está na infraestrutura das lojas e na dificuldade do transporte coordenado pela logística, que não consegue viabilizar rotas dedicadas para os caminhões realizarem a coleta. Figura 5 – Categorias e conflitos Fonte: organizado pela autora Enfim, é possível concluir que, no caso analisado, a LR de produtos, apesar de avanços registrados em seus processos, ainda não é entendida como uma ferramenta estratégica que colabora para a obtenção de vantagem competitiva, e sim como obrigação da operação do varejista de cumprir as necessidades internas e a legislação. A melhoria de processos implementados pela área de logística em função do próprio aprendizado e o resultado do aprimoramento das atividades de devolução acabaram sendo limitados em função da ênfase em medidas de curto prazo para redução de custos. Na LR de embalagens reutilizáveis, contudo, observa-se um avanço e iniciativas que apresentam melhoria no processo, retorno financeiro e que estão evoluindo frente às exigências dos consumidores e das legislações ambientais. CATEGORIAS CONFLITOS INTERNOS CONFLITOS EXTERNOS Embalagem Dificuldade para devolução de equipamentos de movimentação logística Ausência de cuidados na manipulação dos equipamentos A área responsável pelo desenvolvimento de equipamentos logísticos não atende a demanda necessária das operações em tempo hábil Dificuldade dos fornecedores para adequação às embalagens padronizadas Limitação do parceiro para aumentar os tipos de embalagens necessárias a logística Produto Cada área atua para atender aos seus próprios interesses Discussão quanto aos custos envolvidos nas operações de LR Ausência de preocupação com a LR Elaboração da política de troca de produtos eletroeletrônicos 16 Quanto as limitações do trabalho são típicas de escolha de um estudo de caso único que impede a generalização para outras empresas. No entanto, o trabalho pode contribuir como referência para trabalhos futuros considerando o fato com de analisar duas modalidades de forma complementar. Percebe-se também a partir deste estudo que, mais do que desafios tecnológicos e inovações no processo de gestão da LR, as relações entre os múltiplos stakeholders internos e externos emergem como principal desafio para a construção de uma visão estratégica compartilhada sobre da importância da LR cumprir e mesmo antecipar a legislação, além de gerar benefícios econômicos, ambientais e sociais. 6 REFERÊNCIAS ABRAS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS. Ranking ABRAS / SuperHiper – As 500 maiores. 2014. Disponível em: <http://www.abrasnet.com.br/economia- e-pesquisa/ranking-abras/as-500-maiores/>. Acesso em: 16 nov. 2014. ADLMAIER, Diogo; SELLITTO, Miguel Afonso. Embalagens retornáveis para transporte de bens manufaturados: um estudo de caso em logística reversa. Produção, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 395-406, maio/ago. 2007. BALLOU, Ronald. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos / logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BARBIERI, José C.; DIAS, Márcio. 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