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Art. 100 – Ação Pública e de iniciativa privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
“A ação penal é o direito de invocar-se o Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo” (Frederico Marques, Tratado de Direito Penal, vol. 3/324, 1966).
Apesar de o Título VII da Parte Geral do Código Penal ser denominado “Da ação penal”, prepondera nele, em verdade, a disciplina acerca da legitimidade para ajuizá-la, por meio da apresentação da denúncia ou da queixa-crime, conforme o caso.
Nas hipóteses em que a ação é pública, ela será incondicionada, ou condicionada à representação do ofendido ou, ainda, à requisição do Ministro da Justiça. Nessas duas situações (condicionada ou incondicionada) compete exclusamente ao Ministério Público promover a denúncia contra delinquente, assim como atuar na ação penal como seu autor.
Esclarece-se que a ação penal pública será incondicionada quando, pela relevância do bem jurídico ofendido, o legislador determina que o Ministério Público, após ter conhecimento do fato, promova a respectiva ação penal, independentemente da manifestação da vítima ou de terceiros. Daí é que se diz incondicionada.
Na ação penal pública condicionada à representação, o Ministério Público só poderá ajuizá-la quando o ofendido manifestar interesse em ver o autor do fato processado criminalmente. Isso, em síntese, resume a figura da representação do ofendido.
A requisição do Ministro da Justiça segue os mesmos moldes.
O Ministério Público, contudo, não está obrigado a denunciar todos os fatos que lhe são noticiados e só promoverá a ação penal quando compreender existentes elementos de materiais para tanto. Se, da análise do inquérito policial, o agente ministerial não visualizar a possibilidade de responsabilizar criminalmente o autor do fato, deixará de promover a respectiva denúncia, havendo, então, o correspondente arquivamento do expediente investigatório, ainda que tenha havido representação da vítuma. Esta matéria, contudo, vai melhor aprofundada nas disciplinas de Processo Penal.
Quando a ação for privada, a propositura da ação competirá à vítima ou ao seu representante legal, conforme o caso, havendo, assim, a apresentação da peça processual denominada queixa-crime.
O próprio caput do artigo em análise facilita o trabalho do operador do direito na distinção de qual delito se processa mediante ação penal pública incondicionada ou condicionada à representação, assim como quando é a hipótese de atuação privativa do ofendido na persecução criminal.
Como regra geral, todo o delito se processa mediante ação penal pública incondicionada. Assim será quando a lei penal não fizer qualquer ressalva a respeito do processamento do delito. Em síntese, no silêncio da lei em face da forma de processamento do crime, a ação será pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público agir de ofício.
A ação penal será condicionada à representação quando a lei disser expressamente que ele assim deve ser processado.
Ex: Artigo 130, §2.º, do Código Penal – o perigo de contágio venéreo só procede mediante representação.
A ação será privada, por sua vez, quando a lei diz que só se processa mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal.
Obs: O Ministério Público não tem legitimidade para promover a ação penal privada. Mas a vítima tem legitimidade para ajuizar ação penal privada subsidiária da pública, se o Ministério Público não oferece denuncia dentro do prazo legal, que é de 5 dias, quando preso o réu, e de 15 dias quando solto.
Art. 101 – Ação penal no crime complexo
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
O crime complexo é aquele que agrega, em seus elementos constitutivos ou circunstâncias, fatos que, isoladamente considerados, por si só, já são crimes.
A norma quer dar a entender que só se processará mediante ação penal pública o crime que, contendo elementos típicos de crimes de ação penal privada, tenha também outros advindos de delitos que se processam mediante ação penal pública. A contrario sensu, se todos os elementos fossem correlatos apenas aos delitos de ação penal privada, o Ministério Público não poderia ajuizar a ação penal pública.
Contudo, é importante destacar a critica da doutrina à utilidade do dispositivo em análise, até para evitar dúvidas a respeito do que já foi dito sobre o artigo 100 do Código Penal.
A doutrina afirma que a norma contida no artigo em análise não contém qualquer utilidade, pois a sistemática adotada a partir do artigo 100 do Código Penal é suficiente para resolver qualquer dúvida a respeito da natureza da ação penal, bastando uma análise objetiva do delito para que se conclua, na hipótese, se o processamento do delito demanda a atuação ativa da vítima no processo, como autor (nos casos de ação penal privada), ou sua representação (quando a ação pública é condicionada à representação), ou, ainda, a denúncia incondicional do Ministério Público.
Isso porque, como dito antes, se a norma nada disser, a ação será pública incondicionada.
Se ela disser que o processamento do crime depende de representação do ofendido, será condicionada à representação.
Se disser que o fato se processa mediante queixa, será, então, ação penal privada.
Veja-se que a simples omissão do legislador quanto à natureza da ação penal, ao descrever o crime, já é suficiente sepultar a dúvida que o artigo 101 pretende solucionar, daí a inutilidade do dispositivo.
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
 Depois que a vítima promove a representação, manifestando interesse na responsabilização criminal do autor do fato, a lei confere a ela a possibilidade de se retratar, para não ver ele processado. O marco final para tal arrependimento é até antes do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
 Oferecida a denúncia, não é há mais espaço à retratação.
A retratação é cabível até o oferecimento da denúncia, vale dizer réu preso 5 dias e réu solto 15 dias, e complementando o raciocínio cabe a retratação da retratação.
Nos casos de crimes de ação penal pública condicionada à representação, a representação da vítima ou do seu representante legal autorizando o início da persecução criminal funciona como condição de procedibilidade e é denominada delatio criminis postulatória (art. 5.º, § 4.º, CPP).
Após o oferecimento da denúncia, a representação é irretratável (art. 25 do CPP e art. 102 do CP). Somente é cabível a retratação antes de a denúncia ser oferecida, isto é, antes de ela ser protocolada na Justiça. Quem representou é que pode se retratar.
Note que a retratação da representação somente pode acontecer até o oferecimento da denúncia. É até o oferecimento, e não até o recebimento da denúncia.
Retratação da retratação?
Suponha que, num crime de ação penal pública condicionada à representação, o ofendido tempestivamente comunica o fato à autoridade policial (promove representação). Dias depois, ainda durante a fase anterior ao ajuizamento da ação penal, o sujeito muda de ideia, desautorizando a continuidade das investigações (retrata-se da representação). Alguns diasse passam e a vítima, “pensando melhor”, decide novamente autorizar a persecução criminal e informa o delegado dessa sua opção (retrata-se da retratação). Este terceiro momento é admissível em nosso ordenamento? Na literatura jurídica não há unanimidade quanto a esse ponto.
Parte da doutrina entende que é perfeitamente possível a retratação da retratação, desde que (i) dentro do prazo decadencial, cujo prazo em regra é de 6 meses contado a partir da data em que a vítima ou seu representante legal tomou conhecimento da autoria do crime (art. 103, CP), e que (ii) a vítima não tenha agido de má-fé (ex.: ofendido que se retrata da representação e, ameaçando o seu agressor de que irá se retratar da retratação, vale-se disto para extorqui-lo).
Por outro lado, parcela da doutrina não admite a retratação da retratação, por considerar que a retratação da representação implica renúncia ao direito de ação e, por consequência, extingue a punibilidade.
Porém, tem prevalecido o entendimento de que é possível a retratação da retratação.
Art. 103 – Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
 Com a fixação de um prazo certo à representação, queixa ou denúncia substitutiva (esta feita pelo ofendido diante da omissão do Parquet), o legislador homenageia a paz social em detrimento à perpetuação dos conflitos. Efetivamente, vencido o prazo de 6 meses, sem que a vítima ou seu representante tenham manifestado interesse na persecução criminal do autor do fato, não há mais espaço à persecução criminal contra este.
 Diz-se do prazo decadencial que ele não se interrompe nem se suspende, o que o difere do prazo prescricional, destacando-se, ainda, que a decadência afeta uma norma de direito material, enquanto a prescrição afeta uma pretensão feita perante o Juiz, um direito de promover uma ação, no caso, uma ação penal. O prazo previsto no dispositivo em análise é decadencial.
 O período de 6 meses previsto aqui, contudo, não é o único para a decadência, podendo a lei penal prever outros. Exemplo disso é o artigo 240, § 2.º, do Código Penal (na hipótese de adultério o prazo do ofendido para propor a ação penal é de um mês).
 O termo inicial da contagem se inicia a partir do dia em que o ofendido conheceu a autoria do fato (nos casos de representação ou queixa-crime) ou do dia em que se esgotou o prazo do Ministério Público para oferecer a denúncia (na hipótese ação penal privada subsidiária da pública).
Art. 104 – Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
 Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
 A renúncia expressa ocorre quando o ofendido manifesta sua vontade em declaração escrita firmada por ele ou por seu representante legal ou, ainda, procurador com poderes suficientes para tanto, conforme determina do artigo 50 do Código de Processo Penal.
 A renúncia tácita, por sua vez, decorre da prática de ato incompatível com o desejo de ver penalmente responsabilizado o autor do fato. Exemplo disso é a reconciliação.
 Contudo, a disciplina do parágrafo único do artigo 104 destaca que o pagamento de indenização à vítima não é suficiente para se presumir a renúncia ao direito de representação.
Art. 105 – Perdão do ofendido
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
 O perdão do ofendido é cabível apenas nos crimes de ação penal privada, que se processa mediante queixa.
Art. 106 – Efeitos do perdão
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito;
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.
 O perdão expresso deve ser confeccionado em documento escrito firmado pela vítima ou seu representante legal. O tácito decorre da prática de ato incompatível com o desejo de ver o autor do fato processado.
 Os incisos I e II do artigo 106 preservam a indivisibilidade da ação penal, pois a vítima não pode escolher qual réu pretende perdoar, agraciando apenas um dos autores com o perdão sem beneficiar os demais. Todos serão favorecidos com tal benesse.
 Havendo mais de uma vítima, o perdão concedido por uma não prejudica o direito das outras.
 O inciso III trata da ineficácia do perdão quando ele é recusado pelo querelado. Se aquele a quem é imputada a prática do delito recusa o perdão, este é ineficaz.
 Esta ultima hipótese pode ensejar uma exceção à regra da indivisibilidade da ação penal: supondo a existência de vários réus, a vítima perdoa todos, mas um deles recusa o benefício, a ação vai extinta em face dos demais e prossegue apenas contra o que recusou.
 Obs: Mas, afinal, que interesse o réu teria em recusar o perdão da vítima?
 Pode lhe interessar, por exemplo, ver reconhecida a própria inocência, resolvendo tal controvérsia de modo definitivo, em sentença absolutória.
 Encerrada a atividade jurisdicional com o trânsito em julgado da sentença condenatória, não se admite mais o perdão.
 O perdão só ocorre no curso da ação penal, se efetuado antes haverá renúncia ao direito de queixa.
OBS recusa do perdão:
O perdão sendo aceito faz o que chamamos de coisa julgada formal, o que não é definitiva, pode ser revista.
Entretanto a negativa do perdão, com posterior resultado absolutório faz coisa julgada material, extinguindo toda e qualquer possibilidade de retomada.
Art. 107 – Da extinção da punibilidade
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
 I - pela morte do agente;
 II - pela anistia, graça ou indulto;
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
 IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
 VII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
 VIII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
 A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém, após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394, 1999).
 Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na supressão do direito do Estado de impor a pena, não havendo como ele querer vê-la cumprida. As circunstâncias mais relevantes para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código Penal, mas a legislação pode criar outras.
 Inciso I – Morte do agente – a morte é causa extintiva da punibilidade porque a pena é personalíssima, não se transmitindo aos herdeiros do condenado. Falecendo o autor do fato, não há espaço à aplicação da pena.
 É importante destacar que os efeitos civis da sentença condenatória (notadamente o dever de indenizar) não se extinguem com a morte do agente, alcançando limite das forças de seu espólio;
 A prova da mortese dá mediante certidão de óbito.
 Inciso II – Anistia, Graça ou indulto – A anistia é identificada pela doutrina como um esquecimento jurídico da infração penal, que se dá através de lei e extingue a punibilidade em face de determinados fatos. Contudo, ela não alcança o dever da indenização civil, por só abranger os efeitos penais.
 Compete ao Congresso Nacional concedê-la (artigo 48, inciso VIII, da Constituição Federal);
– A graça é ato do Presidente da República, que tem o objetivo de favorecer pessoa determinada;
– O indulto também é atribuição do Presidente da República, mas se volta a um número interminado de pessoas, ele se difere da graça por sua impessoalidade. A graça e o indulto servem para extinguir ou comutar penas.
 A graça e o indulto são prerrogativas do Presidente da República (artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal).
 Inciso III – Abolítio Criminis – Ao deixar de considerar criminosa uma conduta prevista em lei como tal, o delito já não existe mais no mundo jurídico. Assim também não haverá razão à punição do autor do fato.
 Inciso IV – Prescrição, Decadência ou Perempção – A prescrição trata-se uma garantida do autor do fato, que não pode ser obrigado a aguardar indefinidamente uma resposta estatal ao delito que praticou. O dever de punir do estado (jus puniendi) tem um limite temporal, chamado de prescrição.
 A decadência é a extinção do direito de promover a ação penal privada, a representação nos crimes de ação penal condicionada a ela ou a denúncia substitutiva da ação penal pública, como regra seu prazo é de 06 (seis) meses.
 A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a parte autora deixa de praticar determinado ato processual, em que sua desídia faz presumir o desinteresse na responsabilização do autor do fato
Inciso V – A renúncia ao direito de queixa e o perdão aceito –A renúncia ao direito de queixa vem antes de inaugurada a ação penal e demonstra o desinteresse da vítima em promovê-la. Já o perdão do ofendido ocorre no curso da ação penal e somente nesta hipótese se cogita possível que seja recusada pelo auto do fato.
Inciso VI – A retratação do agente - Nas hipóteses dos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia a retratação do autor do crime evita a imposição da pena, exime-o dela. Na injúria, contudo, não há espaço à retratação.
Inciso IX - O Perdão Judicial - É possível o delinquente ser perdoado do crime que cometeu quando, em determinadas hipóteses previstas em lei, o resultado de sua conduta lhe atingir de foma tão severa que a imposição da pena se mostra desnecessária e, até mesmo, demasiada.
 Um bom exemplo de quando é possível o perdão judicial é o do homicídio culposo em que o autor do fato mata o próprio filho. Tal é o sofrimento que suporta por sua conduta desastrosa que o Juiz pode, neste caso, deixar de aplicar a pena (art.121, § 5.º, do CP).
Art. 108 – Extinção da punibilidade de pressupostos, elementos ou circunstâncias do crime, assim como de crimes conexos
Art. 108 – A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
 O artigo em análise disciplina duas situações distintas:
 1.ª – Quando uma conduta criminosa for pressuposto para outro crime ou quando alguns dos elementos ou circunstâncias agravantes dele, em sendo delitos autônomos, sofrerem extinção da punibilidade, preservam-se todos esses (pressupostos, elementos ou circunstâncias) no delito que os agrega.
 2.ª – Nos crimes conexos, a agravação da pena pela conexão não será afetada se for extinta a punibilidade em face de um dos delitos.
Art. 109 - Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109 – A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
 Prescrição das penas restritivas de direito.
 Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
 A Prescrição é a perda do direito de punir o autor do fato pelo decurso do prazo em que o delito poderia ter sido conhecido, ou a pena executada, pelo Poder Judiciário. No direito penal, ela segue o escalonamento de prazos previsto no artigo 109 do Código Penal e será tanto maior quanto for a pena máxima para o crime ou a pena fixada na sentença condenatória transitada em julgado.
 A exceção está nos crimes imprescritíveis. Previstos como tais na Constituição Federal de 1988 (art. 5.º, incisos XLII e XLIV), a punição pela prática do racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático não se submete aos prazos previstos na Lei Penal.
 À compreensão da prescrição no âmbito penal, contudo, recomenda-se uma análise conjunta dos artigos 109 e 110 do Código Penal, notadamente pela remissão que o primeiro faz ao segundo.
Da regra do caput do artigo 109 do Código Penal extrai-se como premissa maior que, no cálculo da prescrição, a pena a ser considerada é a máxima cominada ao crime pelo legislador.
 Não será assim, contudo, quando após decurso da ação penal sobrevier sentença condenatória transitada em julgado, pois, nesta hipótese, usa-se como parâmetro a pena fixada pelo Juízo. Ainda, prazo prescricional pela pena fixada em definitivo só valerá a partir da data do recebimento da denuncia ou queixa, o que se verá no § 1.º do artigo 110.
 Por fim, sem embargo à sua afetação processual, já que ontologicamente vinculada ao exercício do direito de ação, a doutrina tem a prescrição como direito material do autor, pois prevista no Código Penal. Daí é que se sustenta o início da sua contagem como sendo um prazo de direito material, que se conta, então, a partir do dia em que ocorrido o evento delituoso, sem qualquer prorrogação quando de sua extinção.
Art. 110 – Prescrição depois de transitar em julgado a sentença final condenatória
 Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
 O artigo 110 e seu §1.º estabelecem um marco para aferição do prazo prescricional individualizado ao fato delituoso em concreto, que será a pena fixada na sentença condenatória transitada em julgado. O caput disciplina o que a doutrina denomina prescrição da pretensão executória. Depois de transitada em julgado a sentença condenatória (a que se tornou definitiva por não haver mais recurso contra ela), não se fala mais em prescrição do direito de ação, porquanto este restou tempestivamente exercido, remanescendo, apenas, a pretensão quanto ao cumprimento da pena. O prazo para exigir o cumprimento dela, então, rege-se pela prescrição considerada a partir da pena fixada na decisão final.
 O §1.º do artigo 110 do Código Penal, por seu turno, trata da prescrição retroativa. Sobre ela, contudo, é forçoso reconhecer inicialmente que, na recente alteração operadapela Lei n.º 12.234/10, o legislador não primou pela melhor redação ao editar a norma.
 Efetivamente, apesar de, numa primeira vista do referido dispositivo legal, perceber-se que a prescrição retroativa entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória se mantém porque a contrario sensu foi vedada tal prescrição apenas para eventos anteriores à denúncia ou queixa, uma leitura mais acurada da lei mostrará que o legislador pecou pela falta de precisão quando da redação da norma. Isso, entretanto, será comentado no final do tópico.
A matéria da prescrição retroativa sofreu importante alteração com a publicação da Lei n.º 12.234/10, a partir da qual não mais se compreende possível computar tal modalidade para eventos anteriores ao oferecimento da denúncia ou da queixa, aplicando-se ela somente quando considerado o prazo entre o recebimento da peça acusatória e a publicação da sentença condenatória, pelas razões de interpretação já expostas.
Noutros termos, atualmente, a prescrição que corre entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa só pode ter por base a pena máxima cominada ao delito, nada mais importando, para nesse fim, a pena cominada ao final do processo.
Disso não se pode concluir, contudo, que a prescrição não tem início antes de recebida a denúncia ou queixa. Aqui a prescrição corre sim, mas pela pena máxima cominada ao delito, seguindo fielmente a regra do artigo 109 e seus incisos. Por seu turno, a prescrição pela pena projetada, em perspectiva ou virtual (aquela em que, pelas características do fato praticado e situação do autor, antes do início da ação já se imagina qual será a pena máxima aplicável ao caso, para então verificar se houve prescrição retroativa), que era rechaçada pelos Tribunais, por força da súmula 440 do Superior Tribunal de Justiça, mas usualmente acolhida na justiça de primeiro grau, restou completamente descartada com a revogação do §2.º do Código Penal.
Além disso, a alteração do tratamento dado à prescrição criou duas situações a serem notadas pelo operador jurídico, já que, em sendo norma mais gravosa, a Lei n.º 12.234/10 não regulamenta situações pretéritas, que seguem regidas pela antiga redação do art. 110 e § 1.º do Código Penal, assim como do seu revogado §2.º.
 Tem-se então que, para os fatos praticados até 05 de maio de 2010 (um dia antes da entrada em vigor da nova regra), a prescrição pela pena fixada na sentença condenatória é aplicável ao período compreendido entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa (prescrição retroativa). Visualizando-se possível em relação àqueles, também, a prescrição pela pena projetada.
 A prescrição dos fatos praticados a partir de 06 de maio de 2010 (data da entrada em vigor da nova regra), por seu turno, segue pela pena máxima cominada ao delito, isso quando considerado o período entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da denúncia ou queixa.
 Sem embargo, mantém-se inalterado o tratamento dado à prescrição retroativa ocorrida entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória, assim como a verificada a partir do trânsito em julgado (prescrição da pretensão executória), pois, nas duas situações, ela será regulada pela a pena fixada na sentença condenatória, e não mais pela pena máxima prevista no tipo penal.
 Nas hipóteses dos artigos 109 e 110 do Código Penal, então, é possível imaginar um quadro resumido para melhor entendimento da prescrição retroativa, antes e depois da Lei n.º 12.234/10:
 Fatos praticados antes da Lei n.º 12.234/10:
	1.º Data do fato
	2.º Data do recebimento da denúncia ou queixa
	3.º Data do trânsito em julgado
	– Prescrição entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa.
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (extinto § 2.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória:
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (§ 1.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição da pretensão executória: a que corre a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, sendo o prazo dentro do qual o Estado pode exigir o cumprimento da pena.
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do Trânsito em julgado (art. 110, caput, do Código Penal).
Fatos praticados depois da Lei n.º 12.234/10:
	1.º Data do fato
	2.º Data do recebimento da denúncia ou queixa
	3.º Data do trânsito em julgado
	– Prescrição entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa.
– A possibilidade de retroagir a prescrição pela pena fixada no caso para antes do recebimento da denúncia ou queixa foi descartada pela Lei n.º 12.234/10, pois o § 1.º do art. 110 do Código Penal impede o uso de tal método nesta hipótese. Assim, neste caso, a prescrição corre pela pena máxima cominada ao delito.
	– Prescrição entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória:
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (§ 1.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição da pretensão executória: a que corre a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, sendo o prazo dentro do qual o Estado pode exigir o cumprimento da pena.
- Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do Trânsito em julgado (art. 110, caput, do Código Penal).
Obs¹: Outras causas interruptivas da prescrição, notadamente as previstas no artigo 117 do Código Penal, podem ocorrer no curso do processo, não se podendo considerar as situações acima descritas como regra geral absoluta a todas as hipóteses de interrupção da prescrição.
Obs²: A prescrição intercorrente – a que corre perante os tribunais, considera a pena fixada no caso concreto, fluindo entre a data da publicação da sentença condenatória recorrível e a da sessão do julgamento pelo Tribunal.
 Parte da doutrina sustenta que a inovação na matéria da prescrição não quis apenas extinguir a prescrição retroativa que se admitia entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa, pois o texto atualmente em vigor permite o entendimento de que houve uma revogação total acerca da prescrição retroativa (incluída, também, aquela verificada entre o recebimento da denúncia/queixa e a publicação da sentença). De outro lado, a revogação parcial dessa modalidade de prescrição também violaria o princípio da proporcionalidade, por não haver justificativa para uma prescrição ser mais severa durante a investigação policial e mais branda quando do processamento da ação penal e da aplicação da pena[1].
 Por fim, outra a crítica à redação do referido dispositivo legal:
 Ao tentar restringir a incidência da prescrição retroativa, vedando-a em face de eventos anteriores à denúncia ou queixa, em uma exegese lógica/gramatical do dispositivo, a forma como foi redigida acaba por esvaziar tal objetivo.
 Isso porque, como está escrita, ela recusa incidência da prescrição retroativa para eventos anteriores à denúncia ou queixa apenas quando estes não ocorrerem, ou seja, tão somente quando a hipótese for nenhuma. Explico.
 Eis a redação atual do §1.º do artigo 110 do Código Penal:
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
 O destaque em negrito foi proposital e dele se conclui que, como dito antes, em face de eventos anteriores à denúncia ou queixa (entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa), a prescrição retroativa pela pena aplicada não se opera quando não incidirem as hipóteses que a autorizam.
É que, tendo o legislador empregado a expressão nenhuma, que mantém relação antagônica, assim como de negação, comalguma, deve se reconhecer que, quando alguma hipótese de prescrição ocorrer, não se poderá opor a ela a proibição de incidênciada prescrição retroativa contida no referido texto legal, justamente porque já não se trata de nenhuma hipótese, sendo, então, alguma hipótese específica.
 Com efeito, a interpretação lógica/gramatical das premissas contidas no § 1.º do artigo 110 do Código Penal impede sua incidência nos moldes que, aparentemente, foi pretendido pelo legislador, já que ele acaba negando os efeitos da prescrição retroativa a partir do fato delituoso (diz que não pode) apenas quando não houver hipóteses de incidência, ou seja, em nenhuma hipótese.
 Efetivamente, o legislador nega a eficácia da prescrição retroativa apenas em face de um campo vazio de hipóteses de prescrição, a contrario sensu, havendo uma hipótese, poderá esta ter por termo inicial data anterior à denúncia ou queixa.
 Em mesmo sustentando que ao dizer “nenhuma” o legislador quis empregar o sentido de “nem uma hipótese” ou “sequer em uma hipótese”, ainda assim isso não impede a conclusão que a partícula anterior (“...não podendo...”) recusaria justamente vigor da conjunção “nem” ou do advérbio “sequer”, pelo que, também por esse aspecto, se afiguraria plenamente possível a incidência da prescrição retroativa a fatos anteriores à denúncia ou queixa, como é o delito em si mesmo considerado. De outro lado, caso o legislador pretendesse, efetivamente, vedar a incidência da prescrição retroativa para eventos anteriores à denúncia ou queixa, andaria muito melhor se utilizasse e expressão “... não podendo, em qualquer hipótese...” ou “... não podendo, em hipótese alguma...”,dando ao texto legal a seguinte redação:
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em qualquer hipótese (ou hipótese alguma), ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
 Contudo, por não ser tão claro como parece que deveria ter sido, o legislador transfere-se ao jurista a árdua tarefa de encontrar o exato sentido da norma, assim como a medida adequada do direito de punir do Estado em face do direito de liberdade do cidadão.
 Apesar de ainda não ter encontrado doutrina a respeito do tema em particular, compreendo que, por sua relevância, a crítica à redação da norma não poderia passar em branco.
Art. 111 – Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
 Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
 I - do dia em que o crime se consumou; 
 II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
 III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
 IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
 A contagem do prazo prescricional tem início quando o crime se consuma. Se não se consuma, a prescrição pela tentativa tem início quando exaurida a ação do autor.
 Nos crimes permanentes, quando cessada a permanência do crime.
 Nas hipóteses de crime de bigamia ou alteração do registro civil, contudo, a prescrição se inicia a partir da data em que o fato se tornou conhecido.
Art. 112 – Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
 Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
 II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
 Inciso I – A prescrição que se inicia após a sentença condenatória é a da pretensão executória (art. 110 do CP) e seu início se dá a partir do dia em que a sentença transitar em julgado para a acusação (já que a partir daí a pena não poderá ser agravada). Não se exigindo que a sentença transite em julgado para ambas as partes.
Assim, não cabendo mais recurso pela acusação, a prescrição começa a contar, tendo por base a pena aplicada ao caso.
 Ela também se inicia quando revogada a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, hipótese em que se iniciará com base na pena restante (como se verá no artigo 113 do Código Penal).
 Inciso II – Por último, fluirá a prescrição do dia em que interrompida a execução da pena, v. g. pela evasão (fuga) do apenado, quando a contagem daquela se iniciará pela pena restante.
 Como exceção do inciso II, considera-se o tempo anterior da interrupção quando este deve ser computado na pena, v. g. na hipótese de internação do apenado (art. 41 do Código Penal).
Art. 113 – Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
 Art. 113 – No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
 Nas hipóteses de evasão do apenado e revogação do livramento condicional regula-se a prescrição pelo saldo de pena remanescente.
 A prescrição do foragido se dará pelo saldo de pena restante.
Ex: No caso de evasão ou revogação, a prescrição e regulada pelo tempo restante. Porem, quando vai se calcular os 1/6 da pena para progressão, os mesmos são calculados a partir do tempo da pena inicial, por exemplo: o preso é condenado a 12 anos de reclusão no regime fechado passado 1/6,ou seja, dois anos, acontece a progressão para regime semi aberto assim restando 10 para se cumprir a pena. Contudo, para a progressão para regime aberto são necessários cumprimento de mais 1/6 da pena que ao invés de serem calculados dos 10 anos restantes são calculados dos 12 anos iniciais. Ou seja uma total contrariedade!
Art. 114 – Prescrição da pena de multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
 Quando cominada apenas a pena de multa, a prescrição será de dois anos, também incidindo este prazo nas hipóteses de prescrição retroativa.
 Caso reste cominada de forma alternativa ou cumulativa, assim como aplicada cumulativamente a uma pena privativa de liberdade, sua prescrição seguirá o prazo desta pena.
 A prescrição retroativa também se aplica à pena de multa nesta hipótese, já que, sendo aplicável às sanções mais severas, não se justificaria a exclusão de tal sistemática às penas mais brandas, como é a de multa.
Art. 115 – Redução dos prazos de prescrição
 Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
 A redução pela metade se regula pela idade do autor na época do crime ou pela idade dele na data da publicação da sentença. Se menor de 21 anos quando praticou o crime ou iniciou a conduta delitiva, terá ele os prazos reduzidos pela metade. De outro lado, os prazos serão igualmente reduzidos quando o autor do fato for maior de 70 anos na ocasião da prolação da sentença.
Art. 116 – Causas impeditivas da prescrição
 Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
 Trata o artigo 116 do Código Penal das causas impeditivas do curso da prescrição, ou seja, da suspensão da prescrição.
 – Inciso I – A hipótese do inciso I determina a suspensão da prescrição por questão prejudicial, na qual a responsabilização pelo crime depende de pronunciamento de outro Juízo sobre algum elemento do fato delituoso processado.
 – O cumprimento de pena no estrangeiro também suspendeo prazo prescricional.
 Por fim, a Constituição Federal também prevê uma hipótese de suspensão da prescrição quando for determinada a sustação de processo por crime praticado por Senador ou Deputado após sua diplomação, valendo ela enquanto durar o mandato (artigo 53, §§ 1.º a 5.º, da Constituição Federal).
Ainda, estando o apenado preso por outro motivo, não pode a prescrição correr, justamente pela absoluta impossibilidade de se executar simultaneamente duas penas privativas de liberdade. Daí a razão do parágrafo único do artigo 116 do Código Penal.
Art. 117 – Causas interruptivas da prescrição
 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
 II - pela pronúncia;
 III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
 V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
 VI - pela reincidência.
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.  
 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
O artigo 117 enumera eventos que provocam o reinício da contagem do prazo prescricional, sendo essa, pois, a essência jurídica da interrupção.
 Inciso I – O não recebimento ou a rejeição da denúncia pelo Juízo não produzem qualquer efeito sobre a prescrição, apenas quando ela é efetivamente recebida pelo magistrado o prazo prescricional se interrompe.
O recebimento de denúncia por Juízo incompetente também não interrompe a prescrição.
 Nas hipóteses de aditamento da denúncia, o recebimento do aditamento só provocará a interrupção da prescrição quando narrar novos fatos típicos, que não descritos anteriormente na denúncia.
 Inciso II e III – A sentença de pronúncia, por sua vez, também interrompe o prazo prescricional, assim como a decisão que a confirma.
 Inciso IV – A publicação da sentença condenatória também é outro marco interruptivo da prescrição, assim como a do acórdão condenatório. Sobre este, conduto, houve alteração legislativa, já que antes a lei penal falava apenas sobre a sentença condenatória.
 Pode se compreender, contudo, que o acórdão condenatório interromperá a prescrição apenas quando vier em reforma a uma sentença absolutória ou quando aplicar pena mais severa, não tendo esse efeito quando, ao confirmar uma condenação, acaba por manter ou reduzir a pena.
 De outro lado, há entendimento no sentido de que basta o acórdão ser condenatório para que a interrupção da prescrição se opere, sendo indiferente se reformou, ou não, a sentença absolutória anterior, tampouco se aumentou, diminuiu ou apenas confirmou a pena.
 Inciso V – O início do cumprimento da pena pelo recolhimento do condenado é também um marco interruptivo da prescrição, caso evadido da casa prisional, interrompe-se na data da fuga, interrompendo-se também quando novamente capturado, nesta hipótese, contudo, o cálculo se dá pela pena restante (artigos 112, inciso II e 113 do Código Penal).
 Inciso VI – A reincidência interrompe apenas a prescrição da pretensão executória (Súmula 220 do Superior Tribunal de Justiça), não afetando a prescrição da pretensão punitiva. A condenação pela prática de fato anterior também não interromperá a prescrição.
 Tal efeito pode incidir a partir da data da prática do fato novo.
 Há, contudo, entendimento no sentido de que a prescrição se interrompe pela reincidência apenas a partir do trânsito em julgado da condenação pelo segundo fato.
Obs: A sentença que concede o perdão judicial não implica em reincidência nem interrompe o prazo prescricional – Súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça e artigo 120 do Código Penal.
 §1.º - O prazo da prescrição é comum a todos os coautores, salvo quando considerado na etapa de cumprimento da pena e, também, a qualidade individual da reincidência em face de cada réu.
 Delitos conexos têm a prescrição interrompida do mesmo modo, desde que processados na mesma ação.
 §2.º - Trata do modo como se opera a interrupção da prescrição, a contagem de todo o prazo começa a correr novamente a partir do dia em que interrompido, salvo na hipótese do inciso V, quando a contagem terá por base o cálculo da pena remanescente.
Art. 118 – Prescrição das penas
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.
 Nas hipóteses em que, pela prática de um crime, o legislador prevê mais de uma pena ao autor do fato, as mais brandas prescrevem com as mais severas. Assim, prescrevendo a pena privativa de liberdade, certamente estará prescrita a pena de multa, nos crimes em que restarem cumuladas tais sanções.
 O artigo em questão não trata das penas decorrentes do concurso de crimes, sendo tal matéria resolvida pela redação do artigo 119 do Código Penal
Art. 119 – Extinção da punibilidade no concurso de crimes
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
 A prescrição de um crime não afeta a de outro. Ainda que conexos, continuados, praticados em concurso formal ou material, a prescrição de cada um é computada individualmente.
 A majoração decorrente da continuidade delitiva ou do concurso, por sua vez, não é considerada para definição do prazo prescricional.
As disposições deste artigo não se aplicam às demais causas de extinção da punibilidade porque no direito penal apenas o valor da pena (sua quantidade) é determinante do prazo prescricional. Salvo melhor entendimento, acho que esta é uma explicação lógica.
Acredito que o legislador também poderia nominar tal dispositivo como a "prescrição no concurso de crimes".
Art. 120 – Perdão Judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
 A redação do artigo 120 do Código Penal é autoexplicativa quando refere que o perdão judicial não tem efeitos sobre a reincidência.
Já sobre a natureza da sentença que reconhece tal favor legal, mesmo que parte da doutrina mencione tratar-se de sentença condenatória, a leitura da Súmula 18 do STJ subtrai dela qualquer efeito condenatório:
 “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”

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