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citologia clínica

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Curso de 
Citologia Clínica 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
CITOLOGIA DO COLO UTERINO 
 
1. Anatomia e fisiologia do colo uterino 
 
O colo uterino é a porção fibromuscular inferior do útero. É de formato cilíndrico ou 
cônico e mede 3 a 4 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. É sustentado pelos 
ligamentos cardinais e uterossacrais, que se estendem entre as porções laterais e 
posteriores do colo uterino e as paredes da pelve óssea. A metade inferior do colo 
uterino, denominada de porção vaginal, se projeta na parede anterior da vagina e a 
metade superior permanece acima da vagina. A porção vaginal se abre na vagina 
através de um orifício denominado de orifício cervical externo. 
 
 
 
O colo uterino varia de tamanho e formato dependendo da idade da mulher, 
paridade e estado hormonal. Em mulheres que já pariram, é volumoso e o orifício 
cervical externo apresenta-se como uma fenda larga, entreaberta e transversa. Em 
mulheres nulíparas, o orifício cervical externo assemelha-se a uma pequena 
abertura circular no centro do colo uterino. A porção supravaginal se junta ao corpo 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
 
muscular do útero ao nível do orifício cervical interno. A porção do colo que se 
encontra na parte externa do orifício cervical externo é denominada de ectocérvix. 
Esta é a porção do colo uterino que é facilmente visível ao exame especular. A 
porção proximal ao orifício cervical externo é denominada de endocérvix e o orifício 
cervical externo precisa ser distendido ou dilatado para que se veja esta porção do 
colo uterino. O canal endocervical, que atravessa a endocérvix, conecta a cavidade 
uterina à vagina e se estende do orifício cervical interno ao externo, onde 
desemboca na vagina. Ele varia de comprimento e largura dependendo da idade e 
estado hormonal da mulher. É mais amplo em mulheres em idade reprodutiva, 
quando mede 6 a 8 mm de largura. 
 
 
 
 
A parte do fundo de saco entre o colo uterino e as paredes vaginais laterais é 
denominada de fundo de saco lateral; as porções entre as paredes anterior e 
posterior da vagina e o colo uterino são denominadas de fundo de saco anterior e 
posterior, respectivamente. 
O estroma do colo uterino é composto de tecido fibromuscular denso, através do 
qual passam os suprimentos vasculares e linfáticos e redes nervosas do colo uterino 
e formam um complexo. A irrigação arterial do colo uterino é derivada das artérias 
ilíacas internas através dos ramos cervicais e vaginais das artérias uterinas. Os 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
 
ramos cervicais das artérias uterinas descem na parte lateral do colo uterino nas 
posições de 3 e 9 horas. As veias do colo uterino correm paralelas às artérias e 
drenam no plexo venoso hipogástrico. Os vasos linfáticos do colo uterino drenam 
nos nódulos ilíacos comuns, externos e internos, e nódulos obturadores e 
paramétricos. A inervação do colo uterino é derivada do plexo hipogástrico. A 
endocérvix tem terminações nervosas sensoriais extensas e estas são escassas na 
ectocérvix. Como resultado, procedimentos como biopsia, eletrocoagulação e 
crioterapia são bem tolerados na maioria das mulheres sem anestesia local. Como 
as fibras simpáticas e parassimpáticas são também abundantes na endocérvix, a 
dilatação e curetagem da endocérvix às vezes podem levar a uma reação vasovagal. 
O colo uterino é recoberto por epitélio escamoso e colunar estratificados não-
queratinizados. Esses dois tipos de epitélio encontram-se na junção escamocolunar. 
 
1. Epitélio escamoso estratificado não queratinizado 
 
Normalmente, uma área grande da ectocérvix está recoberta por um epitélio 
escamoso estratificado não-queratinizado que contém glicogênio. É opaco, tem 
múltiplas (15-20) camadas de células e de coloração rosa pálida. Este epitélio é 
nativo ao local formado durante a vida embrionária, que é denominado de epitélio 
escamoso original ou nativo, ou pode ter sido recém-formado como epitélio 
escamoso metaplásico no início da vida de adulta. Nas mulheres na pré-menopausa, 
o epitélio escamoso original é de coloração rósea, enquanto que o epitélio escamoso 
metaplásico recém-formado tem um aspecto branco-róseo ao exame visual. 
 
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70 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, se divide esquematicamente 
em três camadas ou estratos. 
As camadas profundas são formadas de uma ou duas fileiras de células basais que 
se assentam na lâmina basal. As camadas intermediárias formam o estrato mais 
espesso do epitélio normal. São varias camadas de células que crescem, 
progredindo em direção à superfície do epitélio. As camadas superficiais são 
constituídas por células grandes, medindo 40 à 60 um de diâmetro, e representam a 
última etapa da maturação celular. 
A arquitetura histológica do epitélio escamoso do colo uterino revela, ao fundo, uma 
única camada de células basais arredondadas com núcleos grandes de coloração 
escura e citoplasma escasso, unida à membrana basal. A membrana basal separa o 
epitélio do estroma subjacente. A junção epitélio-estroma é em geral retilínea. Às 
vezes, é ligeiramente ondulado com pequenas projeções do estroma a intervalos 
regulares. Essas projeções do estroma são denominadas de papilas. As partes do 
epitélio entre as papilas são denominadas de invaginações. 
As células basais se dividem e maturam para formar as próximas camadas 
denominadas de células parabasais, que também têm núcleos relativamente 
grandes de coloração escura e citoplasma basófilo de coloração azul-esverdeada. 
Uma maior diferenciação e maturação destas células conduzem às camadas 
intermediárias de células poligonais com citoplasma abundante e pequenos núcleos 
arredondados. Essas células formam um padrão de entrançado de cesta. Com mais 
maturação, são formadas células grandes e acentuadamente planas, com núcleos 
pequenos, densos e picnóticos e citoplasma transparente das camadas superficiais. 
Em termos gerais, da camada basal à superficial, essas células sofrem um aumento 
de tamanho e redução do tamanho nuclear. 
As células da camada profunda mostram forma arredondada, medem cerca de 15um 
de diâmetro e têm núcleo relativamente volumoso de 8um circundado por um 
citoplasma pouco abundante. São a sede das divisões celulares que permitem a 
renovação do epitélio em aproximadamente quatro dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Células parabasais Células profundas 
 
 
As célulasda camada intermediária medem de 15 à 40um de diâmetro e possuem 
um núcleo arredondado de 8 à10 um, com cromatina finamente granulosa. O 
citoplasma é cianófilo e contém glicogênio. A carga glicogênica aumenta sob a ação 
do progesterona e é máxima durante a gestação. A presença de junções celulares 
explica a escamação em aglomerados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células intermediárias 
 
 
Células intermediárias 
Nas camadas mais superficiais do epitélio, os núcleos se tornam mais pcnóticos, 
cerca de 6 à 5um de diâmetro, pois se contraem e são envolvidos por uma zona 
citoplasmática clara, circular e estreita. O desaparecimento das junções celulares 
 
 
 
 
 
favorece a descamação celular em forma de elementos isolados. O citoplasma claro 
é rico em filamentos intermediários protéicos de queratina. 
 
 
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Células superficiais 
 
 
 
1. Epitélio colunar 
 
O canal endocervical é recoberto pelo epitélio colunar (às vezes, denominado de 
epitélio glandular). É composto por uma única camada de células altas com núcleos 
de coloração escura, próxima à membrana basal. Por ter uma só camada de células, 
tem uma altura menor que o epitélio escamoso estratificado do colo uterino. No 
exame visual, tem coloração avermelhada porque a camada fina de células únicas 
permite ver mais facilmente a coloração dos vasos subjacentes no estroma. No seu 
limite distal ou superior, funde-se com o epitélio do endométrio na parte inferior do 
corpo uterino. No limite proximal ou inferior, encontra-se com o epitélio escamoso na 
junção escamocolunar. Recobre uma extensão variável da ectocérvix, dependendo 
da idade, estado reprodutivo, hormonal e de menopausa da mulher. 
O epitélio endocervical exibe uma fileira de células de forma cilíndrica que na fase 
proliferativa, têm 30um de altura e um núcleo alongado cujo maior diâmetro é de 
7um e se situa na porção basal do citoplasma. 
 
 
 
 
 
Os tamanhos do núcleo e da célula aumentam durante a fase secretora do ciclo 
menstrual. Estas células elaboram uma secreção mucosa que constitui o muco 
cervical. As variações morfológicas no decurso do ciclo menstrual são 
acompanhadas por alterações físico-químicas do muco. Este se apresenta claro e 
abundante durante a fase estrogênica, com uma hidratação e cristalização em folha 
de samambaia, que atinge seu ápice no período ovulatório. Após a ovulação, torna-
se viscoso, escasso e não é mais permeável aos espermatozóides. 
Na base do epitélio, existem células de pequeno porte, intercaladas entre as células 
cilíndricas, chamadas células de reserva. Possuem o potencial de se diferenciar em 
elementos cilíndricos. 
Não há glicogenação ou mitoses no epitélio colunar. Devido à falta de glicogênio 
intracitoplasmático, o epitélio colunar não muda a cor depois da aplicação de 
solução de Lugol ou permanece ligeiramente descorado com uma fina película de 
solução de iodo. 
 
 
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Células endocervicais 
 
 
 
 
 
 
 
1. Junção escamo-colunar(JEC) 
 
A junção escamo-colunar apresenta-se como uma linha bem definida com um 
degrau, devido à diferença de altura dos epitélios escamoso e colunar. A localização 
da junção escamocolunar com relação ao orifício cervical externo é variável durante 
a vida da mulher e depende de fatores como idade, estado hormonal, trauma ao 
nascimento, uso de anticoncepcionais orais e certas condições fisiológicas como 
gravidez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JEC- junção escamo-colunar 
 
 
A junção escamo-colunar visível durante a infância, perimenarca, após a puberdade 
e início do período reprodutivo é denominada de junção escamo-colunar original, 
porque representa a junção entre o epitélio colunar e o epitélio escamoso “original” 
formada durante a embriogênese e vida intra-uterina. Na infância e perimenarca, a 
junção escamo-colunar original está localizada no, ou muito próxima ao, orifício 
cervical externo. Depois da puberdade e durante o período reprodutivo, os órgãos 
genitais femininos se desenvolvem sob a influência do estrógeno. Portanto, o colo 
uterino aumenta de tamanho, cresce e o canal endocervical se alonga. Isto leva à 
eversão do epitélio colunar da parte inferior do canal endocervical próximo à 
ectocérvix. Esta condição é denominada de ectrópio ou ectopia, visível como uma 
ectocérvix de aspecto bem avermelhado na inspeção visual. Portanto, a junção 
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escamo-colunar original está localizada na ectocérvix, distante do orifício cervical 
externo.O ectrópio torna-se muito mais pronunciado durante a gravidez. 
 
 
JEC- junção escamo-colunar 
 
Na mulher jovem, o epitélio cilíndrico transborda na exocérvice e pode constituir um 
ectrópion. Este é corrigido, na puberdade, por um fenômeno de metaplasia 
malpighiana, que substitui as células cilíndricas por um epitélio malpighiano 
estratificado. Na mulher idosa, a zona de junção sobe na endocérvice. 
A ação tampão do muco que recobre as células colunares, sofre interferência 
quando o epitélio colunar evertido no ectrópio fica exposto ao meio vaginal ácido. 
Isto leva à destruição e substituição subseqüente do epitélio colunar pelo epitélio 
escamoso metaplásico recém-formado. Metaplasia é a alteração ou substituição de 
um tipo de epitélio por outro. 
O processo metaplásico começa principalmente na junção escamo-colunar e 
prossegue centripetamente em direção ao orifício cervical externo ao longo do 
período reprodutivo até a perimenopausa. Portanto, uma nova junção escamo-
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colunar é formada entre o epitélio escamoso metaplásico recém-formado e o epitélio 
colunar evetido sobre a ectocérvix. À medida que a mulher passa da idade 
reprodutiva à perimenopausa, a localização da nova junção escamo-colunar avança 
progressivamente na ectocérvix em direção ao orifício cervical externo. Portanto, fica 
localizado a distâncias variáveis do orifício cervical externo, como resultado da 
formação progressiva do novo epitélio escamoso metaplásico nas áreas expostas do 
epitélio colunar na ectocérvix. Do período da perimenopausa e depois da 
menopausa, o colo uterino reduz de tamanho devido à falta de estrógeno e, 
portanto, o movimento da nova junção escamo-colunar em direção do orifício 
cervical externo para dentro do canal endocervical é acelerado. Nas mulheres na 
pós-menopausa, a nova junção escamo-colunar é, muitas vezes, invisível ao exame 
visual. 
 
 
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2. Metaplasia escamosa 
 
A substituição fisiológica do epitélio colunar evertido por um epitélio escamoso 
recém-formado é denominada de metaplasia escamosa. O meio vaginal é ácido 
durante os anos reprodutivos e gravidez. Acredita-se que a acidez desempenha uma 
função na metaplasia escamosa. Quando as células são repetidamente destruídaspela acidez vaginal no epitélio colunar em uma área de ectrópio, com o tempo elas 
 
 
 
 
 
são substituídas por um epitélio metaplásico recém-formado. A irritação do epitélio 
colunar exposto ao meio vaginal ácido leva ao surgimento de células subcolunares 
de reserva . Essas células proliferam, produzindo uma hiperplasia de células de 
reserva e com o tempo formam o epitélio escamoso metaplásico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células metaplásicas 
 
 
Como dito anteriormente, o processo metaplásico requer o surgimento de células 
indiferenciadas, cubóides, subcolunares denominadas de células de reserva, porque 
o epitélio escamoso metaplásico resulta da multiplicação e diferenciação dessas 
células. Com o tempo, estas se dispersam do epitélio colunar persistente. A origem 
exata das células de reserva não é conhecida, embora se acredite que se 
desenvolvem a partir do epitélio colunar, em resposta à irritação pela acidez vaginal. 
O primeiro sinal da metaplasia escamosa é o surgimento e proliferação de células de 
reserva. Isto é inicialmente visto como uma única camada de pequenas células 
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arredondadas com núcleos de coloração escura, situados muito próximos aos 
núcleos das células colunares, que continuam a proliferar e produzem uma 
hiperplasia de células de reserva. Morfologicamente, as células de reserva têm um 
aspecto semelhante às células basais do epitélio escamoso original, com núcleos 
arredondados e citoplasma escasso. À medida que o processo metaplásico progride, 
as células de reserva proliferam e se diferenciam para formar um epitélio multicelular 
fino de células escamosas imaturas sem evidência de estratificação. Usa-se o termo 
epitélio escamoso metaplásico imaturo quando há pouca ou nenhuma estratificação 
neste epitélio metaplásico fino recém-formado. As células do epitélio escamoso 
metaplásico imaturo não produzem glicogênio e, portanto, não adquirem coloração 
castanho-clara ou preta com a solução de Lugol. Grupos de células colunares que 
contêm mucina são implantados no epitélio escamoso metaplásico imaturo neste 
estágio. 
Numerosos campos e/ou focos isolados ou contínuos de metaplasia escamosa 
imatura podem surgir ao mesmo tempo. Tem sido sugerido que a membrana basal 
do epitélio colunar original se dissolve e é formada novamente entre células de 
reserva em proliferação e diferenciação e o estroma cervical. A metaplasia 
escamosa começa em geral na junção escamocolunar original, no limite distal da 
ectopia, mas também pode ocorrer no epitélio colunar próximo a esta junção ou 
como ilhotas dispersas no epitélio colunar exposto. 
Com o avanço do processo, as células escamosas metaplásicas imaturas se 
diferenciam em epitélio metaplásico estratificado maduro. Para fins práticos, este se 
assemelha ao epitélio escamoso estratificado original. Algumas células colunares 
residuais ou vacúolos de muco são vistos no epitélio escamoso metaplásico maduro, 
que contém glicogênio a partir da camada de células intermediárias. Portanto, ele 
adquire uma coloração castanho-clara ou preta depois da aplicação de solução de 
Lugol. 
 
 
 
 
 
 
 
Células metaplásicas maduras e imaturas 
 
 
Vários cistos, denominados de cistos de Naboth (folículos), são vistos no epitélio 
escamoso metaplásico maduro. Os cistos de Naboth são cistos de retenção que se 
desenvolvem como resultado da oclusão de uma abertura ou desembocadura de 
criptas endocervicais pelo epitélio escamoso metaplásico suprajacente. O epitélio 
colunar encoberto segue secretando muco que com o tempo fica cheio e distende o 
cisto. O muco encarcerado confere um matiz branco-marfim a amarelado, ao cisto, 
no exame visual. O epitélio colunar na parede do cisto é achatado e, por fim, 
destruído pela pressão do muco. As desembocaduras das criptas no epitélio colunar, 
não ainda recoberto por epitélio metaplásico, permanecem como aberturas das 
criptas. A distância total de alcance do epitélio metaplásico sobre a ectocérvix é 
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estimada pela localização da abertura de criptas mais distante da junção 
escamocolunar. 
 
 
A metaplasia escamosa é um processo irreversível; o epitélio transformado (agora 
de natureza escamosa) não é revertido a epitélio colunar. O processo metaplásico 
no colo uterino é, às vezes, denominado de metaplasia indireta, já que as células 
colunares não se transformam em células escamosas, mas são substituídas pelas 
células cubóides subcolunares de reserva em proliferação. 
A metaplasia escamosa pode progredir a uma velocidade diferente nas diversas 
áreas do colo uterino, e assim são vistas muitas áreas de graus bem diferentes de 
maturidade no epitélio escamoso metaplásico com ou sem ilhotas de epitélio 
colunar. O epitélio metaplásico adjacente à junção escamo-colunar é composto de 
metaplasia imatura e o epitélio metaplásico maduro é visto próximo da junção 
escamo-colunar original. 
O epitélio metaplásico imaturo recém-formado pode desenvolver-se mais em duas 
direções. Na grande maioria das mulheres, este se converte em um epitélio 
escamoso metaplásico maduro, semelhante para fins práticos ao epitélio escamoso 
original normal que contém glicogênio. Em uma minoria de mulheres, pode se 
desenvolver um epitélio atípico displásico. Certos tipos de papilomavírus humano 
oncogênico (HPV) podem infectar de modo persistente as células metaplásicas 
escamosas basais imaturas e transformá-los em células atípicas com anomalias 
nucleares e citoplasmáticas. A proliferação e expansão descontrolada dessas 
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células atípicas podem levar à formação de um epitélio displásico anormal que pode 
regredir ao normal, persistir como displasia ou progredir para neoplasia invasiva 
depois de vários anos. 
Acredita-se também que certo grau de metaplasia pode ocorrer por crescimento 
intrínseco do epitélio escamoso a partir do epitélio escamoso do ectocérvix. 
 
 
 
3. Zona de transformação 
 
A região do colo uterino onde o epitélio colunar foi e/ou está sendo substituído pelo 
novo epitélio escamoso metaplásico é denominada de zona de transformação. 
Corresponde à área do colo uterino unida pela junção escamo-colunar original na 
extremidade distal e, na extremidade proximal, pela maior distância de alcance da 
metaplasia escamosa como definido pela nova junção escamo-colunar. 
 
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Nas mulheres na pré-menopausa, a zona de transformação está totalmente 
localizada na ectocérvix. Depois da menopausa e com o avanço da idade, o colo 
uterino reduz-se de tamanho em decorrência da diminuição do estrógeno. Assim, a 
zona de transformação pode mudar de posição em parte e, posteriormente, por 
completo no canal cervical. 
A zona de transformação é descrita como normal quando é composta de metaplasia 
escamosa imatura e/ou madura juntamente com as áreas ou ilhotas interpostas deepitélio colunar, sem sinais de carcinogênese cervical. É denominada de zona de 
transformação anormal ou atípica (ZTA) quando há evidência de carcinogênese 
cervical, como a alteração displásica na zona de transformação. A identificação da 
zona de transformação é de grande importância na colposcopia, visto que quase 
todas as manifestações da carcinogênese cervical ocorrem nessa zona. 
 
4. Colheita de material do trato genital feminino 
 
A colheita de material para estudo citológico do trato genital feminino é relativamente 
simples, embora a feitura de uma boa preparação seja extremamente importante. 
Primariamente, nosso interesse é estabelecer o diagnóstico precoce de tumores 
malignos da cérvix (ecto e endocérvix) e do endométrio. 
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Duas técnicas são utilizadas em citologia genital: a citologia esfoliativa e a citologia 
abrasiva. 
O esfregaço vaginal consiste em recolher as células que descamaram 
espontaneamente no fundo do saco posterior da vagina; é um exemplo de citologia 
esfoliativa. Na citologia abrasiva raspa-se a mucosa de modo a soltar as células do 
epitélio. 
Em qualquer tipo de colheita é essencial que lubrificantes, talco nas luvas e 
medicamnetos intravaginais não sejam usados durante nenhuma parte do exame 
como manobra diagnóstica ou para facilitar a inserção do espéculo. Às pacientes 
deverão ser fornecidas instruções para não fazerem uso de duchas vaginais, ainda 
que com água pura, um dia antes da visita. A relação sexual deverá ser abolida 24 
horas antes e o uso de cremes, supositórios ou outros medicamentos tópicos 
vaginais, 48 horas. 
O material colhido é proveniente das seguintes áreas: fundo de saco posterior da 
vagina; raspado cervical e colheita endocervical e endometrial. 
O material do fundo de saco posterior da vagina é mais facilmente colhido inserindo-
se a extremidade de uma pipeta de vidro ou plástico no fundo de saco posterior. A 
secreção aí coletada é então aspirada por meio de sucção com uma pêra de 
borracha colocada na outra extremidade do tubo. A secreção é espalhada sobre a 
superfície de uma lâmina, em um sentido somente, de maneira homogênea, com a 
extremidade livre da pipeta, sem esfregá-la para frente e para trás ou circularmente, 
de maneira vigorosa. 
As secreções obtidas contêm células descamadas das mucosas vaginais e cervicais, 
muco, leucócitos, macrófagos e detritos celulares necróticos em vias de eliminação. 
O esfregaço do terço superior da parede vaginal lateral é o método preconizado para 
avaliar a atividade hormonal. 
Depois que o esfregaço tenha sido completado, a lâmina deverá ser mergulhada em 
álcool etílico a 95% imediatamente, garantindo a fixação do material. 
A amostra retirada diretamente da cérvix uterina, por meio de raspado cervical, tem 
a vantagem de não depender de esfoliação para se obter adequada quantidade de 
material celular. Neste caso removem-se as células mecanicamente; é afirmado pela 
 
 
 
 
 
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maioria das autoridades no assunto que o material retirado diretamente da cérvix é 
superior à colheita da fórnex posterior para diagnóstico do câncer cervical ou de 
lesões pré-cancerosas. 
Por outro lado, a aspiração do fundo de saco fornece melhores resultados na 
identificação de adenocarcinomas do endométrio que o raspado cervical, embora 
não constitua o primeiro método de escolha para área endometrial. A coleta deste 
material é feita através da espátula de ayre, onde a extremidade mais larga será 
inserida corretamente no orifício da cérvix e, girando-se a mesma na direção dos 
ponteiros de um relógio até completar-se 360 graus, as células serão levadas 
automaticamente a se desprender da superfície. O material assim colhido deverá 
então ser delicada e homogeneamente espalhado sobre a superfície de uma lâmina, 
evitando-se os movimentos de vaivém ou rotatórios. A outra parte da espátula 
também poderá ser usada na colheita de material do fundo de saco posterior. 
Diversos modelos de escovas foram comercializados para recolher as células da 
endocérvice. O inconveniente reside na perda do muco cervical, que deve ser 
eliminado para a penetração da escova na endocérvice; privamo-nos de um material 
rico em células. 
O uso da escova requer certa destreza manual, sendo necessário realizar uma 
rotação completa do instrumento, sem traumatizar a mucosa, para obter suficiente 
matéria. 
Algumas vezes grande quantidade de muco cervical, espesso e viscoso, poderá 
perturbar a colheita do material cervical. Em tal circunstância, a remoção deste 
muco,seja parcial, será altamente aconselhável. 
Muito freqüentemente necessitamos de maiores detalhes a respeito das condições 
endocervicais e/ou endometriais da paciente para a colheita das células e, outra vez, 
dispomos de muitas maneiras de colher amostras destas duas áreas. De modo 
geral, esta colheita poderá ser feita por aspiração ou por meio de raspado. 
A colheita tríplice é uma forma de coleta onde será adicionado na superfície da 
lâmina o material do fundo de saco posterior vaginal, o raspado cervical e 
endocervical. 
 
 
 
 
 
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A dispersão do material sobre a lâmina é um dos mais importantes passos numa 
preparação citológica. 
O esfregaço ideal deverá demonstrar uma camada de material quase transparente, 
homogeneamente distribuído, evitando conglomerados de células em áreas 
diferentes. Isso tornará a conduta da coloração e o passo da montagem mais digno 
de confiança e a leitura muito mais fácil, o que redundará em maior segurança para 
a paciente, nossa preocupação comum. 
 
5. Definição de uma colheita correta 
 
A identificação deve ser realizada no momento da colheita. Ao mesmo tempo, a ficha 
dos dados clínicos deverá ser corretamente completada e colocada junto com as 
lâminas. Nessa ficha constará a idade, a anamnese, os antecedentes ou a 
existência de uma lesão ou de tratamentos em curso. 
A noção de uma colheita correta implica na obtenção de uma quantidade de células 
suficiente do local adequado, evitado introduzir hemácias ou células do estroma 
devido a uma abrasão excessivamente vigorosa. As experiências do assunto 
mostram que um esfregaço correto contém entre 30.000 e 300.000 células epiteliais. 
Alguns exigem a presença de células endocervicais para considerar o esfregaço 
válido. Essa exigência originou o desenvolvimento das escovas endocervicais que 
apresentam o inconveniente de traumatizar a mucosa. 
Segundo KOSS, um esfregaço é interpretável e representativo do conjunto da 
mucosa cervical, quando contém pelo menos dois dos três elementos a seguir: 
células cilíndricas endocervicais, células malpighianas metaplásicas e muco cervical. 
 
6. Fixação 
 
O objetivo da fixação é preservar o estado morfológico das células. A fixação dos 
esfregaços deve ser imediata para evitar a dessecação que deforma as células e 
altera suas afinidades tintoriais. 
 
 
 
 
 
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O agente fixador não deve ser tóxico ouvolátil, e seu preço razoável. Por esses 
motivos, o álcool é o fixador de escolha, em forma líquida ou em aerossol. 
O álcool desnatura as proteínas e os ácidos nucleicos, e os torna insolúveis e 
estáveis. 
A mistura de álcool e éter preconizada por Papanicolaou foi abandonada por motivos 
de segurança (éter volátil e inflamável). O tempo de fixação é de 15 minutos no 
mínimo. 
Durante a fixação, deve-se segurar o nebulizador a cerca de 30cm da lâmina porta-
objeto. Se for mais perto, há risco de enxotar as células da lâmina, de lesá-las ou de 
provocar artefatos de imagens difíceis de interpretar. 
Antes da coloração, é aconselhável mergulhar novamente os esfregaços em álcool 
durante alguns instantes. 
 
7. Coloração e leitura da lâmina 
 
A coloração de papanicolaou é hoje universalmente utilizada em citologia genital. A 
coloração de Shorr completada pela hematoxilina de Harris, para corar os núcleos, 
como o propôs Pundel, dá também excelentes resultados. 
Todas estas colorações são baseadas nos mesmos princípios. O corante nuclear é a 
hematoxilina de Harris que, por oxidação por óxido de mercúrio, se transforma em 
hemateína. A hematoxilina cora o núcleo em azul, após mordaçagem pelo alume de 
potassa. 
O orange G, a eosina, o verde luz e o marrom Bismark são os corantes 
citoplasmáticos. Papanicolaou propôs diversas variantes de corantes 
citoplasmáticos: os mais empregados são o EA 36 e EA 50 em combinação com o 
OG 6. 
O corante de Shorr dá contrastes mais marcantes das tonalidades citoplasmáticas 
das células malpighianas. Por isso foi preconizado para a avaliação hormonal. 
Após a correta colheita das lâminas, seu espalhamento, fixação e coloração, a 
leitura deve seguir certas regras bem estabelecidas. 
 
 
 
 
 
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Com o esfregaço identificado e o pedido do exame anexo à lâmina, deve-se verificar 
no arquivo do laboratório se existem exames anteriores e juntá-los eventualmente ao 
pedido atual. 
Deve-se acostumar a orientar a lâmina sempre da mesma forma na platina porta-
objeto. O exame é realizado com a objetiva de 10 e ocular de 10 ou 15. A varredura 
deve ser sistemática e os campos sucessivos serão parcialmente revistos para não 
perder nenhuma área do esfregaço. A varredura pode ser tanto vertical como 
horizontal, sendo que a vertical permite determinar melhor as zonas já examinadas. 
As células ou zonas atípicas são submetidas a exame mais minucioso com objetiva 
de 40. 
 
8. Células escamosas superficiais 
 
As células superficiais são as células mais maduras do epitélio escamoso cervical. O 
citoplasma é claro-brilhante, transluzente e levemente cianofílico ou eosinofílico, 
dependendo do grau de queratinização. As margens celulares são proeminentes. 
Em contraste com as células das camadas mais profundas, as células superficiais 
contêm pequenos núcleos pcnóticos que medem aproximadamente 6 
micromilímitros de diâmetro. 
As células superficiais descamam sobretudo como elementos isolados, devido à 
ruptura dos desmossomos; medem de 40 a 60um de diâmetro; o núcleo, muito 
denso e picnótico. Ele é freqüentemente circundado por um halo claro e estreito, 
provocado pela sua retração. O citoplasma é transparente, eosinófilo, raramente 
cianófilo, e contém às vezes grânulos citoplasmáticos perinucleares de pequeno 
tamanho, de natureza provavelmente lipídica. 
Podem-se observar células ou escamas anucleados correspondendo ao 
desaparecimento do núcleo, com queratinização do citoplasma, causando uma 
coloração amarelada. O local do núcleo é assinalado por uma mancha clara e o 
citoplasma é freqüentemente pregueado. Quando são numerosas, as células 
anucleadas revelam um processo patológico de hiperqueratinização da mucosa 
cérvico-vaginal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. Células escamosas intermediárias 
Essas células se desenvolvem a partir das células parabasais por diferenciação 
posterior. As células intermediárias possuem uma forma poligonal e isodiamétrica 
com citoplasma cianofílico, transluzente, claro, brilhante e margens celulares bem 
delimitadas. O núcleo vesicular fica centralmente localizado e possui uma cromatina 
finamente granular uniformemente distribuída. 
As células intermediárias têm diâmetro de 30 à 40um e sua descamação ocorre de 
forma isolada ou em agrupamentos. 
Essas células exibem pregueamento do citoplasma periférico, particularmente 
evidentes durante a fase lútea do ciclo menstrual. A carga de glicogênio é a 
expressão do crescimento e da diferenciação celular, e do estado hormonal. 
Durante a gravidez, a quantidade elevada de glicogênio caracteriza a célula 
navicular. Esta tem forma típica de barco, com um núcleo deslocado pelo glicogênio 
para a periferia da célula. O glicogênio assume uma coloração amarelada na 
coloração de papanicolaou. As células naviculares também são observadas na 
menopausa. 
As células intermediárias podem constituir pérolas córneas benignas por imbricação 
em forma de casca de cebola. As pérolas córneas benignas não têm significado 
clínico, desde que seus núcleos mantenham tamanhos e formas normais. 
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O fenômeno da citólise atinge particularmente as células intermediárias; é o 
resultado da digestão do glicogênio pelos lactobacilos. Os esfregaços se 
caracterizam pela presença de numerosos núcleos nus e detritos celulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células intermediárias 
 
10.Células escamosas parabasais 
 
As células parabasais são distintamente maiores do que as células basais. Na 
ausência de alterações inflamatórias ou degenerativas, as células parabasais são 
redondas ou ovais e mostram uma reação ao corante cianofílica. O citoplasma tem 
um grau maior de translucência e se cora menos intensamente que as células 
basais. A forma do núcleo corresponde à forma da célula. 
As células parabasais medem 15 à 30um de diâmetro; o núcleo ocupa a maior parte 
da célula (relação núcleo-citoplasma elevada). Quando as células parabasais 
descamam espontaneamente do epitélio, elas são freqüentemente isoladas e com 
formato arredondado; porém quando se desprendem do epitélio por raspagem, a 
persistência das pontes intercelulares dá ao citoplasma uma aparência estirada, e a 
descamação ocorre em agrupamentos. 
As células parabasais podem ser elementos dominantes nos esfregaços de 
mulheres menopausadas ou após oforectomia, e nas mulheres jovens afetadas por 
lesões infecciosas ou traumáticas que desnudaram as camadas profundas do 
epitélio. 
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As células basais, provenientes da camada mais profunda do epitélio, são raramente 
encontradas, pois é necessária uma raspagem total da mucosa para observá-las. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células parabasais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células profundas 
 
11. Células metaplásicas escamosas 
 
As células originárias de foco de metaplasia escamosa são geralmente do tipo 
parabasal; são isoladas ou agrupadas e sua abundância depende da extensão da 
metaplasia. As células arredondadas ou poligonais têm contorno bem marcado e um 
citoplasma cianófilo denso ou por vezes vacuolizado. Essa vacuolização pode 
corresponder à presença de muco, oque as distingue das células parabasais 
provenientes das camadas profundas do epitélio malpighiano. Os núcleos são 
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redondos ou ovais, medindo de 8 à 10um e situados no centro da célula. A 
cromatina é finamente granulosa com alguns acúmulos de heterocromatina 
(cromocentros). Algumas células mostram aspecto irregular ou alongado, provocado 
pelo estiramento do citoplasma ao nível das pontes intercelulares (desmossomos); 
outras exibem uma borda retilínea correspondendo à zona de união com a lâmina 
basal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células metaplásicas escamosas 
 
 
12. Células endocervicais 
 
As células endocervicais cilíndricas são alongadas ou arredondadas segundo o 
ângulo sob a qual são observadas. Os aglomerados vistos pelo pólo apical oferecem 
um aspecto que se compara aos alvéolos da cera de abelha. Vistas por suas faces 
laterais as células mostram um disposição empaliçada. Com altura de 20 à 30um, 
elas apresentam diâmetro de 8 à 10um. 
A aparência da célula depende também da fase do ciclo menstrual. Durante a fase 
estrogênica, o citoplasma é cianófilo e o núcleo toma uma forma elíptica ou esférica 
com diâmetro de cerca de 7um. Durante a fase secretora, o citoplasma é claro e 
edemaciado; um muco abundante desloca o núcleo para a base da célula. As 
células cilíndricas descamam isoladamente ou em aglomerados. 
Os aglomerados podem estar envoltos por poças de muco. Quando o citoplasma 
sofre lise, percebem-se núcleos nus arredondados, finamente granulosos e de 
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tamanho irregular; não devem ser confundidos com células do córion cervical, com 
núcleos nus de células metaplásicas ou com núcleos procedentes de um 
adenocarcinoma diferenciado da endocérvice ou do endométrio. 
As células endocervicais são raras nos esfregaços vaginais e habituais nos 
esfregaços cervicais obtidos por escovação ou raspagem. Sua presença é 
considerada, por alguns, como selo obrigatório de qualidade da colheita cervical. 
 
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Células endocervicais paliçadas e em forma de colméia. 
 
 
13. Células endometriais 
 
As células epiteliais do endométrio podem aparecer como células secretoras ou 
ciliadas. As células estromais derivam das porções superficiais ou profundas do 
endométrio. 
Normalmente, as células endometriais aparecem no esfregaço citológico somente 
até o dia 10 a 12 do ciclo menstrual. Uma observação prolongada é anormal e 
requer investigação diagnóstica (por exemplo, dispositivo intra-uterino, terapia com 
drogas hormonais e anomalia endometrial). 
Durante a menstruação, são observadas sob forma de elementos isolados ou de 
aglomerados de diversos tamanhos; as hemácias e células inflamatórias 
acompanham as células endometriais alteradas prestes a descamar. Nos 
aglutinados, as células epiteliais se dispõem na periferia e envolvem as pequenas 
células do córion. As células epiteliais têm uma forma cúbica ou cilíndrica com um 
 
 
 
 
 
citoplasma às vezes vacuolizado. As células do córion podem ser reconhecidas 
quando se apresentam sob forma de aglomerados de núcleos comprimidos uns 
contra os outros. 
A aspiração ou a raspagem endometrial fornece numerosas células epiteliais em 
melhor estado de conservação do que nos esfregaços cérvico-vaginais. A aspiração 
endometrial traz por vezes microfragmentos de glândulas endometriais nos quais se 
reconhecem estruturas acinosas ou em rosácea. 
 
 
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Células endometriais 
 
 
Durante a fase proliferativa, elas se apresentam de maneira aglomerada, com as 
células cilíndricas dispostas em paliçada, sob formas de alvéolos de cera de abelha. 
Um pequeno nucléolo é às vezes aparente. O aspecto cilíndrico-cúbico é evidente, o 
núcleo mostra uma cromatina finamente granulosa, e o pólo apical tem 
ocasionalmente uma borda ciliada. 
Durante a fase secretora, as células epiteliais aumentam de tamanho, os núcleos 
são mais volumosos e arredondados, e a carga de glicogênio aparece sob forma de 
vacúolos citoplasmáticos claros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CICLO CELULAR 
 
Ciclo Menstrual: 28 dias, bifásico. 
– Proliferativa. 
– Secretora. 
Estrogênica ou Proliferativa: 
– Maturação do epitélio estratificado. 
– Atua até a ovulação. 
– Cerca de 14 dias. 
– Ovulação. 
– Volta a subir 3 a 4 dias após a ovulação. 
Progesterônica ou Secretora 
– Modificações celulares. 
– Início do processo de descamação. 
 
 
 
 
 
 
 
Fase hormonal: Secretora e proliferativa 
 
 
 
 
14. Flora vaginal normal 
 
A flora vaginal microbiana normal é dominada pelos lactobacilos (bacilo de 
Döderlein). A cultura microbiana revela a presença de outros microrganismos 
aeróbicos, anaeróbicos e facultativos que são saprófitos, mas podem se tornar 
patogênicos. 
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Os lactobacilos são bastonetes Gram-positivos, imóveis e não encapsulados. 
Provocam a fermentação do glicogênio celular em ácido lático e contribuem à 
manutenção do pH ácido (cerca de 4) do meio vaginal. Essa fermentação provoca a 
citólise das células intermediárias ricas em glicogênio. A citólise pronunciada pode 
ser acompanhada de leucorréia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lactobacilos 
 
 
15. Alterações celulares inflamatórias 
 
A inflamação é o conjunto dos fenômenos de reação a qualquer agressão tissular, 
seja bacteriana, viral, parasitária, pós-traumática, química ou física. 
A susceptibilidade do trato genital feminino à inflamação varia com a idade e a 
localização anatômica. Em mulheres do grupo de idade reprodutiva, o epitélio 
escamoso altamente proliferativo da ectocérvice serve como uma excelente barreira 
contra as lesões. Em crianças e mulheres após a menopausa, o epitélio escamoso é 
usualmente atrófico, e essa condição facilita a instalação de reações inflamatórias. O 
epitélio colunar simples da endocérvice e endométrio são particularmente 
susceptíveis a agentes infecciosos, especialmente na presença de ectopia, quando 
a mucosa endocervical de camada única é exposta à flora vaginal. 
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As lesões inflamatórias se caracterizam a nível microscópico por: 
• Reação vascular com formação de capilares. 
• Migração de leucócitos, macrófagos e plasmócitos para o local da 
inflamação. 
• Modificações de estrutura do epitélio (hiperplasia, metaplasia, 
fenômenos de reparação). 
• Alterações morfológicas variadas; algumas são comuns a todas as 
inflamações,outras representam modificações específicas a determinado 
agente. 
• Presença eventual do fator causal. 
A citologia tem papel importante no reconhecimento das lesões inflamatórias do trato 
genital; ela permite avaliar a intensidade da reação inflamatória, acompanhar sua 
evolução e, em certos casos, determinar a natureza do agente causal. 
Um processo inflamatório, qualquer que seja sua causa, provoca o aparecimento de 
um exsudato inflamatório composto por leucócitos, histiócitos e fenômenos de 
necrose celular que modificam o aspecto dos esfregaços e tornam mais difícil o 
exame das células epiteliais. Os polinucleares neutrófilos podem ser numerosos, 
isolados ou em aglomerados. 
Os linfócitos são vistos mais amiúde nas lesões crônicas e exibem todas as formas 
de evolução desde o pequeno linfócito até os linfoblasto e imunoblasto. Os 
plasmócitos são raros. 
A presença de macrófagos, por vezes multinucleados e contendo fragmentos 
celulares fagocitados, é freqüente nas inflamações crônicas. 
A presença de hemácias bem conservadas ou lisadas acompanha comumente os 
fenômenos inflamatórios. A presença de macrófagos com citoplasma carregado de 
pigmentos sangüíneos castanhos (hemossiderina) define a existência de 
sangramento antigos ou crônicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Histiócitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Polimorfonucleares 
 
 
 
 
 
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Na inflamação, o tipo celular dominante pode se modificar. Assim, na mulher jovem, 
uma ulceração mucosa pode provocar um aumento das células parabasais; na 
mulher menopausada, a inflamação pode estimular a proliferação epitelial e cria uma 
falsa imagem de estimulação estrogênica. 
Ao nível das células malpighianas modificadas pela inflamação, os núcleos mostram 
irregularidades no contorno da membrana e/ou uma condensação da cromatina que 
pode evoluir para picnose. Quando a degeneração é pronunciada, os núcleos 
adquirem um aspecto homogêneo e depois se fragmentam antes de desaparecer 
(cariorrexe). 
O núcleo desenvolve vacúolos cujo tamanho e número varia. O citoplasma pode 
estar destruído parcial ou totalmente, deixando os núcleos nus (citólise). Ele perde 
suas afinidades tintoriais exibindo uma falsa eosinofilia (eosinofilia em células 
normalmente cianófilas, tais como a célula parabasal ou intermediária). As células 
metaplásicas malpighianas são freqüentemente muito numerosas nesses 
esfregaços. A relação entre os volumes do núcleo e do citoplasma (relação núcleo-
citoplasma) muda pouco nos estados inflamatórios. 
As células cilíndricas mostram sinais de degeneração com um citoplasma estufado e 
vacuolizado, colonizado por polimorfonucleares e empurrando o núcleo para 
periferia. Os núcleos são pálidos e grandes. O aumento da secreção mucosa 
provoca um inchaço do citoplasma. Essas anomalias, quando acentuadas, não 
devem ser confundidas com atipias pré-cancerosas e cancerosas. Nesta, a 
hipercromasia é mais marcada e os núcleos mais aparentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Halo perinuclear Metacromasia- anfofilia 
 
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 Cariomegalia/hipercromia Alterações inflamatórias/disqueratose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Alterações inflamatórias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Alterações inflamatórias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Fenômenos de reparação 
O exame citológico reflete um crescimento celular rápido, correspondendo à síntese 
das proteínas necessárias à reparação. As células malpighianas, em sua maioria 
metaplásicas, descamam em largos aglutinados achatados. Os núcleos são 
volumosos, de tamanhos variados, mostram uma cromatina granulosa e contêm 
nucléolos bem visíveis e às vezes múltiplos. As mitoses são freqüentes. O 
citoplasma cianófilo, amiúde vacuolizado e colonizado por leucócitos 
polimorfonucleares. As células glandulares apresentam tamanhos grandes, com 
núcleos volumosos, ocasionalmente irregulares e um citoplasma abundante, 
cianófilo e vacuolizado. 
Os macrófagos acompanham os fenômenos de reparação e são numerosos. Podem 
mostrar núcleos múltiplos, às vezes volumosos e hipercromáticos. Esses núcleos, 
quando nus, levam à confusão com células neoplásicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Reparo tecidual 
 
 
 
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15. Processos inflamatórios 
 
Os processos inflamatórios, com ou sem infestação ou infecção, do trato genital 
feminino são numerosos e merecem atenção especial dos que labutam em um 
laboratório de citologia. 
Em nome da segurança das mulheres que se valem deste exame para receber 
tratamento adequado e dos clínicos que dele lançam mão para tratar suas pacientes 
de maneira mais apropriada, é que procuramos demonstrar o que precisa ser feito a 
fim de moralizar os diagnósticos citológicos de processos inflamatórios, com ou sem 
infecção. Assim, vejamos: 
Esfregaço com infecção e/ou infestação genital: a fim de se proceder a um estudo 
mais apurado destas condições, dividiremos as infecções e infestações genitais em 
três tipos principais: infecção ou infestação cervical (incluindo a vaginal); infecção ou 
infestação endocervical e infecção ou infestação endometrial, específico ou não. Em 
geral, todos os tipos aqui considerados, em seus estágios crônicos, complicam 
consideravelmente a aparência do esfregaço e poderão perturbar ou até impedir o 
diagnóstico hormonal. Se existe uma inflamação tem que haver uma causa que o 
citologista deve encontrar ou, pelo menos, suspeitar e esclarecer, com a 
colaboração do clínico e/ou de outros métodos laboratoriais. 
Chamamos inadequadamente de infecção inespecífica, quando o esfregaço 
apresenta os critérios citológicos inflamatórios sem que o agente causal tenha sido 
identificado. 
Vejamos os critérios citológicos para a identificação da condição: 
- Pequeno número de células parabasais, muito semelhante às encontradas nos 
esfregaços atróficos. 
- Muco, é geralmente abundante, espesso e de aspecto poluído. Contêm leucócitos, 
histiócitos, eritrócitos e grânulos de identificação problemática, que tem sido 
comodamente interpretado como bactérias ou como flora mista. 
Na presença de infestação por tricomonas, o muco assume uma aparência particular 
que poderá ser considerada como patognomônica da presença do parasito e foi 
chamado de muco grumoso por Dib Gebara. O aspecto é o de leite coalhado, com 
 
 
 
 
 
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granulações grosseiras e ocupando quase todas as áreas entre células e grupos de 
células. 
- Leucócitos: são vistos em agrupamentos grandes e densos, com alguns histiócitos 
de permeio. Ocasionalmente eritrócitos estarão presentes, especialmente quando a 
erosão cervical e o esfregaço foram tomados por meio do raspado. Entretanto, 
leucócitos poderão ser encontrados em pequenas quantidades em casos de 
alterações inflamatórias, principalmente em condições crônicas. 
- Bacilos de Döderlein. A flora bacteriana vaginal, apesar de rica em condições 
inflamatórias, muitas vezes não surge inteiramente clara a fim de identificarmos os 
bacilos de Döderlein seguramente, sobretudo se o esfregaço é feito durante a fase 
pré-menstrual. 
- Hiperceratose. Outra entidade refletida nos esfregaços do trato genital do tipo 
inflamatório é a hiperceratose; além da descrição do esfregaço, encontraremos 
células ceratinizadas, isoladas ou em grandes grupamentos e inteiramente sem 
núcleos. Muitas vezes elas se coram em laranja intenso ou em amarelo. 
- Paraceratose: pequenos grupamentos de células ceratinizadas e alongadas, com 
citoplasma laranja escuro, com núcleos picnóticos que também poderão ser 
alongados, caracterizam o fenômeno de paraceratose, muitas vezes encontradas em 
casos de cervicites, normalmente cervicite crônica. 
- Formação em pérola ou em roseta: são outras formações de células escamosas 
encontradas em cervicites muito comumente. Elas podem ser eosinófilas ou 
cianófilas, sendo as primeiras muito mais comuns. 
 
16. Infecções 
 
A vagina e o colo uterino formam um ecossistema complexo que contém numerosas 
espécies bacterianas aeróbicas, anaeróbicas e facultativas. Essas espécies podem 
ser em circunstâncias particulares, as causas de cervicovaginites acompanhadas de 
corrimentos (vaginite ou vaginose bacteriana). 
A vaginose bacteriana (VB) é considerada, atualmente, a infecção vaginal de maior 
prevalência nas mulheres em idade reprodutiva. Foi originalmente descrita por 
 
 
 
 
 
Gardner e Dukes, em 1955, como uma vaginite não específica caracterizada por 
secreção vaginal acinzentada, de odor fétido, com pH mais elevado que o normal, e 
com mínima inflamação local, tendo como agente causal a Gardnerella vaginalis. 
Desde então, a presença de organismos anaeróbicos como Bacteroides spp, 
Mobiluncus spp, Mycoplasma hominis, Staphylococcus spp e Streptococcus spp tem 
sido, junto com a Gardnerella, altamente associada com esta condição. 
 
 
 
 Agentes causadores de vaginose. 
De etiologia não definida, a VB é conceituada hoje como uma alteração da flora 
vaginal em que os lactobacilos, normalmente predominantes, são substituídos por 
uma flora complexa abundante, dominada por bactérias anaeróbias estritas e 
facultativas. Podendo também ser observados padrões intermediários de flora 
vaginal em que os microrganismos anaeróbios e lactobacilos co-existem. 
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O estudo de Priestley et al. levanta dúvidas sobre o que deveria ser considerada 
flora vaginal normal, já que se torna difícil interpretar o achado de VB em mulheres 
assintomáticas ou o achado de flora normal em mulheres sintomáticas. Também 
Caillouette et al. questionam se estas mulheres sem sintomas deveriam ser sempre 
tratadas, pois observaram, em seu trabalho, que a presença da Gardnerella na 
secreção vaginal antecedeu o achado de VB. 
No entanto, a associação da VB com corio-amnionite, abortamento tardio, doença 
inflamatória pélvica pós-aborto, parto pré-termo, endometrite pós-cesárea e mais 
recentemente como fator de risco para infecção do trato genital superior, sugere que 
todas as pacientes deveriam ser tratadas, apesar de ainda não se ter certeza de que 
isso resultaria em menos casos de infecção ou de complicações ginecológicas, ou 
se a erradicação da Gardnerella reduziria o número de mulheres que apresentam 
VB. 
Os esfregaços corados pelo método de papanicolaou possibilitam observar a flora 
cervicovaginal e reconhecer, às vezes, o microrganismo responsável. Os fatores que 
favorecem as infecções bacterianas são: Clima hormonal (gravidez; menopausa); 
fatores locais (variações do pH vaginal); cirurgia; traumatismos; DIU; doenças 
(distúrbios imunitários; diabete); fatores iatrogênicos (quimioterapia e radioterapia). 
 
 
17. Lactobacilos (bacilos de Döderlein) 
 
Não foi demonstrado que os lactobacilos, por si só, possam causar uma vaginite, 
embora sejam responsáveis por corrimento vaginal quando a citólise é pronunciada. 
Sua abundância depende do meio hormonal; são menos freqüentes antes da 
puberdade e após a menopausa. 
Embora seja um componente normal da flora vaginal, o bacilo de Döderlein poderá 
provocar leucorréia quando presente em quantidades exageradas. Citólise intensa 
de células intermediárias está quase sempre presente e a reação inflamatória mais 
 
 
 
 
 
comum é a metacromasia. Depósito de glicogênio no citoplasma, de células 
intermediárias, é também achado corriqueiro. 
 
 
 Bacilo de Döderlein 
 
 
18. Gardnerella vaginalis 
 
Antigamente denominada de Haemophilus vaginalis, a Gardnerella vaginalis é um 
bacilo em bastonete, Gram-negativo ou Gram-variável, corado em azul pelo método 
de papanicolaou. É encontrada em cerca de 10% das mulheres. Esse bacilo foi 
reclassificado por Gardner e Dukes (1959) que o consideram como um dos germes 
responsáveis pela vaginite, hoje chamada de vaginose bacteriana, caracterizada por 
corrimento vaginal cinzento, homogêneo e mal cheiroso. O termo vaginose foi 
preferido ao de vaginite, para insistir sobre a ausência de inflamação; o qualificativo 
bacteriano lembra que outras bactérias anaeróbicas podem intervir junto com a 
Gardnerella vaginalis. 
Os esfregaços vaginais mostram numerosos bastonetes bacilares que recobrem 
parcial ou totalmente as células malpighianas e aderem a sua superfície; essa 
disposição dos bacilos proporciona um aspecto característico às células (célula 
indicadora, célula chave, célula alvo ou “clue cell”). As células atingidas tomam uma 
coloração violeta ou eosinófila, conforme a densidade do acúmulo bacteriano. 
Apesar da abundância desta flora bacilar, os esfregaços mantêm um aspecto 
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relativamente limpo. Os leucócitos são raros. O achado das “células indicadoras” 
tem valor diagnóstico, confirmado em 90% dos casos com culturas positivas. 
 
Gardnerella vaginalis Gardnerella vaginalis 
 
 
 
19. Chlamydia trachomatis 
 
Chlamydia trachomatis é uma bactéria obrigatoriamente intracelular que só pode 
viver parasitando as células que ela infecta. 
A Chlamydia trachomatis é o agente causador de doenças do trato urogenital, 
linfogranuloma venéreo (LGV), tracoma, conjuntivite de inclusão e pneumonia no 
recém-nascido. O maior impacto da infecção por clamídia ocorre no sistema 
reprodutivo; em geral, é assintomática em até 50% dos homens e em 70% das 
mulheres. No homem, a clamídia é responsável por 30% a 50% dos casos de 
uretrite não-gonocócica, e, quandonão-tratada, pode levar à síndrome de Reiter. 
Uma característica desta síndrome é a recorrência, e inclui uretrite, artrite, uveíte e, 
freqüentemente, lesões de pele e de membranas mucosas. 
Na mulher, a infecção genital pode causar salpingite, cervicite, uretrite, endometrite, 
doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade e gravidez ectópica. Quando 
sintomática, observam-se corrimento vaginal, disúria e sangramento após as 
relações sexuais. A infecção se inicia usualmente pela endocérvice, podendo ocorrer 
na uretra e no reto, sendo incomum apenas na uretra (5% a 30%). Ocorre mais 
freqüentemente na endocérvice e na uretra, em 50% a 60% dos casos. A ascensão 
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do microrganismo do trato geniturinário para o endométrio e para as trompas de 
Falópio pode ser causa de dor no baixo ventre e de anormalidades menstruais. O 
paradoxo em relação à infecção por clamídia é que, mesmo assintomática, pode 
causar severa imunopatologia tubária. Em gestantes, a infecção pode causar 
problemas como parto precoce, morte neonatal e doença inflamatória pélvica pós-
parto. A gravidez ectópica pode causar morte durante o primeiro trimestre de 
gravidez. 
A infecção por exposição perinatal ocorre em aproximadamente dois terços dos 
recém-nascidos de mães infectadas. A transmissão ocorre durante o trabalho de 
parto, sendo a causa mais comum de conjuntivite de inclusão que se desenvolve 
dentro de duas semanas após o nascimento e, quando não-tratada, pode causar 
pneumonia. A profilaxia das conjuntivites em recém-nascidos expostos à infecção 
falha em 15% a 25% dos casos em mulheres. A recorrência das infecções é comum, 
especialmente nos indivíduos que se infectam antes dos 20 anos, e a imunidade 
desenvolvida é parcialmente protetora, considerando-se os 15 ou mais sorotipos da 
C. trachomatis. Episódios sucessivos de infecção aumentam o risco de se 
desenvolver seqüelas e a chance de se contrair a infecção pelo vírus da 
imunodeficiência humana. 
A Organização Mundial da Saúde estima que ocorram, anualmente, mais de 90 
milhões de casos novos de infecções por clamídia em todo o mundo. Destes, 4 
milhões ocorrem nos Estados Unidos, representando um custo de mais de US$ 2,4 
bilhões por ano. No Brasil, não há um cálculo oficial da prevalência da infecção. 
A espécie Chlamydia trachomatis pertence à família Chlamydiaceae. É responsável 
pela etiogenia de patologias diferentes, associadas às biovariedades tracoma, 
linfogranuloma venéreo e infecções genitais. Os sorotipos podem ser classificados 
de acordo com as diferentes apresentações clínicas: os sorotipos A, B, Ba, C estão 
associados ao tracoma endêmico; L1, L2, L3 ao LGV; D, E, F, G, H, I, J, K a 
infecções genitais e em neonatos. 
 
 
 
 
 
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É uma bactéria imóvel, com ciclo de desenvolvimento bifásico e replicação dentro de 
vacúolos na célula hospedeira, formando inclusões citoplasmáticas características. 
A Chlamydia trachomatis tem sido considerada uma das causas mais comuns de 
uretrite não gonocócica nos homens e de cervicite nas mulheres. 
Mulheres infectadas pela C. trachomatis podem apresentar ou não sintomas 
específicos ou então não apresentar quaisquer sinais ou sintomas visíveis da 
infecção. 
Diferentes publicações citam a associação da C. trachomatis a doenças 
sexualmente transmissíveis (DST) que não a gonorréia, não só entre os homens, 
mas também entre as mulheres. Para aquelas que apresentam algum sintoma o 
isolamento da clamídia tem sido de 5 a 19% dos casos, enquanto que para as 
mulheres assintomáticas essa percentagem varia de 3,5 a 8%. 
Na coleta da amostra, quer para fins citológicos, quer para fins de isolamento, deve-
se sempre considerar a quantidade de células epiteliais contidas nesse material, 
levando-se em conta que a clamídia é um microrganismo intracelular obrigatório, 
com preferência por células do epitélio colunar. Assim, a presença dessas células 
reflete a qualidade da amostra para diagnóstico laboratorial. 
A nível genital, a zona da junção escamo-colunar e a endocérvice são as mais 
atingidas, mas também se observa colpites, uretrites e salpingites, com risco de 
esterilidade. 
A citologia evidencia pequenos elementos no centro de um vacúolo citoplasmático 
com contornos nítidos (aspecto em traças do citoplasma); posteriormente, as células 
mostram múltiplos pequenos vacúolos bem delimitados e contendo uma inclusão 
eosinófila constituída pela condensação de partículas de Chlamydia com diâmetro 
de 0,3um. Essas imagens evocam a infecção e são acompanhadas pela infiltração 
de numerosos polinucleares. As células metaplásicas infectadas, às vezes de 
grande tamanho, podem apresentar um aumento do volume nuclear com 
 
 
 
 
 
multinucleação, hipercromasia e hipertrofia nucleolar. É preciso, nesses casos, 
afastar a co-existência de uma lesão neoplásica. 
A sensibilidade e a especificidade do método citológico não são, pois, elevadas. O 
diagnóstico definitivo exige a cultura das células, a detecção de antígenos por 
imunofluorescência ou dosagem ELISA. 
 
 Chlamydia trachomatis 
 
20. Actinomiceto 
O actinomiceto é um microrganismo anaeróbio, classificado como bactéria 
filamentosa ramificada. Essas estruturas filamentosas são identificadas nos 
esfregaços cervicovaginais, principalmente nas usuárias do mesmo dispositivo intra-
uterino durante vários anos. O actinomiceto é caracterizado pela presença de 
aglomerados de filamentos dispostos em todos os sentidos e que se coram em azul, 
marrom ou violeta. Os filamentos são mais bem observados na periferia desses 
aglomerados; mostram ramificações a ângulos retos. Um infiltrado abundante em 
polinucleares neutrófilos e macrófagos, com raras células gigantes, acompanham o 
actinomiceto. A infecção é benigna, mas pode levar à formação de abscessos 
pélvicos responsáveis por esterilidade. 
Grupos entrelaçados de organismos filamentosos usualmente ramificados são 
reconhecidos como grupos “cotton ball” (bola de algodão) no pequeno aumento. 
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“Súlfur granules” (granulações sulfurosas), formadas por massas de leucócitos 
aderidos a micro colônias do organismo, com filamentos túrgidos na periferia, podem 
ser identificados. 
 
 
 
 
 
 
 Actinomiceto 
 
 
 
 
 
 
 
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21. Trichomonas vaginalis 
 
Trichomonas vaginalis é o causador da doença sexualmente transmissível (DST) 
não-viral mais comum no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou 
em 170 milhões os casos de tricomoníase no mundo, anualmente, em pessoas entre 
15 e 49 anos, com a maioria (92%) ocorrendo em mulheres; apesar da alta 
prevalência e dos riscosassociados à tricomoníase, pouco é conhecido sobre a 
variabilidade biológica do parasito. O T. vaginalis não é grande causador de 
seqüelas e, por isso, muitos clínicos têm considerado a doença mais um incômodo 
do que um problema de saúde pública. Entretanto o T. vaginalis tem se destacado 
como um dos principais patógenos do homem e da mulher e está associado a sérias 
complicações de saúde. 
A tricomoníase apresenta uma ampla variedade de manifestações clínicas. Os sinais 
e sintomas dependem das condições individuais, da agressividade e do número de 
parasitos infectantes. Pode haver sintomas de severa inflamação e irritação da 
mucosa genital, com presença de corrimento, o que leva a paciente a procurar o 
médico. Outras vezes a tricomoníase é assintomática e, ocasionalmente, descoberta 
em um exame de rotina. 
Embora a doença tenha sido diagnosticada e o protozoário descrito em 1836, o 
diagnóstico clínico e laboratorial da tricomoníase, especialmente em homem, 
continua apresentando inúmeras dificuldades. Um diagnóstico clínico diferencial 
dessa doença, tanto no homem como na mulher, dificilmente poderá ser realizado 
através de sintomas e sinais específicos. A investigação laboratorial é essencial na 
diagnose dessa patogenia, permitindo também diferenciá-la de outras doenças 
sexualmente transmissíveis. O tratamento da tricomoníase é específico e eficiente, 
por isso tornam-se essenciais a identificação e o tratamento das pessoas infectadas, 
evitando-se assim a transmissão sexual do parasito. 
O T. vaginalis é uma célula tipicamente elipsóide, piriforme ou oval em preparações 
fixadas e coradas. As condições físico-químicas (por exemplo: pH, temperatura, 
 
 
 
 
 
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tensão de oxigênio e força iônica) afetam o aspecto dos organismos, que não 
possuem a forma cística, somente a trofozoítica. O T. vaginalis possui quatro 
flagelos anteriores, desiguais em tamanho, e uma membrana ondulante que se 
adere ao corpo pela costa. O axóstilo é uma estrutura rígida e hialina, formada por 
microtúbulos, que se projeta através do centro do organismo, prolongando-se até a 
extremidade posterior. O núcleo é elipsóide, próximo à extremidade anterior. Esse 
protozoário é desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos que 
podem ser vistos ao microscópio óptico, os hidrogenossomos. 
O T. vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na 
ausência de oxigênio na faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas 
entre 20ºC e 40ºC. Como fonte de energia, o flagelado utiliza a glicose, a maltose e 
a galactose. Os hidrogenossomos são portadores de uma enzima piruvato: 
ferredoxina oxidorredutase, capaz de transformar o piruvato em acetato pela 
oxidação fermentativa e liberar adenosina 5'-trifosfato (ATP) e hidrogênio molecular. 
O T. vaginalis é capaz de manter o glicogênio em reserva como forma de energia. 
Isso é importante para o parasita, pois o ambiente vaginal é constantemente 
modificado por variações de pH, hormônios, menstruação e fornecimento de 
nutrientes. Os carboidratos são a principal fonte de nutrientes para o T. vaginalis; no 
entanto, sob condições em que tais compostos são limitados, a utilização de 
aminoácidos torna-se vital. O T. vaginalis consome especialmente arginina, treonina 
e leucina. 
O T. vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do trato genital. A 
tricomoníase apresenta grande variabilidade de manifestações patológicas, desde a 
apresentação assintomática até um estado de severa inflamação (vaginite). Das 
mulheres infectadas, entre 25% a 50% são assintomáticas, têm pH vaginal normal 
de 3,8 à 4,2 e flora vaginal normal. Um terço das pacientes assintomáticas torna-se 
sintomático dentro de seis meses. É uma doença de idade reprodutiva e raramente 
as manifestações clínicas da infecção são observadas antes da menarca ou após a 
menopausa. 
 
 
 
 
 
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Mulheres com vaginite aguda causada por T. vaginalis freqüentemente têm 
corrimento devido à infiltração por leucócitos. A consistência do corrimento varia de 
acordo com a paciente, de fino e escasso a espesso e abundante. O sintoma 
clássico de corrimento amarelo, abundante, espumoso e mucopurulento ocorrem em 
somente 20% dos casos. Há também odor vaginal anormal e prurido vulvar. A 
vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos 
hemorrágicos na parede cervical conhecidos como colpitis macularis ou cérvice com 
aspecto de morango. Embora essa aparência seja altamente específica para 
tricomoníase, é vista somente em poucas mulheres (2% a 5%). Dor abdominal tem 
sido relatada entre muitas mulheres com tricomoníase e pode ser indicativa de 
infecção do trato urogenital superior. 
A severidade da tricomoníase pode também induzir estados citopatológicos de 
displasia/metaplasia, já que a infecção foi detectada freqüentemente (39%) em 
mulheres com neoplasia intra-epitelial cervical (NIC). 
Parto prematuro e baixo peso ao nascer representam problemas de saúde pública 
nos EUA, particularmente entre mulheres negras. Grávidas infectadas por T. 
vaginalis têm alto risco de desenvolver complicações na gravidez. Estudos têm 
relatado associação entre tricomoníase e ruptura prematura de membrana, parto 
prematuro, baixo peso ao nascer, endometrite pós-parto, feto natimorto e morte 
neonatal. A resposta inflamatória gerada pela infecção por T. vaginalis pode 
conduzir direta ou indiretamente a alterações na membrana fetal ou decídua. 
Embora a infecção por T. vaginalis seja comum entre mulheres grávidas, o exame 
de cultura não é comumente realizado a partir de neonatos nem é um patógeno 
altamente suspeito em berçários de cuidados intensivos. Contudo, recém-nascidas 
com corrimento vaginal têm sido relatadas como infectadas por T. vaginalis. 
Adesão e oclusão tubária são estimadas como as causas de aproximadamente 20% 
dos casos de infertilidade em países desenvolvidos. O risco de infertilidade é quase 
duas vezes maior em mulheres com história de tricomoníase, em comparação com 
as que nunca tiveram tal infecção. 
 
 
 
 
 
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O T. vaginalis está relacionado com doença inflamatória pélvica, pois infecta o trato 
urinário superior, causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubária, e 
danifica as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem de 
espermatozóides ou óvulos através da tuba uterina. Mulheres com mais de um 
episódio de infecção relatado têm maior risco de infertilidade do que aquelas que 
tiveram um único episódio. Para mulheres com o primeiro episódio antes dos 21 
anos, esse risco é duas vezes maior do que para aquelas com o primeiro episódio 
depois dos 21 anos. 
O diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado somente na apresentação 
clínica, pois a infecção poderia ser confundida com outras DSTs, visto que o clássico 
achado da cérvice com aspecto de morango é observado somente em 2% das 
pacientes, e o corrimento espumoso, em somente 20% das mulheres infectadas. Se 
a clínica fosse utilizada isoladamente para o diagnóstico, 88% das mulheres 
infectadas não seriam diagnosticadas e 29% das não-infectadas seriam falsamente 
indicadas como tendo infecção. A investigação laboratorial é necessária e essencial 
para o diagnóstico

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