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AÇÃO POPULAR História da Ação Popular � Origem romana = idéia geral de que a coisa pública pertencia ao povo; � No Brasil ganhou definição expressa pela primeira vez na Constituição democrática de 1934; � Primeiro instrumento de gestão e controle da� Primeiro instrumento de gestão e controle da governança da coisa pública; � Primeiro instrumento de tutela de bens difusos. Considerações Gerais • Regulação da “coisa pública” a partir dos princípios da legalidade e moralidade: Art. 5º, LXXIII, da CF: “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meioo Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. • Lei nº. 4.717/65 regulamenta dispositivo constitucional. Conceito • Hely Lopes Meirelles: “Ação popular é o meio constitucional posto a disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e lesivos do patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais emunicipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiro público” � Instituto processual civil, outorgado a qualquer cidadão como garantia político-constitucional (ou remédio constitucional), para a defesa do interesse da coletividade, mediante a provocação do controle jurisdicional corretivo dos atos lesivos do patrimônio público, da moralidade administrativa, Conceito lesivos do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural (José Afonso da Silva. � É a garantia de nível constitucional que visa à proteção do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural (José dos Santos Carvalho Filho. Natureza Jurídica • Controvérsia na doutrina: a) “instrumento de defesa da coletividade por meio do qual não se amparam direitos individuais próprios, mas sim interesses da coletividade, sendo o beneficiário da ação não o autor, mas a coletividade, o povo” (Hely Lopes);não o autor, mas a coletividade, o povo” (Hely Lopes); b) “pertence ao cidadão, que, em nome próprio e na defesa de seu próprio direito – participação na vida política do Estado e fiscalização da gerência do patrimônio público, poderá ingressar em juízo” (Alexandre de Morais e José Afonso da Silva) Finalidade • Conferir ao cidadão um meio, democrático e direto, de fiscalização e controle da gestão da coisa pública. Fundamento ConstitucionalFundamento Constitucional � Princípio democrático –Artigo 1° da CF; � Forma de exercício direto e substancial de democracia, junto com plebiscito e referendo; � Quem exerce é o cidadão e não o Poder Judiciário que é apenas instrumento. Dispositivo constitucional � Art. 5°, LXXIII: Qualquer cidadão á parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficandoambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor. salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do. ônus da sucumbência. Natureza da ação quanto à finalidade � Preventiva: risco e ameaça de lesão aos bens tutelados; visa impedir a consumação de um ato ilegal ou imoral lesivo ao patrimônio público. � Repressiva: reparação de danos já causado ao patrimônio público e desconstituição de atos; Ex.: destruição de benspúblico e desconstituição de atos; Ex.: destruição de bens de valor histórico-cultural; lesão à originalidade de uma obra artística Objeto da Ação Popular • Genericamente: ato ilegal e lesivo ao patrimônio público; • Ato: concepção ampla abrangendo: lei, decreto, resolução, portaria, atos administrativos típicos, contratos etc. que tenham efeitos concretos lesivos ao patrimônio público. Síntese: qualquer manifestação lesiva da administração, danosa aos bens e interesses da comunidade, podendo não haver dano efetivo mas apenas potencial. Ex.: publicação de um edital tendencioso. • Incluem-se, também, as omissões ilegais. • Síntese: corrigir a ação estatal (finalidade corretiva) – desvio de finalidade; bem como para obrigar uma atuação do gestor Objeto da Ação Popular de finalidade; bem como para obrigar uma atuação do gestor público (finalidade supletiva da inatividade do Poder Público - omissão) Objeto da ação = bens protegidos � Patrimônio público e moralidade administrativa; INOVAÇÕES DA CRFB/88: 1.Meio ambiente;1.Meio ambiente; 2. Patrimônio histórico e cultural. Ação popular de fins políticos partidários • Crítica: utilização da Ação Popular como meio de oposição política de um governo a outra tem enfraquecido esse importante e democrático instituto de fiscalização da coisa pública. Ex.: o candidato do partido político “A”, por meio de seus correligionários, propõe uma infinidade de ações populares contra a administração do candidato do partido “B”, com vistas, tão somente, a denegrir sua imagem política. Daí vem “não votem no candidato “B” porque existem mais de 30 AP contra sua administração. Ação Popular e Mandado de Segurança • Ação popular não pode ser confundida com mandado de segurança. • Jurisprudência do STF, súmula 101: mandado de segurança não substitui ação popular. “Cada um tem objetivo próprio e específico: o mandado de segurança presta-se a invalidar atosespecífico: o mandado de segurança presta-se a invalidar atos de autoridade ofensivos de direito individual ou coletivo, líquido e certo; a ação popular destina-se à anulação de atos ilegítimos e lesivos ao patrimônio público. Por aquele se defende direito próprio; por esta se protege o interesse da comunidade, ou como modernamente se diz, os interesses difusos da sociedade” (Hely Lopes) Ação popular e ADin • Ação popular não se presta a atacar lei em tese, ou seja, que regulam situação genérica e abstrata; • É viável contra lei de efeitos concretos, ou seja, aquela que traz em si consequências imediatas de sua incidência, por possuir destinatários certos e objeto particularizado. Ex.:destinatários certos e objeto particularizado. Ex.: desapropriação; isenção tributária individual; • “O julgamento de Lei em tese, em sede de ação popular, por juiz de primeiro grau, implica usurpação da competência do STF para o controle concentrado acarretando a nulidade do respectivo processo” (STF, Recl. 434-1) Requisitos da Ação Popular 1) Condição de cidadão: pessoa humana no gozo dos seus direitos cívicos e políticos (eleitor). Brasileiro nato ou naturalizado e o português equiparado, desde que seja eleitor. Não podem propor os estrangeiros, os inalistáveis e inalistados, os partidos políticos, as organizações sindicais e quaisqueros partidos políticos, as organizações sindicais e quaisquer outras pessoas jurídicas, bem assim aquelas pessoas naturais que tiverem suspensos ou declarados perdidos seus direitos políticos Obs.: só cidadão vota; só cidadão fiscaliza; Requisitos da Ação Popular 2) ilegalidade do ato: ato contrário ao direito, infringente das normas legais específicas que regulam sua prática, ou destoante dos princípios gerais da Administração Pública (art. 37, CF), podendo ser de caráter formal ou substancial, de um ato comissivo ou omissivo;comissivo ou omissivo; Requisitos da Ação Popular 3) lesividade do ato: além de ilegal o ato tem de ser lesivo. Resp 111.527/DF, STJ. Lesiva é a conduta que por ação ou omissão desfalca o Poder Público ou prejudicaa Administração, bem assim aquela que ofende bens e valores artísticos, culturais, ambientais ouofende bens e valores artísticos, culturais, ambientais ou históricos da sociedade. Abrange o patrimônio material, mas também o moral, estético, histórico e ambiental. Ex.: anulação de concessão de aumento abusivo de subsídios dos vereadores pela respectiva Câmara Municipal; anulação de venda fraudulenta de bem público; anulação de contratação superfaturada de obras e serviços; anulação de edital de licitação pública que apresenta flagrante favoritismo a Requisitos da Ação Popular licitação pública que apresenta flagrante favoritismo a determinada empresa; anulação de isenção fiscal concedida ilegalmente; anulação de autorização de desmatamento em área protegida; anulação de nomeação fraudulenta de servidores para cargo público Legitimidade ativa � Cidadão eleitor = atua em nome próprio em benefício da coletividade; � Críticas ao conceito reducionista; � Forma de comprovação da legitimidade – título eleitoral ou documento equivalente; � MP - não é parte, mas atua em todos os processos e pode assumir a titularidade da ação em alguns casos previstos em lei. Legitimidade passiva �� PessoasPessoas públicaspúblicas ouou privadas;; entidadesentidades referidasreferidas nono artigoartigo 11º,º, asas autoridades,autoridades, funcionáriosfuncionários ouou administradoresadministradores queque houveremhouverem autorizado,autorizado, aprovado,aprovado, ratificadoratificado ouou praticadopraticado oo atoato impugnado,impugnado, ouou que,que, porpor omissão,omissão, tiveremtiverem dadodado oportunidadeoportunidade àà lesão,lesão, ee osos beneficiáriosbeneficiários diretosdiretos dodo mesmomesmo..Regime de litisconsórcio. � Todas as autoridades, funcionários e administradores que� Todas as autoridades, funcionários e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou firmado o contrato a ser anulado, o que por omissos permitiram a lesão; � Todos os beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal �� RéuRéu podepode virarvirar autor?autor? DireitoDireito dede atuaratuar aoao ladolado dodo autorautor (possibilidade(possibilidade STJSTJ REspREsp.. 973973..905905 –– 20092009)) Atuação do Ministério Público • O MP atua como fiscal da lei tendo papel peculiar junto a ação popular competindo-lhe: 1) como parte pública autônoma: velar pela regularidade do processo e correta aplicação da lei, opinando pela procedência ou improcedência da ação;improcedência da ação; 2) como ativador das provas e auxiliar do autor: apressar produção de provas pelo sujeito ativo da AP; 3) como responsável pela promoção da responsabilidade dos réus: esferas administrativa, política e/ou criminal; 4) como substituto e sucessor do autor: na hipótese de omissão ou abandono da ação pelo sujeito ativo, se reputar de interesse público seu prosseguimento. Competência Definida pela origem do ato a ser anulado: • Ato de agente de órgão da União ou entidades por ela subvencionadas: juiz federal da Seção Judiciária em que se consumou o ato; • Estadual: Juiz estadual conforme organização judiciária de cada• Estadual: Juiz estadual conforme organização judiciária de cada Estado. • Municipal: Juiz estadual ao qual pertencer o Município. •Prevenção: a ação popular prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos. “Juízo Universal” (CComp 19.686/DF) • Em geral os Tribunais Superiores não tem competência originária para julgamento da Ação Popular. • Ainda que proposta contra o Presidente ou Governador, por exemplo, será processada e julgada perante a Justiça de primeiro grau. Competência primeiro grau. • É do STF, porém, a competência para julgar ação popular que pela sua natureza peculiar, possa gerar decisão capaz de criar conflito entre um Estado e a União (STF, Recl. 424-4/RJ). Procedimento ordinário definido no CPC com algumas modificações: • Despacho inicial: a) citação de todos os responsáveis e intimação do MP; b) requisição de todos os documentos necessários fixando prazo de 15 a 30 dias; c) citação nominal, Procedimento necessários fixando prazo de 15 a 30 dias; c) citação nominal, por edital, dos beneficiários do ato, se o autor requerer; d) decisão sobre a suspensão liminar do ato impugnado, se for pedida • Possibilidade de mudança de polo da pessoa jurídica • Prazo de contestação de 20 dias, prorrogável por mais 20, frente a dificuldade em obter prova documental pela defesa Procedimento � Segue o procedimento ordinário com a observância das regras especiais previstas nos artigos 7° e 19: a) Custas e honorários só ao final; b) punição para ação temerária; c) prazo para contestar (vinte dias, podendo ser prorrogado); d) prescrição em cinco anos (regraser prorrogado); d) prescrição em cinco anos (regra polêmica para os bens ambientais), dentre outras. • Sentença proferida dentro de 15 dias da conclusão dos autos, sob pena de ficar o juiz impedido de promoção, durante 2 anos e, na lista de antiguidade, ter descontados os dias de atraso, ressaltando a possibilidade de justificativa comprovando os motivos; Procedimento motivos; • Isenção de custas e honorários, salvo comprovada má-fé Sentença • Natureza preponderantemente constitutiva negativa (desconstitutiva) pois visa desconstituir o ato impugnado, ilegal e lesivo. • Subsidiariamente condenatória . • Julgada procedente: a) decretará a invalidade do ato• Julgada procedente: a) decretará a invalidade do ato impugnado; b) determinará as restituições devidas (responsáveis pela prática do ato e solidariamente os benefciários); c) condenará os réus aos ônus da sucumbência. • Ficará para ser apurada em ação específica (ação regressiva) a responsabilidade dos eventuais servidores envolvidos e que não integraram o polo passivo da AP (art. 37, § 6º da CF = culpa ou dolo) Sentença • Natureza tipicamente civil, não abrange condenações de índole política, administrativa e criminal. • Além da invalidação do ato e da condenação de ressarcimento ao erário a sentença da AP não poderá impor nenhuma outra sanção aos réus.sanção aos réus. • Ao final do processo, o juiz de ofício ou a requerimento do MP remeterá as peças processuais devidas para instauração da persecução penal e administrativa. • A sentença de improcedência ou de carência de ação é sujeita a remessa necessária, além do recurso voluntário de apelação em qualquer caso. Coisa Julgado • Sentença definitiva: a) procedência, com exame do mérito; b) improcedência, com exame do mérito; c) improcedência, por insuficiência de provas, sem exame do mérito.mérito. • Nos dois primeiros casos “a” e “b”, há coisa julgada material oponível erga omnes. • No caso da letra “c”, havendo novas provas é possível ingressar com outra ação idêntica. Execução • Execução Popular: • Art. 14, § 4º lei nº 4.717/1965.: a parte condenada a restituir bens ou valores, ficará sujeita a sequestro e penhora desde a prolação da sentença condenatória; • Podem promover a execução: a) o autor da ação; b) qualquer outro cidadão; c) o MP; d) as entidades chamadas na ação, mesmo que tenham contestado o mérito.que tenham contestado o mérito. • No caso da legitimação do MP a mesma é subsidiária e condicionada, há que se aguardar o prazo de 60 dias do transito em julgado com a inércia de todos os demais legitimados. Passado esse prazo deve, contudo, promovê-la nos próximos 30 dias sob pena de falta grave. Considerações Finais Todos temos o dever de zelar pelo patrimônio público, seja ele histórico, cultural, ambiental, material ou até mesmo moral. A omissão é falha grave ainda mais sabendo-se do instrumento degrave ainda mais sabendo-sedo instrumento de que todos dispomos para impedir que atos lesivos a estes patrimônios venham a se concretizar. Por este motivo é que deve haver uma conscientização geral da sociedade, de forma que esta tenha o conhecimento de como fazer uso de tal recurso, tomando uma postura de fiscalização dos atos que podem prejudicar toda coletividade. Considerações Finais podem prejudicar toda coletividade.
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