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A transição do modelo econômico feudal para o modelo econômico capitalista: resenha do quarto capítulo do livro “História Econômica Geral"

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A TRANSIÇÃO DO MODELO ECONÔMICO FEUDAL PARA O 
MODELO ECONÔMICO CAPITALISTA 
O quarto parágrafo do livro “História Econômica Geral” (p.109-133), escrito por Flávio 
Azevedo Marques de Saes e Alexandre Macchione Saes, tem por pretensão explorar as 
condições e fatores que levaram à transição do modelo econômico feudal para o modelo 
econômico capitalista. No texto é analisada de forma apropriada e de fácil entendimento a 
diversidade de informações disponíveis e suas particularidades de acordo com teóricos 
relevantes, sendo que uma percepção sobre o assunto não é posta como superior às outras, mas 
todas as visões são aceitas de forma igualitária. 
O modelo feudal é analisado no texto em duas fases. A primeira fase (1000-1450), 
caracterizada por baixos índices demográficos e recursos naturais abundantes, fica conhecida 
como fase de crescimento, na qual é observada a expansão do sistema feudal. Na segunda fase 
(1450-1600), em ato contínuo, chega-se ao limite do crescimento populacional (que ocupa áreas 
menos férteis) o que faz com que os alimentos se tornem escassos, levando à desnutrição e 
epidemias generalizadas; o declínio populacional causado pela fome e pelas doenças torna os 
recursos novamente abundantes e inicia-se um novo ciclo de expansão. 
Após a leitura do capítulo, tornam-se praticáveis duas possíveis divisões teóricas sobre 
a transição de modelos econômicos. A primeira divisão se dá por meio dos que acreditam que 
o aspecto mais relevante para a mudança tenha sido a produção de mercadorias enquanto outros 
autores acreditam que o aspecto relevante tenha sido a circulação de mercadorias. A segunda e 
mais abrangente divisão seria a de que a principal causa da transição para o capitalismo seria 
para alguns teóricos (de vertentes marxistas) a luta de classes e para outros o renascimento 
comercial. Ambas as divisões se tornam explícitas quando analisadas particularmente as teorias 
de cada autor observado no texto. 
O primeiro teórico cujas ideias são analisadas no capítulo é Henri Pirenne (1862-1935), 
que vê o feudalismo como fenômeno político, no qual o poder se encontra concentrado nas 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI 
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
DISCIPLINA DE HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL 
 
Acadêmica: Jennifer Baggio Cover 
mãos dos senhores. Para esse autor, a busca do lucro define o capitalismo e o renascimento 
comercial é decisivo para o declínio do sistema feudal; para ele, são fundamentais a circulação 
de mercadoria e o renascimento comercial. 
A teoria redigida a seguir é a de Maurice Dobb (1900-1976), que se baseia em ideias 
marxistas em sua análise. Para o autor, os aspectos relevantes para o declínio do feudalismo são 
relativos às forças produtivas e às relações de produção. Para o teórico, contradições inerentes 
ao sistema feudal ineficiente levaram à luta de classes, como a demanda de renda dos servos, 
que mesmo sendo detentores dos meios de produção (terra e utensílios), não eram trabalhadores 
livres. O processo de transição de um modelo para o outro ocorre de forma a romper a 
dependência servo-senhor, tornando o trabalhador livre ao ponto que a posse dos meios de 
produção era perdida, (começava-se então, a tratar o trabalhador como o “funcionário” que 
receberia uma renda em troca de sua força de trabalho, paga pelo capitalista, detentor dos meios 
de produção, parte de uma pequena parcela da sociedade) esse processo de transição para o 
capitalismo, portanto, para Dobb não se deu de maneira imediata. 
Os autores analisados em seguida, Robert Brenner e, brevemente, Ellen Wood 
consideram que o sistema agrário é fundamental para a origem do capitalismo. Para Brenner, 
cujas ideias surgem pela análise da situação específica da Inglaterra, a competitividade entre os 
servos para a venda de seus produtos fez com que houvessem melhorias nos setores produtivos, 
facilitando o arrendamento das propriedades e a posterior contratação de empregados. 
John Hicks, o autor cujas ideias são redigidas a partir da página 122, traz o conceito de 
“mercantilização da agricultura”, para ele, a expansão dos mercados (de terras, principalmente) 
induz a mudanças fundamentais para a transição de modelo econômico. O autor acredita, ainda, 
que através do livre mercado é possível alocar recursos de forma eficiente e os distribuir de 
modo a gerar bem-estar para todos; para ele, as potencialidades do mercado são limitadas com 
a intervenção do Estado, ideia com a qual, particularmente não compactuo, pois considero 
necessárias instituições (ou o Estado) para o bom andamento das relações comerciais. 
As instituições supracitadas, são consideradas de papel fundamental para o teórico 
americano Douglas North. Segundo ele, as instituições se fazem necessárias para a redução de 
custos de transação em externalidades (ex. pedágios, registros de patente), informação (ex. 
corretores, bolsas de mercadorias, bolsas de ações) e riscos (parcerias comerciais, associações 
de seguros) para que o agente inovador usufrua de sua inovação. 
Em seguida, os autores Wallerstein, Braudel e Arrighi foram analisados de forma 
conjunta no texto por entenderem as relações entre países como o papel central para a análise 
do período, diferentemente dos anteriores, que analisaram essencialmente as relações Estado-
sociedade civil (senhores-servos). Arrighi considera a transição de modelo econômico de um 
poder capitalista disperso para um poder capitalista concentrado. Já Braudel e Wallerstein 
trazem o conceito de sistema mundo (que tem o lucro como objetivo principal) e economia-
mundo, caracterizado, no livro (SAES; SAES, 2013 p.130-131) como: 
1) O capitalismo é um sistema de produção e venda no mercado com o objetivo de 
obter lucro; 
2) O capitalismo requer um sistema-mundo, ou seja, um sistema maior do que 
qualquer unidade política definida juridicamente (ou, mais imprecisamente, um 
conjunto de Estados “nacionais”relacionados por vínculos econômicos); 
3) Nas economias inseridas na economia-mundo se estabelece uma hierarquia: vida 
material (o nível de subsistência), a economia de mercado (as transações comerciais 
correntes) e o capitalismo (os grandes negócios especulativos, comerciais, 
financeiros, industriais, principalmente na esfera internacional). 
4) O sistema mundo também pressupõe uma hierarquia: um centro (que pode ser uma 
cidade ou um país), uma periferia (as áreas mais pobres) e uma semiperiferia (com 
uma riqueza intermediária entre o centro e a periferia). 
5) O capitalismo – os grandes negócios – não se opõe ao Estado; pelo contrário, 
convive com o Estado e se beneficia de suas ações. 
 Braudel considera que a economia-mundo se dá em um território delimitado e 
autônomo, no qual os inseridos estão hierarquizados, caracterizando dominação de um “centro” 
sobre “periferias” e “subperiferias”. Braudel considera ainda, que o surgimento do capitalismo 
pressupõe a formação da economia-mundo. A teoria (marxista) de Braudel é, na minha 
percepção, juntamente às teorias econômicas de Douglas North a que melhor se aplica para a 
explicação do processo histórico de declínio do feudalismo e inicio do capitalismo e suas 
posteriores complicações. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
SAES, Flávio Azevedo Marques de; SAES, Alexandre Macchione. História Econômica Geral. 1ª edição, São 
Paulo, Editora Saraiva, 2013. p 109-133. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502212565/cfi/149!/4/2@100:0.00. Acesso em: 
28/03/2019

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