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GE - Fundamentos da Educacao_01

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Prévia do material em texto

Fundamentos da Educação
UNIDADE 1
1
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
PROFESSOR COTEUDISTA: FRANCISCO MARCELO G. FERREIRA
INTRODUÇÃO
Caro aluno, o presente material pretende tecer uma reflexão didática a respeito da disciplina 
Fundamentos da Educação. Para tanto, como base para discussões, usaremos o livro texto que lhe 
foi entregue. É imprescindível a leitura integral do mesmo, pois é a partir dele que iniciaremos 
nosso diálogo no que diz respeito à disciplina. Neste guia veremos também qual a metodologia 
a ser utilizada para se chegar a um melhor entendimento sobre os Fundamentos, bem como os 
procedimentos a serem empregados.
A Unidade 1 trará uma visão inicial da relação entre Pedagogia e Educação. Primeiramente abor-
dará uma análise conceitual dessas duas temáticas. Num segundo momento, realizar-se-á uma 
historicidade de como os conceitos de educação e pedagogia foram elaborados ao longo dos 
séculos. Por último, apontará as principais características e entraves desses dois conceitos, no 
momento em que ambos passaram a ser pensados cientificamente.
Enquanto recursos metodológicos utilizados para facilitar o auto-entendimento dos conteúdos 
abordados, além da leitura do livro texto, recomenda-se leituras externas que serão inseridas 
no corpus deste guia. Tais recomendações serão postas em forma de links, deixando claro que 
os textos linkados que não tiverem a nomenclatura “leitura complementar”, deverão ser lidos 
obrigatoriamente. Ainda com o objetivo de incrementar e aprofundar a leitura do livro texto serão 
utilizados recursos de vídeos, fotografias e outras formas de acesso ao conceitos trabalhados 
nesse guia.
COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO
Ao realizar-se a leitura do primeiro tópico do livro, você deve ter se deparado com o fato de que 
conceituar educação não é tarefa fácil. Esse conceito está constantemente sendo revisado e alte-
rado de acordo com seus diferentes contextos históricos, relações sócias, econômicas, culturais e 
políticas, que influenciam constantemente as mudanças teóricas do conceito de educação. Nesse 
sentido, cabe a você, futuro pedagogo, o entendimento de que a educação não pode ser pensada 
no singular, ou seja, pensar a coexistência de educações e não educação é um primeiro passo 
para abrir-se o amplo leque de discussões que nos ajudará a entender de maneira aprofundada o 
fenômeno educacional. 
2
No Brasil, ficou legitimado que a primeira forma de educação foi a catequista, trazida ao País 
no período de colonização pelos portugueses. (Para saber um pouco mais da histórica relação 
entre educação indígena, leia o texto a seguir: www.revista.art.br/site-numero-05). No 
entanto, só recentemente se passou a questionar que, antes dos portugueses chegarem aqui 
com suas crenças, religiões e formas de educar, os povos indígenas de nossa nação já pos-
suíam anteriormente uma maneira de educar seus filhos para viver em sociedade. Além disso, 
para terem o conhecimento da mata (biologia), possuíam sua própria linguagem (linguagens e 
códigos), fabricavam seu próprio artesanato (arte e educação), dentre outras formas de aqui-
sição de conhecimento que não foram valorizados na época de 1500.
Assim como no Brasil, a cultura e educação nos índios americanos (educação não-formal) não 
foi valorizada. Em uma determinada época, uma série de acordos e tratados de paz do Estado 
americano com os indígenas fez com que os governantes o convidassem a enviar seus filhos para 
estudos nas escolas dos homens brancos (escola formal). Eis a resposta dada em uma carta pelos 
indígenas: 
“(...) Nós estamos convencidos, portanto, que 
os senhores desejam o bem para nós e agra-
decemos de todo o coração. Mas aqueles que 
são sábios reconhecem que, diferentes nações 
têm concepções diferentes das coisas e, sendo 
assim, os senhores não ficaram ofendidos ao 
saber que a vossa ideia de educação não é a 
mesma que a nossa. Muitos dos nossos bra-
vos guerreiros foram formados nas escolas do 
Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas 
quando eles voltaram para nós, eles eram maus 
corredores, ignorantes da vida da floresta e in-
capazes de suportarem o frio e a fome. Não 
sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e 
construir uma cabana, e falavam a nossa lín-
gua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente 
inúteis. Não serviam como guerreiros, como 
caçadores ou como conselheiros. Ficamos ex-
tremamente agradecidos pela vossa oferta e, 
embora não possamos aceitá-la, para mos-
trar a nossa gratidão oferecemos aos nobres 
senhores de Virgínia que nos enviem alguns 
dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo 
que sabemos e faremos deles, homens. (Fonte: 
Trecho extraído do blog História com Acento 
http://historiacomacento.blogspot.com.br/). 
A presente carta serve para pensarmos a diversidade das formas de educação existentes em dife-
rentes sociedades. Um exemplo claro dessa diversidade está na própria grade curricular do curso 
de pedagogia. Educação no Campo, Educação Indígena, Didática, Educação Urbana dentre outros, 
demonstram os anseios de diferentes “culturas educacionais”, tornando-se inviável pensarmos 
em uma educação única e universal. Além disso, é nítido as disputas de poder existentes entre 
os indivíduos para dizer qual a melhor forma de educar, qual é a melhor educação, a educação 
correta. Quando um estado americano convida os indígenas para terem a “sua educação”, está 
claro que por trás desse convite os mesmos queriam afirmar que educação formal americana é a 
melhor e mais bem preparada.
Tendo deixado posto que a educação deve ser fundamentada enquanto um conceito plural, con-
textual e dinâmico, um segundo ponto para o entendimento do conceito de educação é a análise 
de sua historicidade, isto é, como o conceito de educação se desenvolveu ao longo dos séculos 
até os dias atuais.
3
Na página 3 do seu livro texto, está descrito algo que é um consenso entre os historia-
dores da educação: apesar do termo educação ter sido pensado inicialmente na Grécia, 
a história da educação é destacada por três tradições principais, bem como seus três 
teóricos fundadores: Émile Durkheim, Johann Friedrich Herbart e John Dewey. 
No Brasil, em especifico as teorias do francês Émille Durkheim e do americano Jonh Dewey, 
ganharam maior destaque, juntamente com suas concepções de “filosofia da educação” e uma 
“pedagogia mais democrática”, respectivamente.
Em síntese, dois aspectos são importantes para se reportar o conceito de educação. 
Primeiramente a importância desta enquanto formadora de lideranças, e num segundo 
momento a influência de outras ciências como a sociologia, a psicologia, dentre outras, 
no processo de formação desta ciência chamada educação. Nesse sentido, é impossível 
entender o conceito de educação através de uma forma abstrata, temos que entendê-la 
em suas relações sociais, suas relações de poder, seus contextos econômicos e formas 
de socialização. Toda sociedade só sobrevive a partir de um processo de ensino das ge-
rações mais antigas sobre as mais novas, é nesse processo educativo que se cria o ser 
social.
Diante destas pontuações, resta-nos agora entender um pouco sobre uma ramificação do conceito 
de educação que é o de Pedagogia, tema do próximo tópico.
PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO 
O presente tópico não se distancia muito do anterior, quando falamos sobre educação, princi-
palmente no que diz respeito a relação da filosofia e sociologia enquanto disciplinas de suma 
importância para o desenvolvimento do conceito de educação e posteriormente da pedagogia. 
Como diriam os teóricos da sociologia, onde existe ação social, existe uma ação pedagógica, e, 
portanto, um principio educativo.
São inúmeros os exemplos de ações sociais que possuem como princípio a educação: Mulheres 
que são educadas por uma lógica feminista e que saem as ruas pedindo o direito de vestirem a 
roupa que quiserem, e nãoserem estupradas por isso; Pessoas ligadas a educação campesina 
que desbravam terras e as ocupam, uma vez que aquelas terras estavam obsoletas; A existência 
de muitos atentados terroristas em decorrência de um certo número de fiéis que distorcem ou 
não interpretam direito seus preceitos religiosos e acabam sendo educados a matar em nome 
de um Deus. Todos esses fatos são exemplos de como, através do ato educativo, pessoas agem, 
protestam e lutam quando possuem uma ideologia ou “utopia” em seu bojo. Válido salientar que 
esse segundo conceito é de suma importância para começarmos a entender a relação sociedade 
e educação (Recapitular o conceito nas páginas 4 e 5 do livro texto). 
4
Mas você deve estar se perguntando: e o que todos esses exemplos acima relatados têm a ver 
com a pedagogia? Dentre os inúmeros conceitos adotados ao termo, o que mais se destaca e ao 
mesmo tempo responde esse questionamento, é que a pedagogia é uma ciência que possui um 
poder transformador, ou seja, ela consegue produzir uma consciência crítica no aluno. Diante 
deste pressuposto, estamos falando do poder que a ciência tem de colocar na mente das pessoas 
saberes e conhecimentos que a fazem agir racionalmente no mundo em que vivem, seja de forma 
individual ou coletivamente.
Nesse sentido, em termos teóricos, diferentemente do conceito de educação, podemos falar em 
pedagogia no singular, mas quando vamos para o âmbito prático não temos pedagogia e sim pe-
dagogias. Num passado bem distante, a função e objetivo do pedagogo era o de somente levar 
e inserir o indivíduo dentro do conhecimento. Atualmente a pedagogia não se refere a somente 
o conteúdo que é ensinado, mas as formas, os contextos e os meios em que se é ensinado. Em 
outras palavras, é pensar como uma pessoa tem acesso a um determinado conhecimento de modo 
a aproveitá-lo da melhor maneira possível. 
O vídeo a seguir, “Aprender a Aprender”, de 7m40s, de uma maneira metafórica colo-
ca essa discussão em pauta: http://youtu.be/Pz4vQM_EmzI. O vídeo trata da relação 
entre o artesão e o aprendiz, mostrando a importância do processo de aprendizagem e, 
acima de tudo, da reflexibilidade do aprender e da construção do conhecimento.
Elencados os apontamentos acima, que dizem respeito ao poder que o conhecimento pedagógico 
tem sobre os indivíduos, cabe agora a você visualizar, de uma maneira sintética, o histórico de 
como o conceito de pedagogia foi fundamentado ao longo dos séculos até os temos pós-modernos.
Ao iniciarmos uma abordagem histórica da pedagogia, Grécia e Roma são regiões que demarcam 
o início de toda tentativa de sistematização do conhecimento da educação. Claro que para ambas, 
o conhecimento pedagógico era pontuado de maneira distinta, assim como sua função entre os 
indivíduos ou cidadãos também o era. 
Na idade média, denominada de idade das trevas, intelectuais como Santo Agostinho e São Tomás 
de Aquino , tomam as rédeas da importância da fundamentação pedagógica enquanto campo de 
conhecimento. Tempos depois, a ideia de educação pregada pelos catequistas ganha destaque 
no cenário mundial e até hoje seguimos determinados precei-
tos educacionais pregados ainda naquela época. Revoluções 
burguesas como a Revolução Francesa e a Revolução Indus-
trial pautam a ideia da necessidade de a educação ser um bem 
comum a todos e ao mesmo tempo instrumento de poder. Já 
nos estados modernos, o poder da educação passa a ter outra 
conotação. O mesmo é utilizado para ricos serem ensinados a 
pensar e pobres serem ensinados a obedecer, em que o não 
acesso a educação ou o seu acesso, causou uma série de hie-
rarquias com danos ainda incalculáveis. Com o fim da Segunda 
Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU), apre-
goa a busca por uma educação universal, mas com contorno 
muito diferente do almejados pela Revolução Francesa.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomás_de_Aquino
5
LEITURA COMPLEMENTAR!
No livro “O Que é Educação?” (http://minhateca.com.br/amilcarodrigues/) Carlos Ro-
drigues Brandão se questiona sobre quem estabelece os ideais e princípios da educação 
e porque a educação tem que ser pensada como algo ideal ou universal? Para Brandão, é um erro, 
como fez a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), querer 
estabelecer o preceito da necessidade de uma educação ideal e universal. 
Para ele, a educação é dialética. Surge e sobrevive desse confronto constante de uma diversidade 
de educações com funções e finalidades diferentes. (Sugiro que seja feita uma releitura do con-
ceito de dialética nas páginas 6 e 7 do livro texto, e página 37, no livro de Brandão acima citado).
Ao vermos a educação entrando em um movimento que se diz dialético, passamos a perceber a 
presença da pedagogia enquanto uma ciência que transforma a sociedade. Primeiramente abri-
mos os nossos olhos e tomamos consciência de que vivemos em um modo de produção capitalista 
que produz uma educação classicista, em que de um lado educa pessoas para serem proletárias e 
outras para terem acesso a uma educação superior e galgar outras profissões mais privilegiadas. 
É importante pontuar que em nossa sociedade isso se dá de uma maneira quase 
determinista, como demonstra a animação “Vida Maria”, de 8min14s: 
http://youtu.be/T04jOLlL8EI. 
O vídeo apresenta o histórico de uma família, colocando a dificuldade de implementar-se um pro-
cesso educativo em um contexto em que as disparidades sociais e econômicas se sobressaem a 
educação. Num segundo momento, uma vez tendo a consciência de que o sistema escolar é CRIA-
DO e CONTROLADO por um sistema político dominante, resta-nos buscar reinventar a educação, 
ou seja, buscar redes de resistência para a partir da educação “virarmos de posição “ na busca 
por uma educação menos excludente, que tente destruir as desigualdades e hierarquias sociais.
PEDAGOGIA E CIÊNCIA
Tendo em vista que foi apresentada a você uma análise sintética dos principais pontos que envol-
vem os conceitos de educação e pedagogia, cabe finalmente apresentar um arcabouço do proces-
so de cientificidade da pedagogia, isto é, como ela passou a denominar-se ciência.
Primeiro é importante deixar claro que o termo pedagogia se refere a um campo de co-
nhecimento “sobre “e na educação”, nesse sentido ela cuida de analisar de uma ma-
neira externa a educação como um todo. Por outro lado, ela se torna interna, pois está 
lidando constantemente com a prática educativa. Diferentemente de outras ciências, 
não se sustenta somente na teoria, pois também é prática. O campo de conhecimento 
denominado didática do ensino demonstra bem esse fato.
6
Desde o seu surgimento, a pedagogia passou por diversos contextos. Essa diversidade fez com que 
ela se ampliasse em decorrência de uma intensa mudança de paradigmas (modelos teóricos). Foi 
essa mudança constante em suas teorias que fez a pedagogia constituir-se a partir de uma abor-
dagem PLURAL, seja ela baseando-se no senso comum, na arte e estética, na ética, na política, 
dentro outros temas. O que é importante deixar claro para você é que a pedagogia se fundamenta 
como um campo de conhecimento teórico prático. Não ocorre, portanto, uma transferência pura e 
integral de teorias sistematizadas previamente, pois muitas vezes as teorias serão consequências 
da prática, do contato “tête à tête” com o aluno, com o saber, com o professor.
Outro fator que é importante ser colocado para se pensar a construção científica da pedagogia, é 
que a ampliação do entendimento do exercício da docência é de fundamental importância para a 
ampliação do conceito de pedagogia. Nesse sentido, ao invés de a teoria andar antes da prática, 
no caso do conhecimento pedagógico, a prática muitas vezes antecede a teoria. Na educação 
popular, por exemplo, disciplina que você irá estudar futuramente no curso de pedagogia, irás se 
deparar com algumascaracterísticas que comprovam a afirmação acima. Características como 
aprender a partir do conhecimento do sujeito; ensinar por palavras ou temas geradores; a concep-
ção de educação enquanto fonte de conhecimento e transformação social, bem como a educação 
enquanto algo político, nos impulsiona a ver a prática que se antecede a teoria, na maneira de 
educar.
Em minha experiência enquanto antropólogo poderia citar para você dois exemplos, que denotam 
e exemplificam o que acabei de falar. A primeira experiência foi ao visitar uma comunidade qui-
lombola no município de São Bento do Una-PE, comunidade esta denominada Serrote do Grado. 
Ao observar reuniões com os membros da comunidade, a pedido do Instituto Nacional de Coloni-
zação e Reforma Agrária (INCRA), visualizei o quão é intenso o poder de articulação das pessoas 
que lá vivem, e a importância que dão a educação, principalmente para o mais jovens, no sentido 
de verem nela uma maneira de resgatarem a sua identidade e memória, além de construírem um 
argumento firme, político e coeso enquanto membros de um único povo e assim defenderem seus 
direitos.
Algo parecido ocorreu no núcleo de capacitação dos membros do Movimento dos Trabalhadores 
sem Terras (MST), no município de Caruaru- PE, onde fui acompanhar minha professora, também 
antropóloga. Durante as discussões em palestras, falaram e elogiaram a importância de ter um 
intelectual da área de antropologia entre eles, e que com a voz da ciência compartilhava dos 
mesmos interesses que estavam pleiteando. Valido expor que o processo educativo da educação 
no campo (disciplina que verás também futuramente) é posto em prática o tempo todo, desde o 
plantio do fruto a ser servido no almoço até a escolha na pessoa que irá servir essa comida.
REPENSANDO A EDUCAÇÃO, REPENSANDO A PEDAGOGIA
Qual o papel da educação? Qual o papel da pedagogia? Os presentes questionamentos sobrevoam 
essa primeira unidade como um todo. Nela vimos que para entendimento dos conceitos de edu-
cação e pedagogia é necessário termos o entendimento do passado e do presente das mesmas, 
7
para só depois criar hipóteses futuras. Seja na escola tradicional ou na escola moderna (temas 
das próximas unidades), a educação sempre aparece como um processo, e tal processo buscará 
sempre o desenvolvimento individual. Atualmente o processo educativo que dantes estava mais 
voltado para o desenvolvimento social, está agora voltado para o desenvolvimento político e 
ideológico. A esse respeito, proponho a leitura na íntegra do artigo do pedagogo Moacir Gadoth: 
“Perspectivas Atuais da Educação”, no http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n2/9782.pdf .
Vimos também que a educação hoje está mais voltada para uma transformação cultural do que 
somente a sua transmissão. Estamos pensando aqui o que alguns teóricos chamam de “perspec-
tiva emancipadora da educação”. Ou seja, a qualidade que a educação tem de negar os tempos 
de desigualdade social existentes entre as pessoas, e essa mesma educação que ajudou a legi-
timar esse domínio de uns sobre os outros via acesso ou não acesso a educação de qualidade. 
Quando falamos em emancipar, estamos denotando subir degraus até então nunca escalados, 
seja enquanto negro, seja enquanto pobre, seja em quanto gay, deficiente ou mulher, via educa-
ção. A educação, assim como a pedagogia, não só nos ensina a entender a ordem das coisas e 
da sociedade, como também nos ensina a dinâmica da prática social e junto a ela, determinadas 
estratégias para subverter a ordem e conquistarmos espaços de poder.
Nesse caso, cabe a sociologia e a outras ciências, 
que como dito anteriormente ajudaram a constru-
ção do conhecimento pedagógico, darem subsí-
dios para a produção constante de intelectuais e 
formadores resistirem, realizarem uma releitura, 
e, acima de tudo, “reinventar a educação”, como 
diria Paulo Freire (leia mais sobre Paulo Freire no 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire) .
Na sociologia e na antropologia, temos um objeto de estudo comum ao conhecimento pedagógico 
que é o indivíduo. O “outro”, como chamamos, é foco de estudo destas três ciências. Como se tra-
tam de ciências buscam uma análise racional e objetiva. É um exercício constante para se chegar 
a um entendimento, digamos, mais neutro a respeito de algo tão próximo a nós e ao mesmo tempo 
tão diferente de nós mesmos que é o ser humano. O ser humano que é o outro, o outro que é seme-
lhante, mas também é diferente. Para tentar sanar essa dificuldade, a antropologia, por exemplo, 
sugere pensar a relação da diferença dos seres humanos com base na metáfora do espelho. Ou 
seja, se você olhar para esse outro que é diferente de você como se estivesse olhando pra você 
mesmo, você estaria se colocando no lugar desse outro, e, portanto, saberia por que ele estaria 
agindo naquela forma e não de outro. É necessário também ter a clarividência de que para estudar 
o outro que é diferente, seja na pedagogia na sociologia ou antropologia, não necessariamente 
você precisa ser esse outro.
8
Em termo de exemplificação, a lógica da educação, junto com os movimentos sociais, demons-
traram como está bem articulada na prática a questão da educação como busca por ideologias. 
O movimento agrário e campesino, os direitos feministas (¨Marcha das Vadias, por exemplo), a 
formação dos primeiros movimentos sociais no Brasil como Movimento Negro Unificado (MNU), 
o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais), são exemplos de como a educação 
não é algo apartado do social. Não é a toa que a grande parte desses movimentos quando se tor-
nam fortes, transforma-se em Organizações Não Governamentais (ONGs) no qual a educação é o 
pilar basilar para a existência dessas instituições
Outro ponto importante que assemelha os estudos pedagógicos aos sociológicos, é que ambos 
possuem um contato constante com seu objeto de estudo: o indivíduo (seja ele aluno, professor, 
coordenador etc). Esse contato cotidiano permite ao pesquisador ter os dados brutos na sua fren-
te, a cada dia. Ao vermos os pormenores dos casos e das ações dos indivíduos ou sujeitos da 
pesquisa, se torna mais fácil apreender aquela realidade, uma vez que estamos mais perto dessas 
pessoas, diferentemente de se construir teorias a respeito de determinados fatos, baseando-se 
unicamente em uma hipótese científica, que é abstrata e acima de tudo teórica.
Encerramento
Vimos que conceituar educação é algo complexo, o objetivo do livro texto, bem como desse texto 
guia, foi deixar à você, aluno, uma visão preliminar do conceito de educação, que será mais de-
senvolvido nas próximas unidades. Neles vimos às primeiras formas de coexistência de educação 
até o seu processo de legitimação nos tempos mais recentes. Dada essa discussão, pudemos 
compreender a pluralidade do processo educativo assim como a educação foi se encaixando ao 
conceito de ciência ao longo dos tempos. 
PARA RESUMIR!
A tríade professor-aluno-saber resumiria, portanto a atividade educativa nos tempos 
modernos. Junto a essa tríade existe também uma série de conceitos, alguns deles tra-
balhados aqui nessa disciplina, que são essenciais para o melhor entendimento do fenômeno 
educacional e pedagógico: cidadania, utopia, dialética, globalização, transdisciplinaridade, den-
tre outros. Quando falamos em pedagogia, estamos nos referindo aos meios de ensino, metodo-
logias e procedimentos para que alguém tenha acesso a um determinado conhecimento. É notório 
ressaltar também que durante muito tempo essa característica da pedagogia foi criticada. Para 
outras ciências, a pedagogia só se preocupava com as formas “do pensar” e “do ensinar”, e não 
levavam em consideração a força dos conteúdos. Essa crítica serviu e serve atualmente para os 
próprios pedagogos fazerem uma autocrítica da sua atuação no campo de trabalho, bem como do 
seu processo de formação acadêmica, uma vez que temos exemplosde pedagogos que discutem 
a questão do ensino da matemática, mas não conseguem racionalizar tarefas simples de cálculo, 
pois houve um déficit em sua formação.
Contudo, a disciplina e prática pedagógica vêm sendo modificada e reavaliada constantemente, 
assim como as outras ciências. Todas passam por mudanças de modelos teóricos e muitas vezes 
9
alguns acabam se sobrepondo aos outros. Na pedagogia isso não poderia ser diferente. O mais 
importante a ser destacado na área é a presença e importância de se pensar o social, mesmo com 
as mudanças de paradigmas o foco ainda continua sendo esse. A partir dele, e de seus diver-
sos contextos e ações sociais, a pedagogia se modela e se modifica. É, portanto imprescindível 
atentarmos para essa fundamentação teórica, pois ela irá ser foco de análise também nas outras 
unidades. 
Pretendemos assim, promover uma introdução à análise e discussão do fenômeno educativo, con-
siderando as relações entre educação e sociedade a partir de uma reflexão teórica, instrumentan-
do o aluno para a compreensão de sua formação e prática como educador e para o enfrentamento 
teórico-prático das principais questões relativas à educação brasileira numa perspectiva crítica 
e transformadora. Concluo com pensamento de Paulo Ghiraldelli quando o mesmo afirma que a 
pedagogia pode ser definida, aqui nesse caso, como atividade que constrói condições ótimas para 
que os novos comportamentos possam emergir e se assim é, ela é uma boa coadjuvante da demo-
cracia. E também o pensamento de Brandão, ao dizer que ideia de que não existe coisa alguma de 
social na educação; de que, como a arte, ela é “pura” e não deve ser corrompida por interesses 
e controles sociais, pode ocultar o interesse político de usar a educação como uma arma de con-
trole, e dizer que ela não tem nada a ver com isso. Mas o desvendamento de que a educação é 
uma prática social pode ser também feito numa direção ou noutra e, tal como vimos antes, pode 
se dividir em ideias opostas, situadas de um lado ou do outro da questão.
Espero poder ter ajudado você, nesse primeiro contato com a disciplina, a saber, um pouco mais 
sobre os conceitos de educação e pedagogia aqui abordados. Na próxima unidade, saberemos um 
pouco mais sobre a história da educação e da importância de disciplinas como a sociologia e a 
antropologia em consonância com a pedagogia. Despeço-me aqui momentaneamente, ressaltando 
a importância da leitura atenta aos textos acima elencados bem como a tessitura das atividades 
produzidas para serem respondidas por você, caro aluno.

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