Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FATEC - FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SERTÃOZINHO DEPUTADO WALDYR ALCEU TRIGO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO EMPRESARIAL COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SERTÃOZINHO 2019 Profª. Me. Mara R. Mellini Jabur 2 TRINTA DICAS PARA ESCREVER BEM 1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc. 2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico. 3. Anule aliterações (repetição da mesma consoante) altamente abusivas. 4. não esqueça as maiúsculas no início das frases. 5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz. 6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário. 7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in. 8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou?? Então valeu! 9. Palavras de baixo calão, po..., podem transformar o seu texto numa droga. 10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações. 11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida. 12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: 'Quem cita os outros não tem ideias próprias'. 13. Frases incompletas podem causar 14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes. 15. Seja mais ou menos específico. 16. Frases com apenas uma palavra? Jamais! 17. A voz passiva deve ser evitada. 18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação 19. Quem precisa de perguntas retóricas? 20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas. 3 21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação. 22. Evite mesóclises. Repita comigo: 'mesóclises: evitá-las-ei!' 23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha. 24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!! 25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas. 26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza. 27. Seja incisivo e coerente, ou não. 28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante. 29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, lazarento!... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu bichinho? 30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar. Autor: Professor João Pedro da UNICAMP 4 « Como é mesmo que dizia Riobaldo? Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando, tal como a linguagem. » (ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. 15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.42.) EMENTA : Semiótica da comunicação: o que é comunicação. Estudo da linguagem, da língua, da fala e do discurso. Elementos da comunicação. Funções da linguagem. Língua falada e língua escrita. Tipos de discurso. Gêneros e tipologias textuais: leitura, análise e produção de textos. Coesão e coerência textuais. Elementos estruturais do texto. 5 Como surgiu a nossa língua? Os romanos têm muita relação com nossa língua. Os antigos romanos habitavam um pequeno território chamado Lácio, uma planície que era constantemente atacada por povos vizinhos. Para defendê-lo, seus habitantes construíram cidadelas. Uma delas era Roma, que comandava um conjunto de cerca de trinta cidades. Os romanos falavam uma língua chamada latim. Havia um latim falado pelo povo (soldados, lavradores, comerciantes) que era o latim vulgar, e um latim escrito, usado pelas pessoas instruídas (oradores, poetas e escritores de Roma), denominado latim clássico. O latim vulgar não era muito elegante ou bem cuidado. O Império Romano foi muito poderoso durante séculos e conquistou quase todo o mundo conhecido da época. Por isso, a língua latina passou a ser o meio de expressão dos mais diversos povos. Obrigados a falar uma língua nova, os habitantes das regiões conquistadas misturavam a sua língua original com o latim e acabavam formando uma terceira língua. Entre as regiões conquistadas estavam a Península Ibérica, onde hoje se localizam Portugal e Espanha. O latim vulgar foi a língua predominante em toda a região. Como as regiões habitadas pelo Império Romano eram habitadas por povos diferentes, cada um com sua própria língua, diversos modos de falar o latim foram se estabelecendo. Com o tempo, o Império Romano foi entrando em decadência. Assim, os habitantes das províncias dominadas deixaram de ter contato com os de Roma e, por isso, o latim das províncias foi sofrendo transformações profundas. Os povos que invadiram as terras do Império Romano acabaram com as escolas nas quais se ensinava o latim e destruíram boa parte da cultura dos romanos. Mas não conseguiram impor suas línguas. Os árabes também dominaram a Península Ibérica e lá ficaram durante setecentos anos. O domínio árabe contribuiu para aumentar as diferenças entre as várias línguas que haviam se formado a partir do latim vulgar. Surgiram, assim, as línguas neolatinas ou românicas (línguas originárias do latim vulgar), como o português, o espanhol, o francês, o italiano e o romeno. O português é uma língua neolatina, pois originou-se do latim vulgar, o idioma falado pelos antigos habitantes do Lácio. (FERREIRA, Luiz Antônio. Lições de Gramática. 1999.) As línguas modernas como a portuguesa, por exemplo, possuem cerca de 500 mil palavras, e o homem é capaz de aprender de 3500 a 4000 palavras ao longo da existência. A Língua Portuguesa é falada por aproximadamente 250 milhões de pessoas e é a sexta língua mais falada no mundo. 6 COMUNICAÇÃO O que é comunicação? No final do século XIX, comunicação era troca, entendimento, compreensão, intercâmbio de mensagens; no século XX, esse conceito foi ampliado e comunicação passou a ser definida como troca, entendimento,compreensão, intercâmbio de mensagens entre seres da mesma espécie e atualmente é troca, entendimento, compreensão, intercâmbio de mensagens entre seres da mesma espécie desde que haja interação/colaboração/cooperação por parte do emissor (E) e do receptor (R). Então, podemos concluir que tudo é comunicação, pois ela é de fundamental importância na vida de todos os seres vivos. Todos os animais que vivem em sociedade utilizam a comunicação. As formigas e as abelhas, por exemplo, desenvolveram um sistema de comunicação essencial para a sobrevivência da espécie. A essa capacidade de se comunicar, damos o nome de linguagem e cada espécie possui uma linguagem própria. A comunicação ocorre nas situações em que há intenção de comunicar algo a alguém causando uma reação ou um efeito sobre o outro. O interlocutor de um texto é o leitor/ouvinte a quem ele, o texto, dirige-se preferencialmente, ou, em outras palavras, é o leitor/ouvinte em quem pensa o autor no momento da produção de um texto. Há, para cada texto, não só um contexto, mas também um interlocutor preferencial. COMUNICAÇÃO → MENSAGEM → TEXTO → LINGUAGEM LINGUAGEM: A linguagem é a expressão do pensamento. Ela tem caráter universal porque é a capacidade que todos os seres vivos têm de trocar ou de compreender mensagens. A principal função da linguagem é garantir a comunicação. A linguagem não é uma faculdade específica do homem, já que outros animais podem estabelecer comunicação com seus semelhantes. Não devemos achar que existe uma comunicação entre os homens e os papagaios, pois o ser humano é o único animal capaz de criar e utilizar a palavra como meio de comunicação. Se assim o fosse, os papagaios poderiam sair do local onde vivem e ir para outros lugares e, lá chegando, estabelecer comunicação com outras pessoas ou com outros papagaios. Mesmo que sejam treinados para repetir algumas palavras, nunca seriam vistos conversando com outros papagaios ou com outras pessoas. É importante ressaltar que somente se comunicam seres da mesma espécie. Por exemplo, as abelhas comunicam ao enxame o local onde se encontra o néctar por meio de uma dança. Também os golfinhos modulam sons para comunicar entre si a aflição, a alegria, o apelo à ajuda. Existem dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal ● Não verbal (simbólica): é aquela que não utiliza palavras. São exemplos de linguagem não verbal os sinais, os símbolos, as expressões faciais e corporais, os gestos, as cores, as imagens, os sons. ● Verbal (sígnica): é aquela que utiliza sempre as palavras. É também conhecida como língua. Portanto, linguagem verbal ou língua são a mesma coisa. Os homens são os únicos seres dotados de linguagem verbal, ou seja, são os únicos seres capazes de se expressar por meio de palavras. A linguagem é a forma concreta por meio da qual o homem expressa os próprios pensamentos, sentimentos e ideologias. 7 LÍNGUA: é um conjunto de signos e de regras de combinação desses signos com a finalidade de externar um pensamento. A língua existe em estado potencial, pois está armazenada na memória dos falantes de uma coletividade. Sendo assim, ela é uma entidade abstrata e também social porque foi instituída ou imposta, ou seja, é um contrato social firmado e, como tal, deve ser obedecida e seguida. Nenhum usuário da língua pôde, em momento algum, opinar por meio de que idioma queria se comunicar. A língua é uma consequência da evolução da linguagem, já que se trata de uma sistematização de elementos representativos (signos). A língua é única, mas ela tem vários usos, pois dentro de uma unidade, há variações: regionais, faixa etária, sociais, econômicas, fatores interacionais (dependem da situação). Não te amo mais Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis Tenho certeza de que Nada foi em vão Sinto dentro de mim que Você não significa nada Não poderia dizer mais que Alimento um grande amor Sinto cada vez mais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase Eu te amo! Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais... FALA: é a utilização da língua pelo falante a seu modo, ou seja, segundo as possibilidades dele. É a escolha pessoal que o indivíduo faz dos signos (palavras/vocábulos) da língua, para a expressão do pensamento. É um ato individual, já que cada pessoa tem uma maneira própria de se expressar. Consiste na emissão de determinados sons combinados de modo a transmitir significações a outras pessoas. Na fala, deixamos expressa nossa crença, nossa filosofia, nossa ideologia, nossa maneira de encarar o mundo ou determinada situação; enfim, nossa marca. Podemos afirmar que a fala é também concreta, pois é por meio dela que a língua se materializa e toma forma. Cada indivíduo se apropria da língua de modo ímpar, ou seja, de maneira própria para se expressar, pois procura selecionar as formas de enunciação que melhor exprimam gostos e pensamentos. DISCURSO: O conceito de discurso é mais abrangente que o de fala, já que aquele compreende tanto a modalidade realizada oral (fala) quanto a realizada graficamente (escrita). Então, discurso é a apropriação da língua na modalidade falada (oral) ou escrita. 8 O SENTIDO DAS PALAVRAS: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Dependendo do contexto em que se encontra, uma palavra pode ter uma significação objetiva, clara, comum a todos, ou seja, a palavra é empregada em sentido real. É o valor denotativo da palavra (sentido do dicionário) Exs.: O leão é o rei dos animais. Aquele garfo é de inox. O mel é produzido pelas abelhas. A mesma palavra, em outro contexto, pode sugerir outros significados, outras interpretações. É o valor conotativo da palavra. Exs.: Aquele homem é um leão. Aquele homem é um bom garfo. Iracema era a jovem índia dos lábios de mel. EXERCÍCIO Dê a significação que as palavras abaixo adquirem quando empregadas para atribuir sentido conotativo aos humanos. Escreva uma frase com sentido figurado para cada uma delas. a) rato: ________________________________________________________________________ b) cobra: ______________________________________________________________________ c) coruja: ______________________________________________________________________ d) toupeira: ____________________________________________________________________ e) gata: _______________________________________________________________________ f) víbora: ______________________________________________________________________ 9 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Conforme dito anteriormente, todo ato de comunicação é um processo no qual estão envolvidos seis elementos: emissor, receptor, mensagem, código, canal e referente. EMISSOR: também conhecido como enunciador, codificador, fonte ou remetente, é quem elabora ou formula a mensagem ou toma a iniciativa de enviá-la. Pode ser individual ou coletivo. RECEPTOR: também conhecido como enunciatário, decodificador ou destinatário, é quem recebe a mensagem e pode tornar-se, em seguida, também um emissor (resposta). Pode ser individual ou coletivo, ouvinte ou leitor. MENSAGEM: também conhecida como enunciado, é o conteúdo das informações transmitidas. Mais especificamente, o conjunto de signos bem organizados ou não, mais claros ou menos claros, que o emissor envia ao receptor. CÓDIGO: é a linguagem verbal ou não verbal utilizada. Mais especificamente, um conjunto de signos e de regras de combinaçãodesses signos, as quais o emissor e o receptor devem conhecer muito bem para se comunicarem com eficiência. CANAL: é o meio concreto que possibilita a transmissão da mensagem. Canal visual: desenhos, imagens fixas ou animadas, escrita, etc. Canal sonoro: fala, música, ruídos, etc. REFERENTE: São o contexto, a situação e os objetos aos quais a mensagem remete. É a situação concreta ou real da mensagem, ou seja, é a concretização da mensagem. 10 EXERCÍCIOS 1) Nas situações de comunicação abaixo, indique os elementos do processo. a) Pedro enviou um msn para Carla convidando-a para ir ao teatro. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ b) A mãe liga para a filha e diz que vai chegar atrasada para o almoço. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ c) Um brasileiro toma uma cerveja em um barzinho. Ao perceber que um gringo está olhando, dirige-se a este, aponta para a cerveja e diz: “Good”. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ d) Um motorista ultrapassa o sinal fechado. Do outro lado da rua, o guarda de trânsito aponta-lhe o sinal vermelho e notifica-o de que foi multado mostrando a ocorrência por escrito. ____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 11 NOME: _______________________________________________________________________ CURSO: ______________________________________________________________________ PERÍODO: ____________________________________________________________________ DATA: ___________________________ (Folha separada) 2) Crie uma situação de comunicação e indique todos os elementos da comunicação. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 12 FUNÇÕES DA LINGUAGEM Os textos, orais ou escritos, buscam sempre um efeito. Isso nos permite classificá-los com base nos elementos que eles destacam na situação de comunicação. De acordo com o elemento destacado, existe uma função presente na situação de comunicação. Portanto, se há seis elementos de comunicação, consequentemente, há seis funções de linguagem. São elas: 1) Função emotiva ou expressiva: Está centrada no emissor, na 1ª pessoa (eu). Expressa os sentimentos, as emoções, a opinião, os julgamentos de quem fala em relação àquilo de que está falando.O texto é subjetivo (texto subjetivo é aquele centrado na 1ª pessoa, em que o emissor fala dos próprios sentimentos e emoções). Ex.: Como estou feliz hoje! 2) Função conativa ou apelativa: Está centrada no receptor, na 2ª pessoa (tu/ você). É dirigida ao receptor com o objetivo de influenciá-lo a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa. Principais características: a) verbos no imperativo: Exs.: Beba coca cola. Compre batom. b) presença do pronome de tratamento “você”. Ex. Se eu fosse você, só usava Havaianas. c) presença dos pronomes possessivos “seu(s), sua(s)”. Ex.: Fusion, o carro que tem o seu estilo. 3) Função poética: Está centrada na própria mensagem. Valoriza a informação pela forma como é veiculada. A função poética realça a elaboração da mensagem e caracteriza-se pela criação da linguagem. Percebe-se um cuidado especial na organização da mensagem por meio da exploração das figuras de linguagem, do ritmo e das sonoridades. Exs.: girafas africanas como meus avós quem me dera ver o mundo tão do alto quanto vós. “Quem cabritos vende, e cabras não tem, de algum lugar lhe vêm.” 4) Função metalinguística: Está centrada no código. Traz sempre uma explicação, procurando definir o que não está claro. Toda mensagem que fala sobre a própria linguagem é metalinguística. Metalinguagem é, portanto, a linguagem sobre a linguagem, a utilização da linguagem para esclarecer ou explicar o próprio código a alguém. Ex.: O que significa a palavra “televisão”? 13 Trata-se de um vocábulo híbrido porque é constituído por dois radicais distintos: um grego e um latino: tele = a distância + visão = ver. Portanto, significa “visão a distância”. 5) Função fática: Está centrada no canal ou apenas no contato. Ocorre quando o emissor deseja verificar se o canal de comunicação está funcionando. Ex.: “Alô, alô, marciano, aqui quem fala é da Terra!” 6) Função referencial ou informativa: Centrada no referente ou no assunto. Ocorre toda vez que a mensagem faz referência a acontecimentos, fatos, pessoas, animais ou coisas, com o objetivo de transmitir informações. Nesta função, o objetivo é informar apenas. Exs.: O Sol é o centro do nosso sistema planetário. O serviço de meteorologia prevê chuvas e queda de temperatura neste final de semana. OBS.: Numa mensagem, podem ser encontradas duas ou mais funções, porém, sempre haverá predominância de uma delas. 14 NOME: _______________________________________________________________________CURSO: ______________________________________________________________________ PERÍODO: ____________________________________________________________________ DATA: ___________________________ EXERCÍCIOS Identifique as funções de linguagem presentes nos textos abaixo: 1) Impressão digital a olhos vistos: Vai chegar o dia em que você vai abrir portas com um simples olhar. É o que pretende a empresa americana Sensar, que criou um sistema de identificação pela íris. O processo começa com uma câmera que fotografa o olho em preto-e- branco. Depois, computadores classificam as áreas escuras que aparecem na foto e criam uma espécie de código de barras para a íris. Na hora de identificar o dono do olho, o computador simplesmente puxa o código gravado e compara com a íris do indivíduo. A Sensar acredita que o novo sistema, chamado Irisdent, estará em uso em caixas eletrônicos até o final deste ano. Com a promessa de fazer identificações mais confiáveis até que as tradicionais impressões digitais. ______________________________________________________________________________ 2) – Pois é… - Então… - É fogo! - Ô. - Nem fale. - É! - Ô se é! ____________________________________________________________________ 3) “(…) Acho, no entanto, que me falta inteligência para explicar essa imagem, mas não me falta emoção para sentir o remoto e silencioso fascínio de seus segredos. Por isso limito-me a fixar meus olhos neste quadro de Magritte e, sem saber o que dizer, atino tão-somente com um vago e contraditório sentimento de atração. (…) Prego mais uma vez meus olhos nesta imagem e revivo a impressão de que ela fita algum enigma em meu olhar e, sem achar expressão para meu desconcerto, deixo que estas palavras digam o que realmente sinto e não sei dizer.” ______________________________________________________________________________ 4) O essencial é saber ver Saber ver sem estar a pensar. Saber ver quando se vê. E nem pensar quando se vê Nem ver quando se pensa. _______________________________________________________ 5) Em terra de olho quem tem um cego… Ih! Errei! _________________________________ 6) O que significa “olhar vulpino”? – Significa “olhar de raposa”. __________________________________________________ 15 7) – Melhoral é melhor e não faz mal! ___________________________________________ 8) – Alô, alô, responde! – Ahn? Quem? – Sei lá. _____________________________________________________________________ 9) Na propaganda: “um filtro solar em que você poderá ser a musa dos próximos verões”, temos um exemplo de função de linguagem: a) ( ) referencial b) ( ) metalinguística c) ( ) fática d) ( ) emotiva e) ( ) apelativa 10) A função conativa ou apelativa está centrada no receptor da mensagem e solicita a atenção dele. É uma função muito utilizada nas propagandas por meio do uso de verbos no imperativo, usos do pronome possessivo ou do pronome de tratamento “você”. Abaixo, encontramos alguns dos mais conhecidos slogans; assinale os que apresentam função conativa: a) Um diamante é para sempre. ( ) b) Deu duro, tome um Dreher. ( ) c) Knorr é melhor. ( ) d) Põe na Cônsul. ( ) e) Fogos Caramuru não dão chabu. ( ) f) Abuse, use C&A. ( ) g) O Itaú está onde você precisa. ( ) h) Costurar é um ato de amor. ( ) i) Legítimas, só Havaianas. ( ) j) Se eu fosse você, só usava Valisère. ( ) k) Se a marca é Cica, bons produtos indica. ( ) l) Os elogios são para você. ( ) m) Dá o branco que a sua família merece. ( ) 16 RUÍDOS Problemas gerais da comunicação Tudo o que interfere positiva ou negativamente na transmissão de uma mensagem é considerado ruído. São geralmente causas de ruído: a má transmissão do emissor, a falta de atenção do receptor, o conhecimento insatisfatório do código. a) Tipos de comunicação: unilateral e bilateral A comunicação unilateral é estabelecida de um emissor para um receptor, sem alternância ou troca de papéis. Por exemplo, um professor durante uma aula expositiva, um aparelho de televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber resposta. Já a comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alternam seus papéis. É o que ocorre durante uma conversa, um bate-papo, em que há intercâmbio de mensagens. Certos organismos, limitados, pela própria essência, à difusão (jornais, rádio, televisão, por exemplo), tentam, às vezes, estabelecer intercâmbio de mensagens com os destinatários, mas isto só lhes é possível por intermédio de um novo canal de comunicação: correio ou telefone (por exemplo, a rubrica “cartas dos leitores” nos jornais ou revistas, ou as perguntas feitas por telefone durante certos programas radiofônicos). Cabe dizer, também, que a mensagem proveniente de um emissor pode ser recebida por diferentes receptores e, para cada um deles, tomar um sentido ou um valor diferente, de acordo com suas respectivas situações. E R R R R R DIFUSÃO E R E R E R E R E R INTERCÂMBIO E = emissor R = receptor 17 b) Ruído e redundância Pelo termo ruído, designa-se tudo o que afeta, em graus diversos, a transmissão da mensagem: voz muito baixa ou encoberta pela música, falta de atenção do receptor, erros de codificação, etc. O termo ruído não se refere apenas a uma perturbação de ordem sonora, aplicando-se tanto à comunicação visual (uma mancha numa folha de papel ou numa tela, um erro de digitação ou datilográfico são “ruídos”), quanto aos outros tipos de comunicação. Um ruído, no sentido corrente do termo, pode também não ser uma perturbação, mas constituir em si mesmo uma mensagem (aplausos). O ruído pode provir. - do canal de comunicação (“parasitas” em geral); - do emissor ou do receptor; - da mensagem (insuficientemente clara) ou do código (mal adaptado à mensagem). Para combater os riscos de perturbação na transmissão das mensagens faladas ou escritas, a língua tem mecanismos paliativos – as redundâncias. Considera-se como redundante todo elemento da mensagem que não traz informação alguma nova. Por exemplo, o texto de um telegrama é despojado de toda informação supérflua (exemplo: em “enviamos remessa imediatamente”, acrescentar “nós” seria redundante, uma vez que a primeira pessoa do plural já está indicada na terminação – amos do verbo). A economia da mensagem exige a supressão das redundâncias. No entanto, uma mensagem sem redundância torna-se muito densa para ser recebida e compreendida. Avalia-se em 50% a porcentagem média de redundância das línguas: vale dizer, numa mensagem, 50% das informações são inúteis, mas estas redundâncias compensam as perdas de informações causadas pelos ruídos (por exemplo, um emissor compensará a surdez parcial de seu interlocutor – o que constitui um “ruído” – levantando a voz – o que constitui uma redundância sonora). A redundância se manifesta de diversas formas: - sintáticas (“nós chegamos”: redundância da marca de pessoa); - gestuais (é redundante unir o gesto à palavra); - tonais (uma entonação característica acompanhando uma frase exagerada, como “ele está morto de fome!” é redundante); etc. 18 LÍNGUA – NORMAS CULTA E COLOQUIAL A língua, conforme já visto, é um código de que se serve o homem paraelaborar mensagens, com o objetivo de se comunicar. Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais: 1 – Língua culta ou língua-padrão: é a língua vernácula, ou da Nação. Ela obedece ao padrão culto, ou seja, segue as regras ditadas pela Gramática Normativa. É utilizada pelo segmento mais culto e influente de uma sociedade (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, etc.). Essa modalidade deve ser preservada porque assegura a unidade da língua nacional. É justamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político e cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. 2 – Língua popular, cotidiana ou coloquial: É mais espontânea, mais criativa, mais dinâmica, mais expressiva e bem menos presa às regras gramaticais. Apresenta altos níveis de variação (social, cultural, econômica, geográfica, etc.). Para viver, é preciso conhecer a língua popular com sua espontaneidade, criatividade, dinamismo e expressividade; para conviver, é preciso conhecer a língua culta. A língua coloquial garante vivência, a culta garante convivência. LÍNGUA ESCRITA (NORMA CULTA) E LÍNGUA FALADA (NORMA COLOQUIAL) A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, não dispõe de recursos próprios da língua falada. Existem sociedades ágrafas, ou seja, aquelas em que não existe a língua escrita, mas sim somente a falada. A acentuação (relevo da sílaba ou sílabas), a entoação (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, estando, por esse motivo, mais sujeita a transformações/modificações. Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em importância. Cabe à escola ensinar as duas modalidades, mostrando as características e as vantagens de uma e de outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, já que, na verdade, não existe. Isso não significa dizer que se deve admitir tudo na língua falada, pois a nenhum povo interessa a multiplicação de línguas; a nação alguma interessa o surgimento de dialetos, consequência natural do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra. A língua escrita é, foi e sempre será mais elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. É importante salientar que a norma a ser empregada deve variar de acordo com a situação em que se desenvolver o discurso, ou seja, o ambiente sociocultural determina o nível da língua que deverá ser utilizado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam, segundo esse nível. Portanto, na escrita, deve sempre prevalecer o padrão culto; na fala, o nível coloquial pode ser empregado, dependendo da situação de comunicação. 19 O CONCEITO DE ERRO EM LÍNGUA Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto em ortografia; o que se comete, normalmente, são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente erro, mas transgressão da norma culta. Um repórter, ao cometer uma transgressão na fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um jantar trajando bermuda e camiseta. O que deve ser levado em consideração é o momento do discurso que pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é aquele em que as falas são livres e descontraídas: em casa com os parentes, em reuniões com os amigos ou qualquer outra situação de informalidade em que os interlocutores estão livres para falar. Exs.: Eu não vi ela hoje. Eu lhe amo. Não assisti o futebol. Deixe eu ver isso. Entrou e saiu do ônibus. Nos momentos neutros, deve prevalecer a língua-padrão, que á a língua da Nação, como forma de respeito. O momento neutro é o utilizado nos meios de comunicação de massa (rádio, televisão, jornais, revistas). Eis por que a transgressões não são admitidas. Nesse momento, as construções devem ser: (Eu) Não a vi hoje. Eu o/a amo. Não assisti ao futebol. Deixe-me ver isso. Entrou no ônibus e saiu dele. O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por momentos de rara beleza. Em se tratando de arte, tudo é permitido, eis o que designamos de “licença poética”. Ex.: “Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro fino, de longe eu avistava a figura de um menino, que corria, abria a porteira, depois vinha me pedindo: „Toque o berrante seu moço e é pra mim ficar ouvindo‟.” GÍRIA: Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um flagelo da língua. O mal maior da gíria reside na adoção dela como forma permanente de comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento da língua que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao receptor e ao meio. Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, cuja intenção é apenas documentar um fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, caracterizada pela língua informal. JARGÃO: É a gíria das profissões. Visa à precisão técnica e normalmente aparece também na forma escrita: juridiquês, informatiquês, pedagogês, tecnologês. 20 O QUE É TEXTO? A palavra texto vem do latim TEXTUS e significa tecido. Sem dúvida alguma, a palavra texto é familiar a qualquer pessoa, mas não há como falar do que seja um texto sem ter uma ideia do que é a significação e do que é a linguagem. Não existe texto inocente, ou seja, todo texto tem uma intenção: expressar uma opinião, informar algo, apresentar um assunto, contar uma história. A essa intenção chama- se intenção comunicativa ou intenção discursiva. Quanto à linguagem, nós a consideramos como uma ação constitutiva e transformadora que o homem estabelece com a realidade natural e social. Para observar de que modo a linguagem funciona, utilizamos o ponto de vista da Análise do Discurso (AD), cuja característica fundamental consiste em trabalhar com os processos que constituem os fatos da linguagem e não somente com os produtos já prontos desse processo. Os processos básicos da constituição do sentido são a paráfrase e a polissemia. Qualquer uso da linguagem está marcado pela tensão entre esses dois processos. A paráfrase é o processo pelo qual se diz (e entende-se) a mesma coisa com palavras diferentes. A polissemia é a possibilidade de dizerem-se (e entenderem-se) coisas diferentes. Por exemplo, quando pedimos ao aluno para que ele reproduza o que o autor disse no texto, estamos valorizando a paráfrase; quando pedimos que ele interprete livremente, segundo as próprias ideias, estamos enfatizando a polissemia. DEFININDO TEXTO “Texto é toda a construção cultural que adquire um significado devido a um sistema de códigos e invenções: um romance, uma carta, uma palestra, um quadro, uma foto, uma tabela são atualizações desses sistemas de significados, podendo ser interpretados como textos” (PLATÃO & FIORIN. Lições de texto. p.25). Podemos considerar um conjunto de palavras um texto? Se as palavras estiverem ordenadas numa sequência de modo que transmitam uma mensagem e que o conjunto de frases que formou o texto é afim com o códigoutilizado pelos falantes e ouvintes, numa certa situação espaço-temporal e com certas finalidades, sim. Ou seja, não é possível falar que um conjunto de frases é um texto se este conjunto não mantém relações entre si e com a situação em que são produzidas. Então, o que um texto significa, tem a ver, necessariamente, com a situação com a qual as sequências linguísticas estão relacionadas. No entanto, é possível constatar que não é só a situação imediata que é constitutiva do sentido de um texto. As condições histórico-sociais e ideológicas são também elementos da situação discursiva e constituem as chamadas condições de produção do discurso, nas quais se produz um texto. Concluindo, podemos dizer que texto é um todo significativo que, independentemente da sua extensão, transmite uma mensagem, já que um texto pode ser constituído por uma palavra, uma frase, ou uma sequência de várias frases. Ainda podemos definir texto como uma unidade global de sentido. O que define um texto não é a sua extensão, mas o fato de ele ser uma unidade de sentido em relação à situação (contexto). 21 Para se entender um texto na sua totalidade, três conhecimentos têm que ser acionados: ● Conhecimento linguístico (domínio do léxico: vocabulário de uma língua) ● Conhecimento textual (diz respeito ao gênero textual) ● Conhecimento prévio, de mundo ou repertório Contexto: São as condições de produção de um texto. No momento da interpretação de um texto, considerar o contexto é de suma importância. Além dos três conhecimentos citados acima, também dois níveis têm de ser levados em consideração, já que a leitura de um texto exige o domínio desses dois níveis de entendimento: São eles: I – Nível horizontal (ou superficial): o leitor compreende os significados explícitos, as relações sintáticas entre as palavras, entre as frases e entre os parágrafos; os significados das palavras no contexto, os marcadores temporais, espaciais e lógicos; enfim, os significados mais gerais do texto. II – Nível vertical (ou profundo): o leitor torna explícitos os significados implícitos. Nesse nível, o leitor interpreta o que não é dito, mas apenas sugerido: as intenções do autor, os significados não intencionais, os sentimentos expressos veladamente, as ambiguidades – em suma, estabelece relações mais profundas entre as partes do texto e entre o texto e o contexto (situação). → leitura horizontal: constatação ↓ leitura vertical: interpretação Chamaremos o nível horizontal de constatação e o vertical de interpretação. Esses dois níveis são interdependentes: o leitor poderá enganar-se na interpretação de uma passagem, se constatar incorretamente, por exemplo, o significado de uma palavra. Conforme definimos, texto é uma manifestação linguística produzida por alguém, em alguma situação concreta – contexto –, com determinada intenção. O que dá sentido a um texto é a combinação destes fatores: o linguístico, o contextual e o intencional. Exs.: Mulher seca / Mulher enxuta. Toalha seca / toalha enxuta. Podemos dizer que o contexto é constitutivo do sentido No momento da interpretação, é muito importante levar-se em consideração o contexto. Em alguns casos, se não o conhecermos, estaremos simplesmente impossibilitados de compreender a intenção do autor ao produzir um texto. Outro importante aspecto deve ser considerado ao falarmos em texto: ele é sempre dirigido a alguém, ou seja, a situação de produção de um texto supõe a existência de um interlocutor a quem ele se dirige. 22 Método Indutivo X Método Dedutivo: O método indutivo parte do particular para o geral, ou seja, começa com exemplos e termina com a ideia geral, ou seja, a indução é um tipo de raciocínio que caminha do registro de fatos particulares para chegar à conclusão ampliada que estabelece uma proposição geral. Exemplo: ”Cobre conduz energia (premissa). Ouro conduz energia.” (premissa). Ferro conduz energia (premissa). Conclusão: Todo metal conduz energia.” Indução é, pois, um processo mental que, partindo de dados particulares, estabelece uma verdade geral, não contida nas partes examinadas. O argumento indutivo conduz a conclusões prováveis. Portanto, exige reflexão para não se cair em sofisma (Há raciocínios que são válidos apenas aparentemente, uma vez que partem de premissas tidas como verdadeiras; daí levarem a conclusões ilógicas. Se as premissas não são verdadeiras, não se pode chegar a uma conclusão verdadeira. Esses argumentos são denominados sofismas). Exemplos: 1) Gato são duas sílabas. O gato mia. Logo, duas sílabas miam. 2) A bolacha é feita de água e sal O mar é feito de água e sal. Portanto, o mar é um enorme bolachão. No raciocínio indutivo: Se as premissas são verdadeiras, a conclusão provavelmente será verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. A conclusão encerra informação que não constava das premissas. DEDUÇÃO O método dedutivo parte do geral para o particular, ou seja, começar pela ideia geral e terminar com exemplos. Aqui, o raciocínio procede de modo contrário ao anterior. Parte- se de uma verdade estabelecida (geral) para provar a validade de um fato particular. Caminha-se da causa para o efeito. Exemplo: “Todo homem é inteligente (premissa maior). Fulano é homem (premissa menor). Fulano é inteligente” (conclusão). No raciocínio dedutivo: Se as premissas são verdadeiras, a conclusão só pode ser verdadeira. As informações contidas na conclusão já estavam implícitas nas premissas. 23 GÊNEROS E TIPOLOGIAS TEXTUAIS Gêneros textuais são tipos específicos de texto de qualquer natureza, literários ou não. Tanto na forma oral como na escrita, os gêneros textuais são caracterizados por funções específicas e organização retórica mais ou menos típica. São reconhecíveis pelas características funcionais e organizacionais que exibem e pelos contextos onde são utilizados. Gêneros textuais são formas de interação, reprodução e possível alteração social que constituem ao mesmo tempo, processos e ações sociais e envolvem questões de acesso (quem usa quais textos) e poder. Uma das habilidades relacionadas à leitura refere-se ao conhecimento do gênero textual ou gênero discursivo. É importante desenvolvermos a consciência de como a linguagem se articula em ação humana sobre o mundo, constituindo-se assim em gênero textual. A formação de um leitor crítico envolve o conhecimento das relações sociais, formas de conhecimento veiculadas por meio de textos em diferentes situações de interação, a interação escritor-texto-leitor, a pluralidade de discursos e as possibilidades de organização do universo. Podemos falar em gêneros variados que vão do cartão-postal e do telegrama ao texto científico e conto, fábula, anedota, poema, cartaz, crônica, e-mail, receita, manual, ofício, charge, etc. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão. Os gêneros são como processos e ações sociais. São processos por estarem intimamente relacionados ao social, ou seja, se há mudanças sociais, por conseguinte, há alterações na constituição do gênero, por não serem entidades prontas e acabadas. São ações sociais por promoverem modificações no mundo, na realidade, isto é, por meio dos gêneros são realizadas ações, coisassão feitas causando, com isso, mudanças de estado. Os gêneros são língua em uso, são língua viva, são instrumentos de comunicação. Como são instrumentos de comunicação indispensáveis, todas as pessoas usam gêneros para se comunicar. O fato de todas as pessoas dominarem pelo menos alguns gêneros, dá uma base para que elas possam aprender outros e mais outros, de forma infinita. A apropriação de gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas. 24 A fim de simplificar o entendimento de diversos estudos em torno desse assunto, foi criado o quadro abaixo, pautando-se no estudo de Luiz Antônio Marcuschi. Tipos textuais Gêneros textuais Designam uma sequência definida pela natureza linguística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sociocomunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. ♣ Descrição ♣ Narração ♣ Dissertação: argumentativa (argumentação com o objetivo de convencer), e expositiva ou opinativa (exposição de uma ideia sem tentativa de convencimento) ♣ Injunção (texto apelativo) ♣ Informativo ou explicativo ♣ Poético ♣ Carta pessoal ♣ Bilhete ♣ Diário pessoal ♣ Agenda ♣ Anotações ♣ Romance ♣ Resenha ♣ Blog ♣ E-mail ♣ Bate-papo (Chat) ♣ Orkut, MSN, Facebook ♣ Videoconferência ♣ Fórum ♣ Aula expositiva, virtual ♣ Reunião de condomínio ♣ Debate ♣ Entrevista ♣ Lista de compras ♣ Piada ♣ Sermão ♣ Cardápio ♣ Horóscopo ♣ Manual de instruções de uso ♣ Inquérito policial ♣ Telefonema ♣ Receitas ♣ Bulas de remédio, etc. ♣ Histórias em quadrinhos (HQ) De acordo com o quadro acima, percebe-se que não existe gênero que não tenha tipo(s) textuais; todo gênero, materializado em alguma configuração textual, virá, por conseguinte, „encarnado‟ em uma ou mais sequências tipológicas. 25 TIPOLOGIAS TEXTUAIS Os textos variam conforme as intenções do autor, podendo ser descritivos, narrativos, informativos ou explicativos, dissertativos ou argumentativos, injuntivos ou apelativos e poéticos. Raramente um texto é construído com as características de um só tipo. O mais comum é encontrarmos os vários tipos em um só texto. A esse fenômeno, damos o nome de texto misto (aquele em que as tipologias aparecem mescladas). PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS TIPOLOGIAS TEXTUAIS Resumo 1) DESCRIÇÃO – (texto descritivo). Descrever é caracterizar pessoas, animais, objetos, situações, lugares, por meio de adjetivos, verbos de estado (de ligação) metáforas e comparações. O texto descritivo é estático, isto é, não possui ações. Também não obedece a uma estrutura; ele, geralmente, está contido numa outra tipologia, por exemplo, num texto narrativo, informativo, poético, etc. Os verbos de ação, quando utilizados, devem ser flexionados no pretérito imperfeito do modo indicativo. 2) POÉTICO – (Função de linguagem presente: Poética). Texto estruturado em forma de poesia; valoriza a forma, explora rimas, sonoridade, métrica, figuras de linguagem. Presente nos textos literários, poesias de modo geral, letras de músicas, parlendas, trava-línguas, provérbios, slogans. 3) INJUNTIVO ou APELATIVO – (Função de linguagem presente: Conativa ou Apelativa). Texto presente nas propagandas, busca sensibilizar o interlocutor por meio da persuasão (elemento fundamental nesta tipologia), apelando para os sentimentos e emoções do interlocutor, cujo objetivo é vender uma ideia ou um produto. São características desta tipologia: - Pronome de tratamento “você” Ex.: UNIMED: o plano de saúde que você merece. - pronome possessivo “seu(s)”, “sua(s)” Ex.: “Omo, o sabão que dá o branco que sua família merece.” - verbos no imperativo (modo verbal que designa ordem, desejo, convite). Ex.: Venha nos conhecer e seja nosso cliente. 4) INFORMATIVO ou EXPLICATIVO – (Função de linguagem presente: Referencial, informativa, ou explicativa) Como o próprio nome diz, tem a função de informar algo a alguém. Está presente nos textos de jornais, revistas, livros didáticos, trabalhos científicos, bulas de remédio, manuais de instrução. 26 5) NARRAÇÃO – (texto narrativo). Os textos narrativos têm a função de narrar, contar, relatar um fato, um acontecimento (real ou não) numa sequência temporal linear, possui uma estrutura (introdução, desenvolvimento: complicação e clímax, desfecho ou conclusão), possui elementos: personagem, tempo, espaço, enredo, conclusão) e foco narrativo: 1ª ou 3ª pessoa. A narração, ao contrário da descrição, é um texto dinâmico, então, por essa razão, possui verbos de ação flexionados no pretérito perfeito do modo indicativo. 6) DISSERTAÇÃO – (texto dissertativo: núcleo é a ideia). Esta tipologia caracteriza-se pela “defesa de uma opinião” com ou sem o objetivo de convencer (elemento presente nas dissertações que leva o interlocutor a refletir, por meio de um raciocínio, sobre o ponto de vista defendido pelo autor do texto). Existem dois tipos de dissertação: a opinativa ou expositiva: esta não tem a intenção de convencer o interlocutor e a argumentativa: esta trabalha com o convencimento, portanto, busca convencer o interlocutor. O convencimento ocorre por meio de argumentos (argumentum: palavra de origem latina que significa “fazer brilhar ou cintilar uma ideia”). A estrutura desta tipologia compreende: introdução ou apresentação, desenvolvimento ou argumentação, desfecho ou conclusão. Os verbos devem estar flexionados no presente do modo indicativo. 27 TEXTO DESCRITIVO No texto descritivo, a intenção do autor é a de caracterizar (por meio de adjetivos), apresentar aspectos ou atributos dos seres (imaginários ou reais, animados ou inanimados) retratados. Estilisticamente, as figuras de linguagem que predominam são as metáforas e as comparações. Linguisticamente, são os substantivos acompanhados de adjetivos. Normalmente, os verbos estão no pretérito imperfeito do indicativo ou são verbos de ligação. O texto descritivo pode ser comparado a uma fotografia, com a diferença de que, aquela utiliza a imagem e este, a palavra. Quando se descreve apenas um ser, o texto pode ser estruturado num único parágrafo. E quando se descrevem pessoas, a descrição pode também incluir uma parte psicológica. A boa descrição consiste em descrever tão fiel e perfeitamente algo que nem se faz necessário citar o que foi descrito. Ex.: “Era grande, branco, com crina brilhante de vento e luz, caída sobre o pescoço firme. As patas pisavam duras e elegantes, os cascos negros. O peito de músculos avançava com a certeza de um deus. Os olhos grandes, brilhantes, belos, revelavam a raça dele.” (VASCONCELOS, J. M. Coração Dourado. 1972, p.72) 28 NOME: __________________________________________________________________ CURSO: __________________________________________________________________ PERÍODO: ________________________________________________________________ DATA: _________________________ (Folha separada) EXERCÍCIOS 1)O texto abaixo é descritivo. Justifique por quê citando os elementos dessa tipologia. Para cada elemento, retire um exemplo do texto. A grama era bem-aparada e nela destacava-se o bico-de-papagaio em tons de vermelho e verde. Marias-sem-vergonha vibravam todas as cores delas ao redor do jardim. À esquerda, rosas vermelhas com bordas amarelas como o sol, degradês de rosa e estranhos tons azulados como o céu. À direita ficava o caramanchão, de onde se observavam as uvas verdes e as amoras roxas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 29 TEXTO INJUNTIVO OU APELATIVO (Função de linguagem presente: Conativa ou Apelativa). A palavra injunção significa “ordem formal, imposição, exigência”. Uma das formas verbais do texto injuntivo é o modo imperativo. Os textos injuntivos exemplificam o uso da linguagem na função apelativa (ou conativa). Exs.: Beba coca-cola. Compre batom, coma batom! Vem pra Caixa você também! UNIMED, o plano de saúde que tem o atendimento que a sua família merece! TEXTO POÉTICO (Função de linguagem presente: Poética) No texto poético, o objetivo é a própria construção da mensagem. O texto poético valoriza sons, ritmos e a variedade de sentidos. Podemos encontrar textos poéticos narrativos, descritivos, apelativos ou injuntivos, como algumas mensagens publicitárias. SONETO DE SEPARAÇÃO De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. (MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 226-227.) 30 TEXTO INFORMATIVO OU EXPLICATIVO (Função de linguagem presente: Referencial ou Informativa) É aquele tipo de texto presente em jornais (texto de imprensa), revistas, livros didáticos, trabalhos científicos, relatórios. Como o próprio nome diz, tem a função de informar o leitor sobre algum acontecimento. O texto informativo deve ter uma linguagem objetiva e não se confunde com os textos de natureza artística ou literária. Procura transmitir conhecimentos ou analisar um fenômeno ou uma teoria. Ex.: CADERNO TRAZ NOVO DICIONÁRIO DE IDEIAS FEITAS Quatorze intelectuais apontam os principais clichês do discurso atual, inspirados no Dicionário de idéias feitas, do escritor francês Gustave Flaubert (1821 – 1880). Entre os principais lugares-comuns, estão: “Fome Zero”, “globalização”, neoliberalismo”, e “retomada do cinema brasileiro”. (Folha de S. Paulo, 21/9/2003) Aplicação das diferentes formas de composição deste tipo de texto EDITORIAL 1. Conceito: O editorial veicula a opinião do jornal ou, mais especificamente, da direção do órgão jornalístico. Consiste em um comentário sobre o mais importante fato noticiado, seja anteriormente, seja na mesma edição ou até mesmo em outro jornal ou meio de comunicação. 2. Características: Tem caráter opinativo, e, assim, aproxima-se da dissertação, pela exposição de opinião; distingue-se da notícia, que veicula informação. Por representar a opinião da direção do jornal, geralmente não traz assinatura e deve adotar um tom, quanto possível, impessoal. 3. Estruturação: O editorial, por ter caráter dissertativo, estrutura-se nas três partes fundamentais: introdução, explanação, desenvolvimento ou argumentação e conclusão ou fecho. A introdução não deve ser longa; deve ser breve, clara, instigante para chamar a atenção do leitor. A explanação deve ser concatenada, lógica, organizada, levando à conclusão do texto. Características do texto jornalístico: Uma notícia ou reportagem costuma ser dividida em três partes: manchete ou título, primeiro parágrafo e restante da notícia. a) Manchete ou título: Tem o objetivo de tentar despertar o interesse do leitor pela leitura. É uma mensagem condensada, rápida e, muitas vezes, surpreendente; destaca-se graficamente do resto da notícia, pois vem sempre em letras maiúsculas, em negrito e centralizada. b) “olho” da notícia: Vem logo abaixo do título. Frase de impacto que tem a função de criar no leitor interesse pela notícia, por meio de uma síntese dela. Distingue-se do título por apresentar um tamanho de letra menor, em geral, em estilo itálico. Isso faz com que também se diferencie do corpo do texto, já que este aparece num tamanho ainda menor. Nem todas as notícias possuem “olho”. 31 c) Lide (lead): É o primeiro parágrafo da notícia e o mais importante. Caracteriza-se por: - conter as primeiras informações; - ser breve: apenas um parágrafo; - responder às perguntas: QUEM? O QUÊ? QUANDO? ONDE? POR QUÊ? COMO?; - citar o local de origem da notícia, quando esta não for local. O redator da notícia deve resumir os fatos no primeiro parágrafo (lide) com o cuidado de manter o interesse do leitor pelo resto da coluna. Portanto, seleciona os elementos mais importantes para o lide. d) Sublead: pode aparecer ou não (2º parágrafo) e) Restante da notícia: é tudo o que vem depois do primeiro parágrafo. 32 NOME: __________________________________________________________________ CURSO: __________________________________________________________________ PERÍODO: ________________________________________________________________ DATA: ________________________________ (Folha separada) EXERCÍCIO Selecione uma notícia de jornal que contenha todos os elementos citados acima. Em seguida, indique-os. No lide, identifique todos os elementos: QUEM? O QUÊ? QUANDO? ONDE? POR QUÊ? 33 TEXTO NARRATIVO No texto narrativo, a intenção do autor é a de narrar/relatar/contar fatos, acontecimentos reais ou imaginários que se sucedem no tempo (sequência linear), envolvendo personagens e ação. a) A estrutura da narração é: - INTRODUÇÃO - DESENVOLVIMENTO: → complicação: recurso utilizado pelo narrador para prender a atenção do leitor, e as tensões provenientes dessa situação de desequilíbrio devem aumentar gradativamente até atingir o clímax. → clímax: é o ponto máximo do conflito, o momento decisivo. As novelas ou filmes a que assistimos, por exemplo, fazem sucesso porque apresentam diversos conflitos que se desencadeiam até alcançar o clímax. - CONCLUSÃO OU DESFECHO: é o final da narrativa. Normalmente, os verbos estão no pretérito perfeito do indicativo. b) Os elementos da narração são: - Personagem(ns): QUEM? - Tempo: QUANDO? - Espaço ou lugar: ONDE? - Enredo: COMO?/QUAL A HISTÓRIA QUE SE CONTA? - Desfecho ou Conclusão: POR ISSO. c) O foco narrativo é o ponto de vista que o escritor utiliza para contar a história. Ele pode ser em 1ª ou 3ª pessoa. ● 1ª pessoa: narrador-personagem: narrador participa da história como personagem, ou seja, ela não só conta, como também vivencia a história. Os verbos e os pronomes são empregados na 1ª pessoa. O narrador se funde com a personagem, que pode ou não ser a principal. ● 3ª pessoa: narrador observador: o narrador observa os fatos de fora e registra-os. Nesse caso, os verbos e os pronomes são empregados na 3ª pessoa. Narrador onisciente: sempre em 3ª pessoa. Ocorre quando o narrador “invade”o pensamento das personagens e mostra o que elas pensam ou sentem. Exemplo de texto narrativo: “Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite, ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.” (BANDEIRA, Manuel. Estrela da manhã. 1974, p. 2) 34 EXEMPLO DE TEXTO MISTO: INFORMATIVO, NARRATIVO, DESCRITIVO E LITERÁRIO ANÚNCIO DE JOÃO ALVES Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido: À procura de uma besta. – A partir de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-escura com as seguintes características: calçada e ferrada de todos os membros locomotores, um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de 4 a 6 centímetros, produzido por jumento. Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as indagações. Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entregue aqui ou pelo menos notícia exata ministrar, será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves Júnior. 55 anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousa suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio continua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária. Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. Não escreveste apressada e toscamente, como seria de esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta. Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão na crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento. Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal. Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – a declaração final: quem a apreender ou pelo menos “notícia exata ministrar”, será “razoavelmente remunerado”. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praças de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues. Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida. (ANDRADE, Carlos Drummond de) 35 EXERCÍCIO No texto narrativo abaixo, indique a estrutura, os elementos constitutivos e o foco narrativo. TRAGÉDIA BRASILEIRA Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos... Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. (Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira) 36 NOME: _______________________________________________________________ CURSO: _______________________________________________________________ PERÍODO: _____________________________________________________________ DATA: __________________________ (Folha separada) EXERCÍCIO No texto narrativo abaixo, indique a estrutura, os elementos constitutivos e o foco narrativo. HISTÓRIA DE UMA GATA (Luiz Henriques, Sérgio Bardotti, Chico Buarque) Me alimentaram me acariciaram me aliciaram me acostumaram. O meu mundo era o apartamento. Detefon, almofada e trato todo dia filé-mignon ou mesmo um bom filé ... de gato me diziam, todo momento: Fique em casa, não tome vento. Mas é duro ficar na sua quando à luz da lua tantos gatos pela rua toda noite vão cantando assim: Nós, gatos, já nascemos pobres porém, já nascemos livres. REFRÃO Senhor, senhora, senhorio. Felino, não reconhecerás. De manhã, eu voltei para casa fui barrada na portaria, sem filé e sem almofada por causa da cantoria. Mas agora o meu dia a dia é no meio da gataria pela rua virando lata eu sou mais eu, mais gata numa louca serenata que de noite sai cantando assim: Nós, gatos, já nascemos pobres REFRÃO porém, já nascemos livres. Senhor, senhora, senhorio. Felino, não reconhecerás. 37 TEXTO DISSERTATIVO OU ARGUMENTATIVO A intenção do autor de um texto dissertativo é a de expor e discutir ideias, por meio de argumentos (exemplos, justificativas, evidências).A palavra “argumento” é de origem latina “argumentum” em que “argu” significa: fazer brilhar, iluminar, cintilar uma ideia. Portanto, argumentação é todo procedimento linguístico que visa a convencer, a fazer o receptor aceitar o que foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto. O texto dissertativo deve ter, pelo menos, três parágrafos: Estrutura: - Introdução ou Apresentação: Esta parte consiste na apresentação do tema + argumentos resumidos. - Desenvolvimento ou Argumentação: Os argumentos apresentados na primeira parte (na introdução) são desenvolvidos aqui buscando convencer ou influenciar o leitor. - Desfecho ou Conclusão: Reafirmação do tema + posicionamento do autor (proposta de solução). O texto argumentativo procura convencer, propondo ou impondo ao receptor uma interpretação particular de quem o produz. Por isso, mesmo, visa a defender uma tese ou rejeitá-la. O texto argumentativo não se confunde com os textos informativos, pois nestes os fatos e ideias não são geralmente expostos com o objetivo de convencer o receptor. Em geral, o desenvolvimento de uma argumentação comporta três etapas: - uma tese, que enuncia o ponto de vista que será objeto de demonstração; - os argumentos, elementos abstratos geralmente apresentados em ordem crescente de importância e que justificam a tese; - e as provas que sustentam os argumentos e que devem ser elementos concretos (fatos ocorridos, depoimentos ou citações de intelectuais reconhecidos, fatos históricos). DIFERENÇA ENTRE CONVENCER E PERSUADIR CONVENCER PERSUADIR ● é um exercício lógico ● é um exercício retórico ● dirige-se unicamente à razão ● procura atingir o sentimento ● possui caráter puramente demonstrativo e atemporal ● tem caráter ideológico, subjetivo e temporal ● é capaz de atingir um “auditório universal” ● dirige-se a um “auditório particular” TEMA: O tema é geral, ou seja é o assunto que será abordado por todos. TÍTULO: Dizemos que o título é particular porque cada autor do texto atribuirá a ele um título que será criação própria, única. 38 Características do título ● deve vir centralizado na folha; ● deve conter no máximo três palavras (lembre-se de que artigos, preposições, conjunções e pronomes são contados como palavras); ● deve ser bastante criativo e original (atraente) para atrair a atenção do leitor e este sinta-se interessado em ler o texto); ● nunca deve vir sublinhado; ● nunca deve vir entre aspas; ● no final do título, nunca usar ponto-final; pontos de exclamação podem ser usados e pontos de interrogação também podem desde que a pergunta feita no título seja respondida no texto; ● pular uma linha entre o título e o corpo do texto. ARGUMENTAÇÃO Que é necessário para convencer? É preciso argumentar apresentando razões relevantes. Quando um advogado defende a causa de um cliente, ele nada mais faz que argumentar, apresentando fatos para inocentá-lo. Quem argumenta quer provar uma verdade, convencer outra pessoa de que se está com a razão. A finalidade, portanto, é convencer o leitor ou ouvinte. Há raciocínios que são válidos apenas aparentemente, uma vez que partem de premissas tidas como verdadeiras; daí levarem a conclusões ilógicas. Se as premissas não são verdadeiras, não se pode chegar a uma conclusão verdadeira. Esses argumentos são denominados sofismas. Exemplo: Gato são duas sílabas. O gato mia. Logo, duas sílabas miam. Há um exemplo de Stuart Mill, apresentado por Edmundo Dantes Nascimento (1981, p.165), que merece ser citado: “Os fazedores de projeto não merecem confiança. Ora, este homem fez um projeto. Logo, este homem não merece confiança.” A ideia de que “o elemento persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo” (CITELLI, 1985, p.6 apud MEDEIROS, 2009, p.35) permite concluir que o estudo da linguagem persuasiva/de convencimento serve também para se conscientizar de que não existe comunicação neutra e que, de certa forma, toda comunicação visa a convencer o interlocutor sobre algo. Contra-argumentação: contra-argumentação significa refutar uma ideia qualquer por meio de argumentos. 39 MODELOS DE TEXTOS DISSERTATIVOS TEXTO 1 Participação do aluno O aluno tem direito de participar das decisões escolares, pois possui informações, tem ideias próprias como qualquer pessoa e a vida dele é afetada por aquilo que ocorre na escola. Hoje, a maioria das crianças e adolescentes têm acesso aos meios de comunicação de massa. Por meio da televisão, dos jornais, das revistas, das redes informatizadas como a INTERNET, recebe todo tipo de informação que lhe permite saber o que ocorre no país e no mundo. Ora, deter informações é um primeiro e importante requisito para tomar decisões adequadas. Além de ter informações, o aluno, como qualquer ser humano dotado de inteligência, é capaz de pensar, de formular ideias originais, de analisá-las, criticá-las e, quando for o caso, de reformulá-las se lhe apresentam um argumento contrário convincente. Tem, portanto, mais uma condição necessária à participação. Em terceiro lugar, o aluno tem um direito legítimo de participar das decisões escolares: ele é o elemento principal da escola, que só existe para formá-lo, transmitindo-lhe conhecimentos e valores adequados à vida pessoal e social. Ou seja, a escola tem uma influência considerável na vida do aluno. Deixá-lo à margem das decisões significa tirar-lhe o direito de decidir sobre a própria vida. Por tudo isso, o aluno deve ser solicitado a dar opiniões e a ajudar na solução dos problemas do cotidiano escolar, não só porque esse é um direito de qualquer pessoa e ele é capaz de exercê-lo, mas também para que se torne um cidadão habituado a participar das decisões. TEXTO 2 Participar ou não? A participação do aluno nas decisões escolares, embora considerada desejável por muitos, é um assunto controvertido. Nem todos concordam que aquilo que seria democrático é viável na realidade atual. Os que defendem a maior participação do aluno argumentam em favor de um direito de alguém que tem plenas condições de exercê-lo – condições que consistem em ter informações e discernimento na análise. Outros, porém, alegam que as informações de que o aluno dispõe são insuficientes para dar opinião sobre assuntos complexos, como a necessidade de estudar um conteúdo ou de estabelecer uma norma escolar. Ainda, não acreditam que a capacidade de discernimento de uma criança ou adolescente equipara-se àquela do adulto. Temem que a participação do aluno seja um ato inconsequente, marcado somente pela opinião vazia como: “gosto”, “não gosto”, “quero”, “não quero”, sem apresentação de justificativas fundamentais. Todos estes argumentos parecem ter sua dose de verdade. No entanto, é importante lembrar que a participação se aprende como qualquer outra atividade. Se não for permitido ao aluno participar, dificilmente ele aprenderá a basear as opiniões em informações, a justificar os próprios pontos de vista e até mesmo a deixar de expressar a posição ao perceber que o conhecimento e a maturidade dele são insuficientes para isso. 40 TEXTO 3 Aluno X leitura Atualmente, constata-se que os jovens, de maneira geral, leem muito pouco e o fazem mais por imposição da escola do que por prazer ou interesse pela literatura. São vários os fatores responsáveis por esse desinteresse. Só para citar alguns, é importante lembrar a atração que exercem sobre os jovens a televisão, o computador e os jogos eletrônicos, roubando-lhes o tempo e o interesse
Compartilhar