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Através do trabalho com os seus pacientes, por meio do método de associação livre, Freud delineou a sua teoria. Uma fonte de informação importante foi a auto-análise realizada por Freud: a compreensão dos anseios sexuais infantis da sua própria experiência sugeriu a Freud que esses fenómenos não estivessem restritos ao desenvolvimento patológico da neurose, mas que pessoas essencialmente normais pudessem sofrer experiências semelhantes. Em 1900 – Publica a “Interpretação dos sonhos”. Freud escreveu extensivamente. As suas obras completas compõe 24 volumes que incluem os aspetos da prática clínica e ensaios e monografias especializadas sobre questões religiosas e culturais Principais Conceitos Determinismo psíquico Não há descontinuidade na vida mental. Os processos mentais não ocorrem ao acaso. Há uma causa para cada memória revivida, cada pensamento, sentimento ou ação. Pulsões ou instintos São pressões que dirigem o organismo para determinados fins. De acordo com Freud, os aspetos físicos dos instintos correspondem às necessidades e os aspetos mentais podem ser denominados de desejos. Eles são as forças propulsoras que incitam as pessoas à ação. Para Freud, os instintos são as únicas fontes de energia do comportamento e os fatores propulsores da personalidade. De acordo com a sua teoria, os instintos não só impulsionam o comportamento como também determinam a direção que o mesmo irá tomar. Na perspetiva freudiana, desde o nascimento, os indivíduos são dotados de uma base biologicamente instintual: os instintos sexuais e instintos agressivos que, inconscientemente, motivam cada coisa que os seres humanos pensam, dizem ou fazem durante as suas vidas. Esses instintos são expressos, ou seja, realizam a sua tarefa, por uma forma de energia que Freud denominou de libido. Teoria Estrutural da Mente Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria topográfica e introduz o que alguns autores chamam de segundo tópico da estrutura da personalidade. Apresenta três sistemas de funcionamento psíquico, que não devem ser considerados isoladamente mas que apresentam uma certa configuração própria: o ID, o EGO e o SUPEREGO Superego Id Ego De acordo com esta teoria, id, ego e superego interatuam num sistema dinâmico, mas possuem diferentes funções. Ao contrário do ego, o superego não somente adia a gratificação do instinto, mas tenta bloqueá-lo permanentemente. Assim como o id é regido pelo princípio do prazer e o ego pelo da realidade, o superego representa mais o ideal do que o real. Desempenha as funções: - Inibir os impulsos do id - persuadir o ego - lutar pela perfeição A personalidade funciona, normalmente, como uma unidade completa e não em três segmentos separados. De modo geral, podemos considerar o id como componente biológico da personalidade; o ego como componente psicológico e o superego como componente social. Mecanismos de Defesa Os mecanismos de defesa são funções do ego e, por definição, inconscientes. São processos psíquicos cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da perceção consciente. O ego, como sede da angústia, é mobilizado diante de um sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que impedirão a vivência da fatos dolorosos, os quais o organismo não está pronto para suportar. Dentro da perspetiva psicanalítica, nunca temos acesso completo ao que somos: se algo passa para a consciência, muito fica no inconsciente. Os mecanismos de defesa são instrumentos que mantém guardada parte deste material inconsciente. De acordo com Freud, são processos realizados pelo ego, inconscientes, independentes da vontade do individuo que permitem a este defender-se. Esta é uma operação através da qual o ego exclui consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, assim, aparentemente o aparelho psíquico. Sublimação Impulso primitivo inaceitável para o ego, é modificado de forma a ser socialmente aceitável. Consiste em adotar um comportamento ou um interesse que possa enobrecer comportamentos instintivos. A sublimação permite que os instintos sejam canalizados, ao invés de reprimir ou desviar. Os sentimentos são reconhecidos, modificados e dirigidos para a pessoa ou finalidade importante, resultando daí modesta satisfação instintual. É o mais eficaz dos Mecanismos de Defesa, na medida em que canaliza os impulsos libidinais para uma postura socialmente útil e aceitável. Repressão A repressão impede que pensamentos dolorosos ou reprimidos cheguem à consciência, afastando a lembrança de determinados fatos, apesar de continuarem armazenados no inconsciente. O ego impede a entrada na consciência de um impulso indesejado do id. Pode operar por meio da exclusão da consciência, daquilo que uma vez foi experienciado a nível consciente, ou pode frear a ideias e sentimentos antes de atingirem a consciência. Recalca da consciência um afeto, uma ideia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável. Exemplo: Eu não passo no acesso ao ensino superior, então digo às pessoas e a mim mesmo que foi melhor assim, que eu nem queria mesmo entrar neste curso. Racionalização Seleção ou escolha, entre vários motivos, que visa justificar um comportamento que de outro modo, seria inaceitável. Redução do desejo de um objeto pela depreciação do seu valor. São motivos lógicos e racionais que encontramos para afastar os pensamentos, lembranças, etc. para disfarçar os verdadeiros motivos que nos incomodam. Projeção Atribui a outra pessoa inclinações e desejos que não aceita em si mesma. Perceção dos próprios sentimentos e/ou atitudes noutra pessoa. Criticamos atos dos outros, praticados também por nós; atribuímos defeitos aos outros que são nossos e que não suportamos. Quando nos sentimos maus, ou quando um evento doloroso é da nossa responsabilidade, tendemos a projetá-lo no mundo externo, que ao nosso ver assumirá as caraterísticas daquilo que não podemos ver em nós mesmos. Exemplo: uma pessoa que é “birrenta” pode justificar-se dizendo que os outros é que sempre “embirram” com ela. Deslocamento O sujeito transfere pulsões e emoções do seu objeto natural, mas “perigoso”, para um objeto substituto, mudando assim o objeto que satisfaz a pulsão. Substituição propositada e inconsciente de um objeto por outro, no interesse de resolver um conflito. É um processo psíquico através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa. Exemplo: - Deslocar a raiva que sente do chefe para a família, ou para um subalterno. - Caso de alguém ter tido uma experiência desagradável com um polícia, reaja desdenhosamente, em relação a todos os policias. Identificação O indivíduo assimila parcial ou totalmente, um atributo de outro. Observa- se o uso deste mecanismo de defesa quando o individuo internaliza as caraterísticas de alguém valorizado, passando a sentir-se como ele. O mundo, mas permanecer em identificações impede a aquisição de uma identidade própria. Diante de sentimentos de inadequação, o sujeito internaliza caraterísticas de alguém valorizado, passando a sentir-se como ele. A identificação é um processo necessário no início da vida, quando a criança está a assimilar Regressão Diante de frustrações retorna a períodos anteriores, que que as suas experiências foram mais prazerosas. Retorno a estágios ou a uma fase anterior do desenvolvimento no sentido de evitar as ansiedades ou hostilidades envolvidas no estágio atual. Incorporação de modelos abandonados anteriormente. É o processo psíquico em que o ego recua, fugindo a situações conflituantes atuais, voltando para o estágio anterior. Exemplo: nascimento deum irmão, a partir desse acontecimento uma criança de 4 anos, por exemplo, poderá voltar a fazer xixi na cama e “precisar” de fralda, sou seja, ficar como o bebé. Formação Reativa O indivíduo apresenta atitudes ou comportamentos contrários ao que existe no seu inconsciente. Carateriza-se por uma atitude ou hábito oposto ao desejo recalcado. Quando é bloqueada a satisfação de um impulso, este pode ser substituído por outro, oposto. Fantasia Trata-se de uma espécie de itinerário imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo. Poderá dizer-se que é a forma de um desejo inconsciente. Todos os mecanismos de defesa possuem duas caraterísticas em comum: - negam, falsificam ou distorcem a realidade - Operam inconscientemente, sem que a pessoa se dê conta Os mecanismos de defesa do ego são aprendidos na família ou no meio social externo onde a criança/adolescente convivem. Quando estes mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar do efeito poder ser limitador das potencialidades do ego, e empobrecer a vida instintual. Falha nos mecanismos: material reprimido retorna à consciência, o ego é forçado a multiplicar e intensificar o seu esforço defensivo e exagerar o uso dos vários mecanismos. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados. Para a psicanálise, as psicoses significam uma severa falência do sistema defensivo, caraterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. Mecanismos de Defesa
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