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Micoses superficiais, cutâneas e subcutâneas (Resumo Murray) Por: Mikael Orestes, 2019. Micoses superficiais: limitadas às camadas externas da pele e pelos. Micoses cutâneas: infecções que envolvem camadas mais profundas da epiderme e anexos. Micoses subcutâneas: envolve derme, tecidos subcutâneos, músculo e tecido conjuntivo. Micoses superficiais........................................................................................................................... São fungos que colonizam as camadas queratinizadas da pele, pelos e unhas. Induzem pouca ou nenhuma resposta imune no hospedeiro, não são destrutivas e são assintomáticas, fáceis de diagnosticar e tratar. Pitiríase Versicolor: é uma infecção superficial causada pela levedura lipofílica Malassezia spp. (principalmente por Malassezia furfur). Os fatores predisponentes da patologia podem ser exógenos e/ou endógenos: Exógenos umidade, calor, uso de roupas ou cosméticos que não permitem saída de suor, fatores climáticos e fatores socioeconômicos indiretamente (higiene precária, falta de água etc). Endógenos Idade (jovens, adolescentes e idosos), predisposição genética, hiperoleosidade, má nutrição, avitaminose, gravidez etc. Morfologia: nas escamações da pele aparece como grupos de células, semelhantes a leveduras com paredes espessas, esféricas ou ovais. As células leveduriformes podem estar misturadas com hifas curtas, que tendem a se orientar de uma extremidade para outra. Em cultura, cresce como colônias leveduriformes de cor creme, composta por células leveduriformes com brotamento, hifas são ocasionalmente produzidas. Epidemiologia: é uma doença de pessoas saudáveis, mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais. Adultos jovens são mais afetados. M. spp. não é encontrada como saprófito na natureza. A infecção humana parece resultar da transferência direta ou indireta de material queratínico de uma pessoa a outra. Síndromes clínicas: as lesões são pequenas máculas hipo ou hiperpigmentadas. Parte superior do tronco, braços, tórax, ombros e pescoço é envolvida frequentemente, mas qualquer parte pode ser afetada. Lesões são irregulares, com manchas despigmentadas bem delimitadas. M. spp. tende a interferir na produção de melanina. Pouca ou nenhuma reação no hospedeiro, assintomática, mas com prurido brando em casos severos. Infecção dos folículos pilosos resultam em foliculite, perifoliculite e abcessos dérmicos, complicações raras da doença. Diagnóstico clínico: sinais de Besnier (unhada); sinais de Zileri (distensão). A lâmpada de Wood é útil em todas as micoses superficiais, dando uma alteração visível (prata ou ouro) na pele. Pode mostrar diferentes colorações a depender do fungo. Diagnóstico laboratorial: visualização direta dos elementos fúngicos (hifas curtas e curvas de blastoconídios em cachos) no exame microscópico das escamas epidérmicas em KOH a 10%. Podem ser visualizados por coloração HE ou PAS. As lesões fluorescem com cor amarelada em lâmpada de Wood. Cultura pode ser realizada, mas não é necessário usualmente. Tratamento: a doença é geralmente crônica e persistente. Tratamento com uso tópico de azólicos ou shampoo com sulfeto de selênio. Para infecções mais generalizadas, cetoconazol ou itraconazol VO podem ser utilizados. Tinea Nigra: é uma feo-hifomicose causada pelo fungo negro Hortaea werneckii, é rara, e os aspectos clínicos são hiperqueratose; máculas não descamativas; pigmentação local. Atividade queratinolítica e lipolítica. Morfologia: microscopicamente aparece como uma hifa demácea, septada, frequentemente ramificada. Artroconídios e células alongadas com brotamento também estão presentes. Cresce em cultura, onde é um fungo negro produzindo aneloconídios (conídios que possuem anelídeos ou anéis), muitas vezes deslizam para os lados do conidióforo. Epidemiologia: é uma condição tropical ou subtropical. Contraída provavelmente por inoculação traumática do fungo nas camadas superficiais da epiderme. Crianças e adultos jovens são mais frequentemente afetados, maior incidência em mulheres. Síndromes clínicas: aparece como mácula isolada, irregular, pigmentada, geralmente na palma das mãos ou planta dos pés. Não há descamação ou invasão dos folículos pilosos, e a infecção não contagiosa. Causa pouco ou nenhum desconforto ou reação ao hospedeiro. Pode parecer um melanoma maligno, então a biópsia pode ser considerada. Diagnóstico laboratorial: exame microscópico das escamas da pele em KOH 10% ou 20%. As hifas pigmentadas e formas de levedura são confinadas às camadas externas do extrato córneo e são detectadas por coloração HE. O exame microscópico da colônia revela células leveduriformes cilíndricas e bicelulares. Tratamento: responde bem à terapia tópica incluindo pomada de Whitfield, cremes com azólicos e terbinafina. Piedra Branca: infecção superficial causada por fungos leveduriformes do gênero Trichosporon: T. beigeli, T. inking, T. asahii, T. cutaneum ou T. mucoides. O fio de cabelo fica cheio de esporos visíveis no microscópio. Morfologia: microscópio revela hifas, artroconídios (células retangulares resultando de fragmentação das hifas) e blastoconídios (brotamento das leveduras). Epidemiologia: regiões tropicais e subtropicais e é relacionada à falta de higiene. Síndromes clínicas: afeta os pelos da região inguinal e axilas. O fungo fica ao redor da haste do pelo e forma um nódulo branco e castanho ao longo do pelo. Os nódulos são moles e pastosos e podem ser facilmente removidos, não danificam a haste do pelo. Diagnóstico laboratorial: após exame microscópico do pelo infectado, no meio micológico sem cicloheximida formará colônias de coloração creme, secas e enrugadas. Para identificar as várias espécies: assimilação com açúcares, assimilação com KNO3 (begativa), produção de uréase (positiva) e etc. Tratamento: realizado com azólicos tópicos, melhora da higiene e depilação dos pelos infectados. Piedra Preta: afeta os pelos principalmente do couro cabeludo. O agente é a Piedraia hortae. Morfologia: cresce como fungo filamentoso pigmentado. Ascos contendo ascósporos fusiformes são formados dentro de estruturas especializas e também dentro de hifas endurecidas ao redor do pelo. Epidemiologia: não é comum e tem sido reportada em áreas tropicais da América Latina e Áfica Central. Infecção parece se relacionar à falta de higiene. Síndromes clínicas: apresenta nódulos pequenos escuros ao redor da haste do pelo, assintomática, geralmente no couro cabeludo. Massa de hifas é presa por substância semelhante a um cimento, contém ascos e ascósporos, a fase sexual do fungo. Diagnóstico laboratorial: exame do nódulo revela hifas ramificadas e pigmentadas presas pelo cimento. P. hortae pode crescer em colônia leveduriforme tornando-se mais aveludada. Ascos contendo ascósporos podem ser observados no micro. Tratamento: realizado por um corte de cabelo e lavagem regulares apropriadas. Micoses cutâneas............................................................................................................................... Incluem infecções causadas por fungos dermatofícos (dermatofitoses) e fungos não dermatóficos (dermatomicoses). As principais dentre as micoses são as dermatofitoses, termo que se refere a um complexo de doenças causadas por quaisquer das espécies de fungos filamentosos: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton (são conhecidos como dermatófitos). Todos têm habilidade de invadir a pele, pelos e unhas. São queratinofílicos e queratinolíticos, sendo capazes de destruir as camadas de queratina. Nas infecções de pele, invadem somente a camada mais externa da epiderme, o extrato córneo. A penetração abaixo da camada granular da epiderme é rara. As tinhas são classificadas de acordo com o local anatômico: (1)Tinea capitis; do couro cabeludo, sobrancelhas e cílios. (Na cabeça, algumas determinadas espécies causam inflamações que incomodam muito, chamadas de lesões Quérion. Existe também a lesão tipo Favo, que é muito mais seca). (2) Tinea barbae. (3) Tinea corporis pela glabra ou macia. (4) Tinea cruris; da região inguinal. (5) Tinea pedis; do pé. (6) Tinea unguium; da unha (onicomicose). Morfologia: em biópsia cutânea, todos os dermatófitos são morfologicamente similares e aparecem como hifas septadas, hialinas, cadeias de artroconidios, ou dissociadas de artroconídios que invadem o extrato córneo, folículos capilares e pelos. Quando o pelo é infectado, o padrão de invasão do fungo pode ser ectotrix (os artroconídios são formados fora do pelo), endotrix (artroconídios formados no interior do pelo) ou fávico (hifas, artroconídios e espaços vazios lembrando bolhas – favo de mel). Podem ser corados por HE, mas são melhores visualizados em colorações como GMS e PAS. Ecologia e epidemiologia: ocorrem em todo o mundo, principalmente regiões tropicais e subtropicais. Podem ser classificados de acordo com seu habitat, em: (1) geofílicos, vivem no solo e são patógenos de animais e humanos, (2) zoofilicos, parasitam pelo e pele de animais mas podem ser transmitidos para humanos, e (3) antrofílicos, infectam humanos e podem ser transmitidos de forma direta ou indireta de pessoa a pessoa (por transferência de hifas, artroconídios, material queratínico com esses elementos), são geralmente crônicas e difíceis de curar. Em contraste, os tipos (1) e (2) causam lesões altamente inflamatórias mas respondem bem à terapia. Indivíduos de ambos os sexos e idades são suscetíveis, porém Tinea capitis é mais comum em crianças, e Tinea cruris e pedis mais comuns em homens adultos. Síndromes clínicas: o padrão clássico das dermatofitoses é o “ringworm”, um anel de escamação inflamatória com diminuição da inflamação em direção ao centro da lesão. Em áreas de pelos apresenta-se como manchas circulares elevadas de alopecia com eritema e escamação, ou com pápulas, pústulas e vesículas e quérions (inflamação severa na haste do pelo). Infecções em pele lisa se apresentam como manchas eritematosas e escamosas que expandem em um padrão centrípeto, com clareamento central. Em pés e mãos podem evoluir para onicomicoses, que é usualmente crônica e tornam a unha grossa, descolorida, elevada e deformadas. Pode ser vista em pacientes com AIDS. Diagnóstico laboratorial: microscopia de hifas hialinas septadas e artroconidios direto de amostras da pele, pelos e unhas. Culturas com agar Sabouraud são úteis e podem ser obtidas de raspagem das áreas afetadas. Tratamento: as infecções localizadas que não afetam pelos ou unhas podem ser tratadas com agentes tópicos (azólicos, terbinafina e haloprogina), as outras requerem terapia oral. Os antifúngicos orais incluem griseofulvina, itraconazol, fluconazol e terbinafina. Na prova focal caiu para você descrever a lesão querion e diferencia-la da lesão tipo Favo (ela citou a existência dessas lesões na aula). Na mesma questão, perguntava o gênero que acometia o pelo (no caso, seria o Trichophyton). Ainda na mesma questão, perguntava o nome da lesão que perfura o pelo e se espalha para dentro sem rompe-lo, a resposta é endotrix. Essa questão valia 2,0 pontos. Trichophyton ssp.: tem crescimento rápido; forma colônia algodonosa; poucos macroconídios e muitos microconídios. Afeta todos os sítios anatômicos. O gênero Trichophyton é mais comum no Nordeste. Tem mais preferência por cabelos e a frequência é alta em crianças. No Sudoeste, a espécie mais comum é o Trichophyton rubrum. O Trichophyton tonsurans está presente em várias lesões, como na endotrix (perfura o pelo e se espalha dentro sem romper). O Trichophyton mentagrophytes também é comum causador de lesões. Epidermophyton spp: afeta menos os sítios anatômicos, chegando apenas no pé. A queratina da unha é diferente da queratina da pele e do cabelo. São queratinas mais difíceis de serem quebradas. Pacientes com a mão infectada e a unha devem ser tratados como duas formas distintas de fungos. O Epidermophyton não afeta a unha. O crescimento do fungo é lento, formando uma colônia aveludada. Tem muitos macroconídios e não possui microconídios. Existem vários trabalhos em seres vivos que evidenciam a adesão clara dos fungos após 12 horas do primeiro contato (se o indivíduo banhar-se antes de 12 horas, a chance de prevenção de contaminação com o fungo é alta). Os trabalhos também mostram que com 24h já há germinação e no fim de 72 h já houve invasão e propagação. Toda lesão tem pH levemente ácido (4 – 5), porém, todos esses organismos são básicos. A partir dos metabólitos do fungo, ocorre a basificação da lesão. Isto explica o costume popular de se colocar vinagre e suco de limão nas lesões a fim de tratá-las. No início pode até ajudar, mas em lesões mais crônicas não resolve. Resultados falso-negativos aparecem geralmente por conta da coleta de amostras clínicas, como a coleta de escamas em onicomicoses (na unha). Os fungos queratinofílicos preferem a queratina pura. Quando se vê uma lesão na lateral da unha, pruriginosa, dolorida, com pus e inchaço, a chance de ser levedura e cândida é muito alta; permitindo que o profissional experiente diagnostique a micose a partir do discernimento dos padrões. Microsporum spp: apresentam muitos macroconídios e poucos microconídios. Formam colônias algodonosas ou pulverulentas de rápido crescimento. As principais espécies são o Microsporum canis e Microsporum gypseum. Os Microsporum podem afetar vários sítios anatômicos do homem, exceto os cabelos. Algumas particularidades podem nos permitir determinar sua espécie por análise microscópica: o macroconídio afunilado é característico do M. canis, enquanto o M. gypseum tem o macroconídio mais arredondado. Micoses subcutâneas............................................................................................................................... Certos fungos são introduzidos de forma traumática através da pele e tendem a envolver as camadas mais profundas da derme, tecido subcutâneo e osso. Raramente disseminam para órgãos distantes, o curso clínico é crônico e insidioso, uma vez estabelecido, as infecções são refratárias à maioria dos antifúngicos. A exposição a esses fungos é geralmente ocupacional ou relacionada a passatempos como jardinagem. Esporotricose Linfocutânea: causada por Sporothrix schenckii, a infecção é crônica e caracterizada por lesões nodulares e ulcerativas que se desenvolvem ao longo dos linfáticos que drenam o sítio primário da inoculação. Cresce como fungo filamentoso no ambiente, e em tecidos como levedura pleomórfica. Morfologia: é dimórfico. A forma do fungo filamentoso consiste de hifas estreitas, septadas e hialinas que produzem conídios ovais abundantes dispostos em forma de “pétalas de margarida” na extremidade do conidióforo. A forma de levedura são células leveduriformes esféricas, ovais ou alongadas com brotamento único e raramente múltiplo. Epidemiologia: geralmente esporádica e mais comum em climas quentes. Surtos relacionados ao trabalho em florestas, mineração e jardinagem tem ocorrido. Síndromes clínicas: aparece após trauma local em uma extremidade. O local inicial da infecção aparece como um nódulo pequeno que pode ulcerar. Nódulos linfáticos aparecem 2 semanas após aparecer a lesão primária, que podem ulcerar com o tempo e liberar pus. As lesões cutâneas podem permanecer sem disseminação linfagítica. Diagnóstico laboratorial: requer cultura do pus ou tecido infectado. A confirmação é feita por conversão da forma filamentosa à forma de levedura. Tratamento: iodeto de potássio em solução saturada VO é clássico, com eficácia e baixo custo. Itraconazolé seguro e altamente eficaz em pequenas doses, é a escolha atual. Fluconazol é alternativo. Aplicação de calor no local também se mostra eficaz. Cromoblastomicose: é uma infecção fúngica crônica que afeta pele e subcutâneo. Caracterizada por desenvolvimento de nódulos e placas verrucosas de crescimento lento. Os organismos comumente associados são Fonsecaea, Cladosporium, Exophiala, Cladophialophora, Rhinocladiella e Phialophora. Morfologia: são todos demáceos (pigmentados naturalmente), morfologicamente diversos e muitos são capazes de produzir várias formas quando crescem em cultura. Todos formam células muriformes (linhas verticais e horizontais dentro do mesmo ou de diferentes planos) que são castanhas devido à melanina em suas paredes. Hifas pigmentadas podem estar presentes, as células fúngicas podem estar livres no tecido ou no interior de macrófagos. Epidemiologia: geralmente afeta pessoas que trabalham em áreas rurais nos trópicos. Os agentes etiológicos crescem em plantas e no solo. Acomete pernas e braços devido exposição ocupacional, além de ombros, pescoço, tronco, nádegas, face e orelhas. Fatores climáticos podem influenciar, e não há relatos de transmissão de pessoa a pessoa. Síndromes clínicas: tende a ser crônica, pruriginosa, progressiva, indolor e resistente ao tratamento. Lesões iniciais são pequenas pápulas verrugosas que aumentam lentamente. Infecções estabelecidas se apresentam com verrugas grandes, agrupadas na mesma região. Infecções bacterianas secundárias podem ocorrer. Diagnóstico laboratorial: Apresentação clínica, achados histopatológicos das células muriformes castanhas e o isolamento em cultura dos fungos causais. Tratamento: tratamento antifúngico muitas vezes são ineficazes devido o estágio avançado da infecção. As drogas mais eficazes parecem ser itraconazol e terbinafina, além de pozaconazol que também é utilizado. Calor pode ser aplicado no local antes dos antifúngicos. Micetoma Eumicótico: causados por fungos verdadeiros. Ocorre nos trópicos. É definido clinicamente como uma infecção localizada, crônica e granulomatosa, envolve tecido cutâneo e subcutâneo. Forma muitos granulomas e abcessos que contêm agregados de hifas fúngicas, conhecidos como grânulos ou grãos. Pode deformar músculos, tecido conjuntivo e ossos. Os agentes etiológicos incluem Phaeoacremonium, Curvularia, Fusarium, Madurella, Exophiala, Pyrenochaeta, Leptosphaeria e espécies de Scedosporium. Morfologia: os grânulos dos micetomas são compostos de hifas septadas, demáceas (grãos pretos) ou hialinas (grãos brancos), depende do agente. As hifas são irregulares e distorcidas. Podem estar presentes clamidoconídios grandes e esféricos. Epidemiologia: áreas tropicais com baixo índice de pluviométrico. Pacientes são infectados a partir de fontes na natureza por implantação traumática. Pés e mãos são mais comuns, mas pode aparecer em dorso, ombros e tórax. Homens são mais afetados que as mulheres. Os micetomas não são contagiosos. Síndromes clínicas: similar à cromoblastomicose, infecção de longa duração. A lesão inicial é um nódulo indolor que aumenta lentamente de tamanho. A área se torna desfigurada como resultado da inflamação crônica e fibrose. Há drenagem de um líquido serossanguinolento que contém grânulos visíveis. Destrói localmente músculos e ossos. Diagnóstico laboratorial: demonstração dos grãos ou grânulos, que podem ser grosseiramente visíveis na drenagem dos tratos sinusais, ou obtenção por biópsia cirúrgica profunda. Os grãos são visualizados no tecido corado com HE. Tratamento: geralmente sem sucesso. A resposta à anfotericina B, cetoconazol e itraconazol é variável, muitas vezes fraca, embora possa diminuir o curso da infecção. Respostas promissoras têm sido com terbinafina, voriconazol e posaconazol. Amputação é o único tratamento definitivo, mas leva em conta vários fatores. Feo-hifomicose: conjunto heterogêneo de infecções causadas por fungos pigmentados ou demáceos, presentes como hifas irregulares ao invés de células muriformes. Pode ser causada por vários fungos, todos presentes no solo como saprófitos. Estrutura leveduriforme com brotamento. Morfologia: todos crescem como fungos filamentosos negros em cultura e aparecem com hifas irregulares em tecidos. A pigmentação da parede celular varia de clara a aescura. Epidemiologia: mais de 20 fungos demáceos têm sido citados como causa. Os mais frequentes são Exophiala jeanselmei, Alternaria, Curuvularia, Phaeoacremonium e Bipolaris spp. A infecção parece ser traumática. Síndromes clínicas: apresenta um cisto inflamatório solit´rio. Lesões geralmente em pés e pernas, aumentam lentamente e se expandem em meses/anos. São em geral indolores. Diagnóstico laboratorial: baseado na excisão cirúrgica do cisto, feito exame histopatológico, mostrando cisto inflamatório com cápsula fibrosa, reação granulomatosa e necrose central. Cultura pode ser feita. Tratamento: excisão cirúrgica. Lesões em forma de placas respondem a itraconazol. Posaconazol, voriconazol e terbinafina também podem ser ativos contra esses fungos. Lacaziose (lobomicose): infecção causada por Lacazia loboi, doença vista nos trópicos. Infeções ocorrem somente no homem e em golfinhos. Morfologia: leveduriforme, esférica ovalada. Os fungos possuem parede celular espessa, e se reproduzem por brotamento. Podem ser confundidos com a forma de “roda de leme” dos Paracoccidioides brasiliensis. São geralmente intracelulares. Epidemiologia: endêmica em regiões tropicais das américas. Acredita-se que L. loboi seja saprófita do solo ou vegetação. O trauma cutâneo é a provável forma de infecção. Habitat aquático também é provável. Não há evidencia de transmissão de pessoa a pessoa. Lavradores, caçadores e mineradores têm maior incidência da doença. Atinge todas as faixas etárias com início da fase de pico entre 20 e 40 anos. Síndromes clínicas: desenvolvimento lento de nódulos cutâneos de tamanho e forma variadas. As lesões variam de máculas, pápulas, nódulos queloides e placas a lesões ulcerosas e verrugas. Não envolve mucosas nem órgãos internos. A parte do prurido, hipestesia e anestesia da área, o paciente é assintomático. Diagnóstico laboratorial: baseado na presença das células leveduriformes características do exsudato da lesão ou secções teciduais. Biopsia revela infiltrado granulomatoso disperso com formas fungicas na derme e tecido subcutâneo. L loboi se cora por PAS e GMS. L loboi nunca foi cultivado in vitro. Tratamento: Excisão cirúrgica de lesões locais são a melhor terapia. Clofazimina tem sido utilizada, mas não é muito satisfatório.
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