Buscar

Alienação parental na perspectiva jurídico penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO
Lorrane Torres Andriani
ALIENAÇÃO PARENTAL NA PERSPECTIVA JURÍDICO-PENAL. 
Recife/PE
2014
		A Síndrome da Alienação Parental, termo desenvolvido pelo psiquiatra norte americano Richard A. Gardner em 1985, tem como característica a repudia de uma criança por um de seus genitores, sem qualquer justificativa, decorrente da doutrinação do outro genitor, veja-se a definição do próprio psiquiatra infantil.
... um distúrbio que surge principalmente no contexto de disputas de custódia da criança. Sua manifestação primária é a campanha do filho para denegrir progenitor, uma campanha sem justificativa. A desordem resultada da combinação da doutrinação pelo progenitor alienante e da própria contribuição da criança para o aviltamento do progenitor alienado.
Gardner, RA (2001). "Parental Alienation Syndrome (PAS): Sixteen Years Later ". Academy Forum 45 (1): 10–12.
		Apesar da SAP (síndrome da alienação parental) ser discutida desde a década de 1940, apenas em 1985 recebeu a nomenclatura que possui até os dias atuais, a referida síndrome ainda não é reconhecida pela comunidade médica como uma patologia, no entanto, a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Psicologia, já aceitam a existência da síndrome, não como patologia em si, mas como uma conduta que acaba por desenvolver patologias psiquiátricas ou psicológicas na criança vitimada, sendo neste aspecto equiparada ao Bullying.
		O Brasil, além de ser pioneiro no reconhecimento desta mazela social, também o foi no âmbito jurídico, vez que é o único país que possui legislação específica para o problema e o regulamenta.
		A lei 12.318/2010 vem afirmar a alienação parental como fato jurídico e prever tratamento específico para os casos em que há constatação de sua ocorrência no âmbito de ações de divórcio e guarda. 
Art. 2 Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
		Vale salientar que a alienação parental não é vista como crime em si pelo ordenamento jurídico brasileiro, ou seja, não constitui fato típico, entretanto há a previsão de medidas a coibir a prática, bem como o arbitramento de sanções pelo juiz, caso necessário. Vejamos.
Art. 6 Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
Para a averiguação da alienação parental, faz-se necessária a ocorrência de perícia por psicólogo forense, a fim se determinar a incidência ou não da prática, a partir desta constatação que será possível as medidas acima delineadas.
No âmbito penal, tem-se que apenas haverá cerceamento de liberdade do alienante para o caso de desobediência das medidas impostas pelo judiciário, de modo que se esbarra na previsão do art. 330 do CP.
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Conclui-se, portanto, que a lei veio para mudar o contexto vivido pelas vítimas desta prática covarde e evitar consequências mais drásticas na vida daquelas crianças que, além do sofrimento natural pela dissolução da união dos pais, ainda tenham que sofrer com uma campanha imoral e irracional feita por um genitor contra o outro como meio de promover retaliações ao seu ex-cônjuge pensando em amenizar, com isso, sua própria angústia.
Ainda não se tem a alienação parental como fato típico, entretanto, há de se reconhecer o avanço brasileiro na seara jurídica, no que diz respeito a esta prática, a qual está em fase de investigação e pesquisa, para que em um futuro próximo possa-se punir com maior severidade os genitores que proporcionam uma infância penosa e cheia de conflitos individuais a seus filhos.

Continue navegando