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Tecnologia do DNA recombinante - produção de biofármacos Fabricio Fernandes Introdução • A dupla hélice: Francis Crick e James Watson (1953). – Nobel em 1962 Introdução • Dogma central da genética molecular. Introdução Tecnologia do DNA recombinante (década de 70...) • Tecnologia do DNA consiste nas técnicas coletivas para obtenção, amplificação e manipulação de fragmentos específicos de DNA. • A engenharia genética, a aplicação da tecnologia do DNA a problemas biológicos, médicos ou agrícolas específicos, é agora um ramo bem estabelecido da tecnologia. • O termo DNA recombinante geralmente é reservado para as moléculas produzidas pela junção artificial de DNA obtido de diferentes fontes biológicas. Introdução Tecnologia do DNA recombinante (década de 70...) • Aplicações: Estudos Estrutura/Função Vacinas Agentes Terapêuticos Diagnóstico Laboratorial Melhoramento Vegetal/Animal Terapia Gênica Introdução Metodologia básica DNA recombinante 1. O DNA a ser clonado é purificado de células ou tecidos. 2. São usadas proteínas chamadas enzimas de restrição para gerar os fragmentos específicos de DNA (gene alvo/inserto). 3. Os fragmentos produzidos pelas enzimas de restrição são unidos a outras moléculas de DNA que servem como vetores, ou moléculas transportadoras. 4. A molécula de DNA recombinante é transferida para uma célula hospedeira. 5. Quando as células hospedeiras se replicam, as moléculas de DNA recombinante que se encontram em seu interior são transmitidas a toda a sua prole (clonagem gênica). 6. O DNA clonado pode ser recuperado das células hospedeiras, purificado e analisado. 7. O DNA clonado, então, pode ser transcrito e traduzido. Introdução • Quais técnicas estão envolvidas na metodologia do DNA recombinante? Clonagem gênica • Um modo de se obter numerosas cópias de um fragmento específico de DNA é colocá-lo em uma bactéria e deixar que ela replique esse fragmento. Esse processo é chamado de clonagem gênica, porque são produzidas cópias idênticas (clones) do trecho original do DNA alvo. • Para que clonar genes ou fragmentos de DNA? – Realização de estudos nas mais variadas áreas da genética: genômica, transcriptômica e proteômica. Clonagem gênica Considerações no desenvolvimento de uma estratégia de clonagem: – O gene e a proteína que ele codifica é conhecido? – Qual o tamanho do gene? – Tipo do vetor. – Tipo de organismo que o gene será clonado. – Como será realizada a transferência do vetor recombinante para o organismo hospedeiro. – Como será feita a identificação das células (organismos) que receberam o vetor recombinante. Clonagem gênica Enzimas de restrição • Se liga ao DNA e reconhece uma sequência nucleotídica específica, denominada sequência de reconhecimento ou sítio de restrição. • A maioria dos sítios de restrição exibe uma forma de simetria descrita como palíndromo, o que significa que ambos os filamentos têm a mesma sequência de nucleotídeos, porém em sentido oposto. • Outra propriedade importante de algumas enzimas de restrição é que elas produzem “extremidades coesivas”. Clonagem gênica Nomenclatura das enzimas de restrição Primeira letra maiúscula = gênero Segunda e terceira letras = espécie Letra adicional = cepa da bactéria Número em algarismo romano = número da enzima descoberta • Ex.: a enzima EcoRI foi descoberta em Escherichia coli, cêpa RY13, e foi a primeira enzima de restrição identificada naquela espécie (por isto a designação I). Clonagem gênica Enzimas de restrição Animação Clonagem gênica Vetores de clonagem: – Um vetor de clonagem é uma molécula de DNA estável, replicante, à qual um fragmento de DNA pode ser ligado para introdução em uma célula. • Tipos: – Plasmídeos (insertos até 15 Kpb). – Fagemídeos (insertos até 23 Kpb). – Cosmídeos (insertos até 44 Kpb). – BAC / Bacterial Artificial Chromosome (insertos até 300 Kpb). – YAC / Yeast Artificial Chromosome (insertos até 2 Mpb). – HAC / Human Artificial Chromosome (insertos até 10Mpb ). • A escolha é feita considerando as questões técnicas e financeiras. Clonagem gênica Os plasmídeos atendem à maioria das necessidades. Clonagem gênica Célula hospedeira: Escherichia coli. Escherichia coli Microbiologia Genética Bioquímica Clonagem gênica Vantagens de se utilizar E. coli : • Pouca exigência nutricional: – Sais, proteínas e açúcares. • Replicação rápida: – 20 minutos/geração. • Métodos eficientes, fáceis e de baixo custo: – Transformação e extração de plasmídeos. • Diversos plasmídeos para clonagem. Clonagem gênica Metodologia: Clonagem gênica Inserto (gene de interesse/fragmento de DNA): • Como isolá-lo? – Enzimas de restrição – PCR • Há sítios de restrição no inserto que poderão ser utilizados na clonagem? – Sim, ok! – Não! Faça o uso da PCR utilizando oligonucleotídeos (primers/iniciadores) com sítios de restrição artificial. Clonagem gênica Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): Clonagem gênica (a) Digestão enzimática do vetor e do inserto: Reação ideal 37 ºC. Entre 2 e 16h (depende quantidade DNA). (b) Ligação vetor/inserto Reação ideal entre 4 e 16 ºC. 16h (DNA Ligase convencional). Obs.: condições de acordo com fabricante. Clonagem gênica • Cálculo para estimar a quantidade de DNA (inserto) a ser utilizado em uma reação de ligação. 50 ng vetor X PM inserto (Kb) PM vetor (Kb) X (ng) = 1:1 3:1 10:1 Clonagem gênica Transformação bacteriana: Animação Clonagem gênica Seleção dos clones positivos • O clone positivo pode ser selecionado por genes marcadores que revelam sua presença nas células hospedeiras. • Exemplos: – Gene LacZ degrada uma substância X-Gal dando uma coloração azul a colônia. – Genes de resistência à antibióticos. Clonagem gênica Seleção dos clones positivos por coloração Clonagem gênica Seleção dos clones positivos – Apenas resistência a antibiótico: realiza-se PCR de colônias. Clonagem gênica Sequenciamento Expressão gênica • Em termos genéticos, expressão significa, da forma mais simples, a manifestação da informação genética, seja de um único gene ou de todo um conjunto deles; o que por sua vez resulta em proteínas as quais juntamente com o ambiente nos fornecem o fenótipo. • A maioria das técnicas, vistas anteriormente, para se clonar genes ou fragmentos de DNA são válidas tanto para a clonagem gênica quanto para expressão. Entretanto há detalhes que devem ser considerados... Em termos gerais... Há clonagem sem expressão, mas não há expressão sem clonagem. Expressão gênica Célula hospedeira Procariotos Eucariotos Vantagens Conhecimento Baixa toxicidade Fácil cultivo Fácil cultivo Controle da expressão Estrutura protéica Sistemas de purificação Função protéica Sistemas de endereçamento Sistemas de purificação Produção larga escala Desvantagens Estrutura e função protéica Sistemas de expressão Corpúsculo de inclusão Produção larga escala Endotoxinas (LPS) Custo Expressão gênica • Sistema de expressão: é composto por diversos elementos que funcionam em conjunto e assim propiciam alcançar os objetivos. – Vetores: • Promotores e operadores • RBS • Terminadores • Sequencias de endereçamento • Sequencias de purificação – Células: • Sistemas de recombinação • Codon usage Expressão gênica Sistema de expressão: vetores Expressão gênica Sistema de expressão: vetores • Promotores: – Quanto mais consensual melhor: maiores níveis de expressão. Expressãogênica Sistema de expressão: vetores • Operador: – Sistemas de indução: controle da expressão gênica. Expressão gênica Sistema de expressão: vetores • RBS (Ribosome Binding Site / Shine-Dalgarno): – Quanto mais consensual melhor: maior a eficiência da tradução. Expressão gênica Sistema de expressão: vetores • Terminadores (formam hairpin) Expressão gênica Sistema de expressão: vetores • Sequências de purificação (ex.: 6-His): – Colunas cromatográficas: facilitam a purificação Expressão gênica Sistema de expressão: Codon Usage • Organismos diferentes: – Códons preferenciais: baixa expressão. • Soluções: – Alterar a sequência: síntese gênica. – Linhagens alternativas. Expressão gênica Sistema de expressão: Vetor pET Expressão gênica Sistema de expressão: E. coli + pET – E. coli linhagem BL-21 Purificação de proteínas recombinantes Passos iniciais para purificação – Extração • Lise celular: química; enzimática; mecânica. • Fracionamento proteico: centrifugação; filtração. • Concentração: precipitação química. – Análise • SDS-PAGE. • Western-Blot. • Espectrometria de massa. – Purificação • Cromatografia: colunas filtração, afinidade... Purificação de proteínas recombinantes Esquema geral Purificação de proteínas recombinantes SDS-PAGE – A eletroforese é uma técnica baseada na separação de macromoléculas por aplicação de um campo elétrico. Quando um campo elétrico é aplicado a uma solução de proteínas, estas moléculas migram numa direção e com uma velocidade que refletem a sua dimensão (massa molecular) e carga global. – A separação de proteínas tornou-se possível com o desenvolvimento da eletroforese em gel de poliacrilamida ou PAGE (de PolyAcrylamide Gel Electrophoresis) em que às amostras a separar é adicionado o detergente SDS (Sodium Dodecyl Sulfate). O detergente SDS é usado para desnaturar proteínas com várias subunidades e para cobrir as moléculas da proteína com cargas negativas. Deste modo, a carga intrínseca da proteína é mascarada, e a razão carga/massa torna-se constante. Assim, as proteínas são separadas em função do seu tamanho, tal como no caso das moléculas de DNA na eletroforese de ácidos nucléicos, em que as amostras aplicadas no gel migram no sentido do eletrodo positivo. Purificação de proteínas recombinantes SDS-PAGE Purificação de proteínas recombinantes Análise da expressão por SDS-PAGE Purificação de proteínas recombinantes O problema: – Um dos maiores problemas encontrados durante o procedimento de extração proteica diz respeito aos “corpúsculos de inclusão”. – Não é possível predizer quais proteínas podem formar corpúsculos de inclusão. Purificação de proteínas recombinantes SDS-PAGE / Western Blot – A imunodetecção (também denominada “immunoblot”) é uma técnica que possibilita reconhecer e quantificar antígenos a partir de um gel de eletroforese, geralmente SDS- PAGE. – Transferência para membrana: o gel de eletroforese é um meio pouco apropriado para a imunodetecção, isto é, não é um bom suporte para as ligações antígeno/anticorpo. Assim sendo, utiliza-se membranas constituídas geralmente de papel, isto é, de celulose, alteradas quimicamente. Como exemplo, pode-se citar a nitrocelulose, que possui grupos nitro ligados à celulose produzindo desta forma um suporte com alta afinidade por proteínas, fazendo com que estas permaneçam presas a sua superfície. Para transferir o antígeno do gel de eletroforese para a membrana utiliza-se um campo elétrico (mesmo princípio da eletroforese). Neste método, coloca-se a membrana sobre o ânodo (+) coberto por vários papeis filtro e em seguida o gel, que entrará em contato com o cátodo (-), também através de papéis filtro, fazendo com que as proteínas, ainda embebidas em SDS (-), possam migrar para o ânodo. Purificação de proteínas recombinantes SDS-PAGE / Western Blot Purificação de proteínas recombinantes Western Blot Purificação de proteínas recombinantes • Como purificar sua proteína? • Colunas cromatográficas: – De acordo com a matriz, proteínas podem ser separadas por: • Carga. • Tamanho. • Sua capacidade de se ligar a um grupo químico específico. Purificação de proteínas recombinantes Cromatografia de troca iônica: Purificação de proteínas recombinantes Cromatografia de filtração: Purificação de proteínas recombinantes Cromatografia de afinidade: Purificação de proteínas recombinantes Cromatografia de afinidade: Purificação de proteínas recombinantes Resultado