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Economia Cafeeira e a Crise do café

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Economia Cafeeira e a Crise do café
Cite alguns dos principais fatores que possibilitaram a expansão do café no Brasil.
Disponibilidade de terra, disponibilidade de mão de obra, poucos obstáculos para a expansão do café
Quem era o responsável por fazer a ponte entre o sistema bancário e o produtor de café para o financiamento dos custos de produção?
“Visto que a formação da lavoura e a produção de café necessitavam de
financiamento, coube ao comerciante ocupar o espaço deixado pela inexistência de
vínculos diretos entre o fazendeiro e os bancos.”
“Cabia ao comerciante a função de prover ao fazendeiro os recursos necessários
para a formação da lavoura e para o trato do cafezal e a colheita do café. Em
outras palavras, cabia ao comerciante fornecer os recursos para a formação do
capital fixo e de giro da produção. Era o comerciante, pois, o “banqueiro” da
lavoura.”
Quais fatores relacionados ao cultivo de café faziam com que o lucro obtido na produção do café não tivesse inicialmente, participação importante entre as fontes de financiamento da produção?
“Primeiro, por se tratar de uma cultura permanente que exige um período
relativamente longo para sua formação. As variedades de café correntes no começo
do século passado produziam seus primeiros frutos somente no quarto ano após o
plantio, e mesmo essa colheita inicial era modesta. A lavoura era considerada
formada e em plena produção apenas no quinto ou sexto ano de vida. Em
consequência, os gastos com a formação exigiam uma inversão de recursos cujos
primeiros retornos tardariam longo tempo para aparecer.”
“A segunda razão refere-se às elevadas exigências do trato do cafezal. São
necessárias diversas carpas durante o ano para conservar a lavoura limpa a fim de
preservar a produtividade da planta. É assim evidente que, se o regime de trabalho
envolvia remuneração monetária da força de trabalho, a lavoura exigia muito
capital de giro para sua operação. Tais observações merecem atenção quando se
busca explicar a dependência do fazendeiro de café diante do comerciante, na época”
Qual era a motivação do comerciante para assumir o papel de financiador da produção de café?
“Sendo informal, o sistema creditício revelava-se flexível e adequado ao
fazendeiro. Se por acaso a colheita fosse pequena, ou se baixassem as cotações
do café no mercado internacional e os preços no mercado interno, o pagamento
do empréstimo era muitas vezes postergado. As vantagens que um sistema de
crédito como esse proporcionava tanto ao comissário quanto ao fazendeiro eram
evidentes. A este último (o fazendeiro), em particular, era altamente favorável:
tinha acesso ao crédito de que necessitava a juros razoáveis e ainda contava
com flexibilidade em períodos de aperto financeiro. Ao comissário, por sua vez,
mesmo não auferindo lucros no repasse, cabia a vantagem de assegurar para si
a colheita do fazendeiro, cuja comercialização lhe proporcionava os lucros da
sua atividade.”
Que características permitiam ao comissário (comerciante) obter credito com os bancos, enquanto os fazendeiros o mesmo credito era negado.
O acesso ao crédito era muito condicionado às relações pessoais
“Uma razão básica residia no fato de que o crédito, durante todo o século XIX e até
1930, era basicamente constituído de empréstimos pessoais. Em consequência, o
conhecimento e as relações pessoais assumiam relevância na concessão do
financiamento. O comércio comissário situava-se, dessa forma, em posição
privilegiada junto aos bancos, enquanto os fazendeiros encontravam enorme
dificuldade.”
A maior parte do lucro estava concentrada na atividade comercial
• “A razão principal, contudo, para o acesso dos comissários ao financiamento
bancário, bem como para a inexistência de um vínculo efetivo entre os bancos e os
fazendeiros no começo do século XX, residia na própria natureza da empresa do café.
De um lado, os capitais da época, fossem eles nacionais ou estrangeiros, estavam
aplicados basicamente no grande negócio que era o comércio do café. Sendo o
produto uma das mercadorias de maior valor no comércio internacional, era na
esfera da comercialização que se realizavam os grandes negócios, acumulavam-se
fortunas e prosperavam as empresas.”
Onde ficava localizados os portos mais importantes para a exportação do café produzido no Brasil?
Santos e do Rio de Janeiro
Qual era a justificativa para que os exportadores tivessem maior controle sobre o preço do café no mercado interno em relação aos comerciantes
“Os exportadores estrangeiros da praça de Santos exerciam um papel de
oligopsônio sobre vendedores, enquanto as casas comissárias organizavam-se
numa estrutura concorrencial.”
• Como consequência desse poder de mercado, os exportadores tinham maior
domínio sobre o preço do café no mercado doméstico. Sendo assim, as casas
comissárias tendiam a sofrer um prejuízo superior ao dos exportadores quando o
preço internacional do café diminuía.
Cite os principais conflitos de interesse entre os comerciantes e os fazendeiros de café
“Quando um tipo de café de qualidade era misturado com outros, de qualidade
inferior, alcançavam-se preços mais baixos. Para o comissário, essa prática era
interessante, pois assim encontrava colocação para produtos que, de outro
modo, não teriam mercado. Isto é, ao comissário interessava vender pelo maior
preço, mas vender todo o café de que dispunha em consignação, o que
acarretava perdas para o fazendeiro que enviava um café fino a Santos.”
“Outras práticas também prejudicavam o fazendeiro. O café vendido pelo
comissário ao exportador era acompanhado de uma simples conta de venda do
comissário ao fazendeiro, relatando as condições da venda e o crédito que o
fazendeiro possuía em sua conta na casa comissária. Nada impedia que este
emitisse a conta de venda em data posterior à data em que a transação fora de
fato realizada.”
• Tais práticas, cuja generalização é obviamente impossível de ser avaliada, eram,
contudo, motivo de queixas por parte dos fazendeiros. Essa reação veio à tona,
como se poderia esperar, nos momentos difíceis de superprodução e queda dos
preços do café. Foi justamente nesses momentos que o mecanismo de
comercialização e financiamento do café, baseado no comissário, começou a se
mostrar inadequado para o empreendimento cafeeiro.
O que fazia com que o lucro obtido com o café fosse reinvestido na expansão da produção do mesmo produto?
A grande rentabilidade do café em relação às alternativas de investimento no Brasil
fazia com que os lucros obtidos nessa atividade fossem utilizados para expandir a
produção de café, aumentando cada vez mais a oferta
• “No caso do Brasil, o produto que apresentava maior vantagem relativa era o café.
Enquanto o preço desse artigo não baixasse a ponto de que aquela vantagem
desaparecesse, os capitais formados no país continuariam acorrendo para a cultura do
mesmo. Portanto, era inevitável que a oferta de café tendesse a crescer, não em função
do crescimento da procura, mas sim da disponibilidade de mão-de-obra e terras
subocupadas, e da vantagem relativa que apresentasse esse artigo de exportação.”
O que permitia o Brasil manter um certo controle sobre o preço internacional do café?
• No final do século XIX, o Brasil era o líder disparado da produção
mundial de café, permitindo um certo controle sobre a oferta e
consequentemente sobre o preço internacional
• “Ocorreu, entretanto, que a grande expansão da cultura cafeeira, do
final do século XIX, teve lugar praticamente dentro das fronteiras de
um só país. As condições excepcionais que oferecia o Brasil para essa
cultura valeram aos empresários brasileiros a oportunidade de
controlar três quartas partes da oferta mundial desse produto.”
Qual a fração da produção mundial do café era produzida no Brasil?
3/4
Quais os principais
problemas causados pelo plano de valorização do café?
O esforço para manter o preço do café elevado fazia com que os lucros se
mantivessem elevados. Isso estimulava ainda mais a expansão da oferta e, dado
que a demanda por café não crescia na mesma proporção, a necessidade de
empréstimos estrangeiros se tornava cada vez maior.
• Falta de alternativas de investimento.
• Desequilíbrio estrutural entre oferta e procura.
• O fato do financiamento do plano de valorização ser feito via empréstimo
estrangeiro deixava essa política vulnerável a choques adversos no mercado
internacional de crédito.
A quem beneficiou o plano de valorização do café?
Quem ofertava
Explique a contribuição da baixa elasticidade-renda da demanda por café para o desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
Enquanto aumenta dessa forma a produção, mantêm-se praticamente estabilizadas
as exportações. Em 1927-29 as exportações apenas conseguiam absorver as duas
terças partes da quantidade produzida [...] A procura continuava a evoluir dentro
das linhas tradicionais de seu comportamento. Se se contraía pouco nas
depressões, também pouco se expandia nas etapas de grande prosperidade. Com
efeito, não obstante a grande elevação da renda real, ocorrida nos países
industrializados no decênio dos vinte, essa prosperidade em nada modificaria a
dinâmica própria da procura de café, a qual cresce lenta mas firmemente com a
população e a urbanização.
Ex: “Nos EUA, principal importador, onde a renda real per capita aumentou cerca
de 35 por cento no correr desse decênio, o consumo de café se manteve em torno
de 12 libras-peso por habitante, se bem que os preços no varejo se mantivessem
estáveis.”
Qual teria sido a alternativa para a atenoar a tendência de super produção do café?
“A solução que à primeira vista pareceria mais racional consistia em
abandonar os cafezais. Entretanto, o problema consistia menos em
saber o que fazer com o café do que decidir quem pagaria pela perda.
Colhido ou não o café, a perda existia. Abandonar os cafezais sem dar
nenhuma indenização aos produtores significava fazer recair sobre
estes a perda maior.”
• Porém, a influência da classe dirigente cafeeira fazia com que essa
opção fosse pouco provável.
Porque a produção continuava crescendo mesmo após a crise de 29 e a conseqüente interrupção dos empréstimos estrangeiros que financiavam a compra no estoque do café
“A depreciação da moeda, ao atenuar o impacto da baixa do preço
internacional sobre o empresário brasileiro, induzia este a continuar
colhendo o café e a manter a pressão sobre o mercado. Essa situação
acarretava nova baixa de preços e nova depreciação da moeda,
contribuindo para agravar a crise.”

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