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Prof. Mateus Silva de Souza BOA VISTA – RR - 2012 5. ANATOMIA RADIOGRÁFICA Objetivo: Reconhecer o anormal a partir do conhecimento do normal, ou seja: “um sólido subsídio da anatomia do complexo estrutural dentomaxilomandibular e estruturas adjacentes, direta ou indiretamente com eles relacionadas, constitui um substrato imprescindível à interpretação radiográfica.” (Freitas et al, 2004). CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A INTERPRETAÇÃO DE RADIOGRAFIAS 1. Conhecimento e domínio das técnicas intra e extrabucais; 2. Conhecimento de anatomia radiológica; 3. Conhecimento de patologia radiológica. 1) Conhecimento e domínio das técnicas intra e extrabucais Para cada tipo de incidência, ocorre uma imagem radiográfica peculiar, própria daquela incidência e que se modifica com as alterações técnicas; O profissional tem que conhecer exatamente como a radiografia foi feita e como nela aparecem as estruturas radiografadas. 2) Conhecimento de anatomia radiológica O profissional deve possuir sólidos conhecimentos da anatomia da região e, sobretudo, da maneira como estas estruturas anatômicas podem estar representadas na radiografia; Deve dominar também as variações anatômicas, tendo em vista que é comum a mesma estrutura anatômica aparecer modificada de indivíduo para indivíduo e, em regiões homólogas de um mesmo indivíduo. 3) Conhecimento de patologia radiológica A patologia óssea/dentária pode aparecer numa radiografia como uma imagem radiolúcida, radiopaca ou parcialmente radiolúcida ou parcialmente radiopaca; É necessário o conhecimento do comportamento das imagens radiográficas da patologia óssea/dentária. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A INTERPRETAÇÃO DE RADIOGRAFIAS 1. A região a ser interpretada deve aparecer totalmente na radiografia e na incidência que melhor reproduza a região fotografada; 2. A radiografia a ser interpretada deve abranger não somente os limites de uma região suspeita, mas deve também mostrar o tecido ósseo normal que circunda esta região; 3. Para se interpretar uma radiografia, há necessidade do conhecimento das estruturas anatômicas e de suas variações, bem como das entidades patológicas que podem provocar o aparecimento de imagens radiográficas; 4. Sempre que se inicia um tratamento odontológico, há necessidade de um levantamento completo dos arcos dentais e/ou das regiões edêntulas, se existentes, mesmo que não ocorra uma suspeita clínica. (???) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A INTERPRETAÇÃO DE RADIOGRAFIAS MEIOS AUXILIARES PARA A VISUALIZAÇÃO DE RADIOGRAFIAS As radiografia para serem visualizadas, necessitam ser colocadas de maneira que a luz passe através dela: luz natural, luz artificial (negatoscópio); A radiografia pode também ser visualizada a olho nu ou com o auxílio de lentes de aumento. DENTES E PERIODONTO Os dentes e tecidos de sustentação, graças aos diferentes graus de densidade de seus componentes, são, normalmente, radiograficamente bem definidos, particularmente nos jovens. Estruturas dentárias e de suporte em grau decrescente de radiopacidade Esmalte + radiopaco Cortical alveolar (lâmina dura) Dentina Cemento Apófise alveolar Cavidade Pulpar Espaço periodontal ou pericementário + radiolúcido ESMALTE É identificado como uma imagem radiopaca bem definida, disposta em forma de casquete recobrindo toda a coroa, cuja espessura vai se adesgaçando à proporção em que se aproxima da margem cervical, onde termina; O grau de radiopacidade do esmalte é um dos sinais mais importante na pesquisa de cáries, especialmente interproximais. esmalte CORTICAL ALVEOLAR – LÂMINA DURA Porção da parede do alvéolo onde se inserem as extremidades externas das fibras periodontais; Radiograficamente, apresenta-se como uma linha radiopaca, uniforme, que sofre variações de acordo com a morfologia da raiz dentária; Continua-se sem interrupção para formar a crista alveolar, importante no estudo das periodontopatias. Lâmina dura Crista alveolar DENTINA Menos radiopaca que o esmalte, pelo qual é recoberta e protegida, representa a maior porção dos tecidos duros do dente; Pode apresentar variações no seu aspecto radiográfico por questões de ordem fisiológica. dentina CEMENTO Em condições normais, apresenta- se como uma estrutura delgada, tornando-se impossível a sua diferenciação radiográfica da dentina. Exceção: casos de hiperplasia. cemento APÓFISE ALVEOLAR (OSSO ALVEOLAR) A distribuição arquitetônica do osso alveolar, a forma e tamanho das trabéculas, estão subordinadas às forças que atuam sobre os maxilares. Radiograficamente, o mais frequente é o aspecto de estrutura trabecular, radiopaca, delimitando espaços medulares radiotransparentes; Também pode apresentar alterações fisiológicas, em consequência da idade. Osso alveolar CAVIDADE PULPAR Por sua alta permiabilidade aos Raios-x, apresenta-se como uma imagem radiolúcida, ocupando o centro do dente e se estendendo da porção coronária (câmara pulpar) ao ápice do mesmo (conduto radicular); Possui topografia variada, segundo o dente a que pertence; Também pode apresentar variações quando à idade. Câmara pulpar- Polpa Coronária Conduto radicular - Polpa radicular ESPAÇO PERIODONTAL OU PERICEMENTÁRIO Corresponde ao espaço ocupado pelo periodonto; Radiograficamente, é visto como uma linha radiolúcida delgada contornado a raiz em toda a sua periferia; Importante também para o diagnóstico de periapicopatias. Espaço periodontal MAXILA Estruturas ósseas e cavidades presentes na maxila e regiões circujacentes Fossas nasais Sombra das narinas Espinha nasal anterior Canal incisivo Sutura intermaxilar Canal nasolacrimal Fosseta multiforme Seio maxilar Tabiques ou septos Canais nutrícios Hâmulo pterigoideo Tuberosidade (túber) Processo coronoide da mandíbula Processo zigomático FOSSAS NASAIS Apresentam-se, nas radiografias periapicais dos dentes incisivos superiores, como duas imagens radiolúcidas, simetricamente dispostas acima dos dentes incisivos superiores e separadas por uma espessa faixa radiopaca, que se estende até o assoalho da mesma, correspondendo ao registro radiográfico do Vômes (septo nasal). Fossas nasais Septo nasal Conchas nasais FOSSAS NASAIS O assoalho da fossa nasal pode se extender para a região de incisivos lateral e canino e também para a região posterior, quando se sobrepõe ao seio maxilar. SOMBRA DAS NARINAS Em alguns casos, observa-se a superposição da sombra das narinas sobre o osso alveolar, aumentando o seu grau de radiopacidade. Sombra da narina ESPINHA NASAL ANTERIOR Registrada radiograficamente como uma pequena área radiopaca em forma de V, vista abaixo do septo nasal, correspondendo à superposição da maxila na borda inferior da fossa nasal. Espinha nasal anterior CANAIS E FORAME INCISIVO Podem ser vistos nas radiografias periapicais dos IS e CS, como duas linhas radiolúcidas de largura e longitude variáveis, externamente delimitadas por duas outras linhas radiopacas; Os canais incisivos terminam no forame palatino anterior (incisivo), à altura do rebordo alveolar, entre as raízes dos ICS ou acima de seus ápices, podendo sugerir lesão periapical. Canais incisivosForame incisivo CANAIS E FORAME INCISIVO SUTURA INTERMAXILAR Identificado especialmente em pessoas jovens; Nota-se uma linha radiolúcida de regularidade geométrica; No adulto, nem sempre é bem definida, podendo ser confundida com uma linha de fratura, especialmente em politraumatizados; Forame incisivo CANAL NASOLACRIMAL Corresponde a um registro anatômico somente observado nas radiografias oclusais da maxila, sendo identificado como uma área radiolúcida bem definida, de forma mais ou menos arredondada, próxima aos primeiros ou segundos molares. FOSSETA MIRTIFORME, SUBNASAL OU INCISIVA Situada entre o canino e o incisivo lateral superiores; Pode ser visualisada como uma área radiolúcida alongada, que corresponde ao registro da fóvea ou depressão óssea supra- incisal; Tem forma e extensão variáveis e pode ser confundida com um cisto glóbulo-maxilar. Fosseta mirtiforme SEIO MAXILAR Entidade anatômixa da maxila, que apresenta relações anatomotopográficas com os ápices dentários, particularmente pré- molares e molares; É o maior dos seios paranasais e varia de tamanho inter e intra-indivíduos. Seio maxilar Assoalho do seio maxilar SEIO MAXILAR Radiograficamente, podem ser observadas as extensões ou prolongamentos dos seios maxilares, classificados como: a) Alveolar b) Anterior c) Para o Túber; d) Palatina Extensão alveolar Extensão anterior Extensão para o túber Y invertido de Ennis Extensão palatina SEIO MAXILAR TABIQUES OU SEPTOS São frequentemente encontrados, parecendo dividir o seio maxilar em mais de uma cavidade – os chamados divertículos; Apresentam-se radiograficamente como duas linhas radiopacas de direção a altura variáveis. Septo CANAIS NUTRÍCIOS OU NUTRITIVOS Vistos frequentemente nas radiografias como linhas radiolúcidas que correspondem aos trajetos intra-ósseos das arteríolas ou veias. Canal nutritivo HÂMULO PTERIGOIDEO Observado nas radiografias periapicais da região mais posterior da maxila; Apresenta-se sob a forma de gancho, como uma imagem radiopaca, cujos comprimentos, largura e forma variam de indivíduo para indivíduo. Hâmulo pterigoideo TUBEROSIDADE (TÚBER) Limite posterior da apófise alveolar; Radiograficamente, acha-se limitada por uma linha radiopaca de concavidade uperior que representa a união das corticais bucal e palatina; Possibilidade de fratura em exodontia de 3os MS, especialmente quando há extensão para o tuber do seio maxilar. Túber PROCESSO CORONOIDE DA MANDÍBULA Geralmente observados nas radiografias mais posteriores da maxila; Detectada como uma imagem radiopaca, de forma triangular e contornos nítidos, abaixo ou superposta à região da tuberosidade; Para evitar a superposição, diminuir a abertura de boca do paciente. Processo coronoide da mandíbula PROCESSO ZIGOMÁTICO Imagem radiopaca superposta à região dos dentes molares superiores, cuja forma varia com a incidência aplicada; Mais frequentemente se observa na forma de U ou V, que se continuam com uma imagem de menor radiopacidade e maior uniformidade, correspondente ao osso zigomático. Processo zigomático MANDÍBULA Estruturas ósseas e cavidades presentes na mandíbulae regiões circujacentes Linha oblíqua Linha milo-hiodea Fóvea submandibular Canal mandibular Base da mandíbula Forame mentual Tubérculos Geni Foramina lingual Protuberância mentual LINHA OBLÍQUA (EXTERNA) Continuação da borda anterior do ramo ascendente da mandíbula, a línha oblíqua externa cruza a superfície externa do corpo da mandíbula; Radiograficamente, apresenta-se como uma faixa radiopaca que cruz, transversalmente o corpo da mandíbula à altura do terço médio das raízes dos dentes molares. Linha oblíqua externa LINHA MILO-HIOIDEA (OBLÍQUA INTERNA) Dá inserção ao músculo milo-hioideo, tem origem na porção média do ramo, cruza-o diagonalmente até atingir a borda anterior da sínfise mentual; De tamanho variável, é vista radiograficamente como uma linha radiopaca, melhor identificada quando cruza as regiões retromolar e molar. Linha oblíqua interna FÓVEA SUBMANDIBULAR É uma área côncava, situada na face lingual da mandíbula, abaixo dos dentes molares e que aloja a glândula submandibular; É detectada radiograficamente como uma área radiolúcida pobremente definida; Mais visível quando demilitada superiormente pela linha milo-hioidea. Fóvea Submandibular CANAL DA MANDÍBULA Localiza-se abaixo das raízes dos dentes molares e pré-molares, estendendo-se desde o forame mandibular até o forame mentual; É visto usualmente nas radiografias intrabucais periapicais MI e PMI, como uma espessa linha radiolúcida, delimitada por bordas radiopacas. Canal mandibular BASE DA MANDÍBULA Às vezes vista em radiografias periapicais, principalmente devido a um maior aprofundamento do filme na boca do paciente ou do excesso de angulação vertical empregada; Sua imagem radiográfica é de uma linha fortemente radiopaca. Base da mandíbula FORAME MENTUAL Observa-se como uma imagem radiolúcida arredondada ou oval, à altura dos ápices dos dentes pré- molares ou superposta aos mesmos; Nos edêntulos, quando o osso alveolar sofre marcante reabsorção, sua imagem localiza-se próxima ou na linha superior do rebordo. Base da mandíbula TUBÉRCULOS GENI Situados na face lingual, em ponto equidistante, entre as bordas superior e inferior da mandíbula, dispostos dois a dois; São os pontos de inserção dos músculos genihiodeo e genioglosso; São visíveis nas radiografias oclusais da sínfise e total da mandíbula. Tubérculos Geni FORAMINA LINGUAL No centro da apófise Geni, na linha mediana logo abaixo dos ápices dos ICI, é comum a presença de uma pequena área, arredondada e radiolúcida, que corresponde ao forame lingual; Devido ao seu minúsculo tamanho, é designada de foramina lingual, dando passagem para ao ramo lingual da artéria incisiva. Foramina lingual PROTUBERÂNCIA MENTUAL Proeminência de tamanho variável que se estende desde a região dos dentes pré-molares até a sínfise, tendo a forma de triangular, cuja base corresponde à base da mandíbula. Protuberância mentual Estruturas dentomaxilomandibulares, radiopacas e radiolúcidas, observadas nos exames radiográficos intrabucais Estruturas Radiopacas Estruturas Radiolúcidas Esmalte Dentina Corticais ósseas Lâmina dura Septos do seio maxilar Paredes limítrofes do seio maxilar Base da mandíbula Borda inferior da cavidade nasal Septo nasal Linha oblíqua Linha milo- hioidea Proeminência mentual Proeminência canina Processo coronoide Hâmulo pteridoideo Tuberosidade maxilar Osso zigomático Espinha nasal anterior Processo ou tubérculos Geni Fóvea mentual Seios maxilares Cavidades nasais Tecidos moles Tecido pulpar Órgão do esmalte Papila dentária Medula óssea Tecido gengival Fibras periodontais Forame mentual Forame incisivo Forame lingual Forames acessórios Canal incisivo Canal da mandíbula Canais nutrícios Sutura alveolar mediana Sutura palatina mediana Fossetamirtiforme Fóvea submandibular REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVARES, LC, TAVANO, O. Curso de Radiologia em Odontologia. 4ed. São Paulo: Santos, 1994. 2. FREITAS, A. ET AL. Radiologia Odontológica. 6ed. São Paulo: Artes Médicas, 2004; 3. PASLER, FA, VISSER, H. Radiologia Odontológica: procedimentos ilustrados. 2ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001; 4. WHITE, SC, PHAROAH, MJ. Oral Radiology: Principle and Interpretation. 5ed. St. Louis: Mosby, 2004.
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