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FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA
SHEILAH MARCIA BARROS SILVEIRA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
URUGUAIANA
2011
FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA
SHEILAH MARCIA BARROS SILVEIRA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Trabalho apresentado à disciplina de Estágio – Educação de Jovens e Adultos, no Curso de Pedagogia a Distância da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.
Tutor Local: Liana Bandeira
Pólo de Apoio Presencial: Uruguaiana
URUGUAIANA
2011
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO .......................................................................................		4
2- IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ESTAGIADA ...............................		6
2.1- Localização da Escola ........................................................................		6
2.2- Horário de funcionamento ..................................................................		6
2.3- Níveis de atendimento ........................................................................		6
3- CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DA INSTITUIÇÃO .................................	7
4- DESCRIÇÃO E ANÁLISE REFLEXIVA DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO	8
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................		18
REFERÊNCIAS ..........................................................................................	20
1- INTRODUÇÃO
O estágio supervisionado é um componente obrigatório de exigência da LDB nº 9394/96, pela necessidade à formação profissional, a fim de adequar essa formação às expectativas do mercado onde o licenciado irá trabalhar. É um momento formativo com duração definida onde oportuniza vivenciar a teoria colocando-a em prática.
O estágio supervisionado em EJA instrumentaliza e capacita o acadêmico de Pedagogia e futuro profissional da educação para se familiarizar com a prática da sala de aula, a conviver com os alunos, conhecer o processo de apreensão do conhecimento pelo aluno jovem e adulto, entender e descobrir quem são os alunos de EJA, conhecer a história da EJA e a concepção teórico-metodológica na prática dessa modalidade de educação básica.
Este relatório de estágio consta dos relatos de observação que realizei na 3ª série da EJA, da EMEF 22 de Outubro, à noite, no período de 06/07/11 a 11/07/11 e que é de grande importância para a minha formação como professora e futura pedagoga porque proporciona-me como aluna estagiária experiências práticas na minha função pelo contato imediato com a prática docente.
A metodologia utilizada para a construção do relatório de estágio baseou-se em vivência observada com visitação na escola, investigações, entrevistas, estudos e leituras de documentos referentes a instituição, estudos de textos relacionados ao tema em questão, leitura do livro base de EJA. Com os dados obtidos elaborei o relatório trabalhando os itens da Introdução, Identificação da Instituição Estagiada, sua Concepção Pedagógica, Descrição e Análise Reflexiva das Atividades de Estágio e as Considerações Finais.
O estágio em EJA possibilitou a elaboração deste relatório, que não tem a especificidade científica, mas indica um processo de reflexão fundamentada, no caso sobre esta modalidade de ensino e seus conteúdos estudados ao longo do curso.
2- IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ESTAGIADA
2.1- Localização da Escola
Está localizada na zona fisiográfica denominada Campanha Ocidental, no extremo Oeste do RS, na região urbana de Barra do Quarai, à Rua General Neto, 546, CEP: 97.538-000, telefone (55) 3419-1008.
2.2- Horário de Funcionamento
Funciona nos turnos matutino, das 8h às 12h, vespertino, das 13h30min. às 17h30min., e no noturno das 19h às 23h.
2.3-Níveis de Atendimento
Os níveis de atendimento são Educação Infantil, Ensino Fundamental de 9 anos e Educação de Jovens e Adultos – Ensino Fundamental I e II, da 1ª a 8ª séries.
3- CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DA INSTITUIÇÃO
O Projeto Político Pedagógico da escola exprime que a concepção de Educação adotada pela instituição é de ser instrumento indispensável na formação contínua do homem em prol de uma democracia plena em todos os âmbitos: social, cultural e econômico.
Quanto à concepção de Homem, o contempla como ser humano consciente, crítico, participativo, responsável, solidário, digno, honesto, justo, competente, que respeita o próximo, valoriza a família, tem esperança e fé.
Concebe a sociedade desejando que seja mais justa, igualitária, humana e digna, com oportunidades iguais para todos, onde o cidadão seja ouvido e respeitado e tenha consciência de seus direitos e deveres.
Referindo-se ao professor, o seu papel é de propiciar em sua prática docente, situações de aprendizagem que levem ao desenvolvimento.
4- DESCRIÇÃO E ANÁLISE REFLEXIVA DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO
A EME Fundamental 22 de Outubro, está situada em um bairro de classe baixa, com uma realidade econômica altamente carente e visível do primeiro contato com os alunos, muitos desempregados, ou serviço doméstico, ou aposentados.
As observações ocorreram no período de 05/07/11 a 11/07/11, sendo as mesmas realizadas numa turma de 3ª série EJA da professora Débora Maidana, com a totalidade de 15 alunos freqüentes, onde a grande maioria deles tem um único sonho, de aprender a ler e escrever para melhorar sua qualidade de vida, arranjar um bom emprego para poder dar o sustento à família.
A escola possui uma grande diversidade de alunos adolescentes, jovens, idosos e adultos entre 16 a 60 anos, no período noturno, onde se concentra o público de EJA. Percebi que o aumento da procura por essa modalidade de ensino mostra que os jovens percebem a importância da escolaridade para o ingresso no mercado de trabalho.
Durante o período de observação, as aulas ocorreram ora na sala de aula, ora na biblioteca, ora no pátio, ora na sala de Informática, obedecendo aos temas e objetivos estipulados pela professora. Estes ambientes eram proporcionais ao número de alunos, ressaltando que o prédio escolar é novo e as salas são construídas em agrupamentos do tipo modular possuindo espaços de intersecção.
A estrutura física da escola é muito boa, as salas são amplas, com carteiras e cadeiras apropriadas, armário para guardar materiais e quadro verde. O material necessário para o andamento das aulas parece ser suficiente e adequado, a equipe diretiva da escola procura sempre suprir as necessidades materiais da escola.
A organização do espaço se dá de forma tradicional onde as carteiras são enfileiradas, bem ventilada e iluminada.
Todo mobiliário é novo, com uma bonita decoração e a arrumação dos móveis não interferem na visibilidade do quadro nem na movimentação dos alunos.
O contato que tive foi com o diário da professora, onde pude perceber que no inicio do ano havia 23 matriculados, e a frequência de hoje (final do ano) é de apenas 15 alunos e mesmo assim a média é de 8 a 10 alunos por dia. Segundo a professora no final de semana (quinta e sexta-feira) essa frequência diminui ainda mais.
No diário a professora fez um perfil de cada aluno, achei interessante, se percebe nesse ato o interesse de conhecer esse aluno, quem são, o que fazem, quais as expectativas, saberes, dúvidas, conquistas, que esperanças há nesse aluno e como educadora, pois segundo FREIRE ensinar exige alegria e esperança.
"Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que o professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir juntos igualmente resistir aos obstáculos a nossa alegria". (FREIRE, 1996, p. 72).
A turma da professora Debora Maidana possui 10 alunos do sexo feminino e 5 alunos do sexo masculino, uma classe heterogêneaformada por jovens e idosos. Todos acompanham a aula com entusiasmo, inclusive há um aluno com Síndrome de Down, bem interessada e interage bem com os colegas. Os conteúdos são bem explanados e a professora consegue perceber a dificuldade deles na escrita e na leitura. A maioria, embora esforçados, participativos, são lentos, e também tem dificuldades em cálculos.
Os alunos da turma observada são alunos com atitudes normais para a idade, a maioria já é idosa. Conversando com eles, fiquei conhecendo um pouco dos sonhos e as preocupações. Alguns sonham em ter um(a) companheiro(a), pois não gostam de se sentirem sozinhos, outros em apenas saber ler, poder pegar um livro e saber o que está escrito. Outros são bem realistas, pensam que agora que se aposentaram podem estudar e simplesmente viver com dignidade e feliz.
Pude observar que a exposição de atividades dos(as) alunos(as) da EJA, os trabalhos sempre eram expostos na sala de aula por todos os grupos. O que me chamou a atenção foi um alfabeto exposto na sala de aula em que a cada letra usou um objeto concreto para ilustrar, e isso facilitava a identificação dos alunos da EJA, feito por eles. O ambiente físico favorece a aprendizagem, o desenvolvimento do educando. A exposição dos trabalhos dos alunos (crianças, jovens e adultos) traz uma ligação afetiva e um sentimento de pertença permitindo sua interação neste ambiente e isso ajuda no desenvolvimento.
“Portanto não basta [...] estar em um espaço organizado [...]; É preciso que ela interaja com esse espaço para vivê-lo intencionalmente”. (HORN, 2004, p. 15).
Observei que a professora é pontual e responsável, preocupa-se ainda com a qualidade da educação e pensa que a escola deve evoluir e modernizar-se mais e que a Educação de Jovens e Adultos deve ensinar o aluno a partir de seus conhecimentos e interesses, para que com isso consigam manter os alunos na escola e assim, tentar combater a evasão que na EJA é muito grande nessa escola não é diferente. Ela usa muitos exemplos da vida cotidiana dos alunos (de acordo com a realidade) nas conversas ou nos questionamentos consegue fazer uma sondagem dos conhecimentos que os alunos possuem.
Também possui domínio de turma, é respeitada pelos alunos, possui bom conhecimento dos conteúdos ministrados, coerente em suas colocações com a vivência dos alunos. Procura flexibilizar os conteúdos e adaptar para assim facilitar a assimilação e compreensão dos mesmos, evitando perda de tempo, levando em consideração que o aluno adulto já possui uma grande bagagem de conhecimentos e habilidades adquiridas ao longo de sua vida, principalmente fora dos bancos escolares.
A professora relaciona-se muito bem com os educandos, passa para eles muita tranqüilidade, tanto pela maneira de falar e dirigir-se aos mesmos quanto pela suavidade no tom de sua voz. Ela é bem comunicativa, dialógica, carinhosa, experiente e comprometida com a qualidade do ensino. Quanto aos aspectos emocionais não há divergências entre os educandos, demonstrando serem bem educados, equilibrados, tolerantes e compreensivos, embora vindo de famílias bem carentes e de baixo poder aquisitivo.
Na aula e fora dela a professora trata muito bem a todos, com igualdade e procura passar lição de valores, respeitando as diferenças de cada um. Expressa-se com vocabulário adequado à faixa etária dos alunos estando sempre disposta a solucionar problemas ocorridos no ambiente escolar. Denota grande preocupação em tornar seus educandos leitores críticos, pensantes e formadores de opinião.
Sempre que estive presente, observei que a professora vestia-se adequadamente para exercer seu trabalho e de acordo com o objetivo da aula. Às vezes, quando ela explicava a matéria uns alunos ficavam andando na sala, outros prestavam atenção, porém a mestra não precisava chamar a atenção deles, pois uns chamavam a atenção dos outros e vice-versa. Em todo período de observação ajudei muito nas atividades propostas. Percebi que nas aulas de matemática os alunos são muito mais interessados em aprender e acompanham as explicações em silêncio e fazem perguntas quando não entendem. A didática da docente é muito interessante, ela interage com os alunos de uma forma agradável, repetindo sempre as explicações quantas vezes for preciso.
Na questão da diversidade em sala de aula, a professora trabalha a formação de valores através de trabalhos em grupo para que haja socialização. Esse trabalho é de forma interdisciplinar com atividade reflexivas conceituais, envolvendo temas transversais que proporcionam aos alunos o respeito mútuo às diferenças, à solidariedade e à tolerância com os diferentes.
No dia 06/07/11, primeiro dia de observação, trabalhei junto com os alunos segundo orientação da professora o tema: A criação do nosso município, com distribuição de textos, após leitura coletiva, todos queriam falar ao mesmo tempo sobre os meus questionamentos. A aluna Elza que tem Síndrome de Down, disse que cidade é uma casa, uma fazenda. Logo após, fomos para a sala de Informática para pesquisar sobre o município de Barra do Quarai, e sua história, todos participaram com entusiasmo das atividades e foram bem curiosos ao site.
No dia 07/07/11, no primeiro momento da aula foi trabalhado com minha ajuda, a multiplicação, onde foi respeitado o tempo de cada um nas atividades. Foi permitido que pensassem, questionassem e resolvessem os problemas, e após tudo foi corrigido, caderno por caderno, e no quadro. Na hora do intervalo, há muita organização. Todos vão para o refeitório e merendam civilizadamente, também se dirigem à biblioteca que está sempre à disposição dos que querem fazer leituras, pesquisar ou pegarem livros emprestados. No segundo momento da aula, foi promovido um filme voltado à leitura Central do Brasil, a partir do mesmo os alunos deveriam escrever a parte que mais gostaram, comentar e justificar. Nesta atividade, a professora Débora não deixou que eu os auxiliasse e respeitei a atitude dela.
No dia 08/07/11 houve aula de Educação Física, com muita animação e descontração o professor trabalha uma dinâmica e após o relaxamento corporal (último período). Na aula de Língua Portuguesa foi trabalhada as rimas das palavras, onde muitos sentiram dificuldades e a professora deixou que eu os auxiliasse sem apontar as respostas. Fizemos a correção nos cadernos e no quadro.
No dia 11/07/2011, com permissão da professora pude planejar e dar aula, e pensando no filme que assisti com a turma no dia 07/07, Central do Brasil, propus que todos pudessem aprender a escrever uma carta. O primeiro passo seria a escolha do tema da carta e logo a seguir construiríamos a mesma coletivamente. Eles colocaram que o tema seria de escrever a carta para um amigo (fictício) que morava fora do Brasil para avisá-lo que viesse conhecer o município, pois este amigo se corresponde com eles pela Internet. Eles ditavam e eu escrevia. As falas eram bem diversificadas, mas cada frase fascinava. O bom era perceber como cada um concebia de forma diferente a mesma história. Aos poucos eu intervia nas falas, recolocava as frases, fazendo que percebessem as diferenças entre língua escrita e falada. Falamos sobre o que é uma carta, como ela é escrita, seu objetivo, como deve iniciar e terminar. Iniciamos a produção da carta e cada um colocou no papel o que iam falar notando o que havíamos falado sobre as diferenças da língua escrita e falada. Encerramos conversando sobre os motivos que nos levam a escrevermos cartas e sobre a importância de escrevermos com clareza. Após corrigimos as cartas no grupo, pois esta aula foi realizada em quatro grupos de três. Hora do intervalo, na volta fomos para a sala de Informática, era o terceiro período e a aula era sobre o tema Preconceito, em que eles estavam preparando um ensaio para apresentarem na culminância de um projeto que havia sido organizado pela professora desde o início do ano letivo. Achei interessante porque os alunos todas as séries participavam do projeto e ensaiavam ou ajudavam na produção do mesmo. Fuiconvidada para assistir o teatro e que irei com muito prazer pela forma carinhosa e acolhedora que me receberam.
Na questão da metodologia, havia planejado diário das aulas a serem dadas e tinha coerência com a faixa etária da turma estagiada. Essas aulas eram ministradas com recursos visuais muito úteis para o processo de aprendizagem relacionando-os com os conteúdos desenvolvidos. Todos os alunos eram motivados a interagir e participar da aula, expressando suas opiniões, relatando fatos, auxiliando em atividades diversas e trabalhavam sempre em grupos homogêneos. Os conteúdos eram abordados de acordo com o interesse dos educandos e da realidade da comunidade. Ao apresentarem dificuldades, a professora sempre dispunha-se a explicá-las tantas vezes fosse preciso, até que os objetivos fossem alcançados. As linguagens gestuais, orais e gráficas eram utilizadas através de músicas, leituras de poemas, imagens, notícias, mímicas, dramatizações, etc. Alguns grupos demonstravam insegurança na execução das atividades propostas onde havia necessário que a professora intervisse para que houvesse um melhor desempenho na realização dos trabalhos. Quando faltava algum aluno que era considerado o mais inteligente do grupo, havia interferência no processo de ensino-aprendizagem porque os outros componentes pensavam que sem a ajuda do mesmo não iriam conseguir realizar sozinhos as tarefas.
Na educação o desenvolvimento acontece por intermédio de adulto ou companheiros com mais experiência.
A receptividade dos alunos para comigo foi algo bem gratificante e encorajador. Ainda vale a pena lutar por essa educação que é para todos e que sonho como educadora.
Pude perceber que é preciso cada vez mais de um (a) educador (a) que esteja preocupado com a ampliação do universo do aluno, e que valoriza suas relações, sua cultura, seu cotidiano e seus sentimentos presentes neste complexo e rico processo, principalmente na Educação de Jovens e Adultos.
“Uma das tarefas mais importantes da prática educativa-crítica é propiciar as condições em que os educando em suas relações uns com os outros a todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque é capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros”. (FREIRE, 1996, p. 41).
Há cada estágio realizado, tenho aprendido muito, tenho vivenciado muitas situações diferentes, são situações que me fazer crescer e amadurecer e se preparar para a tarefa de educadora. E também percebo que a educação como tudo na vida está repleta de surpresas e imprevistos e em constante mudança.
Ainda há muito que fazer até mesmo porque, tudo vai se modificando e na EJA não é uma exceção e nos últimos anos temos observado uma maior incidência de jovens na EJA e menos adultos.
Muitos buscam na escola algo a mais que conhecimentos e saberes, buscam integração e socialização no meio escolar. Nesta sala em especial, percebi uma necessidade de se conhecerem, de formar laços de amizade entre alunos e professores.
Os alunos da EJA demonstram um grande carinho e gratidão para com as professoras o que não foi diferente comigo, queriam que ficasse, pois segundo eles eu estava ajudando-os e muito. Percebi que o carinho e atenção que damos a cada um faz toda diferença na vida deles. Não podemos discriminar por motivo nenhum, é preciso parar e escutar, pois “ensinar exige saber escutar”, segundo Freire (1996): “O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele”.
Esse foi um estágio que me senti muito feliz em fazer, pois esses educandos da EJA me fizeram sentir que vale a pena continuar a lidar com pessoas, e com pessoas que sonham, e vão em busca de seus ideais, e isso traz uma grande responsabilidade como educadora, termino aqui com essas palavras de Paulo Freire: 
“É que lido com gente [...], com os sonhos, as esperanças tímidas, às vezes, mas às vezes, fortes dos educandos. Se não posso, de um lado estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro lado, negar a quem sonha o direito de sonhar. Lido com gente e não com coisas”. (FREIRE, 1996, p. 144).
PLANO DE ESTÁGIO
ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL 22 DE OUTUBRO
Área: Educação e Trabalho
Semestre: II			Modalidade: EJA		Nível: I (3ª série)
Professora: Sheilah		Data: 11/07/2011
A- Tema:
Trabalho humano: necessidade que dignifica o ser humano.
B- Justificativa:
Sabendo que os alunos de EJA em sua maioria são trabalhadores ou acreditam que o trabalho modifica plenamente a vida individual por ser a forma, de sobrevivência ou aspiração social no auxílio de conquistas a serem obtidas.
O tema trabalho foi escolhido para ser discutido e debatido na sua formalidade e nas suas particularidades.
C- Objetivos:
Discutir o trabalho como atividade humana, como direito social de todo cidadão.
Perceber os diversos significados do trabalho tendo em conta as condições objetivas/subjetivas onde ele se realiza.
Refletir sobre as diferentes experiências de trabalho na cidade e no campo.
Posicionar-se e refletir a respeito da diversidade em que está inserido o trabalho no contexto da necessidade brasileira.
D- Proposta de trabalho
Dialogar com os educandos sobre a trajetória do trabalho deles, as condições (horas, salário, etc) de trabalho e os desejos.
Pedir que leiam o texto sobre o tema Trabalho, o professor fala sobre a origem da palavra TRIPALIUM, motivando os alunos para refletirem no tema.
Solicitar aos alunos que tragam fotos, gravuras de jornais com notícias, gravuras de revistas, poesias envolvendo o tema a ser discutido.
Fazer uma exposição sobre os diferentes tipos de trabalho na cidade e no campo.
Debater sobre a importância do registro em carteira, de forma a garantir os direitos sociais (férias, 13º salário, FGTS, seguro desemprego, PIS, PASEP, etc).
Pesquisar em sites sobre estes direitos e após pedir que eles registrem quais direitos são primordiais em suas opiniões. 
Montar com o material trazido por eles, um painel e dar um título para o mesmo.
Questionar os educados, gerando inúmeras perguntas que auxiliem na produção de um texto coletivo ou individual, dependendo do nível de alfabetização da turma.
Trabalhar a oralidade dos alunos com palavras que possam ser geradas a partir de “Trabalho” e frases que tem a ver com “Trabalho”.
Conseguir com algum aluno uma carteira de trabalho para motivar a oralidade deles.
Levar para a aula um exemplar da Constituição Federal de 1988 e fazer a leitura dos direitos dos trabalhadores, inclusive o Art. 9, da Constituição que expõe o direito de greve para que eles conheçam como conteúdo constitucional.
CONCLUSÃO
Cada estágio tem suas especificidades e confirma que ser educadora, ser professora é uma missão nobre, mas muito difícil. Para exercer esta missão tem que ter vocação, uma boa preparação e comprometimento com a educação. Necessitamos também de formação continuada, pesquisa e prática que nos tornarão seguros e eficientes no desenvolvimento de uma educação que irá formar cidadãos críticos, que problematizem, que opinem e que possam interferir na sociedade em que estão inseridos.
A experiência foi muito marcante, houve momentos de trocas de saberes com os alunos, com os gestores, com todos os sujeitos envolvidos no processo. Foi muito enriquecedor o estágio em EJA pela oportunidade que tive de conhecer e vivenciar os desafios no cotidiano de cada aluno, ficar mais atenta às transformações escolares e que a prática pedagógica serve de suporte a vida profissional. Percebi que a aprendizagem não se esgota, vai além da sala de aula, essa interação entre o cotidiano escolar contribui no processoeducativo.
Percebi que o educando tem que ser reconhecido como pessoa capaz de ser sujeito e agente de seu processo de aprendizagem e de participar na construção do seu conhecimento.
Esse momento do estágio é uma etapa importante, mostrando na prática, sempre será necessário desenvolver atividades educativas com o objetivo.
O período de observação nos permite analisar diferentes contextos dos que estamos vivenciando, e se tornando um instrumento importante podendo conhecer os objetivos, metodologias, normas e regras que regem uma aula. Esse foi um momento de integração com a vida escolar, e uma experiência única vivida nesta realidade (mundo) da EJA. Pude assim, ampliar, dinamizar meus conhecimentos adquiridos na teoria, e aplicando-os, vivenciando-os na prática.
“A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai dinamizando o seu mundo”. (FREIRE, 2003, p. 51)
Quanto ao trabalho docente vislumbrei sua atuação pedagógica competente, porém os conteúdos não eram trabalhados de forma interdisciplinar como constava no planejamento diário. Neste caso, o docente deve ser mais reflexivo e repensar seu fazer pedagógico através de um preparo teórico-prático capaz de superar a fragmentação entre os domínios de seus saberes docentes. Há uma imposição da escola no trabalho de projetos interdisciplinares, porém não são respeitados pelos docentes a prática dessa metodologia.
O estágio EJA, contribuiu de forma significativa para a futura profissão de pedagoga, ao revelar que o professor deve lutar para diminuir a distância entre a sala de aula e o mundo. Ele deve a ponte para estabelecer um elo entre as matérias ensinadas e a vida cotidiana para ajudar a vencer os novos desafios da Educação.
REFERÊNCIAS
ANGELIN, Maria Luiza. Alternativas didáticas atuais na EJA/EAD, consciência com o mundo. São Paulo, 1999.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1996, 150 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas. Porto Alegre: Artmed Editora SA, 2004.
KISHIMOTO, Tisuko Marchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thonson Learning, 2002.
SALVADOR, César Coll. Psicologia da Educação. São Paulo: Artes Médicas Sul, 1999.

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