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Psicologia Geral Experimental Profª Drª Cristina Varanda Controle de estímulos: o papel do contexto Por que nos comportamos, às vezes, de formas tão diferentes em situações diferentes? O ambiente exerce controle sobre o comportamento? O ambiente altera a probabilidade de ocorrência do comportamento O que é “controle de estímulos?” Influência dos estímulos antecedentes sobre o comportamento, isto é, o efeito que o contexto tem sobre o comportamento. Principal determinante do comportamento operante = sua consequência. No entanto, os eventos antecedentes também influenciam a probabilidade de ocorrência de um comportamento operante. Como os estímulos antecedentes influenciam a ocorrência de um comportamento operante? Pela relação dos estímulos antecedentes com as consequências do comportamento. Estímulos associados ao reforço aumentam a probabilidade de o comportamento ocorrer, quando apresentados, e os estímulos que sinalizam a extinção ou a punição diminuem a probabilidade de um comportamento ocorrer, quando apresentados. Discriminação operante e operante discriminado Comportamento operante: produz mudanças no ambiente e é afetado por elas. Quando inserimos uma nova variável (o contexto), passamos a falar sobre os comportamentos operantes discriminados, ou seja, aqueles que, se emitidos em um determinado contexto, produzirão consequências reforçadoras. Reforços ≠ Estímulos discriminativos Reforço: estímulo consequente cuja apresentação aumenta a probabilidade de um comportamento ocorrer. Estímulo discriminativo: estímulo apresentado antes do comportamento, controlando sua ocorrência. Unidade básica de análise de comportamento Contingência de três termos (SD – R C) A MAIOR PARTE DOS COMPORTAMENTOS DOS ORGANISMOS SÓ PODE SER COMPREENDIDA CORRETAMENTE SE FIZERMOS REFERÊNCIA AO CONTEXTO (SD), À RESPOSTA DO ORGANISMO (R) E À CONSEQUÊNCIA (C). Discriminação operante Processo no qual respostas específicas ocorrem apenas na presença de estímulos específicos. Assim, é possível dizer que os estímulos antecedentes controlam qual resposta produzirá uma consequência reforçadora. Qual é a provável consequência reforçadora das seguintes situações? Namorado troca o nome de sua namorada pelo de uma ex-namorada. Vestir-se com traje de gala para ir ao cinema. Estudar para uma prova, ao saber da data da mesma. SD PUNIÇÃO SD SD Contingência tríplice ou contingência de três termos Todos os comportamentos operantes, dos mais simples aos mais complexos serão analisados de acordo com a contingência tríplice, ou seja, uma ocasião, uma resposta e uma consequência. Análise funcional do comportamento: encaixá-lo em uma contingência de três termos (verificar em que circunstâncias o comportamento ocorre e quais suas consequências mantenedoras). Contingência tríplice O – R C O C A SI Ã O ESTÍMULO DISCRIMINATIVO OU ESTÍMULO DELTA R E SP O ST A TOPOGRAFIA (FORMA) C O N SE Q U Ê N C IA REFORÇADORA OU PUNITIVA OU SEM CONSEQUÊNCIA Estímulos discriminativos (SD) Sinalizam que uma dada resposta será reforçada (SD). SD tem uma relação direta com a consequência. SD’s Estímulos delta (S∆) Sinalizam que uma resposta não será reforçada, isto é, sinalizam a indisponibilidade do reforço ou sua extinção. Lúcia!!! Marina Roberto S∆’s Treino discriminativo e controle de estímulos O controle discriminativo é estabelecido quando um determinado comportamento tem alta probabilidade de ocorrer na presença do SD e baixa probabilidade de ocorrência na presença do S∆. Aprendemos a discriminação porque passamos por um treino discriminativo, o qual consiste em reforçar um comportamento na presença de um SD e extinguir o mesmo comportamento na presença do S∆, este treino chama-se reforço diferencial. Como aprendemos isso? S∆ Comportamento Extinção “Pai me empresta o carro?” “Nããããããoooo!!!” “Pai me empresta o carro?” “Tome aqui as chaves.” SD Comportamento Reforço A partir daí, estabeleceu-se um controle de estímulos, pois os estímulo “cara boa” passa a controlar nosso comportamento no sentido de torná-lo mais provável em sua presença. SD’s eliciam (produzem) respostas? Não eliciam (provocam) as respostas. Quando há referência a um comportamento respondente, dizemos que um estímulo elicia uma resposta. Quando falamos de comportamento operante, de um operante discriminado, o estímulo apenas fornece o contexto, dá chances para que a resposta ocorra. Ex: Um cisco no olho elicia a resposta de lacrimejar. Ao ver um cisco, você pode dizer “isto é um cisco”, bem como você pode ver o cisco, mas não dizer nada. FUNÇÃO DISCRIMINATIVA VERSUS FUNÇÃO ELICIADORA DOS ESTÍMULOS ESTÍMULO RESPOSTA RELAÇÃO cisco no olho lacrimejar elicia alguém pergunta as horas você diz: “8h40min” fornece contexto bater um martelo no joelho a perna flexiona barulho alto sobressalto elicia estar em um lugar alto taquicardia estar em um lugar alto rezar para não cair dor de cabeça tomar uma aspirina alguém diz “Bom dia” você responde “Bom dia!” alfinetada no braço contração do braço elicia alfinetada no braço dizer “Isso dói!” sinal vermelho frear o carro ser xingado xingar de volta Fornece contexto ser xingado ficar vermelho de raiva ouvir uma música ficar triste elicia ouvir uma música desligar o rádio ouvir o barulho dos aparelhos do dentista taquicardia e sudorese ouvir o barulho dos aparelhos do dentista dizer: “vai com calma, doutor!” elicia elicia fornece o contexto fornece o contexto fornece o contexto fornece o contexto fornece o contexto elicia fornece o contexto elicia fornece o contexto Generalização de estímulos operante O termo é utilizado nas circunstâncias em que uma resposta é emitida na presença de novos estímulos que partilham alguma propriedade física com o SD, na presença do qual a resposta forra reforçada no passado. Um organismo está generalizando quando emite uma mesma resposta na presença de estímulos que se parecem com um SD. Generalização de estímulos operante Por que a generalização é um processo comportamental importante? Novas respostas podem ser aprendidas de forma muito mais rápida, sem a necessidade da modelagem direta da mesma resposta para cada novo estímulo. Muitas vezes, o organismo não é reforçado ao generalizar. Gradiente de generalização Mostra a frequência de um comportamento emitido na presença de diferentes variações de um SD. 0% 100% P ro b ab ili d ad e d e d iz e r “b o la ” Grau de diferença entre os estímulos Teste de generalização Luz acesa como SD e luz apagada como S∆ SD = em intensidade máxima (100%), podemos apresentar outras intensidades de luz e medir quantas vezes o animal pressiona a barra na presença dessas intensidades. Cada intensidade deve ser apresentada o mesmo número de vezes, sua ordem de apresentação deve ser randômica, durando 1 minuto cada e o procedimento deve ser feito em extinção. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 100 75 50 25 0 rato 1 rato 2 rato 3 Intensidade de luz F re q u ê n ci ad e r e sp o st as GRADIENTE DE GENERALIZAÇÃO Quanto mais diferente é a intensidade da luz, menor a frequência de respostas na sua presença Efeito do reforçamento diferencial sobre o gradiente de generalização O reforço diferencial produz um gradiente de generalização mais estreito, ou seja, diminui a generalização e aumenta a discriminação. Assim, usando o exemplo anterior, faríamos um reforçamento diferencial se reforçássemos as respostas de pressão à barra na presença de luz de intensidade 100%, por exemplo, e extinguíssemos essas respostas na presença das outras intensidades. Efeitos do reforçamento adicional sobre o gradiente de generalização O reforçamento adicional consiste em reforçar a resposta nas demais variações de um SD. No caso do exemplo anterior, seria reforçar as respostas de pressão à barra na presença de todas as intensidades de luz. Isso resultaria em respostas frequentes na presença de todas as intensidades = grande generalização. Classe de estímulos Um conjunto de estímulos que servem de ocasião para uma mesma resposta formam uma classe de estímulos. Quanto à classe de estímulos, veremos, aqui: 1) Classes por similaridade física (generalização; estímulos que se parecem fisicamente). 2) Classes funcionais (estímulos que não se parecem, mas que têm a mesma função, mesma utilidade). Classes por similaridade física (generalização) SD Classe por similaridade física Classes funcionais São compostas por estímulos que não se parecem. Os estímulos são agrupados arbitrariamente em uma classe apenas por servirem de ocasião para uma mesma resposta. Os estímulos, apesar de diferentes, servem de ocasião para uma mesma resposta O atentar (atenção como um comportamento) Para Skinner, comportamo-nos sobre o controle discriminativo dos estímulos do ambiente. Ter atenção é comportar-se sob determinado controle de estímulos. Por exemplo, atentamos a um filme caso consigamos discutir a seu respeito após vê-lo. Estímulos que sinalizaram consequências importantes no passado têm uma probabilidade maior de exercerem controle o controle sobre nosso comportamento. Experimento de Reynolds Reforçou-se o comportamento dos pombos de bicar no triângulo sob o fundo vermelho e extinguiu-se o comportamento de bicar no círculo com o fundo verde. Na fase de teste, apesar de os dois pássaros terem sido ensinados a bicar no triângulo com vermelho, quando as duas partes do estímulo discriminativo foram apresentadas em separado, um dos pássaros continuou a bicar no triangulo; o outro pássaro bicou mais fundo no fundo vermelho. caixa operante estímulos ∆ O treino (reforço) teste (extinção) ∆ O Resultados do experimento ∆ O 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 R e sp o st a s p o r m in u to Treino ∆ O ∆ O Pássaro 107 0 5 10 15 20 25 ∆ O Pássaro 105 0 5 10 15 20 25 T ít u lo d o E ix o Teste de atenção Cada um dos pássaros estava “prestando atenção” a partes diferentes do estímulo. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 1 2 Série1 Técnica de esvanecimento (ou fading) Consiste em manipular gradativamente uma dimensão do estímulo para facilitar sua discriminação, como por exemplo, usar tracejados diferentes para ensinar uma criança a escrever. No caso de haver confusão com as letras “p” e “b”, modifica-se sua cor pouco a pouco até ambas ficarem completamente pretas. Abstração (o comportamento de abstrair) Abstrair, segundo Skinner, é emitir um comportamento sob controle de uma propriedade (ou algumas propriedades) do estímulo, que é comum a mais de um estímulo e, ao mesmo tempo, não ficar sob o controle de outras propriedades (ignorá-las). Ex: ao pronunciarmos “mesa” na presença de diversas mesas diferentes, estamos sob controle de algumas propriedades e ignoramos outras, como tamanho, formato, altura, cor, material do que é feita etc. Reforçamento diferencial e adicional na abstração Uma abstração também pode ser definida como uma generalização dentro da mesma classe e uma discriminação entre classes diferentes. Ex: uma pessoa abstrai quando chama de ventilador diferentes tipos de ventiladores, ou seja, generaliza dentro da classe dos diferentes ventiladores. Ao mesmo tempo, essa pessoa deve discriminar entre ventiladores e ouros estímulos, como exaustores, hélices de aviões, ventoinhas de carros etc. Para isso ser aprendido, é necessário que ocorra reforçamento adicional para incluirmos novos ventiladores à classe de ventiladores e reforçamento diferencial para extinguir a resposta verbal “ventilador” na presença de outros estímulos. • Garante a generalização dentro da mesma classe. Reforçamento adicional • Estabelece a discriminação entre classes diferentes. Reforçamento diferencial Encadeamento de respostas e reforço condicionado Cadeia comportamental ou cadeia de respostas: uma sequência de comportamentos que produzem uma consequência que só pode ser produzida se todos os comportamentos envolvidos forem emitidos em uma certa ordem. Para ensinarmos um rato a pressionar duas barras (da direita e da esquerda) para beber água (acionar o bebedouro), podemos ensiná-lo a pressionar a barra da esquerda. Após isso, poderíamos fazer um treino discriminativo para que ele a pressione somente quando uma luz estiver acesa. Em seguida, é possível modelar o comportamento de pressionar a barra da direita utilizando como reforço a ação de acender a luz. Para que o rato possa pressionar a Be, na presença de luz que produz água, ele precisa antes pressionar a Bd, que acende a luz. Portanto, acender aluz torna-se um reforço condicionado para o comportamento de pressionar a Bd. A consequência da contingência 1 (SR1) é também o estímulo discriminativo para a contingência 2 (SD2). O reforço condicionado possui duas funções: 1) consequência reforçadora para o comportamento que a produz e 2) estímulo discriminativo para a ocorrência do próximo comportamento. Reforçadores condicionados generalizados e reforçadores condicionados simples Reforçadores condicionados generalizados: são generalizados podem servir de ocasião para muitas respostas diferentes; são reforçadores pois aumentam a probabilidade de ocorrência de uma resposta e são condicionados porque dependem de uma história de aprendizagem e têm dupla função(estímulo discriminativo para o comportamento que sucede e reforço para o que antecede). Ex: Dinheiro; atenção. Não é necessário uma privação específica para que esse reforçador tenha seu efeito. Reforçadores condicionados simples: como exemplo o rato que tem de pressionar a barra para que a luz acenda, para depois ter a disponibilização de água. Para que isso dê certo, é preciso que ele esteja privado de água. Bibliografia: MOREIRA, M.B; MEDEIROS, C.A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed.
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