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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS DE MARABÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DINÂMICAS TERRITORIAIS E SOCIEDADE NA AMAZÔNIA (PDTSA) Promoção: Turma de Mestrado 2012 Disciplina eletiva: Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Período: 06 a 14 de novembro Docente: Luís Mauro Santos Silva (UFPA/NCADR) Nome do discente: André Santos de Souza O Enfoque Sistêmico e o Desenvolvimento Rural Sustentável: Uma Oportunidade de Mudança da Abordagem Hard-Systems para Experiências com Soft-Systems 1 Com o intuito de minimizar os impactos do reducionismo na agricultura, emergiu a visão de sistemas, inicialmente trabalhada na perspectiva hard-systems, em que, segundo Pinheiro, prevalece a visão de controle, a qual enxerga o desenvolvimento como fruto de uma intervenção planejada. O técnico procura analisar de fora o sistema, controlando suas entradas e saídas. A interação entre técnicos e agricultores ocorre de forma limitada – estes últimos exercem o papel de apenas observadores, enquanto ocorre a transferência de tecnologia. Para a perspectiva sistêmica, captar a totalidade de uma situação sempre é um processo em construção de um todo, em função do propósito do analista. Isto significa que o sistema em construção reflete a maneira pela qual o observador está entendendo, em um momento dado, como esse todo está organizado. É uma opção do analista apresentar o sistema e o comportamento das partes que o compõem, da forma que o faz. Assim, na realidade, o sistema não existe; trata-se de uma construção mental que se realiza a título de facilitar a análise e que, quando se apresenta, pode aparecer (se não há humildade) como existente objetivamente na realidade, o que não é verdade. A dinâmica das interações fará com que os esquemas interpretativos desse todo se comprovem ou não no trabalho empírico, e os esquemas de relações que conformam o sistema irão se retificando ou se abandonam. A prática sistêmica torna-se essencial, evoluindo da visão hard-systems para soft-systems, em que numa perspectiva construtivista ocorre a interação entre agricultores, extensionistas e demais interessados. Ambos são agentes ativos no processo de construção do conhecimento, cujos resultados são construídos coletivamente. O objetivo principal é entender as relações estabelecidas entre o homem e a natureza. De acordo com Pinheiro, os hard-systems implicam entender a realidade como uma totalidade organizada (em sistemas). Na visão de soft-systems a ideia de sistemicidade inclui também a forma como se investiga esta realidade. Isto significa incorporar as visões que os atores têm da realidade, de forma que o sistema se constrói entre os atores relevantes. Cada ator tem sua percepção. Não há imposição de uma única visão (tradicionalmente a científica). Quando existe consenso entre os atores acerca da natureza dos problemas e de como solucioná-los (por meio de procedimentos já estabelecidos), fala-se de “dificuldades”, reservando o termo “problemas” para aquelas situações nas quais nem as causas, nem as formas de aliviá-los são compartilhadas por todos os implicados e afetados. Constrói-se de forma consensual o problema e os objetivos da intervenção. 1 Resenha de: PINHEIRO, S. L. G. O Enfoque Sistêmico e o Desenvolvimento Rural Sustentável: Uma Oportunidade de Mudança da Abordagem Hard-Systems para Experiências com Soft-Systems. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre: v. 1, n. 2, 2000, p. 27-37.
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