Buscar

PSI - Processo de substituição de importações - Economia Brasileira

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
							Geiza Regina de Sousa
							Juliana
INTRODUÇÃO
O processo de substituição de importações é um processo que leva ao aumento da produção interna de um país e a diminuição das importações. Os processos de substituição de importações foram desencadeados por fatores políticos e econômicos, e foram resultados de ações planejadas ou imposição das circunstâncias, normalmente é obtido por controle de taxas de importação e manipulação da taxa de câmbio. A CEPAL (Comissão Econômica para América Latina) defendia que o desenvolvimento das economias dos países de terceiro mundo passava pela adoção da política de substituição de importações. Esta política permitiria a acumulação de capitais internos que poderiam gerar um desenvolvimento sustentável e duradouro. Nessa linha de pensamento Maria da Conceição Tavares aborda o assunto em seu livro: Da substituição de importações ao capitalismo financeiro, ensaios sobre a economia brasileira.
AS TRANSFORMAÇÕES DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA
Tanto as exportações como as importações tinham grande importância e desempenhavam seus respectivos papeis como geração da renda e a outra como fonte de suprimentos. Porém na América Latina as exportações eram praticamente a única componente autônoma do crescimento da renda, por um lado surgiram indústrias de tecido, calçado, vestuário, móveis entre outras, que tinham baixo índice de produtividade, mas que se formaram através do modelo exportador, juntamente com a atividade agrícola não seriam suficientes para alavancar na atividade interna um dinamismo próprio, se tornando dependente do comportamento da demanda externa, portanto quando ocorreu abalos por consequência de crise sucessivas no comércio exterior a exportação cai e consequentemente as importações. A intensidade desse desequilíbrio faz com que os governos tomassem medidas para defender o mercado interno como o reajuste ex post, que aumentava os preços relativos das importações, estimulando assim a produção interna substitutiva.
ESTRANGULAMENTO DO SETOR EXTERNO
A capacidade para importar estava decadente e crescendo a um ritmo inferior ao do produto, então o estrangulamento do setor externo e o processo de substituição de importações e sua relação foi estabelecida por três períodos a saber:
“O primeiro período, que vai desde a grande crise até o fim da Segunda Guerra Mundial, transcorreu com reduções severas globais ou específicas da capacidade para importar em diversas conjunturas. Por conseguinte, trata-se de um período em que as restrições do setor externo tiveram um caráter “absoluto”, o que exigiu um esforço de substituição bastante acentuado em quase todos os países da região, traduzido por uma baixa considerável do coeficiente geral de importações. Esta primeira fase se caracterizou, sobretudo, pela substituição dos bens não duráveis de consumo final. Em alguns países maiores, entre os quais se encontra o Brasil, segundo veremos, avançou-se até a categoria dos produtos intermediários e dos bens de capital. 
O segundo período, que abrange o primeiro decênio depois da guerra, transcorreu em condições de menores limitações da capacidade para importar. O crescimento do poder de compra das exportações, se bem que insuficiente para restituir ao setor externo o seu peso relativo, permitiu, no entanto, um aumento considerável do dinamismo da economia, uma vez que se conjugava a expansão da atividade interna com uma melhoria das condições do setor exportador. Na realidade, durante este período, para a maior parte dos países da América Latina, a orientação do crescimento voltou a ser mais “para fora” do que “para dentro”, pois repousou em maior grau na melhoria do poder de compra das exportações do que na substituição de importações. Para alguns poucos países, no entanto, como por exemplo o Brasil, houve realmente o aproveitamento dessa situação relativamente favorável do setor externo para expandir o processo de industrialização. Assim, “o processo de substituição” avançou consideravelmente.
De qualquer modo, dentro das três décadas mencionadas, este foi o período de maior crescimento para a América Latina em seu conjunto,11 em grande parte só foi possível graças ao fato de o poder de compra das exportações ter crescido com grande rapidez, embora menos do que o Produto. (Isto significa que as limitações oriundas do setor externo tiveram apenas um caráter relativo). A partir de 1954, as condições externas voltaram a ser francamente restritivas (com exceção dos países petrolíferos) e a capacidade para importar da região tendeu novamente à estagnação. A maior parte dos países não pôde manter o seu ritmo de desenvolvimento pela via da substituição de importações. Praticamente só o México e o Brasil puderam continuar a sua expansão industrial em ritmo considerável. ”
PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO NO BRASIL
A economia brasileira dependia quase exclusivamente do bom desempenho das exportações, que na época se restringiam a algumas poucas commodities agrícolas, o café caracterizava a economia brasileira como agroexportadora. O bom desempenho dependia das condições do mercado internacional de café. As condições não eram totalmente controladas pelo Brasil. Apesar de ser o principal produtor de café, outros países também influíam na oferta e boa parte do mercado era controlado por grandes companhias atacadistas que especulavam com estoques. A demanda dependia das oscilações no crescimento mundial, aumentando em momentos de prosperidade econômica e retraindo-se quando os países ocidentais (especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou em guerra. Assim as crises internacionais causavam problemas nas exportações brasileiras de café, criando sérias dificuldades para toda economia brasileira, dado que praticamente todas as outras atividades dentro do país dependiam direta ou indiretamente do desempenho do setor exportador cafeeiro. Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produção nacional era enorme e a economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história. A depressão no mercado internacional de café logo se fez sentir e os preços vieram abaixo. Isto obrigou o governo a intervir fortemente, comprando e estocando café e desvalorizando o câmbio com o objetivo de proteger o setor cafeeiro e ao mesmo tempo sustentar o nível de emprego, de renda e demanda. Ficava, porém, claro que a situação da economia brasileira, dependente das exportações de um único produto agrícola, era insustentável. 					A crise dos anos 30 foi um momento de queda no desenvolvimento econômico brasileiro, a fragilização do modelo agrário-exportador trouxe à tona a consciência sobre a necessidade da industrialização como forma de superar os constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. Este objetivo, porém, envolvia grandes esforços em termos de geração de poupança e sua transferência para a atividade industrial. 					A forma assumida pela industrialização foi o chamado Processo de Substituição de Importações (PSI). Devido ao estrangulamento externo, gerado pela crise internacional de corrente da quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir internamente o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nível de atividade econômica. A industrialização feita a partir deste processo de substituição de importações é uma industrialização para atender o mercado interno.
O PSI enquanto modelo de desenvolvimento pode ser caracterizado por alguns fatores como:
Estrangulamento externo
Desvalorização da taxa de câmbio
Investimentos nos setores de substituição
Neste sentido, percebe-se que o setor dinâmico do PSI era o estrangulamento externo, recorrente e relativo. Este funciona como estímulo e limite ao investimento industrial. Tal investimento, substituindo as importações, passou a ser a variável chave para determinar o crescimento econômico. Porém conforme o investimento e a produção avançavam em determinado setor, geravam pontos de estrangulamento
em outros. A demanda pelos bens destes outros setores era atendida através de importações. 						As condições internas do Brasil favoreciam um processo de substituição de importações, porém contavam obviamente com algumas dificuldades como a tendência ao desequilíbrio externo, aumento da participação do estado, concentração de renda, escassez de fontes de financiamento, para desenvolver a melhor maneira cria-se o Plano de metas com a implementação do setor de bens de produção O estrangulamento externo passa, então, a ter menor peso sobre a dinâmica do PSI, na visão de Tavares, e os determinantes a serem considerados são os limites endógenos para a própria acumulação de capital na economia brasileira. Alguns pontos colocados pela autora em sua obra clássica continuam bastante atuais e importantes para a economia brasileira. A sociedade brasileira experimentou, na última década, uma queda significativa na desigualdade de renda. A distribuição de renda e riqueza no Brasil ainda é muito elevada, tornando-se um empecilho à ampliação de mercados para bens e serviços que contém maior valor agregado. Dessa forma, uma maior igualdade em termos de renda e riqueza poderia tornar viável a implementação de setores intensivos em tecnologia e com expressivos ganhos de escala. No entanto, inúmeras mudanças estruturais são necessárias para aprofundar esse processo, como, a reestruturação do sistema tributário, a melhora na qualidade da educação pública e, até mesmo, como coloca a autora, questões de terra. Continua atual também, a necessidade de políticas econômicas mais favoráveis ao setor industrial. 
Bibliografia:
TAVARES, Maria da Conceição. Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro: ensaios sobre economia brasileira

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando

Outros materiais