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Processo de Industrialização no Brasil

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No que se refere ao processo de industrialização no Brasil, é importante salientar 
alguns aspectos que necessitam presidir qualquer discussão acerca desse tema, o qual 
fazem parte de uma moldura histórica, teórica e conceitual que não podem ser excluídos. 
O primeiro deles refere-se a uma série de transformações políticas, econômicas, culturais 
e institucionais (além de mudanças externas) que irão converter um processo de 
crescimento industrial (a indústria nacional já existe no século XVI, com um processo de 
crescimento constante, porém lento), em um processo circunscrito temporalmente, datado 
e específico a realidade brasileira que seria o nosso início do processo de industrialização. 
O crescimento industrial é convertido em processo de industrialização que tem início, 
meio e fim, o qual, o surgimento das bases urbanas e da modernização econômica 
permitiram esse ocorrido. Um segundo aspecto, o qual não existe consenso 
historiográfico, refere-se à origem da industrialização. O terceiro considera 1930 como 
um marco de transição e esgotamento de um sistema econômico, a partir dessa data vigora 
um outro sistema econômico em que a maioria dos historiadores os classifica como os 
anos de industrialização por substituição no Brasil. Tais anos seriam considerados 
homogêneos por serem parte de um processo em curso, o qual se inicia em 1930 e termina 
por volta de 1950. O quarto aspecto é a ideia de que não se tem somente um projeto de 
industrialização, existiam projetos nacionais distintos e todos eles conferem destaque à 
industrialização, ainda que por caminhos diferentes. O quinto aspecto refere-se ao período 
de 1930 a 1960, e o associa ao nosso processo de revolução burguesa. 
O chamado, Ótica dos Choques Adversos, propõe que a industrialização 
brasileira, na sua génese, sofreu influência de fatores externos, ou seja, tais choques 
repercutem na industrialização e economia brasileira dinamizando o setor industrial. 
Houve restrições a importações já que houve aumento dos preços externos, divisas 
reduzidas e estrangulamento do mercado internacional. Tais fatores, combinados ou 
isolados, geraram efeitos dos choques na economia e industrialização brasileira, levando 
a uma substituição de importação. Essas crises externas produzem crises no setor 
exportador gerando redução dos preços, diminuição de demanda, etc. Como o setor 
externo dependia desses fatores, ele também se vê em crise. Independente disso, existe 
um forte congestionamento das importações (restrição à manutenção dos níveis de 
importação) impedindo que elas mantenham seus níveis e isso estimula a substituição de 
importações, sendo este o fator fundamental para explicar o início da industrialização 
nacional. Antes de 1930, o que está associado à dinâmica da industrialização é a relação 
entre o café e a indústria, em que as exportações crescem junto com o setor industrial, 
sendo o café e a indústria indissociáveis e articuláveis. É historicamente entendido que a 
cafeicultura cria condições, ou parte delas, imprescindíveis ao processo de 
industrialização. Tais condições são a transição do trabalho que irá construir um mercado 
de trabalho assalariado no país, principalmente nos estados em que a indústria irá se 
desenvolver mais rapidamente (RJ e SP), criação de uma rede moderna de transporte, 
sistema bancário moderno, mercado interno de consumo de bens industriais, arrecadação 
tributária, geração de divisas imprescindíveis para importação de bens de capital, 
presença indireta do Estado como estimulador ou investidor transferindo recursos 
públicos para o setor privado, etc. 
A partir de 1930, tudo muda, sendo a crise de 29 um ponto de inflexão que gera 
uma crise do setor agro exportador (crise que não se resolve nos mesmos termos que 
anteriormente) e uma série de mudanças que assume caráter econômico, político, social 
e cultural. Diante disso, a partir da crise de 29, tem-se no Brasil, um processo de 
industrialização por substituição, sendo que a sua vigência se prolongou até o final da 
década de 1970, quando ocorreram os choques do petróleo, o aumento da taxa de juros 
nos Estados Unidos e a crise do endividamento brasileiro. Nesse contexto, verifica-se as 
seguintes fases neste processo: o nascimento da indústria em paralelo ao setor dinâmico 
agroexportador; o processo de substituição de importações, fundamentalmente dos bens 
de consumo não-duráveis; o crescimento industrial, prosperidade econômica e a 
consolidação leve de consumo no Brasil; o projeto industrial planejado e orientado pelo 
estado através do Plano de Metas; e o período de crise e “milagre econômico", 
conjugando a formatação do II PND e a crise da dívida externa, colocando em xeque o 
modelo de substituição de importações. 
O crescimento alcançado nos primeiros anos do Modelo de Substituição por 
Importação pela política de compra e queima dos estoques pelo governo, resultando na 
manutenção da renda dos cafeicultores e, por conseguinte, do nível de demanda interna, 
o que acabou estimulando o uso da capacidade ociosa das indústrias e deu início a 
substituição de importações de bens leves de consumo manufaturado. Foi visto,também, 
que, o início do processo de industrialização por substituição de importação no Brasil foi 
resultado de uma crise externa provocada pela deterioração dos termos de trocas e pela 
queda na capacidade de importação verificada no país, sendo que a principal dificuldade 
no avanço deste processo refere-se ao fato de que, ao mesmo tempo em que as 
importações foram substituídas por produção nacional, foram sendo criadas novas 
necessidades de importação qualitativas distintas, obrigando a realização de novas 
rodadas de substituição. Como consequência da crise de 29, a quantidade exportada e o 
preço recebido pelas exportações diminuíram, nesse sentido, visando eliminar os 
desequilíbrios provocados pela crise externa, o governo brasileiro adotou políticas de 
contenção das importações, sobretudo de controle cambial e de elevação das tarifas 
alfandegárias. Deste modo, as importações ficaram mais caras e a substituição dessas 
importações foram incentivadas. Durante a Segunda Guerra, as dificuldades para se fazer 
importações em razão do conflito tiveram um duplo impacto, por um lado permitiu o 
avanço nas substituições de importação, e, por outro, gerou um novo estrangulamento 
externo devido à impossibilidade de se fazer importação de bens de capital. Do final da 
segunda guerra até 1955, o setor industrial brasileiro continuou se desenvolvendo a passos 
largos, tornando-se definitivamente o setor mais dinâmico da economia. Para isso, foi 
fundamental a política cambial adotada pelo governo que priorizou as importações de 
máquinas, equipamentos e matérias primas para a indústria. 
O chamado Plano de Metas, o qual teve vigência de 1956 até 1961, foi um projeto 
desenvolvimentista em que teve uma política econômica expansiva e a taxa média de 
crescimento da produção foi de 11%. No entanto, esse crescimento foi acompanhado por 
um conjunto de contradições, a taxa média anual da inflação, entre 1955 e 1960, foi de 
28%, e entre 1960 e 1965, foi de 62%, caracterizando-se o período do Plano de Metas 
como um período de crescimento com inflação. Além disso, verificaram-se altos índices 
de concentração regional e de renda, ficando a indústria dinâmica concentrada na região 
Sudeste do país e a renda concentrada nas mãos dos grandes capitalistas industriais, na 
classe média dos principais centros urbanos e na parcela mais qualificada dos assalariados 
empregados nas indústrias mais dinâmicas de origem multinacional e estatal.

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