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DISCIPLINA: GESTÃO DA QUALIDADE AUTORIA: Marcos Ferreira Santos Vitória, 2015 Multivix-Vitória Rua José Alves, 301, Goiabeiras, Vitória-ES Cep 29075-080 – Telefone: (27) 3335-5666 Credenciada pela Portaria MEC nº 259 de 11 de fevereiro de 1999. Multivix-Nova Venécia Rua Jacobina, 165, Bairro São Francisco, Nova Venécia-ES Cep 29830-000 - Telefone: 27 3752-4500 Credenciada pela portaria MEC nº 1.299 de 26 de agosto de 1999 Multivix-São Mateus Rod. Othovarino Duarte Santos, 844, Resid. Parque Washington, São Mateus-ES Cep 29938-015 – Telefone (27) 3313.9700 Credenciada pela Portaria MEC nº 1.236 de 09 de outubro de 2008. Multivix-Serra R. Barão do Rio Branco, 120, Colina de Laranjeiras, Serra-ES Cep 29167-172 – Telefone: (27) 3041.7070 Credenciada pela Portaria MEC nº 248 de 07 de julho de 2011. Multivix- Cachoeiro de Itapemirim R. Moreira, 23 - Bairro Independência - Cachoeiro de Itapemirim/ES Cep 29306-320 – Telefone: (28) 3522-5253 Credenciada pela Portaria MEC nº 84 de 16 de Janeiro de 2002. Multivix-Castelo Av. Nicanor Marques, 245, Centro - Castelo – ES Cep 29360-000 – Telefone: (28) 3542-2253 Credenciada pela Portaria MEC nº 236 de 11 de Fevereiro de 1999. 1 Gestão da Qualidade Diretor Executivo: Tadeu Antonio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga EAD – Núcleo de Educação à Distância GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA Coord. Geral de EAD (Dados de publicação na fonte) S231 Santos, Marcos Ferreira. Gestão da qualidade / Marcos Ferreira Santos. – Vitória : Multivix, 2015. 61 f. : il. ; 30 cm Inclui referências. 1. Administração de produção. 2. Controle de qualidade. II. Faculdade Multivix. III. Título. CDD: 658.4036 2 Gestão da Qualidade Disciplina: Gestão da Qualidade Autoria: Marcos Ferreira Santos Primeira edição: 2015 3 Gestão da Qualidade LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - CONCEITOS RELACIONADOS A CONFORMIDADE...................... 13 FIGURA 2 - DIAGRAMA DE ISHIKAWA............................................................... 16 FIGURA 3 - AÇÕES PARA A MELHORIA CONTÍNUA........................................ 20 FIGURA 4 - CICLO PDCA..................................................................................... 22 FIGURA 5 - CONTROLE E MELHORIA DO PROCESSO.................................... 23 FIGURA 6 - PADRÕES DA ISO 9000 E COMO SE APLICAM NA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE QUALIDADE......................... 29 FIGURA 7 - O PROCESSO ISO 9000.................................................................. 32 FIGURA 8 - APLICAÇÕES DA NORMA NBR ISO 9000....................................... 33 FIGURA 9 - MODELO DO SISTEMA DE GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA PARA A NORMA OHSAS........... 44 FIGURA 10 - PRINCÍPIOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DE ACORDO COM A NORMA ISSO....................................................................... 47 FIGURA 11 - MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA...................... 51 FIGURA 12 - MELHORIAS ADVINDAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA ISO 50.000 NAS ORGANIZAÇÕES..................................................................... 53 FIGURA 13 - TIPOS DE DOCUMENTOS PRESENTES NO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE................................................................ 54 FIGURA 14 - CONCEITOS RELACIONADOS A AUDITORIA DE QUALIDADE.... 57 4 Gestão da Qualidade LISTA DE TABELAS TABELA 1 - AVALIAÇÃO DAS FORÇAS E FRAQUEZAS DOS AUTORES CLÁSSICOS DE QUALIDADE.......................................................... 11 TABELA 2 - INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS DE CERTIFICAÇÃO...... 25 TABELA 3 - DESCRIÇÃO DA SÉRIE ISO 9000 E RELACIONADAS................... 26 TABELA 4 - DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE NORMAS ISO, ALÉM DA FAMÍLIA 9000................................................................... 30 TABELA 5 - ATIVIDADES NECESSÁRIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE......................................... 34 TABELA 6 - PRINCÍPIOS DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE........ 35 TABELA 7 - MOTIVAÇÕES À CERTIFICAÇÃO ISO 14001................................. 40 TABELA 8 - FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14.000................................................... 41 TABELA 9 - BENEFÍCIOS DA GESTÃO DE RISCOS.......................................... 49 TABELA 10 - EXEMPLOS DE CONTEXTOS INTERNOS E EXTERNOS A ORGANIZAÇÃO................................................................................ 49 5 Gestão da Qualidade SUMÁRIO 1º BIMESTRE......................................................................................................... 7 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 8 2 QUALIDADE................................................................................................... 10 2.1 CONTROLE DE PROCESSO............................................................................ 15 3 MELHORIA CONTÍNUA.............................................................................. 19 4 CICLO PDCA................................................................................................. 21 5 CERTIFICAÇÃO............................................................................................ 25 5.1 NORMAS ISSO.................................................................................................. 26 6 OUTRAS NORMAS RELEVANTES......................................................... 30 6.1 SÉRIE DE NORMAS ISO 9000 E SÉRIES RELACIONADAS........................... 31 2º BIMESTRE......................................................................................................... 37 7 SÉRIE DE NORMAS ISO 14000............................................................... 38 8 NORMA OHSAS 18001............................................................................... 43 9 SÉRIE DE NORMAS ISO 26000............................................................... 46 10 SÉRIE DE NORMAS ISO 31000............................................................... 48 11 SÉRIE DE NORMAS ISO 50000............................................................... 50 6 Gestão da Qualidade 12 DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE................................................................................................... 54 13 AVALIAÇÃO E AUDITORIA DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE................................................................................................... 56 14 REFERÊNCIAS............................................................................................. 587 Gestão da Qualidade 1º Bimestre 8 Gestão da Qualidade 1 INTRODUÇÃO Após a segunda guerra mundial e, especialmente, após o fim da guerra fria, com o aumento e desenvolvimento do livre comércio mundial a necessidade de padrões internacionais de qualidade se tornou central para o número crescente de transações comerciais internacionais (Campos, 2004). A importância da qualidade nas relações comerciais se dá desde os primórdios da história, mas Juran (2004) relata como exemplo que, nas décadas de 1960 e 1970 as empresas americanas perderam sua liderança em qualidade para novos concorrentes vindos principalmente do Japão. As consequências desta perda se refletiram na participação de mercado. Atualmente, as exigências da sociedade em relação as empresas cresce a cada dia. Regras e padrões de produção não são mais ditados apenas pelo mercado, mas regulados pelos consumidores, por organizações certificadoras e pela sociedade, por meio da legislação. As organizações certificadoras são empresas habilitadas para fazer o trabalho de certificação pelas instituições de acreditação, as acreditadoras, estas responsáveis por desenvolver as normas (SEBRAE, 2012). De acordo com a ABNT (2000, p. 3): Clientes exigem produtos com características que satisfaçam as suas necessidades e expectativas. Estas necessidades e expectativas são expressas nas especificações de produto e são, geralmente, designadas como requisitos do cliente. Requisitos do cliente podem ser especificados contratualmente pelo cliente ou determinados pela própria organização. Em qualquer caso, será sempre o cliente que, em última análise, determinará a aceitabilidade do produto. Como as necessidades e expectativas dos clientes estão mudando, e por causa das pressões competitivas e dos avanços tecnológicos, as organizações são induzidas a melhorar continuamente seus produtos e processos. A certificação de um produto ou serviço oferece garantias para o consumidor (SEBRAE, 2012). Bens e serviços de alta qualidade podem dar a uma organização considerável 9 Gestão da Qualidade vantagem competitiva. Boa qualidade também reduz custos de produção, refugo e devolução e gera consumidores satisfeitos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). De acordo com o SEBRAE (2012, p. 2): Governos e grandes empresas estão fortalecendo seus sistemas de controle e exigindo o cumprimento de normas que vão além do simples cumprimento de leis. São novas regras impostas para a participação em licitações que pedem certidões e certificações, além de conhecimento sobre os desafios desse novo século. Neste contexto de intensa competição a preocupação contínua a qualidade de produtos, serviços e processos, tanto na indústria, quanto no setor de serviços e mesmo em instituições governamentais, ganha cada vez mais destaque. Ao longo desta apostila, questões relacionadas às certificações, principais conceitos e aplicações práticas da qualidade serão desenvolvidas. 10 Gestão da Qualidade 2 QUALIDADE O Controle de Qualidade Total ou, em inglês, Total Quality Control (TQC), foi desenvolvido no Japão a partir de ideias americanas. Os japoneses, para evitar confundir com o sistema TQC pregado pelo Dr. Armand Feigenbaum utilizam algumas vezes o termo Company Wide Quality Control (CWQC). O TQC, segundo os princípios japoneses, é praticado em todos os setores da empresa e por todos os empregados no estudo e condução do controle de qualidade (CAMPOS, 2004). Enquanto alguns autores utilizam o termo TQC, outros autores utilizam TQM, sigla que resume o termo em inglês Total Quality Management, que significa Gestão da Qualidade Total (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). O TQC é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método cartesiano (René Descartes), aproveita muito do trabalho de Taylor (Taylorismo) e utiliza o controle estatístico de processos, cujos fundamentos foram lançados por Shewhart. Adota os conceitos sobre comportamento humano lançados por Maslow e aproveita o conhecimento ocidental sobre qualidade (CAMPOS, 2004). Entre os autores clássicos ligados a qualidade podemos destacar Armand Feigenbaum que, na década de 1950 escreveu Total Quality Control, tendo sido adotado como referência no Japão. W. Edwards Deming é considerado no Japão o pai do controle de qualidade, em virtude de suas conferências apresentadas na década de 1950 no Japão. Para Deming a qualidade e produtividade aumentam a medida em que a variabilidade do processo diminui. Joseph M. Juran, como Deming, também se preocupava com questões administrativas e a gestão da qualidade, mas estava atento ao impacto da ação dos trabalhadores diretos na qualidade, fator que o fez envolver-se com técnicas de liderança e motivação. Kaoru Ishikawa é considerado o criador do conceito de círculos de qualidade e dos diagramas de causa e efeito. Genichi Taguchi foi diretor da academia japonesa de qualidade e seu foco era o aperfeiçoamento da qualidade da engenharia, por meio do aperfeiçoamento do projeto dos produtos. Phillip B. Crosby é reconhecido por seu trabalho sobre o custo da qualidade. Argumentou que muitas 11 Gestão da Qualidade organizações não sabem o quanto gastam em qualidade, seja para consertarem erros ou produzir corretamente. Sua ênfase está nos custos e benefícios da implementação de programas de qualidade (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Slack, Chambers e Johnston (2009) criaram um quadro com referência a forças e fraquezas dos autores clássicos que são ligados ao desenvolvimento dos conceitos de TQC e TQM. TABELA 1 - AVALIAÇÃO DAS FORÇAS E FRAQUEZAS DOS AUTORES CLÁSSICOS DE QUALIDADE Autor Forças da Abordagem Fraquezas da Abordagem (continua) Armand Feigenbaum - Abordagem ao controle de qualidade. - Enfatiza a importância da administração. - Inclui ideias de sistemas sociotécnicos. - Promove a participação de todos. - Não discrimina os diferentes contextos da qualidade. - Não faz uma síntese das diferentes teorias da administração em um todo coerente. W. Edwards Deming - Lógica sistemática e funcional que identifica os estágios da melhoria da qualidade. - Enfatiza que a administração antecede a tecnologia. - Liderança e motivação são reconhecidas como importantes. - Enfatiza o papel dos métodos estatísticos e quantitativos. - Reconhece as diferenças culturais e históricas de Japão e dos EUA. - Metodologia e o processo são às vezes vagos. - A ênfase na liderança e motivação é vista com ceticismo por alguns autores. - Não lida com questões importantes relacionadas a política da empresa ou coerção. Joseph M. Juran - Enfatiza a necessidade de deixar de lado a euforia exagerada e os slogans da qualidade. - Destaca o papel dos consumidores externo e interno. - Enfatiza o envolvimento e comprometimento da administração. - Não faz nenhuma ligação com autores relacionados a liderança e motivação. - Crítica de que desconsidera a contribuição do trabalhador ao rejeitar iniciativas participativas. - Crítica de que é mais forte em sistemas de controle do que na chamada dimensão humana da organização. Kaoru Ishikawa - Enfatiza a importância da participação das pessoas no processo de solução de problemas. - Oferece um composto de técnicas estatísticas e de orientaçãopara pessoas. - Introduz a ideia de círculos de controle de qualidade. - Crítica de que parte de seu método de solução de problemas é simplista. - Não consegue estabelecer claramente a passagem das ideias para a ação nos círculos de qualidade. 12 Gestão da Qualidade Autor Forças da Abordagem Fraquezas da Abordagem (conclusão) Genichi Taguchi - Abordagem de qualidade desde o estágio do projeto. - A qualidade é assunto de toda a sociedade e não somente das organizações. - Metodologia prática desenvolvida por engenheiros ao invés de teórica desenvolvida por estatísticos. - Excelente controle de processos. - Grande dificuldade de aplicação em situações nas quais o desempenho é difícil de medir. - Controle da qualidade na mão de especialistas, ao invés de gerentes e operários. - Criticado no aspecto de motivação e gestão de pessoas. Phillip B. Crosby - Métodos claros e fáceis de seguir. - Reconhece a importância da participação do trabalhador. - Boa explicação da realidade da qualidade e na motivação para iniciar o processo de qualidade. - Crítica de que culpa os trabalhadores pelos problemas de qualidade. - Crítica de que enfatiza slogans e lugares comuns, ao invés de dificuldades reais. - Defeito zero pode ser considerado algo que evita o risco. - Não dá a devida importância a métodos estatísticos. Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 664) com base em Flood (1993). Para Campos (2004, p. 2) “(...) um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente”. 13 Gestão da Qualidade Figura 1 - Conceitos Relacionados a Conformidade Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 22). A ABNT (2000) classifica esta necessidade ou expectativa expressa, seja implicitamente ou objetivamente, como requisito. A conformidade, em termos de qualidade portanto, seria a capacidade de um produto de atender aos requisitos. A relação entre os diferentes conceitos associados a conformidade foi apresentada na figura anterior. A qualidade total também pode ser compreendida através de tipologias. Campos (2004) separa a qualidade total em 5 dimensões e as apresenta da seguinte forma: Defeito Não atendimento a um requisito relacionado a um uso pretendido ou especificado Conformidade Atendimento a um requisito Liberação Permissão para prosseguir para o próximo estágio de um processo Ação Preventiva Ação para eliminar a causa de uma potencial não- conformidade ou outra situação potencialmente indesejável Ação Corretiva Ação para eliminar a causa de uma não- conformidade identificada ou outra situação indesejável Permissão de Desvio Permissão para desviar-se dos requisitos originalmente especificados de um produto antes da sua realização Concessão Permissão para usar ou liberar um produto que não atende os requisitos especificados Refugo Ação sobre um produto não conforme para impedir a sua utilização prevista originalmente Requisito Não Conformidade Não atendimento a um requisito Correção Ação para eliminar uma não-conformidade identificada Retrabalho Ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo conforme aos requisitos Reclassificação Alteração da classe de um produto não- conforme, a fim de torná-lo conforme a requisitos diferentes daqueles inicialmente especificados Reparo Ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo aceitável para o uso pretendido 14 Gestão da Qualidade 1. Qualidade – Ligada à satisfação do cliente interno ou externo. Portanto, medida por meio do desempenho e características dos produtos e serviços da empresa. Inclui a qualidade do produto ou serviço (ausência de defeitos; presença de características esperadas pelo consumidor); qualidade da rotina da empresa (previsibilidade e confiabilidade das operações); qualidade do treinamento, qualidade da informação, qualidade das pessoas, qualidade da empresa, qualidade da administração, qualidade dos objetivos, qualidade do sistema, etc. 2. Custo – O custo é considerado não somente como o custo final do produto ou serviço, mas também pelo seu custo intermediário (durante as operações de produção). 3. Entrega – As condições de entrega dos produtos ou serviços finais e intermediários de uma empresa, assim como seu índice de atrasos, erro de local de entrega, e erro de quantidade de entrega. 4. Moral – Índice de turnover, absenteísmo, reclamações trabalhistas, etc. 5. Segurança – Tanto a segurança dos empregados quanto dos produtos e serviços comercializados deve ser avaliada. Portanto, índices como número de acidentes, e índice de gravidade dos acidentes ligados tanto aos empregados durante a produção, quanto aos clientes durante o consumo, devem ser acompanhados de perto. Campos (2004) ainda apresenta o pensamento em qualidade total como resultado de uma equação que deve estar na mente das pessoas relacionadas a ela: TQC = (CONTROLE + QUALIDADE) TOTAL Por controle total, pode-se compreender o controle exercido por todas as pessoas da empresa, de forma sistêmica e metódica, fundamentado na ciclo PDCA. Campos (2004, p. 15), após apresentar os conceitos acima afirma que “TQC é o controle exercido por todas as pessoas para a satisfação das necessidades de todas as pessoas”. 15 Gestão da Qualidade O Controle da Qualidade Total, para Campos (2004), é regido pelos seguintes princípios básicos: Produzir e fornecer produtos e serviços que atendam concretamente as necessidades dos clientes; Garantir a sobrevivência da empresa através da manutenção e melhoria dos índices de qualidade da empresa; Estabelecer prioridades para eliminar os problemas, do mais crítico ao menos crítico; Fundamentar-se em fatos para tomar as decisões empresariais; Gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados; Reduzir as dispersões nos processos da empresa; Não permitir a venda de produtos ou serviços defeituosos; Nunca permitir que o mesmo problema se repita pela mesma causa; Respeitar os empregados; 2.1 CONTROLE DE PROCESSO Para Campos (2004) o controle de processo é a essência do gerenciamento em todos os níveis hierárquicos da empresa. Para se compreender o controle de processo é necessário compreender a relação causa-efeito. Sempre que um imprevisto ou problema (efeito, fim, resultado) ocorrem, existe um conjunto de causas (meios) que podem ter influenciado. Com o intuito de identificar esta relação, os japoneses criaram o diagrama de causa-efeito. Este diagrama, apresentado na figura a seguir e também chamado de diagrama espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa, foi criado para se analisar e separar os fins de seus meios. A premissa do pensamento a partir do diagrama é a de que um processo é um conjunto de causas (provocando um ou mais efeitos). Na figura 1 o processo foi dividido em várias causas, chamadas de fatores de manufatura ou fatores de serviços. Uma 16 Gestão da Qualidade empresa é processo composto de vários processos menores e restritos a mesma. Mesmo estes processos menores podem ser subdivididos em outros processos, de forma a facilitar o gerenciamento.Para se controlar sistematicamente a técnica é a de dividi-los e os analisar isoladamente, para depois analisar o conjunto de processos. A partir do controle dos processos menores é possível localizar melhor eventuais problemas e identificar suas causas (CAMPOS, 2004). Figura 2 - Diagrama de Ishikawa Fonte: Campos (2004, p. 20). Matéria Prima Fornecimento Próprio Fornecedores Máquina Manutenção Deterioração Medida Instrumento Condições Locais Inspeção Meio Ambiente Oficina Clima Mão de Obra Mental Físico Método Informação Instrução Procedimento CAUSAS Fatores de Qualidade Itens de Verificação PROCESSO FATORES DE MANUFATURA = 6M EFEITO Característica da Qualidade Item de Controle 17 Gestão da Qualidade De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009) o procedimento para se desenhar um diagrama de causa- efeito é o seguinte: 1. Escrever o problema a ser investigado na caixa de Efeito 2. Identificar o que está associado as causas possíveis do problema, como: equipamentos, mão de obra, materiais, métodos e dinheiro. 3. Procurar identificar as possíveis causas potenciais dos efeitos através da discussão em grupo com profissionais envolvidas nas atividades afetadas pelo efeito. 4. Registrar todas as causas potenciais no diagrama sob cada categoria ediscutir cada item para combinar e esclarecer as causas. Cada processo normalmente tem um ou mais resultados, que seriam seus efeitos ou fins. Para gerencia-lo é necessário medir os efeitos de cada processo. Para Campos (2004, p. 21) “Os itens de controle de um processo são índices numéricos estabelecidos sobres os efeitos de cada processo para medir a sua qualidade total”. Campos (2004) ensina que cada processo é gerenciado por meio de itens de controle que medem qualidade, custo, entrega, moral e a segurança de seus efeitos. Estes itens, também denominados de itens de controle dos resultados são estabelecidos sobre pontos de controle. Quando um item de controle mede a qualidade de um produto ou serviço resultante de um processo ele é denominado característica de qualidade. Cada efeito de processo é afetado por várias causas, mas apenas algumas poucas causas afetam a grande parte de um item de controle. A partir destas causas principais se estabelecem os itens de verificação de um processo, que são índices numéricos. Sendo assim, um item de controle é verificado a partir do acompanhamento dos índices numéricos de cada item de verificação. Um item de verificação de um processo pode ser um item de controle de um processo anterior. Isto ocorre porque, como foi definido anteriormente, a empresa (o processo maior) é composta por vários processos menores que, na maioria dos casos, estão 18 Gestão da Qualidade interligados. Em uma empresa, cada funcionário terá autoridade sobre o(s) processo(s) no(s) qual(is) estiver envolvida. Com a autoridade, também vem a responsabilidade sobre os resultados deste processo, e assim advém os itens de controle (CAMPOS, 2004). Slack, Chambers e Johnston (2009) dão algumas sugestões para aperfeiçoar a elaboração de diagramas de causa-efeito: Separar cada problema em um diagrama. Nunca combinar problemas, mesmo que relacionados, em um diagrama único. Os diagramas devem ser apresentados e estarem disponíveis para todos os profissionais que irão discuti-los. Se vários problemas geram um problema maior (no qual estes compõem o diagrama) deve-se analisa-los em diagramas separados. O processo de elaboração dos diagramas é um processo de aperfeiçoamento contínuo. A descrição dos problemas deve ser direta e descrever o que está acontecendo de fato. As causas que parecem ser particularmente significativas devem ser destacadas. 19 Gestão da Qualidade 3 MELHORIA CONTÍNUA Em um mercado competitivo, existe a necessidade de se adequar melhor do que os concorrentes às necessidades e desejos dos clientes (KOTLER, 2008). A melhoria contínua parte dos conceitos desenvolvidos por Deming (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009) com o objetivo de sempre estar reduzindo a margem de defeitos em seus bens de consumo ou serviços. A ideia que fundamenta o princípio da melhoria contínua está alinhada com os preceitos estatísticos desenvolvidos por Shewhart. Na produção industrial em larga escala, pequenos ganhos na confiabilidade, durabilidade e eficiência dos produtos podem resultar em ganhos expressivos na receita da empresa. O foco desta iniciativa perpassa a variabilidade na produção em escala industrial. De acordo com a ABNT (2000, p. 6): As técnicas estatísticas podem ajudar medir, descrever, analisar, interpretar e modelar tal variabilidade, mesmo com uma quantidade relativamente limitada de dados. A análise estatística de tais dados pode ajudar na avaliação de um melhor entendimento da natureza, extensão e causas da variabilidade. Isto pode ajudar a resolver e, até mesmo, prevenir problemas que possam resultar desta variabilidade, e promover a melhoria contínua. O controle de processo fundamentado no conceito de causa e efeito desenvolvido por Ishikawa (CAMPOS, 2004; SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009) é o primeiro passo para o desenvolvimento do conceito de melhoria contínua. Ao se abordar o processo de forma analítica procurando reduzir as distorções, erros, falhas e desperdícios existentes no mesmo, a empresa está buscando aumentar a eficiência de suas operações produtivas. O próximo passo seria desenvolver um método facilmente comunicável para aplicar de forma efetiva os preceitos da melhoria contínua nas organizações. A ABNT (2000) lista 7 ações voltadas para a melhoria contínua que são apresentadas na figura a seguir. 20 Gestão da Qualidade Figura 3 - Ações para a Melhoria Contínua Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 6). Análise e avaliação da situação existente para identificar áreas para melhoria Estabelecimento dos objetivos para melhoria Pesquisa de possíveis soluções para atingir os objetivos Avaliação e seleção destas soluções Implementação da solução escolhida Medição, verificação, análise e avaliação dos resultados da implementação para determinar se os objetivos foram atendidos Formalização das alterações 21 Gestão da Qualidade 4 CICLO PDCA Para Slack, Chambers e Johnston (2009) o conceito de melhoramento contínuo implica em um processo sem fim de investigação e questionamento dos processos envolvidos em uma operação de produção. A natureza deste processo que é cíclica (repete-se de tempos em tempos) é a base do ciclo PDCA, também conhecido como roda de Deming em homenagem ao guru americano. O PDCA é, portanto, as atividades realizadas de tempos em tempos para analisar os processos envolvidos em uma operação de produção, tendo como objetivo a melhoria contínua (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). O ciclo começa com o P de planejamento, que envolve o exame do processo, operação ou da área estudada. Isto envolve coletar e analisar dados de modo a formular um plano de ação. Uma vez definido o planejamento, a próxima etapa é o D de fazer (D do verbo do em inglês). Neste estágio,o plano é implementado (e pode ter seu próprio ciclo PDCA). O ciclo segue com o C de Checar, no qual o plano e a implementação são checados, para avaliar se o problema foi resolvido. O último estágio é o A de agir, no qual a mudança, se foi bem sucedida, é padronizada. Caso a mudança não tenha sido bem sucedida, o ciclo PDCA se reinicia imediatamente. Caso a mudança tenha sido bem sucedida, o ciclo PDCA se reiniciará em uma data posterior (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). 22 Gestão da Qualidade Figura 4 - Ciclo PDCA Fonte: Adaptado de Campos (2004, p. 34). De acordo com Campos (2004) o termos do ciclo PDCA tem o seguinte significado: Planejamento (P) – Estabelecer metas sobre os itens de controle do processo; Estabelecer a forma para atingir as metas propostas. Execução (D) – Execução das tarefas conforme previsto no plano e coleta de dados para checar sua eficácia. Nesta etapa é muito importante o treinamento no trabalho. Verificação (C) – A partir dos dados coletados anteriormente, verifica-se se a meta planejada foi alcançada. Atuação Corretiva (A) - Se as metas não foram alcançadas ou qualquer outro problema eventual surgiu, é nesta etapa que as ações corretivas são executadas, procurando eliminar o problema. De acordo com Campos (2004) embora todos na empresa possam se utilizar do ciclo PDCA, este é utilizado mais intensamente pelo pessoal da manutenção. Melhorar continuamente um processo ou operação implica em melhorar os padrões já •Corrigir eventuais problemas; •Verificar os resultados de acordo com as metas. •Executar tarefas; •Coletar dados; •Definir metas; •Definir métodos; •Educar e treinar; (P) Planejar (D) Executar (A) Atuar Corretivamente (C) Checar 23 Gestão da Qualidade estabelecidos. Cada melhoria corresponde, portanto, ao estabelecimento de uma nova diretriz de controle. Figura 5 - Controle e Melhoria do Processo Fonte: Adaptado de Campos (2004, p. 36). No tocante às diretrizes de controle, algumas condições são necessárias: (P) Planejamento – Quando se estabelecem as diretrizes de controle: Definir os itens de controle a serem verificados e o padrão considerado aceitável; Definir quais são os procedimentos padrão necessários para se manter os resultados obtidos. (D) Execução – Envolve o treinamento para implementação das diretrizes de controle: Treinamento na execução das operações e processos, visando alcançar ou superar as metas de controle; Treinamento em coleta de dados; Execução das tarefas conforme os procedimentos-padrão; As operações são analisadas para determinar as causas do resultado indesejado, padronizando e estabelecendo novos controles O processo, com o novo controle implementado, passa ter um novo patamar de desempenho,que é padronizado. As operações (causa) não produzem um resultado (efeito) que satisfaz ao controle (problema) 24 Gestão da Qualidade (C) Checar – Verificação dos itens de controle: Os itens de controle são verificados um a um, de acordo com as metas estabelecidas; (A) Executar – Manutenção e padronização dos procedimentos consolidados nas fases anteriores: Manter os procedimentos atuais, se as metas foram atingidas, em uma faixa- padrão pré-determinada nas diretrizes de controle; Em caso de não cumprimento das metas (anomalia) a não ser que as ações corretivas já estejam padronizadas. 25 Gestão da Qualidade 5 CERTIFICAÇÃO O número de certificações disponíveis para produtos, processos e serviços atualmente é enorme. Só a ISO possui 19.000 normas, nas mais variadas áreas. Existem certificações obrigatórias e certificações voluntárias, sendo que determinados produtos ou serviços somente podem ser comercializados após a verificação de sua conformidade com as normas exigidas (SEBRAE, 2012). Existem certificações para empresas e também para profissionais. No caso de habilidades profissionais, a certificação é realizada através de provas e comprovação de experiência. Se atingir os critérios necessários, um profissional obtém a certificação na habilidade de determinada área. No Brasil são certificados inspetores de soldagem, inspetores de ensaios não destrutivos, auditores de qualidade, entre outros (SEBRAE, 2012). Como o SEBRAE (2012, p. 8) explica: Estabelecer um sistema de certificação exige uma série de procedimentos que envolvem não apenas os órgãos certificadores mas também as organizações do setor a ser normalizado. Para isso, são formados grupos de trabalho integrados por especialistas indicados pelas empresas e instituições da área. Existem diversas instituições públicas e privadas que lidam com certificação no Brasil. A tabela a seguir mostra algumas destas instituições. TABELA 2 - INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS DE CERTIFICAÇÃO Sigla Nome Área INMETRO Instituto Nacional de Metrologia Formula e executa a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade de produtos industriais. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas Certificação de normas técnicas. IBD Instituto Biodinâmico Produtos orgânicos. IMO Instituto de Mercado Ecológico Produtos orgânicos. FSC Conselho Brasileiro de Manejo Florestal Certificação de madeira e produtos florestais. Fonte: Adaptado de SEBRAE (2012, p. 7). 26 Gestão da Qualidade 5.1 NORMAS ISO ISO significa International Organization for Standartization ou, em português, Organização Internacional de Padronização. Possui atualmente, como membros, 162 institutos nacionais de padronização, coordenada por um secretariado central e auxiliada por 3.335 corpos técnicos e 224 comitês, segundo dados de 2011, responsáveis por criar e rever as certificações. A ISO desenvolve padrões técnicos voluntários que servem como referência internacional para as práticas de produção e comercial (ISO, 2009a; SEBRAE, 2012). O comitê técnico da ISO, denominado ISO/TC 176 é responsável pela família de padrões ISO 9000 para gestão e garantia de qualidade. Delegações de 81 países participam deste comitê, em conjunto com mais 21 países que possuem status de observador (ISO, 2009a). A norma da organização britânica British Standards Institution (BSI) BS 5750 serviu de modelo para a ISO 9000. A Europa foi a pioneira na utilização da ISO 9000, ao adotá-la como padrão de gerenciamento da qualidade, por ocasião da unificação europeia (CICCO, 1994). De acordo com a ABNT (2000) as normas da família NBR ISO 9000 foram desenvolvidas para apoiar organizações de todos os tipos e tamanhos, na implementação e operação de sistemas de qualidade eficazes. A tabela 1 apresenta as principais normas, assim como sua função: TABELA 3 - DESCRIÇÃO DA SÉRIE ISO 9000 E RELACIONADAS Norma Descrição (continua) NBR ISO 9000 Lançada em 1997, descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e estabelece a terminologia para estes sistemas em empresas de qualquer porte. 27 Gestão da Qualidade Norma Descrição (continuação) NBR ISO 9001 Especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, onde uma organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e os requisitos regulamentares aplicáveis e objetiva aumentar a satisfação do cliente.NBR ISO 9004 Fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade. O objetivo desta norma é melhorar o desempenho da organização e a satisfação dos clientes e das outras partes interessadas. ISO 10001 Fornece orientações para planejar, projetar, desenvolver, implementar, manter e melhorar os códigos de conduta de satisfação dos consumidores. Não é sujeita a certificação. ISO 10002 Orienta no processo de lidar com reclamações dos clientes. Não é sujeita a certificação. ISO 10003 Fornece orientações para resolução de disputas no âmbito dos clientes da organização. Não é sujeita a certificação. ISO 10004 Fornece orientações sobre processos para monitorar e mensurar a satisfação dos consumidores. Não é sujeita a certificação. ISO 10005 Fornece diretrizes para desenvolver, revisar, aceitar, aplicar e revisar planos de qualidade. Não é sujeita a certificação. ISO 10006 Fornece diretrizes para a aplicação da gestão da qualidade em projetos. Não é sujeita a certificação. ISO 10007 Diretrizes para gestão da qualidade no apoio aos produtos, do desenvolvimento ao descarte. Não é sujeita a certificação. ISO 10013 Fornece diretrizes para o desenvolvimento e manutenção da documentação necessária para garantir um sistema de gestão da qualidade efetivo. Também pode ser aplicada a outras normas ISO, além da família 9000. Não é sujeita a certificação. ISO 10014 Fornece orientações para mensurar os benefícios financeiros e econômicos da aplicação da ISO 9000. Não é sujeita a certificação. 28 Gestão da Qualidade Norma Descrição (conclusão) ISO 10017 Este relatório técnico fornece orientação para a aplicação das técnicas estatísticas apropriadas que podem ser uteis para a organização desenvolver, implementar, manter e melhorar o sistema de qualidade conforme a ISO 9001. Não é sujeita a certificação. ISO 10019 Fornece orientação para a seleção de consultores do sistema de gestão da qualidade e para o uso de seus serviços. Não é sujeita a certificação. ISO 19011 Fornece diretrizes sobre auditoria de sistemas de gestão da qualidade e ambiental. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de ABNT (2000, p. 1-2) Eurocert (2014) e ISO (2009a). O padrão ISO 9000 fornece os fundamentos e vocabulário utilizado na família de padrões ISO 9000. O padrão ISO 9001 é usado quando se procura estabelecer um sistema de gestão de qualidade que fornece confiança na habilidade da organização em fornecer produtor que atendem aos anseios dos consumidores. A ISO 9004 orienta uma gama de objetivos mais ampla do sistema de gestão da qualidade e é recomendada para ampliar a norma 9001, sendo que as normas 9001 e 9004 podem ser utilizadas em conjunto. A ISO 19011 abrange a área do sistemas de auditoria da qualidade e sistemas de gestão ambiental (ISO, 2009a). A série ISO 10000 age como uma expansão do sistema de gestão de qualidade da série ISO 9000 sem, no entanto, exigir certificação. Sua abrangência vai desde a mensuração da satisfação do consumidor a orientações para a escolha de consultores do sistema de gestão da qualidade e do uso de seus serviços (EUROCERT, 2014). Muitas organizações expandem o sistema de gestão da qualidade ao estender os processos da ISO 9001, incluindo outras certificações, como a ISO 14001, que lida com o Sistema de Gestão Ambiental. Os diferentes sistemas implementados através das certificações são projetados para serem compatíveis (ISO, 2009a; 2009b). 29 Gestão da Qualidade Figura 6 - Padrões da ISO 9000 e como se aplicam na implementação do sistema de qualidade Fonte: Adaptado de ISO (2009a, p. 6). Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade (ISO 9000, 9001 e 9004) Clientes (e outros grupos de interesse) Requisitos Clientes (e outros grupos de interesse) Satisfação ISO 10001 ISO 10002 ISO 10003 Responsabilidade da Gestão Gestão de Recursos Análise das medidas e aperfeiçoamento AGIR PLANEJAR ISO 10013 ISO 10014 ISO 19011 DO (FAZER) CHECAR ISO 10015 ISO 10019 Entrada Manufatura do Produto Produto Saída ISO 10001 ISO 10002 ISO 10003 ISO 10004 ISO 10012 ISO 10017 ISO 10005 ISO 10007 30 Gestão da Qualidade 6 OUTRAS NORMAS RELEVANTES As normas ISO não abrangem somente a gestão da qualidade. Como já foi exposto anteriormente, somente a ISO possui mais de 19.000 certificações. Neste contexto, algumas outras famílias ISO são merecedoras de uma atenção especial. De acordo com a ABNT (2000, p. 6) “Os objetivos da qualidade complementam outros objetivos da organização, tais como os relacionados ao crescimento, captação de recursos financeiros, lucratividade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional”. A tabela a seguir apresenta de forma breve algumas destas normas. TABELA 4 - DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE NORMAS ISO, ALÉM DA FAMÍLIA 9000 Família Norma ISO 14000 Diretrizes para a gestão ambiental. ISO 26000 Orientação para a responsabilidade social. ISO 27000 Diretrizes para a segurança da informação. ISO 31000 Princípios para a gestão de riscos. ISO 50000 Orientações para a gestão energética. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de ISO (2009b, 2014a, 2014b, 2014c, 2014d). A ISO desenvolveu as normas da família 14000 com o intuito de auxiliar as organizações a ter uma abordagem proativa nas questões relacionadas a gestão de questões ambientais (ISO, 2009b). A ISO 26000 fornece orientação em como os negócios e organizações podem operar de modo socialmente responsável. Também ajuda a clarificar o que é ser socialmente responsável e a transformar os princípios em ações efetivas e compartilha as melhores práticas relacionadas ao tema (ISO, 2014a). A ISO 27000 é uma família de padrões que fornece diretrizes para auxiliar as organizações a manter ativos de informação seguros. Ativos de informação como informações financeiras, propriedade intelectual, informações pessoais de funcionários ou informações confiadas por terceiros. As normas da família ISO 27000 abrangem pessoas, processos e sistemas de tecnologia da informação (ISO, 2014b). 31 Gestão da Qualidade A ISO 31000 fornece princípios, estrutura e um processo a gestão de riscos. No entanto não pode, neste momento, ser certificada, apesar de fornecer diretrizes para programas de auditoria interna e externa (ISO, 2014c). A ISO 50000 fornece orientações para a empresa melhorar sua gestão energética. Sua abrangência envolve o desenvolvimento de políticas para o uso eficiente da energia e a fixação de objetivos para atingir esta meta. Também o uso de dados para análise, mensuração e acompanhamento do uso de energia. Por fim, a revisão das políticas energéticas vigentes e a melhoria contínuo da gestão energética (ISO, 2014d). Além das normas ISO, a norma de origem britânica OHSAS 18001 é referência internacional para a gestão da saúde e segurança ocupacional, que impactam diretamente na qualidade de vida no trabalho. Esta norma é complementar a aplicação das normas ISO da série 9000, pois abrange aspectos importantes ao funcionamento organizacional que não são contemplados na série ISO 9000 (OHSAS, 2007; BSI, 2014). 6.1 SÉRIE DE NORMAS ISO 9000 E SÉRIES RELACIONADAS A norma ISO 9001 é utilizada para criar um sistema de gestão da qualidade que é certificadopor uma organização externa. O padrão reconhece que o termo produto se aplica a serviços, material processado, hardware e software comercializados por diferentes setores da indústria (ISO, 2009). 32 Gestão da Qualidade Figura 7 - O Processo ISO 9000 Fonte: Traduzido e adaptado de ISO (2009, p. 2). Para a ABNT (2000) a série NBR ISO 9000 pode ser aplicada em vários tipos de organizações ou situações como ilustra a figura abaixo: Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade Clientes (e outros grupos de interesse) Clientes (e outros grupos de interesse) Requisitos Satisfação Responsabilidade da Gestão Gestão de Recursos Análise das medidas e aperfeiçoamento Manufatura do Produto Produto Entrada Saída 33 Gestão da Qualidade Figura 8 - Aplicações da Norma NBR ISO 9000 Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 2). As aplicações listadas acima podem ser aplicadas a toda a família da série ISO 9000 e também às normas relacionadas, como as séries 10000 e 19000. Sistemas de gestão da qualidade são definidos pela ABNT (2000, p. 6) da seguinte forma: O sistema de gestão da qualidade representa a parte do sistema de gestão da organização cujo enfoque é alcançar resultados em relação aos objetivos da qualidade, para satisfazer às necessidades, expectativas e requisitos das partes interessadas, conforme apropriado. De acordo com a ISO (2009) há cinco sessões na norma que especificam as atividades que necessitam ser consideradas quando da implantação do sistema de gestão da qualidade: 1 - Requisitos gerais e documentação; 2 - Responsabilidade da gestão; foco, políticas, planejamento e objetivos; Norma NBR ISO 9000 Organizações que buscam vantagens através da implementaçã o de um sistema de gestão da qualidade; Organizações que buscam a confiança nos seus fornecedores de que os requisitos de seus produtos serão atendidos Usuários dos produtos Aqueles que têm interesse no entendimento mútuo da terminologia utilizada na gestão da qualidade (por exemplo: fornecedores, clientes, órgãos regulamentadores) Aqueles, internos ou externos à organização, que avaliam o sistema de gestão da qualidade ou a auditam, para verificarem a conformidade com os requisitos da NBR ISO 9001 Aqueles, internos ou externos à organização, que prestam assessoria ou treinamento sobre o sistema de gestão da qualidade adequado à organização Grupos de pessoas que elaboram normas correlatas 34 Gestão da Qualidade 3 - Gestão e alocação de recursos; 4 - Gestão da produção e de processos; 5 - Monitoramento, medições, análises e melhorias. A tabela a seguir demonstra as atividades necessárias para implementação com sucesso de um Sistema de Gestão da Qualidade: TABELA 5 - ATIVIDADES NECESSÁRIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE 1. Envolver a diretoria para: Definir porque a ISO 9001 deve ser implementada; Definir a missão, visão e valores da organização; Identificar os stakeholders (públicos de interesse) da organização, como: clientes, fornecedores, acionistas, empregados, sociedade, etc. Definir a política de qualidade; Definir e organizar os objetivos organizacionais e com os objetivos de qualidade de produtos ou serviços relacionados. 2. Identificar processos chave e as interações necessárias para atender aos objetivos de qualidade. 3. Implementar e administrar o Sistema de Gestão da Qualidade e seus processos. 4. Construir seu Sistema de Gestão da Qualidade baseado na ISO 9001 Identificar os requisitos da ISO 9001; Mapear estes requisitos com o Sistema de Gestão da Qualidade que será implementado; Fazer a análise de lacuna: identificar onde os requisitos do sistema estão sendo atendidos e onde não estão; Identificar as atividades e controles necessários no Sistema de Gestão da Qualidade. 5. Implementar o sistema, treinar a equipe e verificar a operação efetiva dos processos. 6. Gestão do Sistema de Qualidade Foco na satisfação do consumidor; Monitorar e medir a operação do sistema de gestão da qualidade; Foco na melhoria contínua; Considerar implementar modelos de excelência na gestão nas operações da companhia. 7. Se necessário, buscar certificação externa e criar uma declaração de conformidade. Fonte: Adaptado e traduzido de ISO (2009, p. 4-5). Em adição a ISO 9001 a ISO 9004 permite entender as aplicações da norma ao grupos de interesse como empregados, proprietários, fornecedores, parceiros comerciais e a 35 Gestão da Qualidade sociedade. A ISO 9001 e a ISO 9004 são compatíveis e podem ser usadas em conjunto, ou separadamente. A ISO 9004 não requer certificação (ISO, 2009). Auditorias efetivas garantem que um sistema de gestão da qualidade mantenha o seu nível de excelência. A norma ISO 19011 aborda a área de auditoria dos sistemas de gestão da qualidade e sistemas de gestão ambiental, sendo aplicável, portanto, tanto as normas da série 9000 quanto às normas da série 14000. A ISO 19011 fornece uma visão geral de como uma auditoria de qualidade deve ser executada (ISO, 2009). A gestão de qualidade pode ser um diferencial para melhorar o desempenho e conquistar uma vantagem competitiva para a organização. De acordo com a ABNT (2000) oito princípios foram identificados que são relacionados diretamente aos sistemas de gestão de qualidade: TABELA 6 - PRINCÍPIOS DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE Princípio Descrição Foco no Cliente O bem de consumo (produto ou serviço) deve, se possível, exceder as expectativas e necessidades do cliente. Liderança Os líderes são fundamentais na manutenção do foco nos objetivos organizacionais. Envolvimento de Pessoas O envolvimento dos funcionários garante a participação de toda a empresa na atividades relacionadas a gestão da qualidade. Abordagem de Processo A gestão de processos melhora a eficiência da utilização de recursos organizacionais com a qual se alcança resultados. Abordagem Sistêmica para Gestão Esta abordagem tem influência positiva tanto com a eficiência quanto a eficácia organizacional. Melhoria Continua O conceito de melhoria contínua é historicamente relacionado com a gestão da qualidade. Abordagem Factual para Tomada de Decisão Dados e informações como base para a tomada de decisões. Benefícios Mútuos na Gestão com Fornecedores Considerando que a produção de um bem de consumo, produto ou serviço, começa nos fornecedores da empresa, o conceito de benefícios mútuos busca estabelecer uma relação positiva, de “ganha / ganha” com os fornecedores organizacionais. Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 2). Tendo o cliente como referencial, para evitar eventuais distorções dos produtos em relação às necessidades e desejos dos consumidores, os líderes devem manter o foco 36 Gestão da Qualidade nos objetivos da empresa, envolvendo os funcionários para que, com base em uma abordagem de processos fundamentada em um abordagem sistêmica da gestão que busca aumentar a eficiência e eficácia organizacionais, a empresa trilhe o caminho da melhoria contínua, adotando os princípios da abordagem factual para a tomada de decisão em relação ao sistema de gestão da qualidade, visando benefícios mútuos não apenas em nível organizacional,mas também nas relações com os clientes e fornecedores. 37 Gestão da Qualidade 2º Bimestre 38 Gestão da Qualidade 7 SÉRIE DE NORMAS ISO 14000 Gupta e Sarkis, citados por Ferreira et al. (2011), afirmam que a expansão da capacidade industrial da humanidade iniciou o processo de esgotamento de recursos naturais escassos, a criação de resíduos industriais danosos ao meio ambiente e também poluição do planeta. A partir de uma série de desastres ambientais ocorridos nas décadas de 1970 e 1980 parte do setor produtivo passou a se conscientizar da importância da consciência ambiental no exercício de suas atividades produtivas. A qualidade ambiental vem recebendo destaque cada vez maior nos últimos anos. Isto se deve a pressões impostas pelos stakeholders da empresas, como acionistas, investidores, empregados, fornecedores, consumidores, concorrentes, órgãos governamentais e ONGs, entre outros, que a cada dia estão mais atentos à relação da empresa com o meio ambiente e com as implicações de eventuais problemas ambientais, sejam eles acidentais ou involuntários (ALBERTON; COSTA JR., 2007; FERREIRA et al., 2011). A questão da redução de eventuais resíduos poluentes ou nocivos ao meio ambiente agora faz parte da pauta de decisões estratégicas a serem tomadas pelas empresas, bem como o processos a serem utilizados para minimizar o impacto do volume e toxicidade de eventuais resíduos ((GAVRONSKI; PAIVA; FERRER, 1995; FERREIRA et al., 2011). A série de normas ISO 14000, fundamentada com base na série ISO 9000 e na norma britânica BS 7750, é a referência mundial para a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental – SGAs, que constituem uma série de processos estruturados e genéricos com o objetivo da melhoria contínua da interação da empresa com seu meio ambiente (CICCO, 1994; ALBERTON; COSTA JR., 2007). 39 Gestão da Qualidade A série ISO 14.000 foi introduzida em 1996 como parâmetros voluntários que as empresas deveriam seguir para implementar Sistemas de Gestão Ambiental. Três anos após sua criação já haviam cerca de 10.000 empresas certificadas. Em Dezembro de 2002, seis anos após sua criação, o número de empresas certificadas já representava cerca de 46.000. Desde a criação da série de normas 14.000 as empresas brasileiras tem representativa participação na certificação, em termos internacionais (GAVRONSKI; BALBINOTTI; FERRER, 2005). Adotada em mais de 160 países a ISO 140001 já possuía em 2007, 154.572 empresas certificadas (ISO, 2009b). De acordo com Balbinotti e Gavronski (2004) e Ferreira et al. (2011) a norma que certifica o Sistema de Gestão Ambiental é a Norma ISO 14001, editada no Brasil pela ABNT. Para Alberton e Costa Jr. (2007, p. 153) “Os benefícios econômicos e estratégicos da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) podem refletir- se tanto em ganhos de mercado como em redução de custos”. Acerca da Norma ISO 14001, Alberton e Costa Jr. (2007, p. 154) explicam sua importância da seguinte forma: O conjunto ISO 14000, mais especificamente a norma ISO 14001 que trata de „Especificações para Sistemas de Gestão Ambiental‟, serve de orientação às empresas para a inserção da variável ambiental em seu sistema de gestão do negócio, incorporando-a na política, formulações estratégicas, objetivos e metas, opções tecnológicas e na sua rotina operacional. Embora certificar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) não seja imperativo para as organizações, a qualificação da produção industrial, nos padrões internacionais de controle ambiental e eficiência energética, as credencia a disputar os mercados europeu e norte-americano, que seguem à risca tais padrões. Além disso, a necessidade de demonstrar um desempenho ambiental capaz de atender à legislação vigente, prevenir impactos ao meio ambiente, fortalecer a imagem institucional junto à comunidade, reduzir riscos de multas e penalidades e, conseqüentemente, de aumentar a competitividade são motivos que levam à busca pela certificação. Fazendo um levantamento biográfico das possíveis motivações e benefícios obtidos para obter a certificação na série ISO 14.000, Balbinotti e Gavronski (2004) identificaram diversos itens, apresentados na tabela a seguir: 40 Gestão da Qualidade TABELA 7 - MOTIVAÇÕES À CERTIFICAÇÃO ISO 14001 Motivações à Certificação ISO 14001 Obter melhorias no desempenho ambiental Identificar oportunidades para melhor utilização das nossas fontes de energia Motivar os funcionários para seu trabalho (melhorar o moral, etc.) Melhorar a imagem da empresa junto à sociedade em geral Melhorar a imagem da empresa junto aos clientes; Aumentar a certeza do cumprimento da legislação ambiental Melhorar a organização interna Expectativa de aumento futuro da exigência da legislação ambiental Atender a legislação ambiental vigente Detectar e minimizar a possibilidade de criar passivos ambientais Detectar e minimizar riscos ambientais Reduzir impactos ambientais específicos atuais da empresa Obter redução de custos de produção Obter acesso a linhas de crédito especiais, com juros reduzidos Obter benefícios fiscais Obter apoio técnico de órgãos públicos (SEBRAE, etc.) Atender à solicitação da empresa controladora, matriz, corporação ou holding Responder à solicitação de clientes Responder à solicitação de grupos de proteção ambiental (ONGs) Responder à solicitação de agências/órgãos governamentais ligados à questão ambiental Responder à pressão de fornecedores Atingir o padrão dos concorrentes Antecipar-se aos concorrentes Responder à orientação de entidades de classe (CNI, ABIQUIM, etc.) Atender a uma decisão interna da própria unidade produtiva Desenvolver produtos e processos inovadores em relação ao meio ambiente Fonte: Adaptado da revisão de Balbinotti e Gavronski (2004, p. 2). Alberton e Costa Jr. (2007) resumem, em quatro áreas a contribuição da adoção da série de Normas ISO 14.000 pelas empresas: 1. Formação de uma imagem mais atraente no mercado global; 2. Redução de custos através do combate ao desperdício e processos ineficientes e também dos custos associados a responsabilidades, crises e desastres relacionados com o meio ambiente; 41 Gestão da Qualidade 3. Produtos e serviços alinhados com as expectativas dos stakeholders para com o meio ambiente estão melhor posicionados em relação a evolução dos padrões de demanda futuros; 4. Existe a possibilidade da criação de uma eventual vantagem competitiva por meio do estabelecimento de um padrão industrial que atuaria como barreira de entrada. Algumas das normas da série ISO 14.000, que expandem a amplitude da ISO 14.001, são apresentadas na tabela a seguir: TABELA 8 - FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14.000 Norma Descrição ISO 14.001 Estabelece a norma que regula e orienta a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em empresas. ISO 14.004 Complementa a ISO 14.001 ao fornecer recomendações e explicações adicionais. ISO 14.005 Orienta todas as organizações, mas como foco nas pequenas e médias empresas, nas etapas de desenvolvimento, implementação, manutenção e melhoria de um Sistema de Gestão Ambiental. ISO 14.006 Fornece orientações para auxiliar as organizaçõesao estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente sua gestão do ecodesign. ISO 14.020 Diferentes abordagens para rótulos e declarações, incluindo selos de aprovação ambiental e informação ambiental quantificada sobre produtos e serviços. ISO 14.031 Orientações para avaliação do desempenho ambiental, como a seleção de indicadores adequados de desempenho ambiental, que podem ser usados como base para a geração de relatórios internos e externos de desempenho ambiental. ISO 14.033 Apoia a aplicação de padrões e relatórios na gestão ambiental. Fornece orientações sobre como obter informações e dados ambientais quantitativos e a metodologia de implementação. ISO 14.040 Fornece orientações nos princípios de conduta dos estudos sobre a avaliação do ciclo de vida (Life Cycle Assessment – LCA), que fornece a uma organização informações em como reduzir o impacto ambiental geral de seus produtos e serviços. ISO 14.045 Descreve os princípios, requerimentos e orientações para avaliação da eco eficiência. A eco eficiência relaciona o desempenho ambiental com a criação de valor. ISO 14.051 Orienta e fornece princípios para a contabilidade do custo do fluxo material (MFCA). A MFCA é uma ferramenta gerencial que promove o uso efetivo de recursos, principalmente em processos de distribuição e manufatura, com o objetivo de reduzir o consumo de recursos e custos de materiais. ISO 14.063 Normas, orientações e exemplos da comunicação ambiental. ISO 14.064 Dividido em três partes é o padrão internacional de contabilidade e verificação do gás do efeito estufa. ISO 14.065 Complementa a norma ISO 14.064 ao especificar os requerimentos para acreditar e reconhecer as organizações que validam e verificam os padrões relacionados ao gás do efeito estufa (GHG). ISO 14.066 Especifica requisitos de times de validação e verificação de programas de programas do gás do efeito estufa. ISO 14.067 Especifica os princípios, requerimentos e orientações para a comunicação e 42 Gestão da Qualidade quantificação da “pegada de carbono” (quantidade de carbono) de um produto. ISO 14069 Descreve os princípios, conceitos e métodos relacionados a quantificação e relatório de emissões diretas e indiretas de emissões de gás do efeito estufa para uma organização. Fonte: Adaptado e traduzido de ISO (2009b, p. 6-7). Estas normas podem não resumir toda a família ISO 14.000, mas descrevem as principais normas aplicadas e seu escopo. Para explorar melhor a interação da empresa com o meio ambiente, é recomendada a visita às seguintes apresentações na internet: Johan Rockstrom: Deixemos que o ambiente guie nosso desenvolvimento. Disponível em: http://www.ted.com/talks/johan_rockstrom_let_the_environment_guide_our_devel opment?language=pt-br Causa e Efeito no Meio Ambiente: Ricardo Vacaro at TEDx. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cucmq0C-Zrc 43 Gestão da Qualidade 8 NORMA OHSAS 18001 A OHSAS 18001 procura aperfeiçoar as condições de trabalho ao identificar riscos aos trabalhadores, tanto de acidentes quanto de doenças, ocupacionais ou decorrentes do trabalho, buscando engajar os trabalhadores na prevenção de sinistros e doenças melhorando, portanto, a produtividade (OHSAS, 2007; BSI, 2014). OHSAS significa Occupational Health and Safety Assessment Series (Série de Saúde Ocupacional e Avaliação de Segurança), uma norma desenvolvida na Inglaterra (OHSAS, 2007). De acordo com a BSI (2013) a OHSAS 18001 auxilia a gestão das condições e riscos aos trabalhadores ao: Fornecer um sistema para identificar riscos à saúde e segurança do trabalhador; Assegurar que todos os elementos a gerir a saúde e segurança do trabalhador estão claramente definidos; Reduzir casos de acidentes e incidentes; Apresentar técnicas para identificar potenciais causas de acidentes no ambiente de trabalho; Reduzir os custos com acidentes e seguros; Auxiliar na melhoria da percepção de risco dos funcionários; Aumentar o nível de adequação à legislação de saúde e segurança; Reduzir a probabilidade de processos e multas aplicadas por eventuais acidentes; 44 Gestão da Qualidade Disseminar pela empresa informações relevantes relacionadas a requerimentos legais ou de outros tipos associadas a saúde e segurança; Melhorar a reputação da empresa tanto para o público interno, quanto externo; Reduzir o absenteísmo e melhorar a moral dos trabalhadores, aumentando a produtividade; Promover uma cultura voltada para a saúde e segurança do trabalhador, por meio do envolvimento dos trabalhadores e da direção. Além da OHSAS 18001, que é a norma reguladora existe a OHSAS 18002, Guidelines for the implementation of OHSAS 18001, que fornece diretrizes para a implementação da norma 18.001 (OHSAS, 2007). Figura 9 - Modelo do Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional e Segurança para a norma OHSAS Fonte: Adaptado e traduzido de OHSAS (2007, p. vi). A figura apresentada acima está em consonância com o modelo PDCA apresentado anteriormente na apostila. De acordo com a OHSAS (2007) o PDCA pode ser aplicado da seguinte forma: Política de Saúde Ocupacional e Segurança Planejamento Implementação e Operação Controle e Ação Corretiva Revisão da Gestão Melhoria Contínua 45 Gestão da Qualidade Planejar – Estabelecer objetivos e processos necessários para entregar resultados que estejam em consonância com a política de saúde ocupacional e segurança; Fazer (Do) – Implementar os processos; Checar – Monitorar os processos acompanhando os resultados e os verificando de acordo com as metas da política de saúde ocupacional e segurança, objetivos, legislação vigente ou outros requisitos necessários, gerando relatórios com os resultados; Agir – Adotar ações que melhorem continuamente o desempenho da política de saúde ocupacional e segurança. Como o PDCA pode ser aplicado tanto a metodologias ISO como a 9001, que promove o uso da abordagem por processos, a norma OHSAS 18.001 é considerada compatível com a série ISO (OHSAS, 2007). De acordo com a OHSAS (2007) o padrão OHSAS 18.001 é aplicável a qualquer organização que deseje: 1. Estabelecer um sistema de gestão da saúde ocupacional e segurança para minimizar os riscos aos funcionários ou outros grupos relacionados, como terceirizados, que possam ser expostos a riscos de saúde ocupacional e segurança associados com suas atividades; 2. Implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão da saúde ocupacional e segurança; 3. Assegurar e demonstrar a conformidade com a norma OHSAS ao: 1.1.1. Fazer uma declaração ou determinação ou; 1.1.2. Procurar confirmação de sua adequação por grupos que possuem interesse na organização como consumidores, ou; 1.1.3. Procurar confirmação de sua declaração por um grupo externo a organização, ou; 46 Gestão da Qualidade 1.1.4. Procurar certificação / registro do sistema de gestão da saúde ocupacional e segurança por uma organização externa. O padrão OHSAS tem o objetivo de lidar apenas com a saúde ocupacional e segurança, mas não tem a intenção de lidar como outras áreas de saúde ou segurança como o bem estar do empregado / programas de bem estar, segurança dos produtos, danos a propriedade ou impactos ambientais (OHSAS, 2007). 9 SÉRIE DE NORMAS ISO 26000 A ISO 26000 fornece orientação em como os negócios e organizações podem operarde modo socialmente responsável. Também ajuda a clarificar o que é ser socialmente responsável e a transformar os princípios em ações efetivas e compartilha as melhores práticas relacionadas ao tema (ISO, 2014a). De acordo com a ISO (2014a) a primeira norma acerca da responsabilidade social, ISO 26.000, foi publicada em novembro de 2010. O padrão fornece orientação acerca dos princípios da responsabilidade social, os temas e questões principais relacionados a responsabilidade social e formas de integrar o comportamento socialmente responsável na organização. A orientação da ISO enfatiza o princípio da transparência e o valor de reportar publicamente o desempenho da responsabilidade social tanto para os stakeholders internos quanto externos, como empregados, comunidades locais, investidores e agências reguladoras. Os princípios da responsabilidade social declarados pela ISO são apresentados na figura a seguir: 47 Gestão da Qualidade Figura 10 - Princípios da Responsabilidade Social de acordo com a norma ISO Fonte: Traduzido e adaptado de ISO (2014a, p. 25). Acerca dos princípios de responsabilidade social apresentados acima, de especial destaque está o enfoque na prestação de contas aos públicos de interesse (stakeholders) e a declaração de valores como: transparência; comportamento ético; respeito aos stakeholders; respeito a legislação; respeito a normas internacionais de comportamento e direitos humanos. Todos eles compõem o arco de temas tratados pela norma e itens que devem ser levados em conta ao se implementar uma gestão mais acurada da responsabilidade social nas organizações. Para melhor explorar a relação da responsabilidade social recomenda-se assistir ao seguinte vídeo: Felipe Amaral – Para que serve mudar o mundo? http://www.youtube.com/watch?v=zfJlj6bsEO4 Princípios da Responsabilidade Social Prestação de Contas Transparência Comportamento Ético Respeito pelos interesses dos stakeholders Respeito pela Legislação Respeito pelas normas internacionais de comportamento Respeito pelos direitos humanos 48 Gestão da Qualidade 10 SÉRIE DE NORMAS ISO 31000 Fatores tanto internos quanto externos podem tornar incerta a realização de estratégias e objetivos organizacionais. A incerteza resultante da interação destes fatores internos e externos com a estratégia e objetivos organizacionais é o que se denomina “risco”. Toda atividade organizacional envolve certo grau de incerteza e, portanto, certo grau de risco. Para minimizar a influência do risco nas estratégias e objetivos, as organizações procuram gerir os riscos em um esforço de identificação, análise e avaliação. E, neste processo, elas comunicam e consultam as partes interessadas, monitorando os riscos por meio de controles previamente estabelecidos (ABNT, 2009). Se o risco é um efeito nos objetivos e estratégias organizacionais, isto significa que ele pode ser tanto positivo quanto negativo. O fato de ser positivo nem sempre pode ser considerado como benéfico como, por exemplo, o efeito de um aumento positivo além do esperado na taxa de juros nacional pode ter um reflexo ruim para uma empresa endividada, enquanto um efeito negativo na taxa de juros pode ter um reflexo benéfico. O risco é caracterizado em relação a eventos potenciais e às consequências que estes eventos podem ter. A combinação de consequências de um evento e a probabilidade destas consequências ocorrerem a possibilidade um risco acontecer, de fato (ABNT, 2009). De acordo com a ABNT (2009, p.2) a gestão de riscos são as “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos”. Estas atividades podem abranger toda uma organização, apenas a certas áreas ou níveis organizacionais, ou projetos, atividades e funções específicas. As expressões “gestão de riscos” e “gerenciando riscos” são utilizadas neste contexto. No entanto, “gestão de riscos” se refere a estrutura, os princípios, estruturas e processos para gerenciar os riscos de forma eficaz sendo, portanto, abrangente enquanto “gerenciando riscos” refere-se à aplicação prática destes princípios, estruturas e processos sendo, portanto, específica. A gestão de riscos traz uma série de benefícios, apresentados na tabela a seguir. 49 Gestão da Qualidade TABELA 9 - BENEFÍCIOS DA GESTÃO DE RISCOS Benefícios da Gestão de Riscos Aumentar a probabilidade de atingir os objetivos; Encorajar uma gestão proativa; Estar atento para a necessidade de identificar e tratar os riscos através de toda a organização; Melhorar a identificação de oportunidades e ameaças; Atender às normas internacionais e requisitos legais e regulatórios pertinentes; Melhorar o reporte das informações financeiras; Melhorar a governança; Melhorar a confiança das partes interessadas; Estabelecer uma base confiável para a tomada de decisão e o planejamento; Melhorar os controles; Alocar e utilizar eficazmente os recursos para o tratamento de riscos; Melhorar a eficácia e a eficiência operacional; Melhorar o desempenho em saúde e segurança, bem como a proteção do meio ambiente; Melhorar a prevenção de perdas e a gestão de incidentes; Minimizar perdas; Aumentar a resiliência da organização; Melhorar a aprendizagem organizacional; Fonte: Adaptado de ABNT (2009, p. v-vi). Para se gerenciar adequadamente o risco é importante compreender a importância do contexto. O contexto é importante porque cada área ou nível, projeto, atividade ou função tem necessidades, públicos, percepções e critérios particulares. Ao se estabelecer o contexto do risco, a atividade de gestão de riscos se torna mais simples (ABNT, 2009). TABELA 10 - EXEMPLOS DE CONTEXTOS INTERNOS E EXTERNOS A ORGANIZAÇÃO Contexto Interno Contexto Externo Governança, estrutura organizacional, funções e responsabilidades; Ambiente cultural, social, político, legal, regulatório, financeiro, tecnológico, econômico, natural e competitivo; Políticas, objetivos e estratégias implementadas para atingi-los; Ambiente local; regional; nacional; internacional; Recursos e conhecimento organizacional; Megatrends que possam interferir no contexto organizacional; Sistemas de informação, fluxos de informação e processos de tomada de decisão Relações com os diferentes stakeholders. Cultura Organizacional; Normas, diretrizes e modelos adotados; Forma e extensão das relações contratuais. Fonte: Adaptado de ABNT (2009, p. 3). 50 Gestão da Qualidade 11 SÉRIE DE NORMAS ISO 50000 A energia é crítica para as operações organizacionais, quaisquer que sejam suas atividades. Além dos custos econômicos da utilização energética em uma empresa, a energia também pode impor custos societais e ambientais ao exaurir recursos e contribuir para problemas como a mudança climática. As organizações dificilmente poderiam controlar os preços da energia, política governamentais ou a economia global, mas podem melhorar o modo com o qual fazem a gestão energética. A melhoria no desempenho energético pode fornecer benefícios rápidos para uma organização ao maximizar o uso de suas fontes energéticas e recursos energéticos, assim reduzindo o consumo e o custo ligado a energia. A organização também estará fazendo contribuições positivas no tocante a economia de recursos energéticos e mitigação de efeitos globais do uso energético, com o aquecimento global (ISO, 2011). A iniciativa para o desenvolvimento de um padrão internacional de gestão energética veio da Organização
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