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DA SENTENÇA E COISA JULGADA

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DA SENTENÇA E COISA JULGADA 
A origem histórica da sentença e da coisa julgada se deu a partir do Direito Romano primitivo e pode ser dividido em fases. 
A primeira fase era desenvolvida de forma oral e solene, onde o árbitro não era visto como autoridade e as partes postulavam pessoalmente em juízo, não existindo a imagem do advogado, o procedimento era simples o juiz concedia ou não a ação e apresentava a fórmula escrita para o caso concreto, logo após vinha o arbitro e os jurados e as provas eram produzidas e a sentença proferida, na época não existia previsão do termo “decisão interlocutória”, sendo assim só a sentença poderia traduzir a vontade da lei e decidir acerca do destino de determinado bem jurídico. É importante expor que o procedimento romano somente se aplicava aos cidadãos romanos, não abarcando os estrangeiros em território romano. 
Na segunda fase conhecida como “período formulário”, o procedimento passou a ser aplicado aos estrangeiros, passando pela redução do rigor formal e das solenidades, pelo ingresso da figura do advogado e do princípio do contraditório.
Já na terceira fase conhecida como “cognitio extraordinária”, a função jurisdicional passou a ser exclusiva de funcionários do Estado e não mais de árbitros privados. Desse modo, um mesmo juiz passou a conhecer da causa e ao final prolatar e executar a sentença, a partir de tal fase que começou a se materializar de forma escrita o contraditório e a ampla defesa. 
A fase do romano barbárico foi marcada pelo retrocesso jurídico, pois a jurisdição passou a ser exercida por assembleias com decisões irrecorríveis. 
Por fim, veio o processo civil moderno, onde foi atribuído ao magistrado a livre análise das provas e de sua produção. A jurisdição, a sentença e a coisa julgada ficaram sendo entendidas como expressão de vontade soberana do Estado, voltadas para a pacificação social, com natureza de interesse público com presença de validade e da eficácia.
A sentença encerra a fase do processo, ela pode ser: 
Sentença terminativa: não aprecia o mérito art. 485 CPC
Sentença definitiva: aprecia o mérito 
1) Elementos da Sentença: 
a) Relatório: é a síntese dos argumentos de ataque e defesa, bem como da regularização do processo até o momento do julgamento.
b) Fundamento: fundamentação constitui garantia essencial ao jurisdicionado, pois por meio dela será possível às partes entenderem o raciocínio utilizado pelo magistrado para decidir a causa à luz das provas produzidas no decorrer da lide, possibilitando a interposição de recursos de forma mais objetiva.
c) Dispositivo: é a conclusão da sentença, no qual o magistrado resolverá as questões a ele submetidas pelas partes, reconhecendo ou não o direito de ação e a procedência ou não do pedido.
Obs: No procedimento SUMARISSIMO é dispensável o relatório 
2) Requisitos da Sentença: 
a) Congruência – 141 e 492
b) Ultra petita: quando decidir além do pedido feito pelo autor. Ex. O Autor pleiteou dano material e deu o juiz deu também o moral, sem constar no pedido.
 Extra petita: quando for proferida sem ter havido qualquer pedido nesse sentido. Ex.: O Autor pleiteia a reparação de um dano e o juiz dá sentença de demolição da obra.
Citra petita: quando deixar de analisar o pedido formulado pelas partes ou até mesmo julgar abaixo do pedido. Ex.: Pediu dano material e moral e o juiz só aprecia o dano material, quedando-se inerte quanto ao mora
c) Certeza: A decisão deve ser certa art. 492 CPC
Regra sentença liquida 491 CPC
d) Clara e coerente:
Sentenças processuais: sem resolução de mérito 
Sentença de mérito: 487 CPC
4) Efeitos: 
Os efeitos principais são aqueles que decorrem diretamente do conteúdo da decisão, tais como, por exemplo, a declaração da existência ou da inexistência de uma relação jurídica (sentenças meramente declaratórias), a previsão de sanção que incidirá caso a parte sucumbente deixar de cumprir o comando sentencial (sentenças condenatórias) e a criação, a modificação ou a extinção de uma relação jurídica (sentenças constitutivas).
Os efeitos secundários ou efeitos anexos, segundo a doutrina, são aqueles decorrentes de previsão legal, ou seja, não são conseqüência do conteúdo da decisão, mas de uma determinação legislativa específica. São efeitos indiretos e automáticos que resultam do fato de a decisão existir (SANTOS, Moacyr Amaral. Comentários ao Código de Processo Civil. 3ª ed., vol. 3, p.10. In: DIDIER Jr., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael).
A COISA JULGADA ESTÁ LIGADA A SEGURANÇA JURÍDICA QUE PÕE FIM AO PROCESSO, NÃO PODENDO MAIS O MESMO SER REDISCUTIDO.
COISA JULGADA PÕE FIM A UMA FASE DO PROCESSO, SEJA ELA DE COGNIÇÃO OU DE EXECUÇÃO QUE PODE SER FORMAL OU FORMAL E MATERIAL 
1) Coisa Julgada Formal:
Conceito doutrinário = é aquele decisão judicial que tem efeito somente naquele processo, ocorre preclusão máxima quando a sentença processual não comportar mais recurso.
Logo, trata-se de coisa julgada formal aquela que não caiba mais recurso, porém que não julgou o mérito. NÃO FAZ DECISÃO DE MÉRITO.
PODE SER REDISCUTIDA EM OUTRO PROCESSO.
A coisa julgada formal é a impossibilidade de modificação da decisão judicial dentro do mesmo processo, em razão da preclusão dos recursos. Todavia, o tema atingido pela coisa julgada formal poderá ser questionado em nova relação jurídica processual. A coisa julgada formal é uma qualidade comum a todas as decisões, de mérito ou não.
2)Já a coisa julgada material:
 é a impossibilidade de alteração da decisão judicial dentro do mesmo processo ou em qualquer outro, tendo em vista que os seus efeitos se irradiam para além do processo no qual foi decidida a questão.
Apenas as decisões judiciais que julgam o mérito do processo (de conhecimento), ou seja, com resolução de mérito fazem coisa julgada material, uma vez que, nos termos do art. 486, caput, do novo CPC, “o pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação”. Neste particular por conta da coisa julgada meramente formal.
a) Efeitos objetivos da coisa julgada material:
Sendo o primeiro deles o efeito positivo, que gera a vinculação do julgador de outra causa ao que foi decidido na causa em que a coisa julgada foi produzida, ou seja, o juiz fica adstrito ao que foi decidido em outro processo, pois a coisa julgada sempre deverá ser levada em consideração = SEGURANÇA JURÍDICA
Observe-se, nesse sentido, o art. 503 do CPC de 2015, que estabelece que, “a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida”, com pequena alteração em relação ao art. 468 do CPC de 1973, que continha o termo “sentença”. (grifos nossos)
b) O efeito negativo, por sua vez, impede que a questão principal seja novamente julgada em outro processo, nos termos do art. 505 do CPC de 2015: “nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II – nos demais casos prescritos na lei”, regra que não inovou a previsão do art. 471, caput, I e II, do CPC de 1973.
c) Há, ainda, o efeito preclusivo, ou seja, com a formação da coisa julgada, preclui a possibilidade de rediscussão dos argumentos suscitados pelas partes, conforme dispõe o art. 474 do CPC/1973: “passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido”. Referida regra consta também do art. 508 do novo CPC, com pequena modificação, com substituição do termo “sentença” pelo termo “decisão”.
2 ) Efeitos subjetivos da coisa julgada:
A regra do art. 506 do CPC de 2015 é clara de que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros”. Logo,efeito entre as partes e não erga omnes 
Exceções a coisa julgada:
1) Ação rescisória (art. 966 do CPC), que permite a modificação da decisão no prazo de até 2 (dois) anos do seu trânsito em julgado, desde que preenchidos os requisitos legais; ou querela nulittatis insanabilis (ação de declaratória de nulidade de citação).
2) As decisões proferidas em relações de caráter continuado, como o pagamento de pensão alimentícia, que não transitam em julgado caso haja alteração da situação fática que ensejou a sua prolação; Ex. pensão alimentícia X maioridade.
3) A possibilidade de modificação das sentenças em processos de investigação de paternidade, proferidas anteriormente à existência do exame de DNA, uma vez que, de acordo com entendimento do STJ, o exame de DNA constitui “documento novo” para fins do ajuizamento da ação rescisória;
4) Erros materiais e de cálculo, que também não transitam em julgado, podendo ser corridos de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte interessada.

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