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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A DISTÂNCIA A VIOLÊNCIA SOCIAL NO AMBIENTE DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS: INOVAÇÕES E ESTRATÉGIAS **************** MANAUS 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A DISTÂNCIA ***************** A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS: INOVAÇÕES E ESTRATÉGIAS Orientador: Prof. Esp. ****************** MANAUS 2015 Projeto apresentado ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas a distância da Universidade Federal como requisito para a obtenção de nota parcial no Eixo Pedagógico – Módulo VII. SUMÁRIO INTRODUÇÃO A escola pública se constitui de um espaço vasto, plural e diversificado, marcado por uma série de dificuldades, ancoradas, principalmente, nas precárias condições educacionais. No entanto ao lado dessa realidade complexa, própria de uma instituição que reúne diferentes dimensões do campo social, observam-se práticas, soluções e respostas inesperadas, que buscam construir outro tipo de história, longe daquelas que reproduzem o fracasso e a descrença na construção de uma Cultura de Paz. As relações entre violência e escola, (DEBARBIEUX,1990), estão na base da constituição da instituição escolar, como os castigos físicos e a humilhação pública, só se modificando a partir de meados do século XX. De acordo com ARÍES (1981) a escola infligiu à criança o chicote, a prisão, em suma, correções reservadas aos condenados das condições mais baixas, fazendo com que essa vivência fique marcada. Esses resquícios de escolas que castigam seguem o estudante desde a Idade Média, quando, ora o conhecimento é visto como pecado, ora como privilégio de poucos. Passa-se de um estado em que a violência era instrumento para garantir a autoridade para outro autores ela passa a ser evitada, então, nesse sentido, com base na obra de CORTI (2001) pode-se afirmar que a instituição escolar sofreu um processo de pacificação, seguindo as novas tendências escolares que veem na educação a possibilidade de mudança de uma realidade social e econômica. Considerando a importância de análises que expliquem as macros situações que envolvem o espaço escolar, o trabalho aqui apresentado optou por se ater a situações particulares, que dessem conta dos mecanismos com os quais muitas escolas constroem respostas para o seu cotidiano, promovendo ações que melhoram o clima escolar, revertendo de forma criativa O estudo está direcionado as experiências das escolas que se voltam para as diversas juventudes, como os diversos tipos de violência não a física, mas sim o bullying que machuca mais do que uma agressão física, considerando a sua condição de vulnerabilidade social, particularmente nas questões relacionadas a situações de violência, conforme tem indicado uma série de estudos e pesquisas na área. O bullying trata-se de um problema que sempre existiu, mas ultimamente tem aumentado devido ao crescimento da violência e da criminalidade na sociedade. Este ocorre quando alguém sofre sistematicamente intimidações, agressões verbais e exclusão por parte de um ou mais elementos do seu grupo – os colegas de classe de um aluno, por exemplo. Sendo essa, aliás, uma característica dos assediadores: eles atacam pessoas que estão no mesmo nível que eles. (ARAÙJO, 2005, p.96). Essas brincadeiras passaram a ser denominadas de bullying em meados da década de 90, e o primeiro a relacionar essas brincadeiras ao nome de bullying foi Dan Olweus, pesquisador e educador da Universidade de Bergen, na Noruega. Fez inúmeras pesquisas com relação as conseqüências que o bullying pode acarretar em suas vítimas. (SANTOS, L. 2006 p.09) 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1. 1 COMPREENDENDO A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA No teatro do bullying existem três papéis: o de agressor, o de vítima e o de testemunha. O agressor é alguém que, intimamente, se sente frágil e lida com esse sentimento de forma psicopática, pois procura se impor ao grupo por meio da intimidação de alguém. Como não tem coragem de desafiar todo mundo, escolhe um elemento que lhe pareça ainda mais fraco e faz dele a vítima freqüente de suas agressões. (ARAÙJO,2005, p.96) Como impedir que a violência adentre a escola, se a própria escola é violentadora dos direitos e dos deveres do alunos? A escola não valoriza o pensar, o sentir e o agir dos alunos, aquilo que eles mais gostam, que lhes dão mais prazer. A riqueza do espaço do recreio, da recreação através da brincadeira, do prazer, da alegria, da satisfação, é desprezado, e é ele o grande cimento que ainda mantém a escola viva. A violência existente nessa escola e nas demais representa um certo papel, precisando ser negociada e vista como manifestação maior do antagonismo existente entre a vontade e a necessidade, num confronto de valores, pois a luta é fundamental, o elemento estrutural do fato social, de qualquer relação social,como lembra M. Weber (apud MAFFESOLI, 1987, p. 87). Não pode-se analisar a escola como um fenômeno único que reflete a mudança de comportamento da sociedade, ou um fator isolado, é de conhecimento de todos que tem uma leitura sobre a educação, de que a sociedade em sua base tem três instituições que lhe fornecem um alicerce, e que instituições são essas? Esta se falando da Família, Igreja e Escola, aquela que mostra os valores para seus filhos, que respeitava e fazia questão de honrar o nome da família, que tinha como prioridade os bons costumes, essa realmente era a base uma formação de um cidadão; essa que ajudava na formação religiosa da família mostrando respeito a certas normas e regras que contribuíam para o fortalecimento e crescimento de um cidadão com respeito ao próximo; e por final,está, a escola que sempre teve o objetivo de transmitir o conhecimento formal que ajudariam na formação do educando para uma conquista no mercado e trabalho, ter uma formação acadêmica. Porém, os valores mudaram, as famílias mudaram, logo, só restou uma das três bases, a escola, e que esta acaba ficando sobrecarregada, pois precisa fazer o papel da família e da igreja que perderam seu lugar de importância nos lares. Então falar que a escola é violenta, parece desconhecer que a escola sofre todo um processo diário de violência através dos fatores que foram citados, e também da hierarquia do poder: o Banco Mundial, o Ministério da Educação, O Conselho Nacional de Educação, a Secretaria Municipal de Educação, os diretores, os coordenadores, os orientadores, os professores, os serventes, as merendeiras, num processo que é ritualizado a cada momento, um poder controlador e construtor da realidade cotidiana da escola. A escola acaba sendo um objeto de poder e de fracasso, de poder por questões políticas que querem mudanças milagrosas nas escola defasadas, e que lutam atrás de números e estatísticas; fracasso por saber que a realidade das escolas brasileiras é constrangedorapara uma sociedade tão rica, porém com distribuição tão desigual. Implica dizer que crer que a violência tem uma dimensão construtiva, uma ação estruturante para a organização da escola, no sentido de rever os mecanismos de poder, de hierarquização e de valores. A escola, sendo uma organização complexa, não pode descuidar-se dos ruídos, da desordem, sob o risco de permitir o amplo desempenho da anonia, no sentido atribuído por DURKHEIM (1925), como ausência de normas, e a conseqüente criação de uma nova estrutura educacional. Consoante, MAFFESOLI (1987), a escola precisa estar atenta entre a ordem e a desordem, pois o que pode parecer violência dentro da escola é uma tentativa de desorganizar a rigidez imposta pelas normas estabelecidas, é uma maneira de auxiliar a ordem, mas sabe-se que a hierarquização dentro de uma instituição é necessária, para que se viva de acordo com as normas e a escola não vire uma anarquia. A violência que ocorre no dia-a-dia dessa escola é visível não do ponto de vista de grandes agressões, mas de pequenos fatos: durante os jogos, as brincadeiras, os conflitos entre os alunos; ou ainda nas relações entre alunos e professores e entre alunos e funcionários. As pichações existentes dão a noção certa do tipo de vida vivida no interior da escola. Pichações que funcionam como correio, que apresenta mensagens que vão da declaração de amor ao convite às drogas. Por outro lado, o que se observa e que os educadores parecem não perceber é que elas têm servido como ali viador de tensões, de conquista de espaço, demarcar o território, como um Deus, com um código, um segredo lido compreendido por poucos. É o estabelecimento do indecifrável através dos estilos de linguagem, dos signos, dos símbolos, dos emblemas e das alegorias. O que se pode perceber é que há um vínculo agregados entre os diferentes grupos de pichadores, um código de ética que não é compreendido pelos educadores, e que, se descoberto e trabalhado pelo levantamento das vivências, poderia contribuir para melhoria das relações sociais.Nesse aspecto, a escola deixaria de ser unicamente transmissora do saber acumulado e preparadora para o mundo exclusivo do trabalho, semelhante ao que BERNSTEIN (1971) denomina de “cultura instrumental”, passando a dar conta também, conforme disse MORIN,(1990) da formação do homem complexo, através da antropolítica. Segundo MAFFESOLI (1987) existem três modalidades de violência: a totalitária, a anômica e a banal. A totalitária é conseqüência do monopólio da estrutura dominante: Estado, partido, organização. A anômica que é uma resposta à violência, à dominação dos poderes instituídos, revoltas latentes que ocorrem ocasionalmente, inscreve-se entre a destruição e a reconstrução, entre ordem e desordem, que reprimida pode explodir em crueldade. A banal caracteriza-se pela passividade ativa, não se integra ao instituído, mas se opõe a ele. Subverte o poder através da submissão aparente, não recusa, porém não arrebata. Utiliza a máscara, o silêncio, a fachada, a zombaria. Pode-se situar a violência levantada pelos alunos dessa escola, como uma violência anômica, ao mesmo tempo que banal em função da tentativa de controlar tal violência e nas resistências que apresentam através da palavra, das discussões, do silêncio, sem assumir uma posição aberta, forte, mas sem recusa ao fato, ao mesmo tempo que convive com os grafites, as pichações e as depredações. Como comentou BALANDER (1997) a violência pode tomar a forma de uma desordem contagiosa, dificilmente controlável, de uma doença da sociedade que aprisiona o indivíduo e, por extensão, a coletividade, num estado de insegurança que gera o medo. Por outro lado, o vandalismo lança-se sobre as coisas, os instrumentos, os lugares a fim de destruí-los, sujá-los, torná-los inutilizáveis e que tudo isso é ritualizado, significando a ruptura de um laço social frágil, um culto à desordem, uma cultura da violência. A “violência social”, como simbolização da força, vivida e coletiva e ritualmente, assegura a coesão e o consenso; a “violência sanguinária” se manifesta, quando há impossibilidade de simbolização, ou quando esta é imperfeita e significa o retorno do reprimido. A violência que se expressa na escola está acompanhada da pobreza vivida pelos alunos, do desinteresse e do despreparo dos professores, da falta de visão de gestão democrática da escola. A exigência perversa do Banco Mundial (violência totalitária) tanto no que se refere ao âmbito financeiro quanto ao técnico, está ligada à política de considerar a educação como instrumento fundamental, para promover o crescimento econômico e a redução da pobreza, desprezando a formação do homem, o respeito ao semelhante e o convívio social. A escola, sendo uma organização complexa, não pode descuidar-se dos ruídos, da desordem, sob o risco de permitir o amplo desempenho da harmonia, como ausência de normas, e a conseqüente criação de uma nova estrutura educacional (DURKHEIM, 1925 p. 101). Entretanto precisa estar atenta entre a ordem e a desordem, pois o que pode parecer violência dentro da escola é uma tentativa de desorganizar a rigidez imposta pelas normas estabelecidas, é uma maneira de auxiliar a ordem (MAFFESOLI, 1987 p. 90). 1. 2 ESCOLAS INOVADORAS: frente ao paradigma da violência São diferentes os tipos de violências que repercutem no processo de aprendizagem do aluno e na imagem da instituição escolar como espaço de aprendizado e formação. Os atos praticados no interior da escola atingem o indivíduo em diversas dimensões – física, moral e pública – são denominados pela expressão “violência escolar” (ABRAMOVAY,2004 p.55) A inovação, neste caso, pode ser pensada como um instrumento de auto-estima institucional, de devolução de legitimidade e autoridade à instituição, enquanto portadora de certos modelos culturais. Recuperar a legitimidade significa restabelecer a confiança, o diálogo institucional, com os objetivos de curto e longo prazo da escola. No entanto, o problema da inovação também levanta um ao outro conjunto de questões associadas a ideias de superação e resolução de certos comportamentos e práticas desestruturadores das sociabilidades positivas. O conflito e os diferentes tipos de violência escolares colocam em evidência a quebra de certos pacos de convivência (ORTEGA, 2001.p.78) As instituições escolares podem ser percebidas como modelos dos pressupostos básicos que determinado grupo desenvolve no processo de aprendizagem para lidar com os problemas de adaptação externa e de integração interna. Conhecer as concepções de autoridade e hierarquia que fundamentam a prática de uma escola será essencial para compreender as formas de participação compartilhada que lá se engendram (SILVA,2002, 67). Utilizando-se do conceito de ARENDT (1972) de que a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; Onde a força é usada, a autoridade em si fracassou, para elucidar a diferença desta para as demais formas de poder. Portanto, para que se haja autoridade, é necessário um reconhecimento da sua legitimidade pelas partes envolvidas ( apud SILVA, 2000). Consoante com SILVA(2002) a autoridade deve ser reconhecida tanto pelos alunos, professores, diretores, funcionários e familiares como pela comunidade do entorno, a fim de que se processem no interior da escolar a negociação e o respeito da autoridade. A atuação da direção da escola é fundamental (...). A tarefa do administrador escolar não é de controlar o trabalho pedagógico mas assegurar a existência de condições para que o ensino se realize(...). Quando a legitimação da autoridade se dá meramente pelo cargo burocráticoocupado, normalmente ocorre uma centralização das decisões formais nas mãos da direção e um individualismo exacerbado nas práticas ocorridas na sala de aula (...). Nos grupos em que há predomínio desse tipo de cultura, observa-se um baixo envolvimento dos profissionais entre si e com a escola, sendo muito freqüente a alta rotatividade de profissionais e a proliferação daqueles que dizem que nada há para ser feito . As escolas têm, muitas vezes, tem objetivos e metas pouco claros e, principalmente, pouco assumidos por seus integrantes. O grau e o tipo de participação dos diferentes atores da comunidade escolar são frágeis e pouco definido, estabelecendo-se relações desequilibradas e ambíguas. Para BRANDONI(2001) e neste sentido que diferentes experiências vêm sendo realizadas, na busca de encontrar formas alternativas de atenuar o aspecto desagregador dos atos de conflito. Na Argentina, várias pesquisas e avaliações de projetos de ação no meio escolar possibilitaram o conhecimento de estratégias que contribuíram para uma melhoria do clima escolar e para a construção de uma cultura da não-violência, através de experiências de mediação escolar pelos pares. O clima de violência, além de influir na qualidade de ensino, no desempenho escolar dos alunos e no desempenho profissional do corpo Técnico-pedagógico, também incide sobre a percepção dos alunos a respeito do espaço físico da escola, da gestão e dos próprios colegas. Constata-se que um ambiente escolar desfavorável contribui para o esgarça mento das relações entre os atores da escola (professores e alunos; professores e direção; alunos e alunos; alunos e direção). 1.3 ESTRATÉGIAS QUE FAZEM A DIFERENÇA É no cotidiano que os estabelecimentos pesquisados buscam enfrentar a violência a que estão sujeitos, por meio de estratégias inovadoras, traduzidas numa direção sintonizada com mudanças qualitativas na relação com os alunos, na participação das famílias e da comunidade, no engajamento dos professores e demais funcionários, no uso e na percepção do espaço físico, na sociabilidade e na própria imagem da escola. Várias estratégias correntes do cotidiano das escolas inovadoras, analisando a importância do clima escolar, o papel do diretor, a valorização do aluno, a participação da família e da comunidade, a ressignificação do espaço físico. A partir dessa iniciativa e a integração das estratégias inovadoras, teremos como conseqüência a redução da violência e na melhoria das condições de aprendizagem. É papel das escolas tomar providências para impedir situações de bullying. Muitas procuram prevenir o problema com campanhas de conscientização e trabalhos de psicodrama com os alunos. Nessa dinâmica, em que os alunos assumem os três papéis do bullying, procura-se fortalecer o potencial de autoproteção das vítimas e das testemunhas, mostrando que elas não devem se omitir. (ARAÚJO, 2005, p.97) 1.3.1 CLIMA ESCOLAR De acordo com as pesquisas publicadas pela UNESCO em 2004 a violência no ambiente escolar é um dos pontos mais críticos nas escolas públicas brasileiras na contemporaneidade, e com essa situação aparece o agravante de como preparar o jovem e sua formação acadêmica no ambiente escolar com tanta violência. As constantes pesquisas sobre este assunto tenta viabilizar meios para que as escolas desenvolvam estratégias para amenizar, ou solucionar os problemas no ambiente escolar, relacionados à violência, e aqui em especial à violência social, o bullying. A construção de um bom clima escolar, por certo, está igualmente pautada no investimento em propostas educativas e em projetos que valorizem aqueles que compartilham o espaço escolar. A realização de projetos parece assumir especial significado à medida que são incorporados ao cotidiano, ao projeto político-pedagógico vigente, e contribuem para a mudança de padrões de relacionamento e atitude dos diversos atores da vida escolar. Os projetos esportivos mostram-se especialmente interessante como ponte de transformação, sobretudo quando conseguem reforçar a organização do coletivo. Observa-se, que a violência afeta, significativamente, o clima escolar. A deterioração das relações incide na qualidade das aulas e no desempenho escolar dos alunos (ABRAMOVAY, 2002.p.48) 1.3.2 GESTÃO INOVADORA: fator preponderante pra o enfrentamento à violência O exercício da gestão aberta à mudanças constitui, sem dúvidas , traço comum às escolas inovadoras. De formas variadas, nas buscas de alternativas para lidar com a questão da violência, esses estabelecimentos vêem experimentando transformações nos modos convencionais de administrar e conduzir o cotidiano. Em tal quadro, o papel dos diretores ganha importância significativa, associado à atuação dos demais integrantes do coletivo escolar. Pode-se perceber que são os diretores aqueles que conduzem um trabalho que é de muitos: professores, alunos, familiares e outros atores (ABRAMOVAY, 2004, p.54). Nesse sentido vários deles demonstram preocupação em criar condições de participação de toda a comunidade escolar no planejamento e nas decisões, a partir de ações que não se limitam a consultas e votações, mas que demandam um envolvimento reflexivo e propositivo. Na gestão inovadora, constata-se que existe uma presença mais atuante do gestor (ou equipe de coordenação pedagógica), traduzida no seu conhecimento acerca de problemas da escola e no grau de interlocução com alunos e professores. O respeito pela escola e o reconhecimento de que seu espaço deve ser preservado são compartilhados pelos diferentes atores sociais. Ao se refletir sobre o papel da gestão e, especificamente, dos diretores no investimento em estratégias capazes de construir para o combate à violência nas escolas, cabe considerar que o olhar desses gestores em relação ao futuro pode representar um diferencial inovador fundamental. 1.3.3 VALORIZAÇÃO DO ALUNO, PROFESSOR E ESCOLA NA LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA A estratégia de “valorização” revela uma visão da escola que a considera para além de um lugar de aprendizagem, à medida em que exerce funções de cuidados e atenção para com o outro, fato que repercute positivamente. A valorização dos alunos se dá na medida em que a escola lhes dá ouvidos e considera suas opiniões, criando mecanismos onde suas sugestões, referentes a mudanças que gostariam de ver implementadas, são analisadas, sendo suas decisões posteriormente socializadas. No que se refere à valorização dos professores, muitos estabelecimentos têm investido em ações capazes de gerar um clima de satisfação entre eles, caracterizado por acolhimento, suporte e condições para que desenvolvam seu trabalho. Assim, o bom entrosamento, o coleguismo, a abertura e o incentivo a idéias novas tornam-se marcas importantes. De acordo com alguns projetos apresentados pela UNESCO em 2004 “Escolas Inovadoras”, estão buscando meios de valorização para os alunos e ex-alunos, estes coordenam atividades e permanecem nas escolas além do horário regular para preparar tais atividades. Os coordenadores de projetos em desenvolvimento são professores que tem com incentivo a diminuição da carga horária para acompanharem os projetos. 1.3.4 DIÁLOGO O diálogo cria a possibilidade de se estabelecer relações de amizade entre alunos e professores, a partir da descoberta do que pensa e de como vive em grupo. Possibilita, também, conhecer e compartilhar novos olhares e atitudes sobre o tema em discussão que, numa perspectiva de formação, vai repercutir na vida dos sujeitos envolvidos. A significação do diálogo está no fato de que os sujeitos dialógicos crescem umcom o outro. O diálogo não nivela, não reduz um ao outro. Ao contrário, implica um respeito fundamental dos sujeitos nele engajados (Freire: 1998,p. 11-118). A prática do diálogo tem constituído um importante fator de superação dos problemas internos de violência com que se defronta a escola onde muitas vezes, impera a lei do silêncio. Quando o diálogo passa a ser valorizado na escola, as hierarquias existentes, conseqüentemente, deixam de se configurar como empecilhos entre aqueles que convivem a maior parte do tempo juntos no espaço escolar. Neste sentido, o diálogo faz parte do cotidiano dos professores e se transforma em rotina de convivência dos alunos, o retorno a situações onde tal componente não se faz presente, causa estranhamento e não - adaptação à nova realidade. A capacidade de articulação e negociação é imprescindível para o sucesso da experiência. É interessante observar que o espaço escolar assume outras características, sendo não apenas um espaço de “aprendizagem”, mas de lazer, cultura e esporte, aparecendo como um espaço compartilhado e aberto. (BRAMOVAY, 2004.p.55) 1.3.5 FAMÍLIA E COMUNIDADE O ambiente social direto da unidade escolar é constituído por dois sistemas, sendo num deles determinado pelas normas e diretrizes impostas por órgãos superiores e outro formado pela teias de relações em que os membros da escola se envolvem fora dela. A essa teia, ou seja, ao grupo local que constitui o ambiente imediato da escola, refere-se pela palavra comunidade, à qual não atribuímos qualquer conotação valorativa. Ela compreende a função do magistério, os contatos com os pais ( e outros responsáveis dos alunos) e, por outro lado, a interação dos membros da escola com outras pessoas na sua vida particular. No tocante aos pais de alunos, o contato com os educadores profissionais dá-se primordialmente em torno do filho-aluno e tende, portanto, a ser algo individualizado. Ambos, pais e professores, participam da educação de uma pessoa concreta, e é ela o ponto de referencia da harmonia ou desarmonia prevalecente. A colaboração entre pais e professores, coletivamente, nos assuntos gerais da escola ou mesmo de cada classe, quando desejada, é menos espontânea e requer esforços, habilidade e circunstâncias favoráveis para se organizar. (LENHARD, Rudolf. 1998 p. 35) 2. JUSTIFICATIVA Tanto para Piaget como para Vygotsky(1998), o ambiente da sala de aula requer interação social, embora por circunstâncias distintas. Para Vygotsky, o ambiente social é a fonte de modelos dos quais as construções devem se aproximar. É a fonte do conhecimento socialmente construído que serve de modelo e media as construções do indivíduo. A aprendizagem, e o desenvolvimento são adquiridos por modelos e, claro, pela motivação da criança. Para Piaget(1987), a interação com os colegas e adultos. Vygotsky coloca que no cotidiano das crianças, elas observam o que os outros dizem, porque dizem, o que falam, porque falam, internalizando tudo o que é observado e se apropriando do que viu e ouviu. Recriam e conservam o que se passa ao redor. Em função desta constatação, Vygotsky afirma que a aprendizagem da criança se dá pelas interações com outras crianças de seu ambiente, que determina o que por ela é internalizado. A criança vai adquirindo estruturas lingüísticas e cognitivas, mediado pelo grupo. Partindo dos pensadores que se destacaram nas teorias da aprendizagem queremos mostrar a importância de uma boa convivência em sala de aula para que o aluno tenha o prazer de estar inserido naquele ambiente, facilitando assim, o processo de ensino aprendizagem. O presente trabalho relacionará a violência social vivenciada em uma escola do Sistema de Estadual de Ensino do Município de Parintins, frente aos processos de ensino-aprendizagem, buscando co-relacionar os resultados desta instituição com o comportamento de seus alunos, tanto os agressores quanto as vítimas do bullying. Até que ponto este comportamento que tanto incomoda é capaz de prejudicar o processo educacional, observado durante o ano de 2011, a partir das com observações feitas durante o Estágio Supervisionado. Para Paulo Freire que não desenvolveu uma teoria da aprendizagem, mas seus postulados sobre a pedagogia problematizadora e transformadora, enfatizam uma visão de mundo e de homem não neutro. Assim, o homem é um ser no mundo e com o mundo. A inspiração de seu trabalho nasce de dois conceitos básicos: a noção de consciência dominada mais dois elementos subjetivos que a compõem e a idéia de que há determinadas estruturas que conformam o modo de pensar e agir das pessoas. Essas estruturas impregnam o comportamento subjetivo à percepção e à consciência que cada indivíduo ou grupo tem dos fenômenos sociais (Fialho, 1998,p.105). Por isso o projeto aqui apresentado tende a despertar para essa investigação na cidade de Parintins pois a mudança social está presente nas grandes e pequenas cidades, os problemas não se distinguem, não escolhe classe ou grupo social, o que nos leva a uma mudança de postura para que estejamos preparados para os desafios de nossas escolas que não estão limitadas apenas a conteúdos, mas a um grupo de fatores que cercam o discente. Não sendo um ser neutro e muito menos acabado o estudante torna-se uma fonte inesgotável de questionamentos e respostas. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Quantificar ações de Bullying praticadas na escola, com vistas as ações a serem implantadas visando à redução deste comportamento agressivo. 3.2 Objetivos Específicos: Evidenciar os diferentes tipos de violência escolar e a complexidade do tema e discutir a urgência da reflexão sobre o tema. Mostrar os diferentes fatores relacionados à violência e identificar as suas influências no clima escolar, causas e efeitos. Verificar como a ocorrência da violência social traz para dentro da sala, questões macrossociais como a desistência, a reprovação e o baixo rendimento dos alunos agredidos. Desestimular a perpetuação de uma visão naturalista e banal sobre o tema bullyng. Proporcionar informações que contribuam para o ensino-aprendizagem da escola em estudo. Proporcionar a reflexão sobre as ações necessárias na prevenção e no combate ao bullying na escola pesquisada. 4. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho apresenta o método da Fenomenologia como proposta de totalidade, no qual o método é uma questão de atitude e a compreensão deverá ser de não separação do sujeito e do objeto. “A raiz da análise metodológica em fenomenologia é o círculo hermenêutico: compreensão - interpretação e nova compreensão”. (FAZENDA, 2001, p.43) Quanto à forma de abordagem para coleta de dados: a metodologia científica utilizada para o levantamento dos dados contidos no presente estudo é a Pesquisa Qualitativa, tendo como estudo de caso o seu foco principal, com o objetivo de analisar as ações dos professores, e gestão da escola na prevenção do bullying que ocorre com os alunos no Ensino Médio, turno vespertino. Segundo Ludke e André (1986) a pesquisa qualitativa é de abordagem naturalista, ou seja, a fonte direta dos dados pesquisados é o ambiente natural do sujeito a ser pesquisado. (FAZENDA,2001.p. 56) O principal instrumento da pesquisa qualitativa é o pesquisador, pois é ele quem tem o contato direto com a realidade a ser pesquisada. O trabalho de campo dessa pesquisa será desenvolvido numa abordagem qualitativa, tendo o estudo de caso como foco norteador. Neste trabalho, os instrumentos metodológicos, entrevistas, observação, registro das práticas e falas dos professores, alunos e demais funcionáriosda escola, terão o papel de fornecer dados de como o bullying se manifesta na sala de aula e nos pátios, e como é a reação dos professores e demais funcionários, frente a essa prática, se suas ações resultam de uma maneira positiva ou negativa na prevenção e combate ao bullying na escola. Os dados para essa pesquisa serão obtidos através de observações realizadas pela pesquisadora e por 02 questionários de cunho fechado para professores e alunos, sendo este proposto de 08(oito) perguntas. O período da pesquisa acontecerá no primeiro semestre de 2012 na escola selecionada pela pesquisadora. Após a tabulação dos dados e analises dar-se-á a aplicação de propostas de trabalhos de prevenção ou combate ao bullying no campo de estudo. 5. RESULTADOS ESPERADOS O presente projeto visa através das pesquisas colaborar para o melhoramento do clima escolar, fazendo que este seja um lugar de amizades e conquistas e a constante busca pelo conhecimento sistematizado, sem a presença do medo e da vergonha. Colaborando, também, para o sucesso da escola com o processo de ensino e aprendizagem, visto que, este assunto em voga é um grande entrave aumentando o número de abandonos nas salas de aula. 6. CRONOGRAMA ATIVIDADES M A M Levantamento e estudo bibliográfico X Elaboração e aplicação do questionário X Organização de oficinas X Aplicação de Oficina X Tabulação de dados X 7. PREVISÃO DE CUSTO PESSOAL QUANTIDADE INVESTIMENTO Palestrante 01 R$ 100,00 Técnico para digitação dos dados 01 R$ 50,00 CÓPIAS 90 R$ 7,00 Cd e dvd 03 R$ 3,00 Lápis 01 cx R$ 10,00 Eva 10 fls R$ 5,00 Bastão de cola quente 10 R$ 0,00 Papel 40 10 R$ 5,00 Papel sulfite 100 R$ 1,00 Pincel atômico I CX R$ 25,00 Camisas 15 R$ 300,00 Baner 01 R$ 100,00 TOTALR$ 476,00 8. AVALIAÇÃO A avaliação será pautada nos princípios da observação de mudança ou não do comportamento dos alunos, verificando se estes assimilaram ao final do projeto as informações necessárias para as mudanças de comportamento, respeitando as diferenças e convivendo em um ambiente harmônico. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Maria (Coord.). Escolas Inovadoras experiências bem-sucedidas em escolas públicas – UNESCO, 2004. ARANHA, Mª Lúcia de Arruda. História da Educação. 2ªed. São Paulo: Moderna 1996. ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 1972. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informações e documentações. Referências. Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. DELVAN, Juan. Aprender na vida e aprender na Escola. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. FAZENDA, Ivani. Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 2001. FONTE, C. Fenômeno Bullyng : Como prevenir a violência nas escolas e educar para paz. Editora Versus, 2005, 224p. GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. Campinas – SP: Papirus, 1995. LENHARD, Rudolf; Heloisa Spinola. Escola: dúvidas e reflexões. São Paulo. Moderna, 1998. ORTEGA, Rosário, Projet Sevilla contre La violence scolaire: um modele d’intervention èducative à caractere écologequi. In: DEBARBIEUX, Éric; BLAYA, Catherine (Dir). La violence em milleiu scolaire – 3 – Dix approaches em Europe, Paris: Ed. ESP, 2001. SANTOS, L. O papel dos professores frente ao bullying na sala de aula. São Paulo, 2006. SILVA, Delma Josefa; CAVALCANTE, Rosa Maria; CAMARA, Tarsila Myrtle. Relatório da Pesquisa Escolas Inovadoras – Pernambuco. UNESCO/UNIRIO, 2002 (mimero). Weisz, Telma; Ana Sanchez. O diálogo entre ensino e a aprendizagem. 2ª ed. São Paulo. Ática, 2004.
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