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Aula 10 Avaliar ou diagnosticar

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Aula 10: Avaliar ou Diagnosticar?
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Demonstrar a atual situação do processo de avaliação nas escolas; 
2. compreender que existe uma grande diferença entre a avaliação como medida e a avaliação como diagnóstico; 
3. identificar o caráter dinâmico da avaliação diagnóstica; 
4. destacar a crítica, o estímulo e os desafios dados pelo professor como elementos fundamentais no processo de avaliação diagnóstica; 
5. reconhecer que, em Geografia e História, a avaliação deve considerar, simultaneamente, o que a criança já consolidou e também o que está em fase de construir.
 Avaliação como Medida
Nos últimos anos, a questão da avaliação tem sido objeto de pesquisa junto a muitas instituições e estudiosos de várias áreas.  Estudos mostram a insatisfação dos professores e de outros profissionais envolvidos com o tema, com as práticas tradicionais, nas quais o sentido político da avaliação está ligado à questão do poder.
Seu caráter autoritário relaciona-se ao controle e ao enquadramento dos indivíduos nos parâmetros estabelecidos pela sociedade. Até hoje, a coação explicita que, através de instrumentos disciplinadores- a prova, por exemplo - acontece. Ela mede principalmente o que o aluno não sabe, sem se preocupar com seus avanços e conquistas.
Nesse processo, alunos e professores ficam em campos separados, os primeiros tentando preservar sua liberdade e tranquilidade e os professores se esforçando para fazê-los trabalhar “para o seu bem”. Cria-se um contrato pedagógico conflituoso. Tal contrato só pode entravar a evolução em direção às novas pedagogias, à escola ativa, à responsabilização do aluno por sua própria aprendizagem.
A avaliação pedagógica tradicional é um jogo de gato e rato, um confronto de estratégias e de contra estratégias. É muito difícil, nessas condições, criar uma relação verdadeiramente cooperativa entre professores e alunos, porque em algum momento os primeiros vão julgar os segundos, às vezes com rigor.
A avaliação, nessa perspectiva, torna-se classificatória e reduz-se a um momento final do processo de ensino-aprendizagem, limitando a categorizar o aluno em função de uma nota. Segundo, Vasconcellos(1995), a grande preocupação do professor é saber quanto o aluno merece e a do aluno é saber o quanto precisa para passar. A nota também é usada para manter a disciplina e moldar atitudes de acordo com os padrões desejáveis pelo professor.
A avaliação classificatória desconsidera importantes itens que fazem parte das características de uma aprendizagem correta, como: os impactos da diversidade sociocultural do aluno na forma de aprender; a sua necessária participação  no processo de produção do conhecimento em uma perspectiva de investigação e questionamento constantes; o dinamismo do conhecimento produzido pelo homem, particularmente no contexto das grandes transformações científicas e tecnológicas etc.
Uma mudança nesse quadro requer outra visão do processo pedagógico, ou seja, repensar itens como: o que ensinar, para que ensinar e como ensinar. Isso  significa superar a visão estática e classificatória, trabalhar a favor da permanência do aluno na escola e desenvolver um ensino efetivo e significativo.
 Avaliação como diagnóstico
A avaliação diagnóstica tem o sentido de uma avaliação transformadora. Isso porque não se limita ao momento final do processo: ela o acompanha em sua trajetória de construção cotidiana.
Busca identificar os padrões culturais dos alunos que chegam às escolas, identificando os elementos necessários para ampliar esses padrões, através de uma relação de diálogo no dia a dia das práticas de ensino.
Em suma, torna-se um instrumento de investigação e problematização com o objetivo de ampliar perspectivas. E, como tal, inclui o princípio da contradição.
É necessário que se problematizem as situações do cotidiano, que se reflita passo a passo sobre as ações e as manifestações dos alunos, para que não se instale um trabalho didático em verdades prontas, adquiridas e pré-fabricadas.
A avaliação diagnóstica deve ser encarada como um meio de fornecer informações sobre o processo de construção do conhecimento tanto para o professor, que assim pode analisar os resultados de sua ação pedagógica,  como para o aluno, que identifica o seu desempenho. Isso requer uma atitude de companheirismo entre professor e aluno, ambos participando de todas as fases do processo educativo.
O sistema educacional, muitas vezes, apresenta dificuldades, para colocar em prática essa forma de avaliação. São leis, pareceres. Resoluções que regem a organização do ensino nas escolas e exige do professor notas, conceitos e cumprimento dos conteúdos. Entretanto , antes de ser um empecilho , esses procedimentos devem constituir um desafio para o professor organizar-se em uma ação coletiva , alterá-los.
 
Um dos pontos fundamentais que deve ser usado como bandeira de luta seria a mudança de caráter terminal da avaliação, para seu enfoque contínuo, diagnóstico, pois este levará ao desenvolvimento de uma postura cooperativa entre os elementos da ação educativa, privilegiando a compreensão e formação da consciência crítica de todos.
Mas, nesse momento, surge a questão de sempre:
Como fazer uma avaliação dessa maneira?
 O professor, preocupado com a metodologia, não percebe que o “como?” está irremediavelmente ligado ao “por quê?”. A forma de se organizar uma avaliação diagnóstica deve ser precedida de uma discussão que explicite para onde se quer ir através dos seguintes itens:
• que tipo de escola se quer;
• o que pretende essa escola;
• a quem serve essa escola;
• qual é a responsabilidade social dessa escola;
• que homens e mulheres se deseja formar;
• quais os conhecimentos necessários à vida em sociedade.
A partir daí, serão organizados os conteúdos e a avaliação virá em um processo claro e contínuo.
Avaliação em geografia e história
Em geografia e história, assim como nas demais áreas da primeira fase, do Ensino Fundamental, deve-se considerar simultaneamente, o que a criança já consolidou e também o que está em fase de construir . A avaliação apresenta-se então, a partir de duas dimensões: uma que identifica o nível de aprendizagem dos objetivos e curriculares e outra que expressa os diferentes momentos da criança frente a esses objetivos.
Os objetivos não serão alcançados de uma vez. Eles possuem um percurso, visto que a criança, não sobrepõe conhecimentos, mas estabelece relações cada vez mais complexas, até chegar à generalização dos conceitos. O professor deverá diagnosticar esse percurso.
Esse diagnóstico será conseguido a partir de um trabalho contínuo, no qual devem estar presentes as seguintes ações:
- utilização de muitas atividades em grupo, nas quais a construção do conhecimento aconteça;
- prática da auto avaliação, na qual o aluno terá a oportunidade de crescer muito pela responsabilidade de avaliar o seu próprio desempenho;
-prática da avaliação em grupo, na qual o aluno aprende a criticar construtivamente a sua produção;
- de atividades individuais;
- de desafios como jogos, dramatizações etc.
cabe ao professor estabelecer um compromisso de carinho e respeito com a trajetória de seu grupo e de cada um de seus alunos, sem, no entanto, confundir carinho e respeito com excesso de benevolência. Fazem parte do processo de avaliação a crítica, o estímulo e os desafios dados pelo professor, os quais farão com  que cada  criança perceba a possibilidade de enriquecer seu trabalho a cada dia, na troca de informações com seu grupo e meio social e, principalmente,  na pesquisa permanente.
Quanto aos conteúdos a serem avaliados, os parâmetros Curriculares Nacionais nos mostram que eles são meios para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes permitam produzir bens culturais, sociais e econômicos e deles usufruir.
Para que aaprendizagem possa ser significativa é preciso que os conteúdos sejam analisados e abordados de modo a formarem uma rede de significados.
Se a premissa de que compreender é apreender o significado, e de que para apreender o significado de um objeto ou de um acontecimento é preciso vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos, é possível dizer que a ideia de conhecer assemelha-se à de tecer uma teia. Tal fato evidencia os limites dos modelos lineares de organização curricular que se baseiam na concepção de conhecimento como "acúmulo" e indica a necessidade de romper essa linearidade.
A seleção de conteúdos pela equipe escolar deve levar em conta a sua relevância social e sua contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno. Esses dois critérios podem guiar as escolhas que precisam ser feitas, em função das capacidades que se pretende desenvolver e da ampla gama de assuntos possíveis de serem tratados no âmbito de cada área de conhecimento.
É importante deixar claro que, na escolha dos conteúdos a serem trabalhados, é preciso considerá-los em uma perspectiva mais ampla que leve em conta o papel, não somente dos conteúdos de natureza conceitual — que têm sido tradicionalmente       predominantes — mas também dos de natureza procedimental e atitudinal.
Os conteúdos de natureza conceitual que envolvem a abordagem de conceitos, fatos e princípios, referem-se à construção ativa das capacidades intelectuais para operar com símbolos, signos, ideias, imagens que permitem representar a realidade. Seriam exemplos caracterizar o Brasil Colônia em seu aspecto administrativo (História) e identificar as características econômicas das regiões em que o seu estado foi dividido (Geografia).
A segunda categoria de conteúdos relaciona-se àqueles de natureza procedimental. Os procedimentos expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões e realizar uma série de ações, de forma ordenada e não aleatória, para atingir uma meta. Os conteúdos procedimentais sempre estão presentes nos projetos de ensino, pois realizar uma pesquisa, desenvolver um experimento, fazer um resumo, construir uma maquete são proposições de ações presentes nas salas de aula. Seriam exemplos: Ler uma linha de Tempo sobre a moda do séc. XX (História); Identificar no mapa as vias de acesso à escola (Geografia).
A terceira categoria diz respeito aos conteúdos de natureza atitudinal, que incluem normas, valores e atitudes, que permeiam todo o conhecimento escolar. A escola é um contexto socializador, gerador de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade. A não compreensão de atitudes, valores e normas como conteúdos escolares faz com que estes sejam comunicados, sobretudo, de forma inadvertida — acabam por serem aprendidos sem que haja uma deliberação clara sobre esse ensinamento. Seriam exemplos: Discutir em sala a seguinte questão: O Brasil foi descoberto ou invadido pelos portugueses? (História); Planejar uma campanha de uso correto do espaço da escola e circunvizinhanças (Geografia).

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