hermen - Roteiro de Aulas - alunos

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Laboratório de Linguagem e 
Hermenêutica Jurídica
Prof. Carlos Nascimento 
carlosnascimento.adv.br/blog
professor@carlosnascimento.adv.br 
novembro/2013
Reprodução proibida sem a autorização do autor.       1
I. Conceitos gerais
→ Interpretação: processo de definição do sentido e alcance (das normas)
→ Hermenêutica: ciência/arte/estudo da interpretação. 
 Tem como objetivos:
» interpretar as normas para conferir-lhes aplicabilidade (concretude)
» identificar e solucionar conflitos entre normas (antinomias)
» identificar e solucionar as lacunas jurídicas (ausência de normas)
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As lacunas não são interpretadas; são integradas
integrar = preencher lacunas
II. Métodos de interpretação do Direito
a) método gramatical ( literal):
→ busca solucionar obscuridades das normas
→ propõe a substituição de palavras por equivalentes conhecidos
→ Peculiaridades: 
» as palavras não podem ser interpretadas isoladas, descontextualizadas
» pressupõe palavras unívocas (soberania da palavra - P. Bonavides)
» existindo mais de um significado (palavras plurívocas), e sendo um técnico e
outro comum, deve-se dar preferência para o sentido técnico
» pressupõe a suficiência da lei (culto à lei) e a relativa falta de importância
do intérprete (juiz neutro)
» a linguagem é apenas um medium de comunicação
→ Na prática: é apenas o ponto de partida no processo de interpretação
 ! OBS.: para alguns doutrinadores, a interpretação gramatical é também um
limite interpretativo: não se pode ir além do sentido literal das palavras
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b) método exegético :
→ baseia-se no método gramatical 
→ acrescenta à interpretação o espírito do legislador (mens legislatoris)
→ Peculiaridades: 
» supremacia da racionalidade: o legislador é racional (legislador ideal)
» segurança jurídica: justificativa de afastamento de normas arbitrárias
(Revolução Francesa)
» repele conceitos extra-jurídicos
→ Na prática: assim como o método gramatical, perde-se em sua própria
pretensão de neutralidade, deixando de considerar a justiça do caso concreto,
valores ideológicos e a realidade social em favor de um tipo de cientificismo
 ! OBS.: hermenêutica, exegese e escola da exegese: 
» hermenêutica - sentido teórico (busca teoria)
» exegese - sentido prático, empírico (busca solução concreta)
» escola da exegese - movimento histórico do século XVIII fundado na visão
burguesa/iluminista/racionalista que interpretava a lei de modo literal
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c) método histórico :
→ busca reconstruir o significado original da norma (no momento em que foi editada)
→ principal autor: Savigny (escola Alemã = antes da unificação; leva em conta costumes)
→ consciência jurídica popular/espírito do povo (volksgeist): o Direito é fruto de
evolução histórica (e não do direito codificado - sistema francês)
 ! OBS.: para este método, estudar História significa tão somente sua análise jurídica:
representa a evolução do tradicional direito romano à luz dos costumes germânicos
(desprezando, assim, elementos sociais e culturais próprios da ciência História)
→ Reconhece que os termos utilizados pela lei são plurívocos (e supera tal obstáculo
com avaliações históricas dos termos)
→ Pode ser: 
» Interpretação histórica próxima: busca o período em que a norma foi
editada (liga-se com a mens legislatoris )
» Interpretação histórica remota: busca elementos históricos do instituto
analisado por meio de estudos filosóficos, éticos, etc. (liga-se com a
mens legis ) 
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d) método lógico :
→ busca o sentido e o alcance das normas
→ Para Paulo Bonavides, significa responder a duas perguntas: 
» O que quis alcançar o legislador? É a conexão da lei com as demais leis e, a seguir, com
elementos históricos 
 ! OBS.: Elementos históricos = discussão sobre a criação da lei; discussão social na época
sobre a lei; interpretação e situação legal à época da lei; motivo da lei - occasio legis 
» O que se pretendeu modificar com respeito à situação jurídica antecedente? É a
finalidade da lei (critério teleológico) - ratio legis 
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→ Possui três aspectos (funções): 
» aspecto formal: soluciona antinomias (conflito de normas); as leis devem ser
formalmente lógicas
 ! Critérios para solução de antinomias: 
hierárquico - lei hierarquicamente SUPERIOR afasta lei hierarquicamente INFERIOR
temporal - lei NOVA afasta lei ANTERIOR
especialidade - lei ESPECIAL afasta lei GERAL
» aspecto prático: visa compatibilizar as normas por meio da equidade
» aspecto conciliador/diplomático: visa solucionar o conflito por meio de uma
solução-resultado a partir da interpretação 
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→ Possui três processos (fases): 
» processo lógico-analítico: a partir de conceitos, cria juízos de identidade e
conveniência (silogismos); busca, de certo modo, a verdade das afirmações
 ! Silogismo: método de raciocínio baseado em premissas e conclusões: 
“ Todo homem é mortal / Pedro é homem / Logo, Pedro é mortal ”
» processo lógico-sistemático: introduz elementos estranhos ao texto para
chegar a conclusões comparativas (produz a conclusão a partir de textos com
valores/objetivos/sentidos semelhantes)
» processo lógico-jurídico: combinação do tripé para se chegar ao significado
da norma:
- ratio legis : intenção da norma
- occasio legis : momento histórico da norma
- vis : virtude normativa
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 ! Para pensar: Tercio Sampaio Ferraz Jr. sugere que os métodos gramatical,
lógico e sistemático são, na verdade, uma espécie de continuação um do outro
“Os problemas sintáticos referem-se a questões de conexão das palavras nas
sentenças: questões léxicas; 
à conexão de uma expressão com outras expressões dentro de um contexto:
questões lógicas; 
e à conexão das sentenças num todo orgânico: questões sistemáticas”. 
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Pontos para a prova
1. Conceitos gerais
- Interpretação/integração
- Hermenêutica
- Objetivos da hermenêutica (aplicabilidade, solução de conflitos, preenchimento lacunas)
2. Métodos de interpretação
- método gramatical (conceito; limites; termos plurívocos vs. unívocos)
- método exegético (período histórico; limites; mens legislatoris; exegese vs. Hermenêutica)
- método histórico (momento histórico; limites; volksgeist ; mens legis vs. mens legislatoris )
- método lógico (ratio legis; aspectos formal, prático e conciliador; occasio legis )
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