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Aula 05: Direções e planos cristalográficos Prof. Dr. Marcus Varanis Universidade Federal da Grande Dourados Faculdade de Engenharia Índices de Miller: direções cristalográficas Direção cristalográfica: vetor que une dois pontos da rede cristalina. Procedimento para determinação dos índices de Miller de uma direção cristalográfica: transladar o “vetor direção” de maneira que ele passe pela origem do sistema de coordenadas. determinar a projeção do vetor em cada um dos três eixos de coordenadas. Essas projeções devem ser medidas em termos dos parâmetros de rede (a,b,c) multiplicar ou dividir esses três números por um fator comum, tal que os três números resultantes sejam os menores inteiros possíveis. representar a direção escrevendo os três números entre colchetes: [u v w]. Direções cristalográficas : exemplo 021redução a mínimos inteiros [120]notação 01½projeções em termos de a,b e c 0 x c1 x b½ x aprojeções zyx FAMÍLIA DE DIREÇÕES: conjunto de direções equivalentes, ou seja, conjunto de direções que possuem o mesmo espaçamento atômico. Famílias de direções são representadas por <hkl>. Por exemplo, a família <100> é composta pelas direções [100], [010], [001], ].100[]010[],001[ e Planos e Direções Cristalográficas Terminologia Direções: [ ] Planos: ( ) Famílias de direções: < > Famílias de planos equivalentes: { } VETORES!!!! [110] CCC [110] CFC Como representar as direções dos átomos? 1- Posicionar o vetor passando pela origem 2- Determinar os comprimentos das projeções (a,b e c) (Ex: a, b/2 e 0, ou seja, a=1, b=1/2 e c=0) ou (x=1, y=1/2, z=0) 3- Dividir ou multiplicar os três números por um fator comum (Ex: 2,1,0) 4- Representação: [210] a b c Direções Cristalográficas [100] [110] [111] [021] [011] [200] [210] z x y Direções Cristalográficas [100] [011] [011] x y z Índices de Miller: Direções Cristalográficas Direções e Planos CristalográficosDireções e Planos Cristalográficos x y z [100] [120] [012] Direções Cristalográficas x y z [1 0 0] [0 1 1] [1 1 1] Direções Cristalográficas 0,0,1 1,1,0 1,1,1 1,1,2 [001] [112] [111] [110] Esboçar as direções [001], [112], [111] e [110] Direções Cristalográficas Família de Direções : Direções equivalentes, mesmo que não paralelas!!! Espaçamento entre os átomos ao longo de cada direção é o mesmo Representação: < > < 100> Direções Cristalográficas <100> [100] [010] [001] [100] [010] [001] x y z Uma <família de direções> inclui todas as direções possíveis com as mesmas coordenadas básicas <Família de Direções> Direções Cristalográficas x y z [111] [111] [111] [111] [111] [111] [111] [111] Família <111> Direções Cristalográficas Direções Cristalográficas DIREÇÕES PARA O SISTEMA CCC No sistema CCC os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo, que corresponde a família de direções <111>. Então, a direção <111> é a de maior empacotamento atômico para o sistema CCC. Direções Cristalográficas DIREÇÕES PARA O SISTEMA CFC No sistema CFC os átomos se tocam ao longo da diagonal da face, que corresponde a família de direções <110>. Então, a direção <110> é a de maior empacotamento atômico para o sistema CFC. Aspectos importantes dos índices de Miller para as direções que precisam ser observados 1. Como as direções são vetores, determinada direção e seu negativo não são idênticos. De fato [100] não equivale a ; eles representam a mesma linha, mas em sentidos opostos; 2. Toda direção e seu múltiplo são idênticos. De fato, [100] representa a mesma direção que [200]; apenas esquecemos de fazer a redução para menores números inteiros; 3. Certos grupos de direções são equivalentes. Em um sistema cúbico, por exemplo, uma direção [100] será a direção [010] se redefinirmos o sistema de coordenadas; e 4. Podemos nos referir a grupos de direções equivalentes como famílias de direções < >. ]001[ Índices de Miller: Planos Cristalográficos Determinação dos índices de Miller de um plano cristalográfico: determinar os interceptos do plano com os eixos do sistema de coordenadas em termos dos parâmetros de rede a, b e c. Se o plano passar pela origem, transladar o plano para uma nova posição no sistema de coordenadas. obter os recíprocos desses três interceptos. Se o plano for paralelo a um dos eixos, considera-se o intercepto infinito e o seu recíproco zero. representar na forma ( h k l ) Nota : às vezes é necessário multiplicar os três números resultantes por um fator comum para assim obter três índices inteiros. Como representar as posições dos planos cristalinos? 1. Desenhe a origem e a célula unitária 2. O plano x, y, z interceptará os eixos em 1/x, 1/y e 1/z. (Ex: 1,1,1) 3. Dividir ou multiplicar os três números por um fator comum (Ex: 1,1,1) 4. Representação por meio dos índices de Miller, entre parênteses: (111) Planos Cristalográficos x y z (Planos) (xyz) (100) (110) (111) (100) x y z Índices de Miller Planos Cristalográficos Planos Cristalográficos FAMÍLIA DE PLANOS: conjunto de planos cristalograficamente equivalentes, ou seja, planos com o mesmo empacotamento atômico. Famílias de planos são representadas por {hkl}. Por exemplo, a família {111} é composta pelos planos: ).111( )111( ),111( ),111( ),111( ),111(),111( ),111( e Planos Cristalográficos FAMÍLIA DE PLANOS {111} Intercepta os três eixos x y z Planos Cristalográficos: Exemplos Aspectos importantes dos índices de Miller para os planos que precisam ser observados 1. Os planos e seus negativos são idênticos (o que não ocorre com as direções). Portanto, (020 ) = . 2. Os planos e seus múltiplos não são idênticos (o que também difere do que vimos com as direções). Podemos demonstrar esse fato definindo as densidades planares e frações de empacotamento planar. 3. Em cada célula unitária, as famílias de plano representam grupos de planos equivalentes que tem índices específicos, devido à orientação das coordenadas. Representamos esses grupos de planos por meio da notação { }. 4. No caso de sistemas cúbicos, uma direção com os mesmos índices de um plano é perpendicular a esse plano. )020( Densidade planar é o número de átomos por unidade de área, considerando que os centros desses átomos estão situados no plano; fração de empacotamento, é a parcela da área do plano efetivamente coberta por tais átomos. Alotropia e Polimorfismo Polimorfismo: fenômeno no qual um sólido (metálico ou não metálico) pode apresentar mais de uma estrutura cristalina, dependendo da temperatura e da pressão (por exemplo, a sílica, SiO2 como quartzo, cristobalita e tridimita). Alotropia: polimorfismo em elementos puros. Exemplo: o diamante e o grafite são constituídos por átomos de carbono arranjados em diferentes estruturas cristalinas. Diamante Grafite Hibridização sp3 Hibridização sp2 Alotropia do Ferro CCC CFC CCC Até 910°C De 910-1394°C De 1394°C-PF Na temperatura ambiente, o Ferro tem estrutura CCC, número de coordenação 8, fator de empacotamento de 0,68 e um raio atômico de 1,241 Å. A 910°C, o Ferro passa para estrutura CFC, número de coordenação 12, fator de empacotamento de 0,74 e um raio atômico de 1,292 Å. A 1394°C o ferro passa novamente para CCC. Alotropia do Titânio FASE α Existe até 883ºC Apresenta estrutura hexagonal compacta É mole FASE β Existe a partir de 883ºC Apresenta estruturaCCC É dura Materiais Monocristalinos e Policristalinos Monocristalinos: constituídos por um único cristal em toda a extensão do material, sem interrupções. Policristalinos: constituído de vários cristais ou grãos, cada um deles com diferentes orientações espaciais. Material policristalino Os contornos de grão são regiões separando cristais de diferentes orientações em um material policristalino. PLANOS CRISTALINOS Por quê são importantes? · Para a determinação da estrutura cristalina Os métodos de difração medem diretamente a distância entre planos paralelos de pontos do reticulado cristalino. Esta informação é usada para determinar os parâmetros do reticulado de um cristal. · Para a deformação plástica A deformação plástica (permanente) dos metais ocorre pelo deslizamento dos átomos, escorregando uns sobre os outros no cristal. Este deslizamento tende a acontecer preferencialmente ao longo de planos direções específicos do cristal. Os métodos de difração também medem os ângulos entre os planos do reticulado. Estes são usados para determinar os ângulos interaxiais de um cristal. 2 2 Densidade Atômica Planar • Análogo ao fator de empacotamento atômico, que corresponde à densidade volumétrica de átomos, podemos definir a densidade atômica planar DAP = Área Total de Átomos/Área do Plano • Exemplo Calcule a DAP dos planos {100} na rede CFC 1/4 de átomo 1 átomo Número total de átomos = 1 + 4*1/4 = 2 Área total de átomo = 2 x Área de 1 átomo = 2pR2 Área do Plano = a2 e 4R = a2 => a = 2R2 DAP = 2pR2/a2 = 2pR2/8R2 = p/4 = 0,785 3 Densidade Atômica Linear • Análogo à DAP podemos definir a densidade atômica linear DAL = Comprimento Total de Átomos/Comprimento de uma direção (igual ao fator de empacotamento em uma dimensão) Fração de átomos interceptados por uma linha • Exemplo Calcule a DAL das direções <100> na rede CFC 1/2 átomo Número total de átomos = 1 + 1 = 2 Comprimento total de átomo = 2 x Raio de 1 átomo = 2R Comprimento da Direção = a e 4R = a2 => a = 2R2 DAL = 2R/a = 2R/ 2R2 = 1/2 = 0.707 4 Planos e Direções Compactas • Como já vimos, as redes CFC e HC são as mais densas do ponto de vista volumétrico. • Por outro lado, em cada rede, existem planos e direções com valores diferentes de DAP e DAL. • Em cada rede, existe um certo número de planos e direções compactos (maior valor de DAP e DAL) As direções compactas estão contidas em planos compactos Estes planos e direções serão fundamentais na deformação mecânica de materiais. A deformação mecânica normalmente se dá através do deslizamento de planos. 5 Sistemas de deslizamento •O deslizamento ocorrerá mais facilmente em certos planos e direções do que em outros. •Em geral, o deslizamento ocorrerá paralelo a planos compactos, que preservam sua integridade. •Dentro de um plano de deslizamento existirão direções preferenciais para o deslizamento. •A combinação entre os planos e as direções forma os sistemas de deslizamento (slip systems), característicos das diferentes estruturas cristalinas. 6 Sistemas de deslizamento (cont.) Distância Plano não denso Plano denso Distância O deslizamento é mais provável em planos e direções compactas porque nestes casos a distância que a rede precisa se deslocar é mínima. Dependendo da simetria da estrutura, outros sistemas de deslizamento podem estar presentes. 7 Deslizamento de um plano compacto Pequeno deslizamento Pequena energia Mais provável Deslizamento de um plano não compacto Grande deslizamento Grande energia Menos provável Sistemas de deslizamento (cont.) 8 8 Determinação da estrutura • Pergunta básica Como se pode determinar experimentalmente a estrutura cristalina de um material ? • Uma boa resposta Estudar os efeitos causados pelo material sobre um feixe de radiação. • Qual radiação seria mais sensível à estrutura ? Radiação cujo comprimento de onda seja semelhante ao espaçamento interplanar (da ordem de 0.1 nm). Difração de raios-x.