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PROF. OSMANE P. RIBEIRO IFF – CAMPUS GUARUS 2019 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DIREITO AMBIENTAL O Direito Ambiental pode ser definido como o conjunto de normas, princípios, leis, instituições e ideologias jurídicas que regulam as relações entre os sistemas sociais e seus ambientes. O Direito Ambiental, em se tratando de um Estado Constitucional de Direito como é o caso do Brasil, apresenta normas particulares e concretas impregnadas de elementos provenientes dos demais ramos do Direito e da Constituição. 2 DIREITO AMBIENTAL A colocação em prática da normatização jurídico- ambiental passa pela vigência do Estado Democrático de Direito, onde todas as garantias fundamentais previstas na Constituição deverão ser cumpridas pela sociedade. Sem respeito aos direitos dos seres humanos e do ambiente natural que o cerca, toda tentativa de construção de uma ordem democrática será em vão. 3 DIREITO AMBIENTAL O regime político adotado pelo Brasil – o capitalismo – engloba o funcionamento de empresas com interesses econômicos que utilizam o ambiente como fonte de matéria-prima, energia e também como local de descarte de seus rejeitos. A essência do capitalismo é a competição, o individualismo e a desigualdade. O ambiente, na condição de algo vivo, dinâmico, necessita ser protegido através de legislação específica, com vistas às garantias plenas de utilização sustentável e preservação de seus recursos, contando com a implementação de ações políticas pelos governos federal, estadual e municipal. 4 DIREITO AMBIENTAL A função primordial dos governos democráticos é legislar em favor da criação de normas que regulamentam o funcionamento das atividades produtivas sem deixar de lado a proteção dos recursos naturais existentes em seus territórios, condição fundamental para a conquista da tão almejada sustentabilidade, ou seja, de se fazer uso atual dos bens e serviços ambientais de forma racional e controlada, visando manter ou aumentar os seus estoques para o atendimento das necessidades das gerações futuras. 5 CONCEITOS BÁSICOS Meio Ambiente: Segundo a Política Nacional de Meio Ambiente, definida pela Lei Nº 6.938/1981, meio ambiente é definido como sendo o conjunto de condições e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Fatores ambientais são definidos como os elementos bióticos (seres vivos) e abióticos (não vivos) que permitem a vida em todas as suas formas. Direito do Ambiente: conjunto de princípios jurídicos e normas regulamentadoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em suas várias dimensões, visando a sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. 6 CONCEITOS BÁSICOS Ecossistemas: conjunto de todas as comunidades que interagem entre si agindo sobre ou sofrendo ação dos fatores abióticos. Comunidades: conjunto de populações que habitam determinado ambiente. Populações: conjunto de organismos de uma mesma espécie que ocupam determinado espaço físico. 7 CONCEITOS BÁSICOS Tipos de Ecossistemas: Nativos: composto de elementos espontaneamente constituídos pela natureza não humana, podendo ser restaurados em sua fisionomia original pela ação humana (ex.: mata nativa primária); Transformados: construídos pela natureza não humana e modificados pelas atividades humanas (ex.: mata nativa secundária); Antrópicos: construídos pelo trabalho coordenado dos seres humanos (ex.: área de pastagem, áreas urbanas, etc). 8 CONCEITOS BÁSICOS 9 CONCEITOS BÁSICOS Modernamente não tratamos os ecossistemas como naturais ou artificiais, pois todos têm origem natural, respeitando-se as devidas proporções. Mesmo uma rua asfaltada em área urbana, por exemplo, contém elementos provenientes da natureza (derivados de petróleo, areia, pedras, etc). A poluição, por seu turno, é a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas de um ambiente pela introdução de elementos em quantidade superior à sua capacidade de autodepuração. 10 Histórico sobre Direito Ambiental Historicamente, as leis de proteção ambiental no país tiveram início no Brasil Colônia (antes de 1822), seguindo no Brasil Império (entre 1822 e 1889). Porém, para efeitos práticos, vamos nos concentrar na República, mais propriamente a partir dos anos 70. Nesta década, começaram a se desenvolver no nosso país intensa atividade industrial, agropecuária e mineração, facilitada pelo governo federal através de 03 Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), lançados em 1971, 1974 e 1979, respectivamente. Antes disso, Getúlio Vargas (anos 30 e 40) e Juscelino Kubitscheck (anos 50), também impulsionaram a industrialização nacional, mais a sua intensificação nos anos 70 aliada à maior consciência ambiental naquela década foi determinante para ativar normas regulatórias. 11 Histórico sobre Direito Ambiental Estávamos em pleno regime militar no Brasil, que durou de 1964 até 1984. O estímulo à produção a qualquer custo e a qualquer tempo levou ao acontecimento de problemas ambientais no país, com intensificação da poluição industrial e no campo. Casos de mortes foram verificados em Cubatão S.P. por poluição do ar. Degradações em ambientes ocorreram em Serra Pelada (Pará) (garimpo de ouro). Pessoas foram contaminadas com metais pesados (mercúrio) no garimpo. Houve repercussão no mundo todo. 12 Histórico sobre Direito Ambiental Empresas multinacionais instaladas no Brasil nos anos 60 e 70, apesar de serem poluentes, assim como as nacionais, ficaram receosas de investirem em suas atividades. Caos ambiental e recessão econômica por fatores internos e internacionais fizeram com que o Congresso Nacional, alinhado com governo federal, criasse uma Política Nacional do Meio Ambiente em 1981 (Lei Federal 6.938/81), visando disciplinar o uso de recursos ambientais, bem como dar o ponta pé inicial na conservação e preservação destes recursos. Veremos a PNMA com detalhes no nosso curso. 13 Histórico sobre Direito Ambiental No período entre 1981 e 1988, o Direito Ambiental demonstrou força e personalidade, começando a surgir normas ambientais com caráter compatibilista, as quais favoreciam o desenvolvimento socioeconômico ao lado da conservação e preservação ambiental. Em outubro de 1988, depois de 02 anos de estudos e debates, o Congresso Nacional, alinhado com o governo federal, sancionou a Constituição Federal de 1988. 14 Histórico sobre Direito Ambiental A Constituição é uma lei maior que organiza toda uma nação. Pela primeira vez no Brasil, tivemos um capítulo com artigo inteiro de uma Constituição destinado ao tema Meio Ambiente (artigo 225). A Constituição Federal de 1988 nasceu também com a marca de uma época na qual já tínhamos abandonado a ditadura miliar de direita (em 1984), e passamos a ser uma democracia pluralista. Está válida até os dias atuais. 15 Histórico sobre Direito Ambiental Como o meio ambiente teve um tratamento especial na Lei máxima do país, o que veio depois são normas gerais de aperfeiçoamento do sistema. O que veremos em todo nosso curso. No artigo 225 o meio ambiente foi colocado em nível de destaque. Por exemplo, os bens ambientais (água, solo, ar, florestas, fauna, minérios, etc.) passarama ser de uso coletivo, não pertencendo a ninguém, sendo comum a todos nós. Fala também que cada um deve fazer sua parte e não só o governo, a fim de proteger os recursos naturais para que vive hoje e para as gerações futuras. 16 Histórico sobre Direito Ambiental Nos anos 70, as preocupações com as questões ambientais nasceram na esfera internacional, com as conferências das Organizações das Nações Unidas (ONU). De 1972 até a atualidade, realizaram-se três conferências mundiais que foram decisivas para um novo rumo nos temas como o desenvolvimento equilibrado e sustentável. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Urbano, ocorrida em Estocolmo (Suécia) em 1972 foi o marco inicial do direito ambiental em nível mundial. Durante seus trabalhos e discussões, duas correntes de pensamento se manifestaram: Os preservacionistas, corrente radicais, basicamente liderados pelos representantes dos países desenvolvidos, que defendiam a suspensão da intervenção do homem sobre o ambiente; E os desenvolvimentistas, composta pelos países em desenvolvimento, incluindo-se o Brasil, que afirmavam que aceitavam a poluição e as atividades sem medidas de controle ambiental, pois a preocupação era o desenvolvimento econômico a qualquer preço. 17 Histórico sobre Direito Ambiental Nesse contexto, a natureza era vista como uma grande e inesgotável fornecedora de matéria-prima, insumos e energia, como também representava o local de despejo de todas as sobras das atividades humanas sem nenhuma preocupação em efetuar tratamentos adequados. Os documentos gerados não especificaram o desenvolvimento sustentável, se atendo à temática do ambiente humano. Dez anos após a realização da Conferência de Estocolmo, a ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento que, após cinco anos de trabalhos apresentou, em 1987, o Relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, em homenagem à senhora Gro Harlen Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega, que presidiu os trabalhos. 18 Histórico sobre Direito Ambiental O Relatório definiu os contornos iniciais do conceito clássico de desenvolvimento sustentável, nos princípios de atenderem às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras terem as suas próprias atendidas. A partir das conclusões do Relatório Brundtland, a ONU definiu a realização da conferência Rio-92. Também conhecida como a Cúpula da Terra, a Rio-92 (Conferência do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) é o ápice da preocupação ambiental no mundo. A Rio-92 produziu quatro documentos: a Declaração sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21, a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Biodiversidade. Buscou-se o envolvimento dos setores da sociedade civil e governos no sentido de assumirem responsabilidades voltadas para a proteção do meio ambiente. 19 Histórico sobre Direito Ambiental Como conseqüência às mudanças de comportamento ao longo das últimas décadas em decorrência do agravamento do quadro levando à instalação de uma crise ambiental sem precedentes na história da humanidade, observa-se que as correntes de pensamento passaram a evoluir a partir da concepção mecanicista e utilitarista (desenvolvimentismo) reinante em 1972, que acreditava na convicção do crescimento econômico ilimitado apoiado na idéia de recursos naturais infinitos à disposição do homem e na capacidade ilimitada da natureza receber os rejeitos de suas atividades, além do seu contraponto preservacionista, onde o que prevalece é a noção nostálgica de intocabilidade dos ecossistemas, notadamente os nativos, caminhando para outras modalidades moldadas em função dos novos tempos. Assim, passamos a ter novas formas de pensar a questão ambiental, a saber: 20 Histórico sobre Direito Ambiental Compatibilismo: caracterizado pela conciliação dos estilos convencionais de desenvolvimento com a proteção da natureza, sem propor mudanças significativas no modelo de utilização dos recursos naturais; Conservacionismo: propõe a utilização racional dos recursos naturais, revelando atenção com as gerações futuras e a continuidade de vida no planeta, reservando-se algumas amostras de ecossistemas nativos para proteção integral; 21 Histórico sobre Direito Ambiental Ambientalismo: destacado pela ação dos movimentos ecológicos propondo a adoção de um novo sistema de idéias com transformações radicais nos planos tecnológico, econômico, social e político, apoiado na visão dos impactos negativos do desenvolvimento econômico clássico nos ambientes; Ecologismo: concepção desenvolvida pelo prof. Athur Soffiati (2002), que mantém uma atitude de reflexão crítica sobre as questões, aceitando as propostas da vertente do ambientalismo, mas em uma visão de longo prazo, como forma de manutenção de diálogo entre os defensores das diversas correntes de pensamento direcionado para identificação dos valores necessários à construção de um mundo mais ecologicamente equilibrado e socialmente igualitário. 22 Hierarquia do Direito Leis são definidas como conjunto de normas jurídicas criadas através dos processos próprios do ato normativo e estabelecidas pelas autoridades competentes para o seu efeito. Lei constitucional: A Constituição ou Carta Magna é um conjunto de regras de governo, muitas vezes codificada como um documento escrito, que enumera e limita os poderes e funções das entidades políticas. 23 Hierarquia do Direito As leis apresentam uma hierarquia (uma ordem de importância), na qual as de menor grau devem obedecer às de maior grau. A hierarquia trata-se portanto de uma escala de valor. Nas questões ambientais, as leis dão maior restrição na medida que uma lei maior define linhas gerais e uma menor confere caráter específico de dado tema. 24 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípios são mandamentos que trazem em seu conteúdo bases que dão efetividade à norma jurídica, adequando-a à realidade e servindo de suporte para garantir o cumprimento do direito como um todo. Com o auxílio dos princípios, pode-se aferir a validade das leis e a base para para interpretá-las. Destacamos, a seguir, alguns princípios do Direito Ambiental: 25 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida: onde o ser humano não só tem o direito à vida, mas à qualidade de vida, de onde se deduz que viver sem qualidade de vida não é viver de forma digna para a pessoa humana. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” (Constituição Federal de 1988, art. 225). Princípio do Desenvolvimento Sustentável: traduzido pela necessidade de se conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento socioeconômico, com redução dos impactos negativos das atividades econômicas no meio ambiente e melhoria da qualidade de vida e bem- estar da coletividade. Também podemos entender sustentabilidade como a apropriação dos recursos ambientais pelo ser humano mantendo sua capacidade de regeneração ao longo do tempo, com garantias de utilização e proteção pelas futuras gerações. 26 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípio da Prevenção: como o próprio nome sugere, visa prevenir ou evitar a degradação ambiental quando a mesma possa ser previamentedetectada, através da utilização racional, equilibrada e permanente dos recursos naturais. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade: a função social da propriedade privada, tanto urbana como rural, só é legitimada com o atendimento à utilização racional dos recursos naturais e preservação ambiental, com o aproveitamento econômico não predatório e com a observância das condições de trabalho que favoreçam o bem-estar dos trabalhadores e dos proprietários. 27 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípio da Reparação (Responsabilidade Objetiva): onde o poluidor/ degradador será o responsável pela reparação do dano causado na natureza. A Lei Federal N° 6.938/81 diz, no parágrafo 1° do Artigo 14 que, não obstante o pagamento de multas emitidas pelo órgão fiscalizador, o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. 28 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípio da Informação: que garante a todas as pessoas o acesso as informações referentes ao tema ambiental, que servem para a educação do cidadão e de toda a sociedade, com trasmissão de forma sistemática por parte dos agentes públicos, não só quando da ocorrência de acidentes ambientais. 29 Princípios Norteadores do Direito Ambiental Princípio da Participação: com o acesso às informações, a participação comunitária nas formulações das políticas públicas e nas proposições de ações judiciais passou a ser facilitada, em cumprimento ao artigo 225 da Constituição, que impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. 30 Constituição Federal de 1988 • Governo do presidente JOSÉ SARNEY DE ARAÚJO COSTA; • Duas grandes tarefas que se impunham ao país: – Reconstruir a democracia; – Enfrentar a crise inflacionária. • Em 1º de fevereiro de 1987 instalava-se a Assembléia Nacional Constituinte: – Liderança do deputado Ulisses Guimarães (PMDB-SP). • Nova Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988; • A mais democrática da história brasileira: – Estabeleceu eleições diretas em dois turnos para presidente, governador e prefeitos; – Adotou o presidencialismo como forma de governo; – Afirmou a independência dos três poderes; – Restringiu a atuação das forças armadas; – Estendeu o voto aos analfabetos e maiores de 16 anos; – Universalizara o direito de greve; – Diversas outras garantias civis, sociais e trabalhistas; – Lacunas no que se refere à reforma agrária. 31 Constituição Federal de 1988 • O que é uma Constituição? • É o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício o poder, o estabelecimento dos seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. (José Afonso da Silva) • Juridicamente: é a lei fundamental de um Estado, que constitui e organiza uma nação. 32 Constituição Federal de 1988 Classificação das Constituições: Quanto à origem: 1- Votada ou Promulgada (1891, 1934, 1946 e 1988) Aquela que se origina de Assembléia popular eleita para exercer a atividade constituinte. Ex: CF de 1988. 2- Outorgada (1824, 1937 e 1967/69). Aquela posta por um indivíduo ou por um grupo que não recebeu, do povo, diretamente, o poder para exercer a função constituinte. Ex: CF de 1824. 33 Constituição Federal de 1988 Classificação das Constituições: Quanto à forma: 1- Escrita Aquelas em que os preceitos estruturadores do Estado são documentados em um texto. Ex: A CF Brasileira. 2- Histórica ou Costumeira São as que se fundamentam nos usos e nos costumes cristalizados pela passagem do tempo e obedecidos por aqueles aos quais se dirigem. Ex: Constituição Inglesa. 34 Constituição Federal de 1988 O Princípio da Supremacia Constitucional 35 Constituição e Emendas Constitucionais (alteração constitucional) Leis Complementares Leis Ordinárias; Leis Delegadas e Medidas Provisórias Resoluções, Decretos, e Portarias A não-adequação das normas infra-constitucionais à Constituição Federal resulta na exclusão do sistema – INCONSTITUCIONALIDADE. Constituição Federal de 1988 I – Constituição Na Federação prevalece a Constituição Federal, o estatuto legal básico que orienta todos os ramos do Direito, invalidando as que com ela não estejam em harmonia. II – Emendas à Constituição Leis que modificam parcialmente a constituição. III – Leis complementares São as leis destinadas a complementar ou integrar a Constituição, situando-se em nível intermediário entre Constituição e lei ordinária. É possível que lei ordinária venha a regulamentar aspectos decorrentes de lei complementar, tendo de manter aí a predominância da lei complementar, de quorum superior. 36 Constituição Federal de 1988 IV – Leis ordinárias Leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional (na área federal), assembléia legislativa (estadual) ou pela câmara dos vereadores (municipal). V – Leis delegadas Equiparam-se às leis ordinárias, diferindo dessas apenas na forma de elaboração. VI – Decretos legislativos São normas promulgadas pelo Congresso Nacional em assunto de sua competência. VII – Resoluções Geralmente são atos de natureza administrativa expedidos por autoridade ou órgão colegiado, de qualquer dos três poderes. 37 Constituição Federal de 1988 VIII – Medidas provisórias Normas com força de lei baixadas pelo presidente da República, em caso de relevância e urgência. IX – Tratados e convenções internacionais Situam-se no mesmo nível das leis ordinárias. Passam a integrar a legislação do país se forem aprovados por decretos legislativos e promulgados por decreto do Presidente da República. X – Decretos de exceção No mesmo nível das leis ordinárias estão certos decretos editados em épocas de exceção por governos que legislavam por decreto. Tais decretos, ao invés de regulamentarem a lei, era a própria lei. 38 Constituição Federal de 1988 REVOGAÇÃO DAS LEIS A lei permanece em vigor até que outra a modifique ou revogue, salvo nas destinadas a vigência temporária. SUSPENSÃO DAS LEIS Há casos em que a lei não é revogada, mas apenas suspensa. A medida provisória suspende a lei, ocorrendo revogação somente quando a medida provisória for convertida em lei. Na hierarquia do direito, as leis menores na escala de valores não podem contrariar as leis de maior instância, nem ir além delas, sob pena de serem consideradas inconstitucionais. 39 Constituição Federal de 1988 A Federação Brasileira: Art. 1o. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Parágrafo Único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 40 Constituição Federal de 1988 A Federação Brasileira: Estado Democrático de Direito Forma de Estado: Unitário ou Federal Forma de governo: República Sistema de governo: Presidencialista Regime político: Democracia 41 Constituição Federal de 1988 Cláusulas pétreas (art. 60, par. 4o): • Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: – A forma Federativa de Estado; – O voto direto, secreto, universal e periódico; – A separação dos poderes; – Os direitos e garantias individuais. 42 Constituição Federal de 1988 Independência dos Poderes: EXECUTIVO – LEGISLATIVO – JUDICIÁRIO A Investidura (contratação) e permanência de pessoas em seus cargos NÃO depende da aprovação de outro Poder; Um Poder não precisa consultar o outro para tomar decisões; Cada um é livre na organização de seus serviços. 43 Constituição Federal de 1988 As leis de uma forma geral são formuladas segundo uma estrutura básica composta das seguintes partes: Capítulo Seção Artigos Título Os Artigos vão de 1° a 10°. Daí para frente são numéricos (11, 12, 13, ...). Os artigos contêm Parágrafos (§ 1°, § 2º, § 3º, ...), Incisos (I, II, III, ...) e Alíneas (a, b, c, ...). 44 Constituição Federal de 1988 CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 45 Constituição Federal de 1988 CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 46 Constituição Federal de 1988 CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 47 Constituição Federal de 1988 CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 48 Legislação Ambiental Referência bibliográfica: Título do Livro: Direito Ambiental Brasileiro Autor: Paulo Affonso Leme Machado Malheiros Editores 19ª. Edição – Ano: 2011 1224 páginas 49 Constituição Federal de 1988 Em outros capítulos da C.F./1988, a temática ambiental está contemplada, demonstrando a notória característica da visão sistêmica do texto constitucional , com a correlação e o entrelaçamento dos diversos assuntos abordados. 50 Competências Ambientais O ser humano, na condição ente social, vive em sociedade interagindo com meio e com outros humanos. Enquanto não se aglomeravam em cidades e não necessitavam de maiores exigências, dispensavam controles. Porém, com o advento da urbanização, surgiram enormes problemas, como a deterioração do ambiente urbano, a desorganização social, a carência de habitações, o desemprego, os problemas de saneamento básico, entre outros, como efeito do uso predatório do solo e da alteração da paisagem urbana. 51 Competências Ambientais A solução desses problemas se dá pela intervenção do Poder Público que, através de normas jurídicas, procura assegurar um meio ambiente ecologicamente equilibrado e uma sociedade mais igualitária. É importante estudar, então, as atribuições e competências de cada uma das entidades da federação. No sistema de repartição de competências constitucionais, duas são as divisões fundamentais: 52 Amplitude do Direito Ambiental Interesse coletivo se aplica aos bens sociais que pertencem à coletividade sem distinção, aplicáveis a todos os integrantes da sociedade. Interesse difuso se aplica aos bens e serviços ambientais, disponíveis a todos sem ser privativo de ninguém. Por exemplo, viver em meio ambiente saudável é um direito de todo o ser humano, ainda que não possa reivindicar ou tomar esse direito só para si. Os titulares de direitos difusos, em geral, não são identificáveis e a proteção a esses direitos é feita por meio da ação civil pública. 53 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990). DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio- econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: 54 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV- proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; 55 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. 56 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; 57 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989). 58 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos Municípios; 59 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas á sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; 60 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Art. 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei. Parágrafo único. As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente. 61 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: I - Órgão Superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 62 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 II - Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) III - Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) IV - Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 63 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaboração normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. § 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. § 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades da SEMA. (Vide Lei nº 7.804, de 1989). 64 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) § 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bemcomo em um periódico regional ou local de grande circulação. 65 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 § 2º Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, o licenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação da SEMA. (Vide Lei nº 7.804, de 1989) § 3º O órgão estadual do meio ambiente e a SEMA, esta em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido. (Vide Lei nº 7.804, de 1989) § 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) 66 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 Art. 11. Compete à SEMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização do licenciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas do próprio CONAMA. (Vide Lei nº 7.804, de 1989) § 1º A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões de qualidade ambiental serão exercidos pela SEMA, em caráter supletivo da atuação do órgão estadual e municipal competentes. (Vide Lei nº 7.804, de 1989) § 2º Inclui-se na competência da fiscalização e controle a análise de projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando a preservação ou a recuperação de recursos ambientais, afetados por processos de exploração predatórios ou poluidores. 67 Lei Federal N° 6.938 de 31/08/1981 Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade. § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. § 2º No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias prevista neste artigo. 68 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Principais pontos de destaque: CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DA PENA Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; 69 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. 70 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória. 71 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 72 LeiFederal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 73 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 74 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. CAPÍTULO III - DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando- se os respectivos autos. § 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados. § 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. § 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. § 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. 75 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. CAPÍTULO V - DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Seção I - Dos Crimes contra a Fauna Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. 76 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. 77 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. A t. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público; 78 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente; III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 79 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 35. Pescar mediante a utilização de: I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: Pena - reclusão deum ano a cinco anos. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. 80 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Seção II - Dos Crimes contra a Flora Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 81 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral e Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 82 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. 83 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 84 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Seção III - Da Poluição e outros Crimes Ambientais Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2º Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos. 85 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente. Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança. § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. § 3º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 86 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 60. Construir, reformar, ampliar,instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa. Seção V - Dos Crimes contra a Administração Ambiental Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 87 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 1º Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006). 88 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. CAPÍTULO VI - DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. § 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei. 89 Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). 90 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I - DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS CAPÍTULO I - DOS FUNDAMENTOS Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 91 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. CAPÍTULO II - DOS OBJETIVOS Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. 92 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. CAPÍTULO IV - DOS INSTRUMENTOS Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 93 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. SEÇÃO I - DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; 94 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; VI - (VETADO) VII - (VETADO) VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País. SEÇÃO II - DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a: I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. 95 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental. SEÇÃO III - DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 96 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. § 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica. Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes. 97 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. § 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. SEÇÃO IV - DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. 98 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros: I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados: I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. § 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado. § 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água. 99 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. TÍTULO II - DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS CAPÍTULO I - DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos: I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) I-A. – a Agência Nacional de Águas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) 100 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) V – as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) CAPÍTULO III - DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: I - a totalidade de uma bacia hidrográfica; II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República. 101 Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. CAPÍTULO VI - DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos: I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; II - associações regionais,
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