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TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA Mecânica, Módulo VI Centro Técnico Lusíadas __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 1 Sumário Capítulo I – Manutenção Preventiva................................................................................. 6 1. Conceitos .............................................................................................................................................. 6 2. Manutenção Preventiva Segundo a ABNT NBR 5462/94 ..................................................................... 6 2.1. Manutenção Preventiva Sistêmica ....................................................................................................... 6 2.2. Manutenção Preventiva por Estado ..................................................................................................... 7 2.3. Inspeção ................................................................................................................................................ 7 3. Manutenção Preventiva Segundo a ABNT NBR 5462/94 ..................................................................... 7 4. Objetivos ............................................................................................................................................. 10 5. Desenvolvimento ................................................................................................................................ 11 6. Execução da Manutenção Preventiva ................................................................................................ 12 6.1. Ferramental e Pessoal ........................................................................................................................ 12 6.2. Controle da Manutenção .................................................................................................................... 12 6.3. Controle Manual ................................................................................................................................. 12 6.4. Controle Semi-Automatizado ............................................................................................................. 13 6.5. Controle Automatizado ...................................................................................................................... 14 6.6. Controle por Microcomputador ......................................................................................................... 14 7. Manutenção Preventiva: Confiabilidade e Qualidade ........................................................................ 14 7.1. Introdução .......................................................................................................................................... 14 7.2. Manutenção Corretiva ........................................................................................................................ 17 7.3. Manutenção Preventiva ..................................................................................................................... 18 7.4. Manutenção Preditiva ........................................................................................................................ 20 8. Manutenção Preditiva: Benefícios e Lucratividade ............................................................................ 22 8.1. Introdução .......................................................................................................................................... 22 8.2. Redução dos Custos de Manutenção ................................................................................................. 24 8.3. Redução de Falhas nas Maquinas ....................................................................................................... 24 8.4. Redução do Tempo de Parada para Reparo ....................................................................................... 24 8.5. Redução no Estoque de Peças Sobressalentes ................................................................................... 25 8.6. Aumento da Vida das Peças................................................................................................................ 25 8.7. Aumento da Produção ........................................................................................................................ 26 8.8. Melhoria na Segurança do Operador ................................................................................................. 26 8.9. Verificação das Condições do Equipamento Novo ............................................................................. 26 __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 2 8.10. Verificação dos Reparos ..................................................................................................................... 27 8.11. Lucro Global ........................................................................................................................................ 28 9. Razão Para Falha do Programa ........................................................................................................... 28 Capítulo II – Líquidos Penetrantes ................................................................................. 29 1. Introdução .......................................................................................................................................... 29 2. Descrição do Ensaio ............................................................................................................................ 30 2.1. Preparação e Limpeza da Superfície ................................................................................................... 30 2.2. Aplicação de Liquido Penetrante ........................................................................................................ 31 2.3. Remoção do Excesso de Penetrante .................................................................................................. 31 2.4. Revelação ............................................................................................................................................ 32 2.5. Inspeção .............................................................................................................................................. 32 2.6. Limpeza ............................................................................................................................................... 33 3. Vantagens e Limitações ...................................................................................................................... 34 4. Um Bom Liquido Penetrante .............................................................................................................. 34 4.1. Tipos de Líquidos Penetrantes ............................................................................................................ 35 5. Revelação ............................................................................................................................................ 37 Capítulo III – Líquidos Penetrantes ................................................................................ 39 1. Introdução .......................................................................................................................................... 39 2. Ensaio por Partículas Magnéticas ....................................................................................................... 39 2.1. Ponto de Partida da Pesquisa ............................................................................................................. 40 2.2. Partículas Magnéticas......................................................................................................................... 43 2.3. Etapas Para Execução do Ensaio ......................................................................................................... 43 Capítulo IV – Ultra-som ................................................................................................... 52 1. Princípios Básicos do Método ............................................................................................................. 52 2. Finalidade do Ensaio ........................................................................................................................... 52 3. Campo de Aplicação ........................................................................................................................... 53 3.1. Limitações em Comparação com Outros Ensaios ............................................................................... 53 3.2. Vantagens em Relação a Outros Ensaios ............................................................................................ 53 3.3. Limitações em Relação a Outros Ensaios ........................................................................................... 54 4. Vibrações Mecânicas .......................................................................................................................... 54 4.1. Tipos de Ondas ................................................................................................................................... 54 5. Frequência, Velocidade e Comprimento de Onda ............................................................................. 57 5.1. Frequência .......................................................................................................................................... 57 __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 3 5.2. Velocidade de Programação ............................................................................................................... 58 5.3. Comprimento de Onda ....................................................................................................................... 58 5.4. Relação Entre Velocidade, Comprimento de Onda e Frequência. ..................................................... 59 6. Definições de Bell, Decibel e Ganho ................................................................................................... 60 6.1. Nível de Intensidade Sonora ............................................................................................................... 60 7. Propagação das Ondas Acústicas no Material .................................................................................... 61 8. Geração das Ondas Ultrassônicas ....................................................................................................... 65 8.1. Efeito Piezelétrico ............................................................................................................................... 65 9. Técnicas de Inspeção .......................................................................................................................... 72 9.1. Técnicas de Impulso-Eco ou Pulso-Eco ............................................................................................... 72 9.2. Técnicas de Transparência .................................................................................................................. 72 10. Aparelhagem....................................................................................................................................... 73 10.1. Descrição dos Aparelhos Medidores de Espessura por Ultra-som ..................................................... 73 10.2. Descrição do Aparelho Básico de Ultra-som ...................................................................................... 73 10.3. Cuidados Referentes à Calibração ...................................................................................................... 77 10.4. Exemplo de Verificação do Controle de Ganho do Aparelho de Ultra-som ....................................... 78 10.5. Cuidados no Uso de Transdutores Angulares ..................................................................................... 79 10.6. Cuidados no Manuseio dos Controles do Aparelho ........................................................................... 79 10.7. Cuidados com as Baterias ................................................................................................................... 79 10.8. Calibração e Blocos Padrão................................................................................................................. 80 10.9. Formas de Apresentação das Indicações na Tela dos Aparelhos ....................................................... 81 11. Procedimentos Específicos de Inspeção ............................................................................................. 83 11.1. Procedimento Para Inspeção de Soldas ............................................................................................. 83 11.2. Preparação das Superfícies de Varredura .......................................................................................... 83 11.3. Calibração da Sensibilidade do Aparelho ........................................................................................... 84 11.4. Preparação da Curva de DAC e Ajuste a Sensibilidade do Ensaio ...................................................... 84 11.5. Determinação do Fator de Correção da Transferência ...................................................................... 85 11.6. Realização da Inspeção ....................................................................................................................... 86 11.7. Visualização da Área de Interesse na Tela do Aparelho ..................................................................... 87 11.8. Delimitação da Extensão da Descontinuidade ................................................................................... 88 11.9. Avaliação e Critérios de Aceitação...................................................................................................... 89 11.10. Critérios de Aceitação de Juntas Soldadas Conforme Código ASME ........................................... 89 Capítulo V – Radiografia Industrial ................................................................................ 91 __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 4 1. Introdução .......................................................................................................................................... 91 2. Ensaio por Radiografia ........................................................................................................................ 91 2.1. Porque Radiografar ............................................................................................................................. 92 2.2. O Filme ................................................................................................................................................ 97 Capítulo VI – Ensaio Por Raio X ................................................................................... 100 1. Geometria da Exposição ................................................................................................................... 100 2. Equipamento Para Ensaio do Raio-X ................................................................................................ 103 2.1. Variáveis Que Afetam a Quantidade de Raio-X Emitidos .................................................................105 2.2. Determinação do Tempo de Exposição ............................................................................................ 105 2.3. Telas Intensificadoras de Imagem (écrans) ...................................................................................... 106 3. Ensaio de Solda Por Raio-X ............................................................................................................... 106 3.1. Preparação do Ensaio ....................................................................................................................... 108 3.2. O Ensaio ............................................................................................................................................ 109 Capítulo VII – Raios Gama ............................................................................................ 111 1. Comprando os Ensaios por Raio-X e Raios Gama ............................................................................. 112 2. Equipamento Para o Ensaio Por Raios Gama ................................................................................... 113 2.1. Preparando o Ensaio ......................................................................................................................... 114 2.2. O Ensaio ............................................................................................................................................ 116 2.3. Proteção Radiográfica ....................................................................................................................... 117 Capítulo VIII – Vibrações Mecânicas ............................................................................ 120 1. Introdução ........................................................................................................................................ 120 2. Fundamentos de Vibração ................................................................................................................ 120 3. Causas, Efeitos e Controle ................................................................................................................ 121 4. Movimentos Harmônico ................................................................................................................... 123 5. Princípios da Análise Espectral ......................................................................................................... 125 6. Frequência de Rotação (1 x RPM) ..................................................................................................... 126 7. Frequência de Passagem de Pás ....................................................................................................... 128 8. Frequência de Engrenamento .......................................................................................................... 128 9. Desbalanceamento de Massa ........................................................................................................... 129 10. Desalinhamento do Acoplamento .................................................................................................... 130 11. Excitação Hidráulica / Aerodinâmica ................................................................................................ 131 12. Vibração Causadas Por Folgas Mecânicas ........................................................................................ 132 13. Frequências Geradas Pelo Engrenamento........................................................................................ 133 __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 5 14. Vibrações Causadas Por Defeito em Rolamentos ............................................................................. 134 15. Exemplos de Defeitos ....................................................................................................................... 135 15.1. Bomba Imbil de Três Estágios da Captação de Água do Saracazinho............................................... 136 15.2. Defeito no Rolamento Motor WEG 250 CV ...................................................................................... 136 15.3. Acompanhamento da Evolução de um Efeito em Rolamentos ........................................................ 137 15.4. Acompanhamento Desalinhado ....................................................................................................... 137 15.5. Folga de Base .................................................................................................................................... 138 16. Determinação dos Pontos de Medição ............................................................................................ 139 17. Conceito de Parâmetros e Bandas de Energia .................................................................................. 139 Capítulo IX – Análise de Lubrificantes Por Meio da Técnica Ferrográfica ............... 141 1. Conceito de Ferrografia .................................................................................................................... 141 2. Origem da Ferrografia ...................................................................................................................... 141 3. A Técnica Ferrografica ...................................................................................................................... 141 4. Funcionamento do Ferrógrafo .......................................................................................................... 142 5. Ferrograma ....................................................................................................................................... 143 6. Ferrografia Quantitativa ................................................................................................................... 144 7. Ferrografia Analítica ......................................................................................................................... 146 8. Ferrografia e Outras Técnicas ........................................................................................................... 146 9. Coletas de Amostras de Lubrificantes .............................................................................................. 147 9.1. Escolha do Ponto de Coleta .............................................................................................................. 147 9.2. Volume de Amostra .......................................................................................................................... 148 9.3. Métodos de Coleta ........................................................................................................................... 148 __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 6 Capítulo I – Manutenção Preventiva 1. Conceitos Consideremos o motor de um automóvel. De tempos em tempos o usuário deverá trocar o óleo do Carter. Não realizando essa operação periódica, estaria correndo o risco de danificar os elementos que constituem o motor. Como o usuário faria para poder controlar essa troca periódica do óleo do motor? Para realizar esse controle, o usuário deverá acompanhar a quilometragem do carro e, baseado nela, fazer a previsão da troca do óleo. Essa previsão nada mais é do que uma simples manutenção preventiva. 2. Manutenção Preventiva Segundo a ABNT NBR 5462/94 “Manutenção efetuada em intervalos pré-determinados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento do item”. É o tipo de intervenção que permite o planejamento, a programação e a preparaçãodos serviços, antes da ocasião provável do aparecimento das falhas, o que é uma grande vantagem competitiva. Engloba a “Manutenção Preventiva Sistemática” (tempo, produção, distância, etc.) e a “Manutenção Preventiva por Estado”. 2.1. Manutenção Preventiva Sistêmica É a manutenção preventiva programada segundo critérios sistemáticos pré- estabelecidos, geralmente em função do tempo de funcionamento. Os critérios sistemáticos podem ser: Dias de calendário; Kilômetros rodados; Horas de funcionamento; Horas de voo; Unidades fabricadas. Esse tipo de manutenção se aplica tipicamente a componentes cuja taxa de falha aumenta com o tempo, ou seja, componentes que se degradam com o tempo de funcionamento (envelhecimento). Exemplos: Lubrificação, rotinas e grandes reparos, grandes paradas ou revisão geral. O gráfico ilustra a situação típica da manutenção preventiva sistemática chamada “Lei da Degradação Conhecida”. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 7 2.2. Manutenção Preventiva por Estado É a manutenção preventiva efetuada em função da detecção de variação da condição operativa através do acompanhamento ou controle preditivo de parâmetros do item em questão, que indicam a necessidade de correção, antes do aparecimento de uma falha. É também conhecida como manutenção preventiva por condição. Para haver a manutenção preventiva por condição é necessário que haja uma sistemática de inspeção dos equipamentos que pode ser sensitiva ou preditiva. 2.3. Inspeção É a análise sistemática das condições operacionais de um item, verificando o seu estado real em relação às condições operacionais exigidas, determinando os efeitos que devem ser corrigidos para eliminar as falhas e preservar o desempenho operacional do item. Inspeção Sensitiva - Quando são utilizados apenas os sentidos humanos para se verificar o estado real do item.Inspeção Preditiva – Quando são utilizados instrumentos de medição para determinação de um parâmetro do item (indicador do estado real do mesmo). Para aplicação da Manutenção Preventiva por Estado, é necessário que o item apresente uma de- gradação progressiva detectável, sendo que para haver especificamente manutenção preditiva, é necessário existir um parâmetro mensurável que permita determinar o estado de degradação do item (vibração, pressão, temperatura, corrente elétrica, etc.). O gráfico abaixo mostra a condição típica para aplicação desse tipo de manutenção. Observar que é necessário determinar um patamar de alarme acima do padrão de admissibilidade: 3. Manutenção Preventiva Segundo a ABNT NBR 5462/94 A manutenção preventiva obedece a um padrão previamente esquematizado, que estabelece paradas periódicas com a finalidade de permitir a troca de peças gastas por __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 8 novas, assegurando assim o funcionamento perfeito da máquina por um período predeterminado. O método preventivo proporciona um determinado ritmo de trabalho, assegurando o equilíbrio necessário ao bom andamento das atividades. O controle das peças de reposição é um problema que atinge todos os tipos de indústria. Uma das metas a que se propõe o órgão de manutenção preventiva é a diminuição sensível dos estoques. Isso se consegue com a organização dos prazos para reposição de peças. Assim, ajustam-se os investimentos para o setor. Se uma peça de um conjunto que constitui um mecanismo estiver executando seu trabalho de forma irregular, ela estabelecerá, fatalmente, sobrecarga nas demais peças que estão interagindo com ela. Como consequência, a sobrecarga provocará a diminuição da vida útil das demais peças do conjunto. O problema só pode ser resolvido com a troca da peça problemática, com antecedência, para preservar as demais peças. Em qualquer sistema industrial, a improvisação é um dos focos de prejuízo. É verdade que quando se improvisa pode-se evitar a paralisação da produção, mas perde- se em eficiência. A improvisação pode e deve ser evitada por meio de métodos preventivos estabelecidos pelos técnicos de manutenção preventiva. A aplicação de métodos preventivos assegura um trabalho uniforme e seguro. O planejamento e a organização, fornecidos pelo método preventivo, são uma garantia aos homens da produção que podem controlar, dentro de uma faixa de erro mínimo, a entrada de novas encomendas. Com o tempo, os industriais foram se conscientizando de que a máquina que funcionava ininterruptamente até quebrar acarretava vários problemas que poderiam ser evitados com simples paradas preventivas para lubrificação, troca de peças gastas e ajustes. Com o auxílio dos relatórios escritos sobre os trabalhos realizados, são suprimidas as inconveniências das quebras inesperadas. Isso evita a difícil tarefa de trocas rápidas de máquinas e improvisações que causam o desespero do pessoal da manutenção corretiva. A manutenção preventiva é um método aprovado e adotado atualmente em todos os setores industriais, pois abrange desde uma simples revisão – com paradas que não obedecem a uma rotina – até a utilização de sistemas de alto índice técnico. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 9 A manutenção preventiva abrange cronogramas nos quais são traçados planos e revisões periódicas completas para todos os tipos de materiais utilizados nas oficinas. Ela inclui, também, levantamentos que visam facilitar sua própria introdução em futuras ampliações do corpo da fábrica. A aplicação do sistema de manutenção preventiva não deve se restringir a setores, máquinas ou equipamentos. O sistema deve abranger todos os setores da indústria para garantir um perfeito entrosamento entre eles, de modo tal que, ao se constatar uma anomalia, as providências independam de qualquer outra regra que porventura venha a existir em uma oficina. Essa liberdade, dentro da indústria, é fundamental para o bom funcionamento do sistema preventivo. O aparecimento de focos que ocasionam descontinuidade no programa deve ser encarado de maneira séria, organizando-se estudos que tomem por base os relatórios preenchidos por técnicos da manutenção. Estes deverão relatar, em linguagem simples e clara, todos os detalhes do problema em questão. A manutenção preventiva nunca deverá ser confundida com o órgão de comando, apesar dela ditar algumas regras de conduta a serem seguidas pelo pessoal da fábrica. À manutenção preventiva cabe apenas o lugar de apoio ao sistema fabril. O segredo para o sucesso da manutenção preventiva está na perfeita compreensão de seus conceitos por parte de todo o pessoal da fábrica, desde os operários à presidência. A manutenção preventiva, por ter um alcance extenso e profundo, deve ser organizada. Se a organização da manutenção preventiva carecer da devida solidez, ela provocará desordens e confusões. Por outro lado, a capacidade e o espírito de cooperação dos técnicos são fatores importantes para a manutenção preventiva. A manutenção preventiva deve, também, ser sistematizada para que o fluxo dos trabalhos se processe de modo correto e rápido. Sob esse aspecto, é necessário estabelecer qual deverão ser o sistema de informações empregado e os procedimentos adotados. O desenvolvimento de um sistema de informações deve apresentar definições claras e objetivas e conter a delegação das responsabilidades de todos os elementos participantes. O fluxo das informações deverá fluir rapidamenteentre todos os envolvidos na manutenção preventiva. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 10 A manutenção preventiva exige, também, um plano para sua própria melhoria. Isto é conseguido por meio do planejamento, execução e verificação dos trabalhos que são indicadores para se buscar a melhoria dos métodos de manutenção, das técnicas de manutenção e da elevação dos níveis de controle. Esta é a dinâmica de uma instalação industrial. Finalmente, para se efetivar a manutenção preventiva e alcançar os objetivos pretendidos com sua adoção, é necessário dispor de um período de tempo relativamente longo para contar com o concurso dos técnicos e dos dirigentes de alto gabarito. Isso vale a pena, pois a instalação do método de manutenção preventiva, pela maioria das grandes empresas industriais, é a prova concreta da pouca eficiência do método de manutenção corretiva. 4. Objetivos Os principais objetivos das empresas são, normalmente, redução de custos, qualidade do produto, aumento de produção, preservação do meio ambiente, aumento da vida útil dos equipamentos e redução de acidentes do trabalho. Redução de custos - Em sua grande maioria, as empresas buscam reduzir os custos incidentes nos produtos que fabricam. A manutenção preventiva pode colaborar atuando nas peças sobressalentes, nas paradas de emergência etc., aplicando o mínimo necessário, ou seja, sobressalente X compra direta; horas ociosas X horas planejadas; material novo X material recuperado. Qualidade do produto - A concorrência no mercado nem sempre ganha com o menor custo. Muitas vezes ela ganha com um produto de melhor qualidade. Para atingir a meta qualidade do produto, a manutenção preventiva deverá ser aplicada com maior rigor, ou seja: máquinas deficientes X máquinas eficientes; abastecimento deficiente X abastecimento otimizado. Aumento de produção - O aumento de produção de uma empresa se resume em atender à demanda crescente do mercado. É preciso manter a fidelidade dos clientes já cadastrados e conquistar outros, mantendo os prazos de entrega dos produtos em dia. A manutenção preventiva colabora para o alcance dessa meta atuando no binômio produção atrasada X produção em dia. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 11 Efeitos no meio ambiente - Em determinadas empresas, o ponto mais crítico é a poluição causada pelo processo industrial. Se a meta da empresa for à diminuição ou eliminação da poluição, a manutenção preventiva, como primeiro passo, deverá estar voltada para os equipamentos antipoluição, ou seja, equipamentos sem acompanhamento X equipamentos revisados; poluição X ambiente normal. Aumento da vida útil dos equipamentos - O aumento da vida útil dos equipamentos é um fator que, na maioria das vezes, não pode ser considerado de forma isolada. Esse fator, geralmente, é consequência de: Redução de custos; Qualidade do produto; Aumento de produção; Efeitos do meio ambiente, a manutenção preventiva, atuando nesses itens, contribui para o aumento da vida útil dos equipamentos. Redução de acidentes do trabalho - Não são raros os casos de empresas cujo maior problema é a grande quantidade de acidentes. Os acidentes no trabalho causam: Aumento de custos; Diminuição do fator qualidade; Efeitos prejudiciais ao meio ambiente; Diminuição de produção; Diminuição da vida útil dos equipamentos. A manutenção preventiva pode colaborar para a melhoria dos programas de segurança e prevenção de acidentes. 5. Desenvolvimento Consideremos uma indústria ainda sem nenhuma manutenção preventiva, onde não haja controle de custos e nem registros ou dados históricos dos equipamentos. Se essa indústria desejar adotar a manutenção preventiva, deverá percorrer as seguintes fases iniciais de desenvolvimento: Decidir qual o tipo de equipamento que deverá marcar a instalação da manutenção preventiva com base no “feeling” da supervisão de manutenção e de operação. Efetuar o levantamento e posterior cadastramento de todos os equipamentos que serão escolhidos para iniciar a instalação da manutenção preventiva (plano piloto). __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 12 Redigir o histórico dos equipamentos, relacionando os custos de manutenção (mão de obra, materiais e, se possível, lucro cessante nas emergências), tempo de parada para os diversos tipos de manutenção, tempo de disponibilidade dos equipamentos para produzirem, causas das falhas etc. Elaborar os manuais de procedimentos para manutenção preventiva, indicando as frequências de inspeção com máquinas operando, com máquinas paradas e as intervenções. Enumerar os recursos humanos e materiais que serão necessários à instalação da manutenção preventiva. Apresentar o plano para aprovação da gerência e da diretoria. g) Treinar e preparar a equipe de manutenção. 6. Execução da Manutenção Preventiva 6.1. Ferramental e Pessoal Se uma empresa contar com um modelo organizacional ótimo, com material sobressalente adequado e racionalizado, com bons recursos humanos, com bom ferramental e instrumental e não tiver quem saiba manuseá-los, essa empresa estará perdendo tempo no mercado. A escolha do ferramental e instrumental é importante, porém, mais importante é o treinamento da equipe que irá utilizá-los. 6.2. Controle da Manutenção Em manutenção preventiva é preciso manter o controle de todas as máquinas com o auxílio de fichas individuais. É por meio das fichas individuais que se faz o registro da inspeção mecânica da máquina e, com base nessas informações, a programação de sua manutenção. Quanto à forma de operação do controle, há quatro sistemas: manual, semiautomatizado, automatizado e por microcomputador. 6.3. Controle Manual __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 13 É o sistema no qual as manutenções preventivas e corretivas são controladas e analisadas por meio de formulários e mapas, preenchidos manualmente e guardados em pastas de arquivo. Esquematicamente: 6.4. Controle Semi-Automatizado É o sistema no qual a intervenção preventiva é controlada com o auxílio do computador, e a intervenção corretiva obedece ao controle manual. Esquematicamente: A fonte de dados desse sistema deve fornecer todas as informações necessárias para serem feitas às requisições de serviço, incluindo as rotinas de inspeção e execução. O principal relatório emitido pelo computador deve conter, no mínimo: O tempo previsto e gasto; Os serviços realizados; Os serviços reprogramados (adiados); Os serviços cancelados. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 14 Esses dados são fundamentais para a tomada de providências por parte da supervisão. 6.5. Controle Automatizado É o sistema em que todas as intervenções da manutenção têm seus dados armazenados pelo computador, para que se tenham listagens, gráficos e tabelas para análise e tomada de decisões, conforme a necessidade e conveniência dos vários setores da manutenção. Esquematicamente: 6.6. Controle por Microcomputador É o sistema no qual todos os dados sobre as intervenções da manutenção ficam armazenados no microcomputador. Essesdados são de rápido acesso através de monitor de vídeo ou impressora. Esquematicamente: 7. Manutenção Preventiva: Confiabilidade e Qualidade 7.1. Introdução __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 15 Nos últimos anos, têm-se discutido amplamente a gerência de manutenção preditiva. Tem-se definido uma variedade de técnicas que variam desde o monitoramento da vibração até imagens em infravermelho. A manutenção preditiva tem sido reconhecida como uma técnica eficaz de gerenciamento de manutenção. Outras terminologias têm surgido como ferramentas de gerência de manutenção, estes novos termos - RCM, manutenção centrada na confiabilidade; TPM, manutenção produtiva total; e JIT, manutenção “Just-in-Time” - são apresentadas como substitutas à manutenção preditiva e a solução definitiva aos seus altos custos de manutenção. Este artigo pretende explanar sobre o conhecimento básico necessário para seleção e implementação de um programa de gerência de manutenção abrangente e efetivo em termos de custo em sua fábrica. Desde que a maioria das fábricas de manufatura e de processo baseia-se em equipamentos mecânicos para a maior parte de seus processos, a manutenção preditiva baseada em vibração é a técnica dominante usada para a maioria dos programas de gerência de manutenção. Entretanto, a capacidade em monitorar todas as máquinas críticas, equipamentos, e sistemas em uma planta industrial típica não pode se limitar a uma única técnica. As técnicas de monitoramento na preditiva, ou seja, baseadas em condições, incluem: análise de vibração, ultrassom, ferrografia, tribologia, monitoria de processo, inspeção visual, e outras técnicas de análise não destrutivas. A combinação destas técnicas de monitoramento e de análise oferece os meios de monitoramento direto de todos os equipamentos e sistemas críticos em sua fábrica. Os custos de manutenção correspondem a parte principal dos custos operacionais totais de todas as plantas industriais de manufatura e de produção. Dependendo da indústria específica, os custos de manutenção podem representar entre 15% a 30% do custo dos bens produzidos. Por exemplo, em indústrias alimentícias, os custos médios de manutenção podem representar cerca de 15% do custo dos bens produzidos; enquanto que nas indústrias siderúrgicas, de papel e celulose, e outras indústrias pesadas, a manutenção pode representar até 30% dos custos totais de produção. Recentes pesquisas da efetividade da gerência da manutenção indicam que um terço de todos os custos de manutenção é desperdiçado como resultado de manutenção desnecessária ou inadequadamente realizada. Quando você considera que a Indústria Americana gasta mais de 200 bilhões de dólares todo ano com manutenção de __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 16 equipamentos de fábricas e instalações, o impacto sobre a produtividade e o lucro que é representado pela operação de manutenção se torna claro. O resultado da gerência ineficaz da manutenção representa uma perda de mais de 60 bilhões de dólares todo ano. Talvez mais importante é o fato de que nossa gerência ineficaz da manutenção tem um impacto dramático sobre nossa habilidade de manufaturar produtos de qualidade que sejam competitivos no mercado mundial. A perda do tempo de produção e da qualidade do produto, que resulta da gerência inadequada da manutenção tem tido um impacto dramático sobre nossa condição de competir com o Japão e outros países que têm implementado filosofias mais avançadas de gerência de manufatura e de manutenção. A razão dominante para esta gerência ineficaz é a falta de dados factuais, que quantifiquem a real necessidade de reparo ou manutenção de maquinaria, equipamentos, e sistemas da planta industrial. O cronograma de manutenção tem sido, e em muitos casos é, previsto em dados de tendência estatística ou na falha real de equipamentos da planta industrial. Até recentemente, a gerência de nível médio e corporativo tinha ignorado o impacto da operação da manutenção sobre a qualidade do produto, custos de produção e, mais importante, no lucro básico. A opinião geral tem sido de que “Manutenção é um mal necessário”, ou “Nada pode ser feito para melhorar os custos de manutenção”. Talvez estas fossem declarações verdadeiras 10 ou 20 anos atrás. Entretanto, o desenvolvimento do microprocessador e outros instrumentos baseados em computador usados para monitorar a condição operativa de equipamentos fabris, de maquinaria, e de sistemas, têm oferecido meios para se gerenciar a operação da manutenção. Eles têm capacita- do o pessoal a reduzir ou eliminar reparos desnecessários, evitar falhas catastróficas da máquina, e reduzir o impacto negativo da operação da manutenção sobre o rendimento das plantas industrial de manufatura e de produção. Para entender os programas de gerência de manutenção preditiva, devem-se considerar primeiro as técnicas de gerência tradicionais. As plantas industriais e de processo tipicamente usam dois tipos de gerência de manutenção: manutenção corretiva (rodar até a falha) ou manutenção preventiva. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 17 7.2. Manutenção Corretiva A lógica da gerência em manutenção corretiva é simples e direta: quando uma máquina quebra, conserte-a. Este método (“Se não está quebrada, não conserte”) de manutenção de maquinaria fabril tem representado uma grande parte das operações de manutenção da planta industrial, desde que a primeira fábrica foi construída e, por cima, parece razoável. Uma planta industrial usando gerência por manutenção corretiva não gasta qualquer dinheiro com manutenção, até que uma máquina ou sistema falhe em operar. A manutenção corretiva é uma técnica de gerência reativa que espera pela falha da máquina ou equipamento, antes que seja tomada qualquer ação de manutenção. Também é o método mais caro de gerência de manutenção. Poucas plantas industriais usam uma filosofia verdadeira de gerência por manutenção corretiva. Em quase todos os casos, as plantas industriais realizam tarefas preventivas básicas, como lubrificação e ajustes da máquina, mesmo em um ambiente de manutenção corretiva. Entretanto, neste tipo de gerência, as máquinas e outros equipamentos da planta industrial não são revisados e não são feitos grandes reparos até que o equipamento falhe em sua operação. Os maiores custos associados com este tipo de gerência de manutenção são: altos custos de estoques de peças sobressalentes, altos custos de trabalho extra, elevado tempo de paralisação da máquina, e baixa disponibilidade de produção. Já que não há nenhuma tentativa de se antecipar os requisitos de manutenção, uma planta industrial que utilize gerência por manutenção corretiva absoluta deve ser capaz de reagir a to- das as possíveis falhas dentro da fábrica. Este método reativo de gerência força o departamento de manutenção a manter caros estoques de peças sobressalentes que incluem máquinas reservas ou, pelo menos, todos os principais componentes para todos os equipamentos críticos da fábrica. A alternativa é fundar-se em vendedores de equipamentos que possam oferecer entrega imediata de todas as peças sobressalentes requisitadas. Mesmo que o último seja possível, as recompensas para entrega expedita aumentam substancialmente os custos de reparo de peças e de tempo paralisado necessário para corrigir as falhas das máquinas. Paraminimizar o impacto sobre a produção criada por falhas inesperadas das máquinas, o pessoal da manutenção também __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 18 deve estar apto a reagir imediatamente a todas as falhas da máquina. O resultado líquido deste tipo reativo de gerência de manutenção é maior custo de manutenção e menor disponibilidade de maquinaria de processo. A análise dos custos da manutenção indica que um reparo realizado no modo corretivo-reativo terá em média um custo cerca de três vezes maior que quando o mesmo reparo for feito dentro de um modo programado ou preventivo. A programação do reparo garante a capacidade de minimizar o tempo de reparo e os custos associados de mão de obra. Ela também garante os meios de reduzir o impacto negativo de remessas expeditas e produção perdida. 7.3. Manutenção Preventiva Existem muitas definições de manutenção preventiva. Entretanto, todos os programas de gerência de manutenção preventiva são acionados por tempo. Em outras palavras, as tarefas de manutenção se baseiam em tempo gastos ou horas operacionais. A conhecida curva do tempo médio para falha (CTMF) ou da “banheira”, indica que uma máquina nova tem uma alta probabilidade de falha, devido a problemas de instalação, durante as primeiras semanas de operação. Após este período inicial, a probabilidade de falha é relativa- mente baixa por um período prolongado de tempo. Após este período normal de vida da máquina, a probabilidade de falha aumenta abruptamente com o tempo transcorrido. Na gerência de manutenção preventiva, os reparos ou recondicionamentos da máquina são programados baseados na estatística CTMF. A implementação da manutenção preventiva real varia bastante. Alguns programas são extremamente limitados e consistem de lubrificação e ajustes menores. Os programas mais abrangentes de manutenção preventiva programam reparos, lubrificação, ajustes, e recondicionamentos de máquinas para toda a maquinaria crítica na planta industrial. O denominador comum para todos estes programas de manutenção preventiva é o planejamento da manutenção x tempo. Todos os programas de gerência de manutenção preventiva assumem que as máquinas degradarão com um quadro de tempo típico de sua classificação em particular. Por exemplo, uma bomba centrífuga, horizontal, de estágio simples normalmente rodará 18 meses antes que tenha que ser revisada. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 19 Usando técnicas de gerência preventiva, a bomba seria removida de serviço e revisada após 17 meses de operação. O problema com esta abordagem é que o modo de operação e variáveis específicas da planta industrial ou do sistema afeta diretamente a vida operacional normal da maquinaria. O tempo médio entre as falhas (TMF) não será o mesmo para uma bomba que esteja trabalhando com água e uma bombeando polpas abrasivas de minério. O resultado normal do uso da estatística TMF para programar a manutenção ou é um reparo desnecessário ou uma falha catastrófica. No exemplo, a bomba pode não precisar ser recondicionada após 17 meses. Portanto, a mão de obra e o material usado para fazer o reparo foram desperdiçados. O segundo cenário da manutenção preventiva é ainda mais caro. Se a bomba falhar antes dos 17 meses, somos forçados a consertar usando técnicas corretivas. A análise dos custos de manutenção tem mostrado que um reparo feito de uma forma reativa (isto é, após a falha) normalmente será três vezes mais caro do que o mesmo reparo feito numa base programada, pelas razões citadas anteriormente. O velho adágio de que as máquinas se quebrarão na pior hora possível é uma parte muito real da manutenção de planta industrial. Normalmente, a quebra ocorrerá quando as demandas de produção forem as maiores. O pessoal de manutenção deve então reagir à falha inesperada. Neste modo de manutenção reativa, a máquina é desmontada e inspecionada para determinar os reparos específicos requeridos para retorná-la ao serviço. Se as peças de reparo não estiverem no estoque, elas devem ser encomendadas, a custos de mercado, e deve ser solicitado o envio expedito. Mesmo quando as peças de reparo já estão no estoque da planta industrial, o tempo de mão de obra para reparo e o custo são muito maiores neste tipo de manutenção reativa. O pessoal de manutenção deve desmontar toda a máquina para localizar a fonte do problema ou problemas que forçaram a falha. Admitindo que eles identifiquem corretamente o problema, o tempo requerido para desmontar, reparar, e remontar a máquina seria, pelo menos, maior do que teria sido requerido por um reparo planejado. Em programas de manutenção preditiva, o modo específico de falha (isto é, o problema) pode ser identificado antes da falha. Portanto, as peças corretas para reparo, ferramentas, e habilidades da mão de obra podem estar disponíveis para corrigir o problema da máquina antes da ocorrência de falha catastrófica. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 20 Talvez a diferença mais importante entre manutenção reativa e preditiva seja a capacidade de se programar o reparo quando ele terá o menor impacto sobre a produção. O tempo de produção perdido como resultado de manutenção reativa é substancial e raramente pode ser recuperado. A maioria das plantas industriais, durante períodos de produção de pico, operam 24 horas por dia. Portanto, o tempo perdido de produção não pode ser recuperado. 7.4. Manutenção Preditiva Como a manutenção preventiva, a manutenção preditiva tem muitas definições. Para os mecânicos, a manutenção preditiva monitora a vibração da maquinaria rotativa numa tentativa de detectar problemas incipientes e evitar falha catastrófica. Para os eletricistas, é o monitoramento das imagens infravermelhas de circuitos, de chaves elétricas, motores, e outros equipamentos elétricos para detectar problemas em desenvolvimento. A premissa comum da manutenção preditiva é que o monitoramento regular da condição mecânica real, o rendimento operacional, e outros indicadores da condição operativa das máquinas e sistemas de processo fornecerão os dados necessários para assegurar o intervalo máximo entre os reparos. Ela também minimizaria o número e os custos de paradas não programadas criadas por falhas da máquina. A manutenção preditiva é muito mais. Trata-se de um meio de se melhorar a produtividade, a qualidade do produto, o lucro, e a efetividade global de nossas plantas industriais de manufatura e de produção. A manutenção preditiva não é meramente monitoramento de vibração ou análise de óleo lubrificante ou de imagens térmicas ou qualquer das outras técnicas de teste não destrutivo que tem sido marcada como ferramentas de manutenção preditiva. A manutenção preditiva é uma filosofia ou atitude que usa a condição operacional real do equipamento e sistemas da planta industrial para otimizar a operação total da planta industrial. Um programa abrangente de gerência de manutenção preditiva utiliza uma combinação das ferramentas mais efetivas em custo para obter a condição operativa real de sistemas críticos da planta industrial e, se baseado nestes dados reais, todas as atividades de manutenção são programadas numa certa base “conforme necessário”. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 21 A manutenção preditiva é um programa de manutençãopreventiva acionada por condições. Ao invés de se fundar em estatística de vida média na planta industrial ou industrial (p.ex., tempo médio para falha) para programar atividades de manutenção, a manutenção preditiva usa monitoramento direto das condições mecânicas, rendimento do sistema, e outros indicadores para determinar o tempo médio para falha real ou perda de rendimento para cada máquina e sistema na planta industrial. Na melhor das hipóteses, os métodos tradicionais acionados por tempo garantem uma guia para intervalos “normais” de vida da máquina. Em programas preventivos ou corretivos, a decisão final sobre os programas de reparo ou de recondicionamento se baseia na intuição e experiência pessoal do gerente de manutenção. A adição de um programa de gerência preditiva abrangente pode fornecer dados sobre a condição mecânica real de cada máquina e o rendimento operacional de cada sistema de processo. Estes dados habilitarão o gerente de manutenção a programar atividades de manutenção muito mais efetivamente em termos de custo. Um programa de manutenção preditiva pode minimizar o número de quebras de todos os equipa- mentos mecânicos da planta industrial e assegurar que o equipamento reparado esteja em condições mecânicas aceitáveis. Ele pode identificar problemas da máquina antes que se tornem sé- rios já que a maioria dos problemas mecânicos podem ser minimizados se forem detectados e reparados com antecedência. Os modos normais de falha mecânica degradam se em uma velocidade diretamente proporcional a sua severidade; portanto, quando um problema é detectado logo, normalmente pode-se evitar maiores reparos. Existem cinco técnicas não destrutivas que são usadas normalmente para gerência de manutenção preditiva: monitoramento de vibração (com espectros de corrente elétrica), monitoramento de parâmetro de processo, termográfica, tribologia, e inspeção visual. Cada técnica tem um conjunto único de dados que assistirá o gerente de manutenção na determinação da necessidade real de manutenção. A manutenção preditiva que utiliza análise da assinatura de vibração é predicada em dois fatos básicos: (1) todos os modos de falha comuns possuem componentes distintos de frequência de vibração que podem ser isolados e identificados, e (2) a amplitude de cada componente distinto de vibração permanecerá constante a menos que haja uma mudança na dinâmica operacional da máquina. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 22 A manutenção preditiva que utiliza rendimento de processo, perda de calor, ou outras técnicas não destrutivas pode quantificar o rendimento operacional de equipamentos ou sistemas não mecânicos da planta industrial. Estas técnicas, usadas em conjunto com a análise de vibração podem fornecer ao gerente de manutenção ou engenheiro da planta industrial informações factuais que os habilitarão a obter confiabilidade ótima e disponibilidade a partir de sua planta. Como você determina quê técnica ou técnicas são necessárias em sua planta industrial? Como você determina o melhor método para implementar cada uma das tecnologias? Se você ouvir aos vendedores ou gerentes de venda que fornecem sistemas de manutenção preditiva, a deles é a única solução para seu problema. Como você separa os bons dos maus? Os programas de manutenção preditiva mais abrangente usarão análise de vibração como ferramenta primária associada com espectros de corrente, que geralmente vem associada num mesmo instrumento coletor de dados. Já que a maioria dos equipamentos normais da planta industrial são mecânicos (acionados por motores elétricos), o monitoramento da vibração fornecerá a melhor ferramenta para coleta de rotina e identificação de problemas incipientes. Entretanto, somente a análise de vibração não fornecerá com alta confiabilidade os dados requeridos sobre equipamentos elétricos (deve-se usar também os espectros da corrente elétrica que ali- menta o motor), áreas de perda de calor, condição do óleo lubrificante, ou outros parâmetros que devem ser incluídos em seu programa. Portanto, um programa de manutenção preditiva total da planta industrial deve incluir várias técnicas, cada uma projetada para oferecer informações específicas sobre equipamentos da planta industrial, para obter os benefícios que este tipo de gerência de manutenção pode oferecer. As técnicas específicas dependerão do tipo de equipamento da planta, seu impacto sobre a produção e outros parâmetros chaves da operação da planta industrial, e dos objetivos que se deseja que o programa de manutenção preditiva atinja. 8. Manutenção Preditiva: Benefícios e Lucratividade 8.1. Introdução A manutenção preditiva não substitui totalmente os métodos mais tradicionais de gerência de manutenção. Entretanto, esta filosofia é uma valiosa adição para constituir __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 23 um abrangente programa de gerência de manutenção total da planta industrial. Ao passo que os programas tradicionais de gerência de manutenção se baseiam em serviços de rotina de toda a maquinaria e resposta rápida a falhas inesperadas, um programa de manutenção preditiva programa tarefas específicas de manutenção, somente quando elas forem de fato necessárias. Ela não elimina total- mente todos os aspectos dos programas tradicionais preventivos e corretivos, porém a manutenção preditiva, pode reduzir o número de falhas inesperadas, bem como fornecer uma ferramenta de programação mais confiável para tarefas rotineiras de manutenção preventiva. A premissa da manutenção preditiva é que o monitoramento regular das condições mecânicas reais das máquinas, e do rendimento operativo dos sistemas de processo, assegurarão o intervalo máximo entre os reparos. Ela também minimizará o número e o custo das paradas não programadas criadas por falhas da máquina, e melhorará a disponibilidade global das plantas operacionais. A inclusão da manutenção preditiva em um programa de gerência total da planta oferecerá a capacidade de otimizar a disponibilidade da maquinaria de processo, e reduzirá bastante o custo da manutenção. Na realidade, a manutenção preditiva pode ser vista como um programa de manutenção preventiva acionada por condição. Um levantamento em 1988 de 500 fábricas, que implementaram com sucesso métodos de manutenção preditiva, indicou melhorias substanciais na contabilidade, disponibilidade, e custos operacionais. Realizado pela “Plant Performance Group” (uma divisão da “Technology for Energy Corporation”), este levantamento foi projetado para quantificar o impacto da inclusão de técnicas de manutenção preditiva como parte chave da filosofia da gerência de manutenção. O grupo de amostra incluía uma variedade de indústrias nos Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, França, e Austrália. As indústrias incluíam geração de energia elétrica, papel e celulose, processamento alimentício, têxteis, ferro e aço, alumínio, e outras indústrias de manufatura ou de processo. Cada um dos participantes tinha um programa de manutenção preditiva estabelecido com um mínimo de três anos de implementação. Os programas bem sucedidos incluídos no levantamento oferecem uma visão geral dos tipos de melhorias, que podem ser esperadas a partir de um programa de gerência de manutenção preditiva abrangente (veja tabela abaixo). De acordo com resultados do levantamento, as maiores melhorias podem ser obtidas em custos de manutenção, falhas não programadas da máquina, tempo parado para reparo, redução de peças noestoque, __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 24 e recompensas diretas e indiretas de hora extra. Em complemento, o levantamento indicou uma melhoria substancial na vida da máquina, produção, segurança do operador, qualidade do produto, e lucro global. 8.2. Redução dos Custos de Manutenção O levantamento indicou que os custos reais normalmente associados com a operação da manutenção foram reduzidos em mais de 50%. A comparação dos custos de manutenção incluía a mão de obra real e “overhead” do departamento de manutenção, bem como o custo real de materiais de peças de reparo, ferramentas, e outros equipamentos requeridos para manter o equipamento da planta. A análise não incluía tempo de produção perdida, variâncias na mão de obra direta, ou outros custos que podem ser diretamente atribuídos a práticas ineficientes de manutenção. 8.3. Redução de Falhas nas Maquinas A adição de monitoramento regular das condições reais das máquinas e sistemas de processo reduziu o número de falhas inesperadas e catastróficas da máquina em uma média de 55%. A comparação usou a frequência de falhas inesperadas da máquina, isto é, em número e intervalo, antes da implementação do programa de manutenção preditiva e a taxa de falha durante o período de dois anos após a adição do monitoramento de condições ao programa. As projeções dos resultados do levantamento indicam que se podem obter reduções de 90% - usando monitora- mento regular das condições reais da máquina. 8.4. Redução do Tempo de Parada para Reparo __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 25 Mostrou-se que a manutenção preditiva reduz o tempo real necessário para reparar ou recondicionar os equipamentos da fábrica. A melhoria média em tempo médio para reparo, TMR, foi uma redução de 60%. Para determinar a melhoria média, os tempos reais de reparo, antes do programa de manutenção preditiva, foram comparados com o tempo real para reparo após um ano de operação usando técnicas de gerência de manutenção preditiva. Verificou-se que o monitora- mento regular e a análise das condições da máquina identificaram; o(s) componente(s) específico(s) com falha em cada máquina e habilitou o pessoal de manutenção a planejar cada reparo. 8.5. Redução no Estoque de Peças Sobressalentes A capacidade em se pré-determinar as peças defeituosas para reparo, ferramentas, e as habilidades de mão de obra requeridas, garantiram a redução tanto em tempo de reparo quanto em custos. Os custos que envolvem estoque de partes sobressalentes foram reduzidos em mais de 30%. Ao invés de adquirir todas as peças de reparo para estoque, às plantas industriais pesquisadas tinham tempo marginal suficiente para encomendar as peças de reparo ou de substituição, conforme necessário. A comparação incluía o custo real de peças sobressalentes, e os custos de realização do estoque para cada planta. 8.6. Aumento da Vida das Peças A prevenção de falhas catastróficas, e a detecção antecipada de problemas incipientes da máquina e de sistemas; aumentou a vida operacional útil do maquinário da planta industrial em uma média de 30%. O aumento da vida da máquina foi uma projeção baseada em cinco anos de operação, após implementação de um programa de manutenção preditiva. O cálculo incluiu: frequência de reparos, severidade dos danos da máquina, e condição real do maquinário após reparo. Um programa de manutenção preditivo baseado em condições, evita danos sérios às máquinas, e outros sistemas da planta. Esta redução na severidade dos danos aumenta a vida operacional do equipamento da planta, evitando também a propagação de defeitos. Um benefício colateral da manutenção preditiva é a capacidade automática de estimar o tempo médio entre falhas, TMF. Esta estatística fornece os meios para se __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 26 determinar o tempo mais efetivo em termos de custo para substituir maquinário, ao invés de continuar a absorver altos custos de manutenção. O TMF do equipamento da planta é reduzido cada vez que ocorre um grande reparo ou recondicionamento. A manutenção preditiva reduzirá automaticamente o TMF sobre a vida da máquina. Quando o TMF atinge o ponto que os custos de manutenção e de operação continuada excedem os custos da substituição, a máquina deve ser substituída. 8.7. Aumento da Produção Em cada uma das plantas pesquisadas, a disponibilidade de sistemas de processo foi aumentada após implementação de um programa de manutenção preditiva baseado em condição. A média de aumento nas 500 plantas foi de 30%. A melhoria relatada se baseou estritamente na disponibilidade da máquina, e não incluiu rendimento melhorado do processo. Entretanto, um programa preditivo completo, que inclui monitoramento de parâmetros de processo, também pode melhorar o rendimento operativo e, portanto, a produtividade das plantas de manufatura e de processo. Um exemplo deste tipo de melhoria é uma indústria alimentícia, que teria tomado a decisão de construir fábricas adicionais, para atender as demandas de pico. Usando várias técnicas de manutenção preditiva, conseguiu um aumento de 50% em sua produção, não necessitando, portanto da construção de novas fábricas. 8.8. Melhoria na Segurança do Operador O levantamento determinou que o aviso antecipado dos problemas da máquina e sistemas reduziu o risco de falha destrutiva, que poderia causar danos pessoais ou morte. A determinação se baseou em falhas catastróficas, onde danos pessoais poderiam provavelmente ocorrer. Este benefício tem sido apoiado por várias empresas de seguro, que tem oferecido reduções em benefícios para fábricas que possuam, em andamento, um programa de manutenção preditiva baseada em condição. 8.9. Verificação das Condições do Equipamento Novo As técnicas de manutenção preditiva podem ser usadas durante teste de aceite no local (comissionamento de máquinas novas) para determinar a condição de instalação do maquinário, equipamento, e sistemas da fábrica. Elas fornecem os meios para se verificar __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 27 a condição do equipamento novo comprado, antes do aceitá-lo. Os problemas detectados, antes do aceite, podem ser resolvidos enquanto o sistema está na garantia (ou mesmo, antes da fatura ser paga) para corrigir quaisquer deficiências. Muitas indústrias hoje exigem que todo equipamento novo inclua uma assinatura de vibração de referência com a compra. Esta assinatura de referência é então comparada com a linha base tomada durante o teste de aceite no local. Qualquer desvio anormal da assinatura de referência é base para rejeição. Sob este acordo, requer-se do vendedor corrigir ou substituir o equipamento rejeitado. 8.10. Verificação dos Reparos A análise de vibração também pode ser usada para determinar se os reparos no maquinário existente na fábrica corrigiram ou não os problemas identificados e/ou criaram comportamento a- normal adicional, antes do sistema partir novamente. Isto elimina a necessidade de uma segunda parada, que muitas vezes é necessária para corrigir reparos inadequados ou incompletos. Os dados aquisitados como parte de um programa de manutenção preditiva, podem ser usados para programar paradas da fábrica. Muitas indústrias tentam corrigir maiores problemasou programar revisões de manutenção preventiva durante as paradas anuais de manutenção. Os da- dos preditivos podem fornecer as informações requeridas para planejar os reparos específicos, e outras atividades durante a parada. Um exemplo deste benefício foi uma parada de manutenção programada para consertar um “Moinho de Bolas”, em uma fundição de alumínio. Antes das técnicas de manutenção preditiva serem implementadas na planta, a parada normal necessária para revisar e consertar completamente o moinho era de três semanas, e o custo do reparo era, em média, de US$300.000. A adição de técnicas de manutenção preditiva como uma ferramenta de programação de parada reduziu a parada para cinco dias, e resultou numa economia total de US$200.000 (o custo passou para US$100.000). Os dados de manutenção preditiva eliminaram a necessidade de muitos dos reparos que, normalmente, teriam sido incluídos na parada de manutenção. Com base na condição real do “Moinho de Bolas”, estes reparos não foram necessários. A capacidade adicional de se programar os reparos necessários, juntar __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 28 ferramentas requeridas, e planejar o trabalho; reduziu o tempo necessário de três semanas para cinco dias. 8.11. Lucro Global Os benefícios globais da gerência de manutenção preditiva tem melhorado substancialmente a operação global de ambas as fábricas: de manufatura e de processo. Em todos os casos pesquisados, os benefícios derivados do uso da gerência baseada em condição têm compensado o cus- to de capital do equipamento necessário para implementar o programa dentro dos três primeiros meses. O uso de técnicas de manutenção preditiva, baseadas em coletores de dados, tem reduzido ainda mais o custo operativo anual dos métodos de manutenção preditiva. Desta forma, qualquer fábrica pode obter implementação efetiva em custo adotando este tipo de programa de gerência de manutenção. 9. Razão Para Falha do Programa Todas as 500 fábricas pesquisadas possuíam programas de manutenção preditiva com sucesso. Há centenas de outras empresas, que não tem obtido sucesso. Muito embora a manutenção preditiva seja uma filosofia comprovada, muitos programas falham. A razão predominante é a falta de planejamento e suporte de gerência que são críticos para um programa bem sucedido. Tem-se recomendado também um treinamento das pessoas envolvidas no programa, por empresas de treinamento que possuam instrutores com experiência comprovada. Muitas vezes, este treina- mento é feito por vendedores de equipamentos, que tem objetivo principal vender o equipamento, e não ensinar as técnicas preditivas. Existem bons cursos de Manutenção Preditiva, Análise de Vibrações envolvendo medidas e diagnósticos, e também cursos específicos como Vibrações em Motores Elétricos, Balanceamento de Rotores, Isolação e Controle de Vibração. Um bom investimento em treinamento reduzirá substancialmente o risco de falha de um programa de manutenção preditiva. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 29 Capítulo II – Líquidos Penetrantes 1. Introdução Depois do ensaio visual, o ensaio por líquidos penetrantes é o ensaio não destrutivo mais antigo. Ele teve início nas oficinas de manutenção das estradas de ferro, em várias partes do mundo. Naquela época, começo da era industrial, não se tinha conhecimento do comportamento das descontinuidades existentes nas peças. E quando estas eram colocadas em uso, expostas a esforços de tração, compressão, flexão e, principalmente, esforços cíclicos, acabavam se rompendo por fadiga. Era relativamente comum o aparecimento de trincas e até a ruptura de peças de vagões, como eixos, rodas, partes excêntricas etc., sem que os engenheiros e projetistas da época pudessem determinar a causa do problema. Algumas trincas podiam ser percebidas, mas o ensaio visual não era suficiente para detectar todas elas, pela dificuldade de limpeza das peças. Foi desenvolvido então um método especial não destrutivo para detectar rachaduras em peças de vagões e locomotivas, chamado de método do óleo e giz. Neste método, as peças, depois de lavadas em água fervendo ou com uma solução de soda cáustica, eram mergulhadas num tanque de óleo misturado com querosene, no qual ficavam submersas algumas horas ou até um dia inteiro, até que essa mistura penetrasse nas trincas porventura existentes nas peças. Depois desta etapa, as peças eram removidas do tanque, limpas com estopa embebida em quero- sene e colocadas para secar. Depois de secas, eram pintadas com uma mistura de giz moído e álcool; dessa pintura resultava uma camada de pó branco sobre a superfície da peça. Em seguida, martelavam-se as peças, fazendo com que a mistura de óleo e querosene saísse dos locais em que houvesse trincas, manchando a pintura de giz e tornando as trincas visíveis. Este teste era muito passível de erros, pois não havia qualquer controle dos materiais utilizados o óleo, o querosene e o giz. Além disso, o teste não conseguia detectar pequenas trincas e de- feitos subsuperficiais. Testes mais precisos e confiáveis só apareceram por volta de 1930, quando o teste do “óleo e giz” foi substituído pelo de partículas magnéticas. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 30 Somente em 1942, nos Estados Unidos, Roberto C. Switzer, aperfeiçoando o teste do “óleo e giz”, desenvolveu a técnica de líquidos penetrantes, pela necessidade que a indústria aeronáutica americana tinha de testar as peças dos aviões, que são até hoje fabricadas com ligas de me- tais não ferrosos, como alumínio e titânio, e que, consequentemente, não podem ser ensaiados por partículas magnéticas. 2. Descrição do Ensaio Hoje em dia, o ensaio por líquidos penetrantes, além de ser aplicado em peças de metais não ferrosos, também é utilizado para outros tipos de materiais sólidos, como metais ferrosos, cerâmicas vitrificadas, vidros, plásticos e outros que não sejam porosos. Sua finalidade é detectar descontinuidades abertas na superfície das peças, como trincas, poros, dobras, que não sejam visíveis a olho nu. O ensaio consiste em aplicar um liquido penetrante sobre a superfície a ser ensaiada. Após remover o excesso da superfície, faz-se sair da descontinuidade o liquido penetrante retido, utilizando-se para isso um revelador. A imagem da descontinuidade, ou seja, o liquido penetrante contrastando com o revelador, fica então visível. 2.1. Preparação e Limpeza da Superfície A limpeza da superfície a ser ensaiada é fundamental para a revelação precisa e confiável das descontinuidades porventura existentes na superfície de ensaio. O objetivo da limpeza é remover tinta, camadas protetoras, óxidos, areia, graxa, óleo, poeira ou qualquer resíduo que impeça o penetrante de entrar na descontinuidade. __________________________ Técnicas de Manutenção Preventiva 31 Para remover esses resíduos sem contaminar a superfície de ensaio utilizam-se solventes, desengraxantes ou outros meios apropriados. A Tabela 1 apresenta alguns contaminantes, descreve seus efeitos e indica possíveis soluções para limpeza e correção da superfície de exame. 2.2. Aplicação de Liquido Penetrante Consiste em aplicar, por meio de pincel, imersão, pistola ou spray, um liquido, geralmente de cor vermelha ou fluorescente,
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