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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 1 Como citar este material: ZAMBELLI, Renata Silva. Economia: Introdução à Microeconomia: Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015. Neste tema, são abordados os elementos fundamentais para a compreensão do funcionamento dos mercados: o comportamento de consumidores e produtores, bem como sua interação para a realização de transações. A Microeconomia é o campo da Ciência Econômica que analisa o funcionamento dos mercados individuais e compreende quais são os determinantes do comportamento dos agentes econômicos envolvidos no processo de troca: consumidores (demandantes) e empresários (ofertantes). Esta área parte do princípio de que estes agentes econômicos são racionais, isto é, desejam sempre maximizar seu nível de bem-estar, utilidade e lucratividade. Para a compreensão do comportamento de consumidores e firmas, o preço do produto em análise é o ponto de partida: e essa variável será a medida inicial para as decisões de compra ou produção dos nossos agentes. Somadas ao preço estão diversas outras variáveis que serão estudadas ao lado da demanda e da oferta. Contudo, só é possível identificar as quantidades realmente comercializadas no mercado analisado a partir da interação entre consumidores e produtores: esta é a importância do equilíbrio de mercado – revelar qual é o nível de preço que harmoniza os interesses tanto de compradores como de empresários. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 2 Vale destacar que, na Microeconomia, o comportamento de uma variável sempre ocorre em função de outra. E, para que seja possível mensurar os impactos da alteração de uma variável no comportamento de outra, abordaremos a definição e os possíveis cálculos das elasticidades. Introdução A Microeconomia, ou Teoria dos Preços, tem como objetivo compreender como consumidores e empresas interagem em diferentes mercados, o que ajuda a determinar quantas unidades de cada mercadoria serão produzidas e vendidas, além do preço cobrado por elas. Em síntese, este campo da Economia estuda o comportamento da demanda, da oferta e a formação dos preços dos produtos em cada setor. O instrumental microeconômico fornece um conjunto de ferramentas muito útil para o dia a dia das empresas, ajudando, por exemplo, na definição de políticas, estratégias e no planejamento dos empresários e da equipe de gestão econômica do país. A análise microeconômica pode auxiliar nas seguintes decisões: definição da política de preços das empresas; previsões de demanda e faturamento; previsões dos custos de produção; decisões sobre as alocações ideais dos fatores de produção; elaboração e avaliação de projetos de investimentos; elaboração de estratégias de publicidade, por meio da análise das preferências dos consumidores. No âmbito das políticas econômicas, as ferramentas das políticas microeconômicas auxiliam a análise e a tomada de decisões nas seguintes questões: Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 3 avaliação de projetos de investimentos públicos; análise dos impactos de impostos em mercados específicos; fixação de preços mínimos na agricultura; controle de preços; política salarial e fixação do valor do salário mínimo; fixação de preços das tarifas públicas (água e luz, por exemplo). Enquanto a Macroeconomia analisa o funcionamento da economia como um todo e o comportamento dos grandes agregados – como produto e renda nacionais –, a Microeconomia enfatiza a alocação dos fatores e a fixação dos preços em mercados específicos. Os agentes econômicos fundamentais para a abordagem microeconômica são os consumidores, que constituirão a demanda, e as empresas, responsáveis pelo processo produtivo. Os consumidores se dirigem aos mercados para adquirir bens e serviços capazes de satisfazer suas necessidades e aumentar seu bem-estar. Por outro lado, os empresários combinam fatores de produção – terra, capital, trabalho e tecnologia – a fim de obter o maior volume de bens e serviços, com o menor custo possível. Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica Para que possamos analisar o funcionamento de um mercado específico, a Microeconomia desenvolve modelos econômicos e utiliza a hipótese de que tudo o mais permanecerá constante, em latim, coeteris paribus. Ao lançarmos mão deste recurso, estamos dirigindo nosso olhar apenas ao mercado analisado, observando a interação entre demanda e oferta daquele produto, supondo que quaisquer outras variáveis do sistema econômico não interfiram no funcionamento daquele setor. Vamos a um exemplo prático: quando o objetivo da análise é entender o efeito das oscilações do preço de um produto na sua demanda, a hipótese coeteris paribus é utilizada para “congelar” as outras variáveis que afetam o consumo, como a renda e a preferência das pessoas. Assim, será observada a relação Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 4 existente entre o preço de um bem e sua demanda, considerando tudo o mais constante. Se, em outro momento, for necessário analisar as relações entre a renda dos consumidores e a demanda desse mesmo produto, o raciocínio do coeteris paribus será empregado para imaginar que as outras variáveis relevantes para o entendimento da demanda estão constantes, não influenciando a interação consumo‒renda. A análise microeconômica também supõe que as empresas são norteadas pelo princípio da racionalidade, ou seja, estes agentes econômicos sempre buscam a maximização do lucro total e alocam os recursos de que dispõem da maneira mais eficiente. Da mesma forma, supõe-se que os consumidores procuram maximizar sua satisfação, ou utilidade, no consumo de bens e serviços. Há, contudo, correntes teóricas alternativas que afirmam que os objetivos dos empresários não se restringem somente à maximização de lucros. A partir desta perspectiva, novos elementos são considerados. Por exemplo, a intenção que as empresas têm de aumentar sua participação nas vendas de mercado e aumentar as margens de lucro e rentabilidade. A Divisão do Estudo Microeconômico A Microeconomia é dividida nos seguintes tópicos: Análise da demanda: a teoria da demanda procura compreender o comportamento dos consumidores de uma mercadoria ou serviço. Análise da oferta: dentro da teoria da oferta, estuda-se a teoria da produção, isto é, as relações entre as quantidades alocadas de fatores de produção e as quantidades físicas de produto; e a teoria dos custos de produção, que analisa as relações entre a produção e os preços dos fatores. Análise das estruturas de mercado: a interação entre consumidores e empresas define o preço e a quantidade de equilíbrio de determinado bem ou serviço. Porém, as condições de equilíbrio desse mercado Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica,resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 5 podem variar de acordo com a estrutura de mercado vigente, ou seja, de acordo com a forma e a intensidade da concorrência das empresas nesse setor. Teoria do equilíbrio geral e bem-estar: a análise do equilíbrio geral leva em consideração as interações existentes entre todos os mercados. A teoria do bem-estar dedica-se a encontrar soluções socialmente eficientes para a alocação e distribuição dos recursos. As imperfeições (falhas) de mercado: neste campo, a preocupação é analisar as situações nas quais o mercado sozinho não consegue realizar uma alocação de recursos eficiente. Este é exatamente o caso das assimetrias de informação e existência de externalidades. Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado A teoria microeconômica tem seu início marcado a partir da análise da demanda de bens e serviços, cujos fundamentos são baseados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade é a capacidade que um bem ou serviço tem de satisfazer as necessidades humanas; ela representa o grau de satisfação atribuído pelos consumidores às mercadorias. Sendo um conceito subjetivo que depende de preferências, a utilidade de um bem é sempre variável. A teoria do valor-utilidade pressupõe que o valor de um bem é constituído por sua demanda – pelo potencial de satisfazer necessidades e gerar satisfação ao consumidor. Em contrapartida à visão fundamentada na utilidade – ou utilitarista – estão as contribuições dos economistas clássicos (Thomas Malthus, Adam Smith, David Ricardo e Karl Marx) na construção da teoria do valor-trabalho. Nesta perspectiva, a origem do valor de um bem está no trabalho incorporado a ele; o valor surge a partir da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo destinado à produção de mercadorias. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 6 Grande parte dos livros de ensino de Economia parte da ideia de que as teorias do valor-utilidade e valor-trabalho são complementares, uma vez que os preços dos bens são formados pelos custos envolvidos em sua produção (especialmente, o custo da mão de obra) e também pelo lado da demanda, isto é, considerando os interesses, as preferências, os hábitos e a renda dos indivíduos. Saiba Mais! O debate sobre o valor Em A vida social das coisas, o antropólogo indiano Arjun Appadurai compreende as mercadorias como resultado de um processo de atribuição de valor às coisas, processo este que envolve – além das questões econômicas – aspectos históricos, sociais, culturais e políticos. O autor aponta que, no capitalismo, há uma grande tendência à mercantilização de tudo, mas a atribuição de valores é um processo observado em outras sociedades cuja finalidade não é somente o lucro. APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Eduff, 2009. O debate do valor-trabalho na teoria econômica Resumo: O texto faz uma discussão crítica da teoria do valor-trabalho nas obras dos principais autores “clássicos”, contrapondo-a com as formulações de Marx. A teoria marxista representa um novo ciclo do pensamento econômico em relação ao passado, ao definir que somente o trabalho humano tem a capacidade de criar valor, perdendo sentido, portanto, a contraposição Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 7 simples do trabalho ao capital. MATTEI, Lauro. Teoria do valor-trabalho: do ideário clássico aos postulados marxistas. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 24, n. 1, p. 271-294, 2003. Disponível em: http://goo.gl/4ejN1i. Acesso em: 19 out. 2014. Demanda de Mercado A demanda, ou procura, pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado intervalo de tempo. A escolha do consumidor depende de diversas variáveis, e as principais são: o preço do próprio bem; o preço dos outros bens; a renda dos consumidores; as preferências dos consumidores. Para compreender como cada uma das variáveis influencia a quantidade consumida de um produto, é necessário utilizar a hipótese do coeteris paribus, ou seja, analisaremos a relação entre a demanda do bem em relação a cada variável separadamente. Supondo o funcionamento de um estabelecimento comercial: uma doçaria vende um bombom a R$ 1,20. A esse valor, o proprietário consegue vender 30 unidades por dia, isto é, a quantidade demandada de bombons é de 30 unidades. Observe na Tabela 3.1, a seguir, o que ocorre com as intenções de compra de bombons quando o preço do produto varia: Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 8 Tabela 3.1 Relação entre o preço do bem e a quantidade demandada. Preço do bombom (R$) 0,40 0,80 1,20 1,60 2,00 Quantidade demandada de bombons 50 40 30 20 10 Fonte: elaborada pela autora A partir da observação da tabela é possível notar que as intenções de compra declinam à medida que o preço da mercadoria aumenta; nota-se, por outro lado, que, quando o preço do doce cai, o interesse dos consumidores em adquiri-lo aumenta. Fonte: elaboração da autora Esta relação inversamente proporcional entre o preço do bem e a quantidade demandada funciona para a maioria dos bens e serviços, e é conhecida como Lei Geral da Demanda. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 9 Graficamente, essa relação é representada da seguinte forma (Figura 3.1): Figura 3.1 Curva de demanda de bombons. Fonte: elaborada pela autora No eixo X, temos a quantidade demandada de bombons, e, no eixo Y, estão representadas todas as possibilidades de preço. À medida que o preço do bombom diminui, nota-se que a intenção de consumi-los se eleva; por outro lado, quanto mais alto for o preço do produto, menor será o interesse em comprá-lo. No gráfico, esta relação inversa se traduz em uma reta descendente, ou seja, inclinada para baixo. Matematicamente, a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem é expressa pela função da demanda: A expressão Qd= f(P) significa que a quantidade demandada de um bem varia em função do preço P, isto é, depende do preço P. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 10 A curva da demanda é negativamente inclinada em função de dois fatores: a) Efeito-substituição: se um bem X tem um substituto Y – isto é, existe outro produto que satisfaça as mesmas necessidades que X –, quando o preço de X aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a comprar Y, diminuindo a demanda de X. b) Efeito-renda: quando o preço do produto X aumenta, e tudo o mais permanece constante (os preços dos outros bens e a renda dos consumidores), os indivíduos perdem poder aquisitivo, e assim a demanda do bem X tende a cair. OutrasVariáveis que Afetam a Demanda de um Bem Vamos imaginar que os indivíduos gostem da mesma forma de dois bens: margarina e manteiga. A partir de um aumento no preço da manteiga, é provável que as pessoas reduzam seu consumo e aumentem a procura por margarina. Isso acontece porque a manteiga e a margarina são bens substitutos ou concorrentes, ou seja, o consumo de um substitui o de outro. Ao imaginar os pães, é possível considerar outra relação: se o preço do pão aumentar, o consumo dele próprio tende a cair, mas, usualmente, os pães são consumidos em conjunto com a margarina. Neste caso, pode-se imaginar que o consumo da margarina também vai cair, mesmo que o preço dela não tenha aumentado – isso ocorre porque os bens são complementares. Outro fator que afeta diretamente a demanda de bens e serviços é a renda dos consumidores. Coeteris paribus, ou seja, tudo o mais constante, acréscimos na renda geram demanda maior para a maioria dos bens, isto é, com maior poder aquisitivo, os indivíduos tendem a comprar mais de todas as coisas. Neste caso, afirma-se que esses bens – cuja demanda aumenta quando a renda aumenta – são os normais. No entanto, a relação entre renda dos consumidores e demanda dos bens apresenta algumas exceções – como os bens inferiores. Neste caso específico, quando um consumidor tem acréscimos em sua renda, ele passa a consumir menos dos bens inferiores. Um exemplo clássico para ilustrar essa Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 11 situação é o consumo de carne de segunda, que é consumida, principalmente, quando se dispõe de menos dinheiro. É fato também que, coeteris paribus, alterações nas preferências dos consumidores afetam a demanda de bens e serviços. A demanda pode ser amplamente influenciada por campanhas publicitárias e moda, que são elaboradas visando impactar diretamente o gosto e os hábitos das pessoas. Em síntese, as principais variáveis que afetam a demanda de um bem são: Demanda do bem X = f (preço do bem X, preço dos outros bens, renda dos consumidores, preferências dos consumidores). Saiba Mais! A propaganda e os hábitos de consumo Assista a uma comédia que aborda a questão de como as campanhas publicitárias influenciam amplamente os hábitos de consumo das pessoas. Na trama de Obrigado por fumar, o protagonista é um lobista da indústria tabagista norte-americana que promove o consumo de cigarros usando argumentos surreais – mas que soam verdadeiros –, reduzindo, aos olhos de seus consumidores, o risco do consumo de cigarros. OBRIGADO por fumar (Thankyou for smoking). Direção: Jason Reitman. Estados Unidos, 2005. Comédia. 92 min. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=EPuY5vjfZFs. (trailer legendado). Acesso em: 19 out. 2014. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 12 Vale ressaltar a diferença existente entre a curva da demanda de um bem e a quantidade demandada deste mesmo produto. Apesar de serem utilizadas como sinônimos, a curva da demanda representa todas as combinações possíveis entre o preço do produto e as quantidades, ou seja, trata-se da curva toda. Quando nos referimos à quantidade demandada, estamos em um ponto específico da curva, isto é, queremos evidenciar qual é a quantidade consumida do bem para aquele preço específico. As diferenças podem ser observadas na Figura 3.2: Figura 3.2 Diferença entre curva da demanda e quantidade demandada. Fonte: Elaborada pela autora A curva da demanda é representada por todas as combinações entre o preço do bombom e as intenções de compra do produto; já a quantidade demandada de bombons será de 30 unidades quando o preço for R$ 1,20. Vamos supor que a curva da demanda inicial de um bem normal seja representada pela reta D0. Coeteris paribus, considerando um aumento na renda dos consumidores, a curva da demanda D0 irá se deslocar para a direita, indicando que, com os mesmos preços, o consumidor estaria disposto a adquirir maiores quantidades do bem. Assim, a nova curva é representada pela reta D1 (Figura 3.3). Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 13 Figura 3.3 Alteração na demanda. Fonte: UFC Virtual. Disponível em: http://goo.gl/sXWMJO. Acesso em: 19 out. 2014. Oferta de Mercado A oferta pode ser conceituada como a quantidade de mercadorias que os produtores desejam oferecer ao mercado, de acordo com um preço dado, em determinado intervalo de tempo. Matematicamente, a função da oferta é dada pela expressão: Vamos utilizar o mesmo exemplo da doçaria, em que a trufa é vendida a R$ 1,20; neste caso, o dono do estabelecimento está disposto a ofertar 30 unidades por dia, ou seja, a quantidade ofertada será de 30 bombons. À medida que o preço do bombom sobe, o empresário tem uma inclinação maior para produzir mais unidades; isso acontece porque o aumento do preço de mercado eleva a rentabilidade da doçaria, estimulando-o a aumentar a produção. Porém, se os bombons ficam mais baratos, o empresário terá menos incentivos para aumentar sua produção. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 14 Esta relação direta entre o preço das mercadorias e a quantidade ofertada é chamada de Lei Geral da Oferta. Vamos analisar a Tabela 3.2: Tabela 3.2 Relação entre preço do bem e quantidade ofertada. Preço do bombom (R$) 0,40 0,80 1,20 1,60 2,00 Quantidade ofertada de bombons 10 20 30 40 50 Fonte: elaborada pela autora Graficamente, as relações entre o preço do produto e suas respectivas quantidades ofertadas podem ser representadas pela Figura 3.4: Figura 3.4 Curva da oferta. Fonte: elaborada pela autora Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 15 No eixo X, temos a quantidade ofertada de bombons e, no eixo Y, temos representadas todas as possibilidades de preço. À medida que o preço do bem aumenta, notamos que o interesse do empresário em produzir se eleva; por outro lado, quanto menor o preço do produto, menor é o interesse em fabricá- lo. Assim, esses movimentos acontecem por conta das expectativas de impactos (positivos ou negativos, respectivamente) na receita do empresário, como veremos a seguir. No gráfico, essa relação direta se traduz em uma reta ascendente, ou seja, inclinada para cima: o aumento do preço do produto aumenta a rentabilidade da empresa, incentivando-a a ofertar mais. Assim como acontece com a demanda, existem outros fatores, além do preço, que influenciam a oferta. Os principais são a tecnologia e o preço dos insumos, ou seja, das matérias-primas: na medida em que os insumos se tornam mais baratos e o domínio tecnológico avança, os custos de produção caem, possibilitando uma oferta maior de produtos. Há também uma relação direta entre o número de empresas no setor e a quantidade ofertada de produto. Em síntese, a funçãogeral da oferta é descrita por: Assim como no estudo da demanda, é necessário distinguir a curva da oferta do conceito de quantidade ofertada. A oferta refere-se à curva toda, isto é, a todas as combinações possíveis entre o preço do produto e as quantidades; já a quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico: quando o preço do bombom é R$ 1,60, o empresário se interessa em fabricar 40 unidades. Quando há alterações nos custos de produção, ou no nível de domínio tecnológico do empresário, nota-se um deslocamento de toda a curva da oferta. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 16 Supondo um aumento no custo das matérias-primas, encarecendo a atividade produtiva, a curva da oferta se desloca para a esquerda: a tendência é de que o empresário esteja estimulado a produzir menos bens, mesmo que o preço do produto se mantenha inalterado (Figura 3.5). Figura 3.5 Deslocamento para a esquerda da curva da oferta. Fonte: UFC Virtual. Disponível em: http://goo.gl/ysXt1z. Acesso em: 19 out. 2014. Na Figura 3.5, a curva da oferta inicial está representada pela reta O1; depois do aumento dos preços dos insumos, a curva da oferta se desloca para a esquerda, assumindo a posição O2. Supondo uma melhora tecnológica, tornando o empresário mais eficiente em sua atividade produtiva, a curva da oferta se desloca para a direita: a tendência é de que ocorra a produção de mais bens, mesmo que o preço do produto se mantenha inalterado. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 17 Figura 3.6 Deslocamento para a direita da curva da oferta. Fonte: UFC Virtual. Disponível em: http://goo.gl/zdq2sS. Acesso em: 19 out. 2014 Na Figura 3.6, a curva da oferta inicial está representada pela reta O1; depois da melhora tecnológica, a curva da oferta se desloca para a direita, assumindo a posição O2. O Equilíbrio de Mercado Uma vez compreendidos os determinantes do comportamento da demanda e da oferta de mercado, vamos observar qual será o preço que harmonizará os interesses de consumidores e produtores. No exemplo da doçaria, o preço de equilíbrio é R$ 1,20, e a quantidade demandada e ofertada de bombons será de 30 unidades. Observe a construção da Figura 3.7: Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 18 Figura 3.7 Equilíbrio de mercado. Fonte: elaborada pela autora Há um único ponto em que as curvas de oferta e demanda se encontram – isso ocorre no ponto E, chamado de equilíbrio de mercado. As condutas de consumidores e empresários conduzirão esse mercado naturalmente ao equilíbrio. Se o preço praticado for superior a R$ 1,20, os produtores terão interesse em vender mais do que 30 unidades, mas os consumidores levarão para casa menos do que isso – ocorrerá, neste caso, um excesso de oferta. Para conseguir vender mais bombons, o dono do estabelecimento vai reduzir o preço, criando uma situação de equilíbrio neste mercado. Por outro lado, se o preço do picolé estiver abaixo de R$ 1,20, os consumidores estarão dispostos a comprar mais do que 30 unidades. Porém, os produtores vão ofertar menos de 30 unidades – haverá um excesso de demanda. A escassez de doces fará com que os consumidores se disponham a pagar mais pelo consumo, e o mercado volta, novamente, ao equilíbrio. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 19 Deslocamentos das Curvas de Demanda Oferta Existem diversos fatores que podem ser responsáveis pelos deslocamentos das curvas de demanda e oferta, por exemplo, alterações na renda dos consumidores, preço dos bens concorrentes, custo com matérias-primas e domínio tecnológico. É importante salientar que, a partir de alterações na demanda ou oferta, novos pontos de equilíbrio são estabelecidos. Supondo, por exemplo, que no mercado de um bem X os custos de produção com insumos foram reduzidos, coeteris paribus, o volume de produção do produto tende a ser maior. Isto implica um deslocamento para a direita da curva da oferta do bem X (Figura 3.8). Graficamente: Figura 3.8 Deslocamento do ponto de equilíbrio. Fonte: UFC Virtual. Disponível em: http://goo.gl/bAZ7AS. Acesso em: 19 out. 2014 Inicialmente, o ponto de equilíbrio era estabelecido pela interseção das curvas de demanda D e O1, por meio do preço de equilíbrio Pe1. A partir da redução dos custos com insumos produtivos, a expansão da produção é representada pelo deslocamento da curva da oferta para a posição O2; há, neste momento, o estabelecimento de um novo ponto de equilíbrio, com a fixação do preço em Pe2. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 20 Interferência do Governo no Equilíbrio do Mercado Estabelecimento de Impostos De acordo com a teoria microeconômica, a interação entre consumidores e produtores no mercado tende ao equilíbrio, e esta harmonia de interesses ocorre por meio do mecanismo de preços. Contudo, é necessário incluir um importante agente econômico – o governo. Ele intervém na formação de preços nos mercados quando estabelece impostos, congela preços, concede subsídios e reajusta salários. O valor total dos tributos é recolhido pela empresa, mas ela não é o agente econômico que realmente o paga. Portanto, analisar a incidência da tributação é muito importante para a compreensão do funcionamento dos mercados. Os impostos dividem-se em: a) Impostos diretos: impostos que incidem diretamente sobre a renda e o patrimônio dos indivíduos, como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). b) Impostos indiretos: são aqueles que incidem sobre o consumo e as vendas de mercadorias, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Ainda sobre os impostos indiretos, existem as seguintes diferenciações: a) Imposto específico: o valor do imposto é fixo, independentemente do valor da unidade vendida. Por exemplo, são recolhidos R$ 5.000 ao governo para cada carro vendido, independentemente do valor do automóvel. b) Imposto ad valorem: a alíquota é aplicada sobre o valor da venda. Por exemplo, a alíquota do IPI é de 10% sobre o valor dos automóveis; neste caso, o valor da arrecadação varia de acordo com o preço do veículo. No Brasil, há poucos impostos específicos – quase a totalidade dos impostos é do tipo ad valorem. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 21 Os impostos representam um aumento nos custos de produção para as empresas, de forma que, para continuar vendendo a mesma quantidade, o empresário eleva o preço do produto ou repassa o tributo ao consumidor. A quantidade de impostos paga por consumidores ou produtores se chama incidênciatributária, que nos mostra sobre quem recai o valor dos impostos. O empresário vai procurar repassar todo o valor do imposto para os consumidores. O repasse depende, porém, da sensibilidade dos consumidores a alterações no preço da mercadoria em questão. Em mercados mais competitivos, a tendência é de que a maior parte dos impostos seja paga pelos fabricantes, uma vez que os consumidores têm muitas alternativas de consumo quando um bem se torna mais caro. De outra forma, em mercados mais concentrados, ou seja, com menos empresas, ocorre uma maior porcentagem de transferência de impostos aos consumidores. No Brasil, a maior parte dos impostos consiste nos indiretos, ou seja, incide sobre o consumo de mercadorias – cerca de 60% da estrutura tributária brasileira é composta pela tributação indireta. Política de Preços Mínimos na Agricultura Esta política visa a concessão de garantias de preços ao produtor agrícola para protegê-lo de eventuais flutuações de preços no mercado. O governo, antes do início do plantio, estabelece o preço que será pago após a colheita. Se, na safra, os preços de mercado do produto superarem os preços mínimos, a agricultor vende sua produção ao mercado. Em situação contrária, se os preços mínimos garantidos pelo governo superarem o preço de mercado, o agricultor vende sua produção ao Estado. No último caso, quando o preço mínimo supera o preço de equilíbrio de mercado, haverá um excedente de produto adquirido pelo governo que pode ser utilizado como estoque regulador no futuro (Figura 3.9). Graficamente: Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 22 Figura 3.9 Fixação de preço mínimo. Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/295579/. Acesso em: 19 out. 2014. Conceito de Elasticidade Já discutimos o comportamento da demanda de mercado de um bem X qualquer e seus diversos determinantes: o preço do próprio bem X, o preço de outros bens – substitutos ou complementares –, a renda dos consumidores e, por último, a preferência dos consumidores. Contudo, a demanda de cada produto tem uma sensibilidade diferente a variações do seu próprio preço, a variações dos preços dos outros bens ou a alterações na renda. Para compreendermos a magnitude e os impactos dessas variações, utilizamos o conceito de elasticidade. A elasticidade vai medir o grau de sensibilidade da variável que analisamos, por exemplo, a demanda, quando ocorrem alterações em outras variáveis. Os cálculos mais comuns são elasticidade-preço da demanda, elasticidade- renda da demanda e elasticidade-preço cruzada da demanda. O conceito de elasticidade apresenta muitas aplicações práticas, tanto para empresas privadas quanto para a administração pública. Na esfera empresarial, o cálculo da elasticidade permite dimensionar o comportamento dos consumidores frente a alterações do preço dos produtos, mudanças na renda e no preço dos concorrentes. Já, na esfera macroeconômica, a Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 23 elasticidade pode ajudar, por exemplo, no entendimento da relação entre importantes variáveis, como os investimentos e a taxa de juros. Elasticidade-Preço da Demanda A elasticidade-preço da demanda verifica qual é a sensibilidade da quantidade demandada do bem X a variações do preço de X, considerando tudo o mais constante – coeteris paribus. O cálculo é o seguinte: Como a correlação entre preço e quantidade demandada de um bem é inversa, ou seja, quando o preço aumenta, a tendência do consumo é cair, o valor encontrado no cálculo será sempre negativo. Por esta razão, o valor da elasticidade-preço da demanda é normalmente colocado em módulo. Vamos supor um exemplo prático: Uma loja vende discos a $ 20,00 a unidade. Para dinamizar as vendas, passou a cobrar $ 16,00 a unidade. Neste caso, o proprietário observou que a demanda de discos, que era de 30 unidades por mês, passou para 39. Qual é a sensibilidade da demanda de discos em relação ao preço do produto? Em outras palavras, qual é a elasticidade-preço da demanda de discos? Organizando os dados: P0 = preço inicial = $ 20,00 P1 = preço final - $ 16,00 Q0 = quantidade inicial = 30 Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 24 Q1 = quantidade final = 39 A variação percentual do preço é dada por: A variação percentual da quantidade demandada é dada por: O valor da elasticidade-preço da demanda é dado por: Ou:│EpD│= 1,5. Podem ser observadas as seguintes conclusões: dada uma queda de 20% no preço dos discos, a quantidade demandada de discos aumentou 1,5 vezes, ou seja, 30%. Pode-se concluir que os discos são um bem cuja demanda é bastante sensível a variações no preço. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 25 Vamos realizar a classificação dos resultados: a partir do cálculo da elasticidade, pode-se afirmar que a demanda em questão é elástica, inelástica ou unitária. A demanda de um produto pode ser classificada como elástica quando o cálculo sempre é maior que 1, ou seja, │EpD│ > 1. Neste caso, os consumidores desse bem são bastante sensíveis a variações no preço do produto, aumentando bastante o consumo, caso haja desconto, ou reduzindo-o drasticamente, no caso de encarecimento. No caso da demanda inelástica, ou seja, quando │EpD│< 1, observamos que a variação do preço do produto provoca uma variação muito pequena na quantidade demandada dele, ou seja, a demanda é pouco sensível a variações do preço do produto. Podemos citar como exemplo de baixa sensibilidade o consumo de produtos essenciais, como energia elétrica e gasolina – nosso consumo varia muito pouco quando o preço desses bens varia. Por último, temos a demanda de elasticidade-preço unitária, ou seja, │EpD = 1│. Neste caso, a variação observada na quantidade demandada tem exatamente a mesma magnitude que a variação do preço do bem. Mas o que faz com que a demanda de alguns bens tenha maior ou menor sensibilidade a variações em seu preço? Os fatores determinantes do grau de sensibilidade da demanda são: a) A existência de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um produto, mais elástica, ou seja, mais sensível será sua demanda. Se o preço do bem X aumenta e há muitos concorrentes no mercado, os consumidores abandonarão o bem mais caro em questão e demandarão mais dos concorrentes. b) A essencialidade do bem: à medida que um bem é mais essencial para as famílias, mais inelástica será sua demanda. Esse é o caso da eletricidade, dos remédios e do gás de cozinha. c) A importância do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem nos gastos totais do indivíduo, mais sensível será sua Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 26 demanda. Por exemplo, o preço dos fósforos pode sofrer um aumento de 100%, mas a reação dademanda será muito discreta; já, no caso dos eletrônicos, um grande desconto no preço de um tablet terá um grande impacto em sua quantidade demandada. Relação entre a Receita Total do Produtor e o Grau de Elasticidade A receita total do produtor é definida como a soma dos gastos totais dos consumidores para dada mercadoria. Seu cálculo é realizado da seguinte forma: Quando o preço do produto varia, o que acontece com a receita total do produtor? Esta questão depende da elasticidade-preço da demanda do consumidor. No caso de: a) Demanda elástica: trata-se de uma demanda bastante sensível a variações do preço. Se houver queda no preço do bem, a receita total tende a aumentar; se houver aumento no preço, haverá uma redução na receita total. b) Demanda inelástica: trata-se da demanda que apresenta pouca sensibilidade em relação à variação dos preços. Neste caso, o movimento da receita acompanha o movimento dos preços: se há aumento no preço, há aumento na receita total. c) Demanda de elasticidade unitária: um aumento ou uma redução no preço não afeta a receita total do produtor, já que a variação no preço gera uma variação de mesma magnitude na quantidade. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 27 A Incidência Tributária e a Elasticidade-Preço da Demanda Já analisamos a maneira como os impostos se inserem na atividade produtiva e nas relações entre consumidores e empresários: o imposto incide sobre as empresas, mas, efetivamente, quem o paga é o consumidor final. Observe os seguintes casos: Em mercados concentrados, isto é, com poucas empresas e demanda inelástica, a margem de negociação do consumidor é bastante reduzida, e a proporção de impostos repassados a este consumidor é maior. Ao contrário, quanto mais elástica for a demanda do bem, e mais competitivo este mercado, menor será a proporção de impostos repassados ao consumidor. Elasticidade-Renda da Demanda A elasticidade-renda da demanda vai medir a variação percentual da quantidade demandada de determinado bem, a partir de uma variação percentual na renda do consumidor, coeteris paribus. Ela será calculada da seguinte maneira: Se o cálculo da elasticidade-renda da demanda for positivo, mas menor do que 1 – ou seja, um valor entre zero e um (o coeficiente que está sendo discutido pode ter valores como 0,1, 0,2, 0,2113... etc.) –, o bem em questão é normal, isto é, acréscimos na renda geram aumentos menos que proporcionais no consumo desse produto. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 28 Caso o resultado no cálculo seja negativo, o bem analisado pode ser classificado como inferior, isto é, o acréscimo na renda levou a uma diminuição no consumo do produto. Se a elasticidade-renda da demanda for positiva e maior do que 1, o bem em questão é superior, ou de luxo: acréscimos na renda do consumidor levam ao aumento mais que proporcional no consumo do bem. Este é o caso de produtos amplamente desejados pelos consumidores, como eletrônicos e automóveis – esta classe de bens apresenta elasticidade-renda maior do que os produtos básicos, como alimentos. Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda A elasticidade-preço cruzada da demanda mensura a mudança na quantidade demandada de um bem X quando se modifica o preço de outro bem Y. Neste caso, o cálculo será realizado entre a variação percentual da quantidade demandada do bem X e a variação percentual do preço do bem Y. Observe: Se o resultado do cálculo for positivo, pode-se afirmar que X e Y são bens substitutos (concorrentes): o aumento do preço de Y gera acréscimos na demanda de X. Contudo, se o resultado do cálculo for negativo, pode-se afirmar que X e Y são bens complementares: o aumento do preço de Y gera queda na sua própria demanda e na demanda de seu complementar X. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 29 Determinação do Preço e Quantidade de Equilíbrio A partir das equações da demanda e da oferta, o preço e a quantidade de equilíbrio são determinados pela interseção das duas curvas. As equações são as seguintes: Vamos a um exemplo numérico. Suponha que as funções de demanda e oferta do bem X sejam descritas da seguinte forma: Dx = 300 – 8Px; Ox = 48 + 10Px. O preço e a quantidade de equilíbrio são encontrados fazendo-se: Dx = Ox Portanto: 300 – 8Px = 48 + 10Px 252 = 18Px Px = 252 18 = 14 Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 30 Para encontrar Qx, basta substituir Px = 14 na função da oferta ou na função da demanda: Qx = 48 + 10 (14) = 188 Desta forma, sabemos que o preço de equilíbrio do mercado do bem X é 14, e a quantidade de equilíbrio é de 188 unidades. Coeteris paribus: expressão latina que significa “tudo o mais constante”. Em Microeconomia, analisa-se dado mercado isolado dos demais. É a análise do equilíbrio parcial. Concorrência monopolista (ou imperfeita). Estrutura de mercado com inúmeras empresas, produto diferenciado, livre acesso de empresas ao mercado, na medida em que elas possuam a tecnologia e o volume apropriado de capital. Externalidades (economias externas): custos (ônus) ou benefícios que a atividade produtiva das empresas gera para a sociedade. As externalidades também podem ser entendidas como as variações de custos ou ganhos que o ambiente externo impõe para as empresas. Quando a produção ou o consumo de um bem acarreta efeitos sobre outros indivíduos, e esses custos/benefícios não se refletem nos preços. Lei geral da demanda: a quantidade demandada de um bem ou serviço varia na relação inversa do preço do próprio bem, Coeteris paribus. Ou seja, quanto maior o preço de um bem ou serviço, menor será a quantidade demandada por esse bem ou serviço. Lei geral da oferta: a quantidade ofertada de um bem ou serviço varia na relação direta com o preço do próprio bem, Coeteris paribus. Em outras palavras, quanto maior o preço de um bem ou serviço, maior será a quantidade ofertada por esse bem ou serviço. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 31 Modelos econômicos: teorias simplificadas que mostram relações fundamentais entre as variáveis econômicas. Princípio da racionalidade: princípio segundo o qual os agentes econômicos sempre procuram maximizar, seja o lucro, no caso dos empresários, seja a satisfação (utilidade), no caso dos consumidores. Ou seja, princípio que supõe a existência de um homo economicus – homem econômico – que sempre tende a maximizar seu próprio bem-estar. Instruções Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Questão 1 Para a curva de demanda do bem X, quando há umaqueda acentuada no preço do próprio X, tudo o mais constante, deve-se esperar que: a) Haja um deslocamento para a direita da curva da demanda de X. b) Haja um aumento na quantidade demandada de X. c) Haja uma diminuição na quantidade demandada de X. d) Não é possível mensurar o impacto das variações do preço de X no consumo. e) Nenhuma das demais alternativas está correta. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 32 Questão 2 A construção da curva de demanda individual leva em consideração: I. A preferência dos consumidores. II. A influência dos preços dos bens complementares e substitutos. III. A renda dos consumidores. IV. O preço do próprio bem. Assinale a alternativa que apresenta os itens corretos: a) I. b) I e II. c) I, II e IV. d) I, III e IV. e) I, II, III e IV. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 3 Suponha dois bens de demanda concorrente: margarina e manteiga. Quando ocorre uma grande diminuição no preço da manteiga, tudo o mais constante, deve-se esperar que a curva da demanda da margarina: a) Desloque-se para a esquerda. b) Mantenha-se inalterada. c) Desloque-se para a direita. d) Mantenha-se inalterada com o aumento do preço da margarina. e) Desloque-se para a direita com a redução do preço da margarina. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 4 Aponte os fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 33 Questão 5 Supondo uma demanda elástica, o aumento de um imposto sobre as vendas incidirá mais sobre consumidores ou vendedores? Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Neste tema que abordou os mecanismos de funcionamento de uma economia de mercado, analisamos inicialmente os pressupostos básicos para o entendimento da teoria microeconômica. Foram tarefas iniciais do nosso estudo a compreensão da hipótese simplificadora do coeteris paribus, além da compreensão dos objetivos da empresa. A partir dos fundamentos e aplicações da Microeconomia, foi possível analisar as variáveis que determinam o comportamento da demanda; apreciar o conjunto de elementos que determinam o comportamento da oferta; e, por fim, entender o equilíbrio de mercado estabelecido entre consumidores e produtores. Este tema também permitiu a análise e o cálculo de como a interação entre as variáveis pode ser dimensionada – o conceito de elasticidade permite que se visualize o impacto das alterações de uma variável no comportamento de outra, como no caso das elasticidade-preço, elasticidade-renda e elasticidade-preço cruzada da demanda. APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Eduff, 2009. GREMAUD, Amaury P. et al. Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 34 MANKIW, Gregory, N. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MATTEI, Lauro. Teoria do valor-trabalho: do ideário clássico aos postulados marxistas. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 24, n. 1, p. 271-294, 2003. Disponível em: http://goo.gl/XjwIh9. Acesso em: 19 out. 2014. OBRIGADO por fumar. Direção: Jason Reitman. Produção: 20th Century Fox. Estados Unidos, 2005. Comédia. 92 min. Trailer disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=EPuY5vjfZFs. Acesso em: 19 out. 2014. PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 5. ed. São Paulo: Best- Seller, 2000. VARIAN, Hall R. Microeconomia: princípios. 7. ed. São Paulo: Campus, 2006. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (Livro-Texto) VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; OLIVEIRA, Roberto G. de. Manual de Microeconomia. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. WESSEL, Walter W. Microeconomia: teoria e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2010. _______. Economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 35 Questão 1 Resposta: Alternativa B. Pois, de acordo com a Lei geral da demanda, uma queda no preço de um bem qualquer X causa um aumento na quantidade demandada, isto é, consumida deste bem. Atenção: quando as variações ocorrem no preço do próprio bem X, a curva da demanda não se desloca: o que muda é a quantidade demandada. Questão 2 Resposta: Alternativa E. Pois todos os elementos apontados nas alternativas são determinantes do comportamento da demanda: o preço do bem, os preços dos outros bens, a renda e a preferência dos consumidores. Questão 3 Resposta: Alternativa A. Uma redução do preço da manteiga faz com que sua própria quantidade demandada aumente. No caso da margarina, que é seu concorrente, é esperada uma redução na sua demanda – neste caso, a curva da demanda de margarina se desloca para a esquerda. Questão 4 Os fatores que influenciam diretamente a elasticidade-preço da demanda são: a existência de bens substitutos (quanto maior a disponibilidade dos substitutos, mais elástica será a demanda de um produto); a essencialidade do bem (quanto mais essencial aos consumidores, menor será a elasticidade- Nome © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 36 preço da demanda); a importância do bem no orçamento do consumidor (quanto mais pesado no orçamento, mais elástica será a demanda do produto). Questão 5 À medida que a demanda do bem se torna mais elástica, a incidência dos impostos recai mais sobre os produtores: se existem muitos concorrentes no mercado de determinado bem, o produtor repassará menos impostos ao valor do produto, para que sua demanda não procure os concorrentes.
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