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CONTABILIDADE SOCIAL 1. O SISTEMA MONETÁRIO 1.1 Origem, funções e formas de moeda Em economias cuja divisão do trabalho acontece de forma mais intensa, a troca direta de mercadorias não é capaz de promover uma eficiente circulação da produção. Nesse contexto, com o intuito de, as trocas diretas são substituídas por trocas indiretas, realizadas por intermédio da moeda. A moeda, quando introduzida em uma economia, desempenha três funções fundamentais: a de intermediário de trocas, a de unidade de valor e a de reserva de valor. ↪ INTERMEDIÁRIO DE TROCAS: Inerente à própria definição de moeda; confere poder de compra ao portador da peça monetária. ↪ UNIDADE DE VALOR: Exprime o valor de troca das mercadorias em termos de uma unidade comum, qual seja o padrão monetário. ↪ RESERVA DE VALOR: Confere ao portador da peça monetária o direito de guardá-la a fim de utilizá-la em um futuro mais ou menos próximo. A priori, qualquer bem econômico configura-se como uma moeda em potencial. Três fatores, no entanto, delimitam as possibilidades em relação a este fim: custos de transação, estocagem e eficiência enquanto meio de conta. Evolução cronológica da moeda: MERCADORIAS DE ACEITAÇÃO GENERALIZADA ↓ MOEDA METÁLICA ↓ MOEDA METÁLICA CUNHADA ↓ PAPEL-MOEDA (MOEDA FIDUCIÁRIA)1 ↓ MOEDA ESCRITURAL2 OBS1.: O papel-moeda surgiu aos poucos no meio econômico: inicialmente, figuravam como simples certificados de depósito em bancos comerciais; mais tarde, como um certificado transferível de depósito (moeda-papel); por último, como um certificado inconversível, que é o próprio papel-moeda. A adoção do papel-moeda demarca a eliminação da ideia de moeda representativa. Como intermediária de trocas, a moeda vale não por sua utilidade intrínseca, mas por sua capacidade de conferir a seu portador poder de compra (moeda fiduciária); nesse sentido, faz-se desnecessário que a moeda possua qualquer valor por seu uso direto. OBS².: A moeda escritural é representada pelos depósitos bancários à vista, os quais possuem liquidez equivalente à moeda legal. O desenvolvimento da moeda escritural culminou no fenômeno de multiplicação dos meios de pagamento por meio dos bancos comerciais. Os agentes bancários perceberam que, por uma questão probabilística, era possível emprestar parte dos depósitos à vista. Visto que é altamente improvável que todos os depositantes saquem seus fundos simultaneamente, os bancos passaram a manter encaixes bem inferiores aos seus depósitos e, com isso, os meios de pagamento tornaram-se bastante superiores ao saldo de papel-moeda emitido. 1.2 O Sistema Monetário e os meios de pagamento ↬ SISTEMA MONETÁRIO: Conjunto formado pelas Autoridades Monetárias e pelos bancos comerciais. � AUTORIDADES MONETÁRIAS: Conjunto formado pelo Banco Central e o Banco do Brasil. � BANCOS COMERCIAIS: Instituições financeiras autorizadas a receber depósitos à vista (também denominadas instituições com “carteira de depósitos à vista”, ou com “carteira comercial”). Excluí-se, no entanto, as Caixas Econômicas e o Banco do Brasil. ↬ SISTEMA FINANCEIRO NÃO-MONETÁRIO: Conjunto formado pelas demais instituições financeiras que não compõem o sistema monetário. Ao tratar-se de papel-moeda, faz-se necessário distinguir três conceitos: i) SALDO DO PAPEL-MOEDA EMITIDO: corresponde ao total de moeda legal existente, autorizada pelo governo ou pelo Banco Central. ii) SALDO DO PAPEL-MOEDA EM CIRCULAÇÃO: corresponde à diferença entre o saldo do papel-emitido e o encaixe das Autoridades Monetárias. PMC = PME - caixa das AM iii) SALDO DO PAPEL-MOEDA EM PODER DO PÚBLICO: corresponde à diferença entre o saldo do papel-moeda em circulação e o encaixe dos Bancos Comerciais. PMPP = PMC - caixa dos Bancos Comerciais ↳ Considera-se em poder do público qualquer papel-moeda emitido que não se encontre em poder do setor bancário da economia em questão. ↬ MEIOS DE PAGAMENTO: Totalidade de haveres possuídos pelo setor não-bancário e que podem ser utilizados a qualquer momento para a liquidação de uma dívida em moeda nacional; total de ativos de liquidez imediata pertencentes ao setor não-bancário. Por convenção, os meios de pagamento desdobrar-se-ão em duas componentes: i) Papel moeda em poder do público, também chamado de moeda manual ou moeda corrente. ii) Depósitos à vista, também denominados moeda bancária ou moeda escritural. ↳ Quando existentes, deve-se incluir os depósitos do público no Banco Central (excetuando-se aqueles do Tesouro Nacional). M1 = PMPP + DV Por definição, é imediato que criação dos meios de pagamento só pode ser realizada: i) pelo Banco Central, que detém o direito legal de emissão de papel-moeda. ii) pelos bancos com carteira comercial, isto é, autorizados a receber depósitos à vista. M1 corresponde aos meios de pagamento em seu sentido mais estrito. Em muitos casos, é útil estender a percepção de liquidez imediata e definir agregados monetários mais amplos, que incorporem títulos de elevada liquidez. Para tanto, ao estabelecer um agregado monetário, se faz necessário definir, também, os seus agentes emissores. Usualmente, se começa do agregado de maior liquidez, e adiciona-se a esse outros ativos financeiros em ordem decrescente de liquidez. ↳ Observe que, para obter o agregado monetário Mn, é necessário somar o novo ativo considerado de elevada liquidez a Mn-1, excetuando-se o montante desses que pertence aos ativos do sistema emissor. A título de ilustração, suponha que M2 seja definido como M1 mais o título (x), emitidos pelas instituições financeiras X que, por hipótese, não pertencem ao sistema gerador de M1. Considere os seguintes balancetes simplificados: BALANCETE SIMPLIFICADO DO SISTEMA MONETÁRIO ATIVOS PASSIVOS Título (x): 3 Demais contas do ativo: 40 M1: 25 Demais contas do passivo: 18 BALANCETE SIMPLIFICADO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS X ATIVOS PASSIVOS M1: 5 Demais contas do ativo: 25 Título (x): 10 Demais contas do passivo: 20 M2 = (25 + 10) - (3 + 5) = 27 1.3 Contas do Sistema Monetário: os Bancos Comerciais Considere o seguinte balancete, que descreve os possíveis recursos e as prováveis aplicações desses em um Banco Comercial: BALANCETE CONSOLIDADO DOS BANCOS COMERCIAIS ATIVOS PASSIVOS a) Reservas bancárias a1. Em moeda corrente a2. Em depósito no Banco Central a2.1. Voluntários a2.2. Compulsórios b) Empréstimos ao setor privado c) Títulos públicos e privados d) Empréstimos a entidades públicas e) Imobilizado bancário f) Outras aplicações g) Recursos próprios h)Depósitos à vista i) Depósitos a prazo j) Redescontos e outros recursos oriundos do Banco Central k) Empréstimos externos l) Depósitos de poupança m) Demais exigibilidades ↳ Deve-se compreender o balancete como uma igualdade entre o ativo (aplicações) e o passivo (recursos). Assim, o balancete acima equivale à igualdade: a + b + c + d + e + f = g + h + i + j + k + l + m. Alguns elementos do balancete acima exigem explicações mais detalhadas: � RESERVAS BANCÁRIAS: - Em moeda corrente: são mantidas para compensar os eventuais excessos de pagamentos sobre os recebimentos em papel-moeda pelos Bancos. - Em depósitos voluntários no BACEN: são conservadas para cobrir os possíveis excesso de pagamentos sobre os recebimentos na compensação de cheques. OBS.: Alguns títulos do Tesouro Nacional possuem alta liquidez no mercado e, portanto, podem ser mantidos em carteira pelos Bancos Comerciais como uma quase caixa. Nesse sentido, esses títulos podem servir como substitutos aos encaixes voluntários, apresentando a vantagem de render juros aos Bancos. - Em depósitos compulsórios no BACEN: são exigidos por lei ou por regulamentação do Banco Central e recolhidos a esse como uma porcentagem dos depósitos à vista e a prazo. OBS.: O Banco Central pode permitir que uma parcela dos recolhimentos compulsórios sejam efetuados em títulos da dívida pública. Os Bancos Comerciais, obviamente, preferem essa opção, já que lhes rende juros. � REDESCONTOS: - Redescontos de liquidez: correspondem ao redesconto clássico, no qual o BACEN cumpre sua função de emprestador de última instância. - Redescontos de outros fins: correspondem a refinanceamentos que o BACEN concede aos Bancos Comerciais por determinadas operações previstas em lei ou em regulamentos próprios. De modo a simplificar o balancete consolidado dos Bancos Comerciais, é possível unir em um único item do passivo (n) as contas mais triviais do ativo e do passivo. Assim, o “saldo líquido das demais contas” corresponderá à seguinte soma algébrica: n = (g + k + m) - (d + e + f) itens do passivo ↩ ↪ itens do ativo Assim, o balancete sintético do Bancos Comerciais figurar-se-á como: BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DOS BANCOS COMERCIAIS ATIVOS PASSIVOS a) Reservas bancárias a1. Em moeda corrente a2. Em depósitos no Banco Central a2.1. Volúntários a2.2. Compulsórios b) Empréstimos ao setor privado c) Títulos públicos e particulares Recursos Monetários h) Depósitos à vista Recursos Não Monetários i) Depósitos a prazo j) Redescontos l) Depósitos de poupança n) Saldo líquido das demais contas 1.4 Contas do Sistema Monetário: o Banco Central O Banco Central tem como escopo desempenhar quatro funções fundamentais: i) a de emissor de papel-moeda; ii) a de banqueiro do Tesouro Nacional; iii) a de banqueiros dos Bancos Comerciais; iv) a de depositário das reservas internacionais do país; Essas funções são refletidas nas contas consolidadas do Banco Central. No balancete abaixo, se encontram os principais recursos do BACEN e suas aplicações mais notáveis: BALANCETE CONSOLIDADO DO BANCO CENTRAL ATIVOS PASSIVOS a) Reservas internacionais b) Empréstimos ao Tesouro Nacional c) Títulos públicos federais d) Redescontos e) Moeda corrente f) Empréstimos ao setor privado g) Empréstimos a entidades públicas h) Imobilizado bancário i) Aplicações especiais j) Demais aplicações k) Saldo em papel-moeda emitido l) Reservas bancárias em depósito no Banco Central L1. Voluntárias L2. Compulsórias m) Depósitos do Tesouro Nacional n) Recursos próprios o) Empréstimos externos p) Recursos especiais q) Demais exigibilidades ↳ O BACEN pode, ainda, exercer outras funções, a ele atribuídas pela política governamental. Essas atribuições dão origem a diferentes recursos e aplicações, que, no balancete acima, são representados, respectivamente pelos itens (p) e (i). Para formar, a partir da tabela acima, o balancete sintético do Banco Central, é necessário seguir algumas etapas operacionais: i) Ao se utilizar do conceito de papel-moeda em circulação (PMC), é possível sintetizar os itens “saldo em papel-moeda emitido” (k) e “moeda corrente” (e) em um único. Por definição: PMC = k - e. O PMC, por sua vez, desdobrar-se-á em: “papel-moeda em poder do público” (r) e “reservas bancárias” (L1). k - e = r + L1 ii) De forma a simplificar o balancete, coloca-se sob o título de “saldo líquido das demais contas” (s) a diferença entre os itens do passivo “recursos próprios (n) e demais exigibilidades (q)” e os itens “imobilizado bancário (h) e demais aplicações (i)”, pertencentes ao grupo dos ativos. Observe que, pela definição, (s) pertence aos passivos. s = (n + p) - (h + i) iii) É possível decompor as contas do passivo em duas vertentes: � BASE MONETÁRIA: É composta pelos meios de pagamento gerados pelo Banco Central; correspondem ao papel-moeda em poder do público e o total das reservas (não remuneradas) dos Bancos Comerciais, ou alternativamente, ao papel-moeda em circulação e as reservas (não remuneradas) dos Bancos Comerciais depositadas no Banco Central. � RECURSOS NÃO MONETÁRIOS: Compreendem os depósitos do Tesouro Nacional, os empréstimos externos, os recursos especiais e o saldo líquido das demais contas (nesse caso, são incluídos os encaixes remunerados). Nesse sentido, segue que as contas consolidadas sintéticas do Banco Central configuram-se da seguinte forma: BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DO BANCO CENTRAL ATIVOS PASSIVOS a) Reservas internacionais b) Empréstimos ao Tesouro Nacional c) Títulos Públicos federais d) Redescontos e) Empréstimos ao setor privado f) Empréstimos a entidades públicas i) Aplicações especiais Base Monetária r) Papel-moeda em poder do público l) Reservas totais dos bancos comerciais Recursos Não Monetários m) Depósitos do Tesouro Nacional o) Empréstimos externos p) Recursos especiais s) Saldo líquido das demais contas 1.5 Contas consolidadas do Sistema Monetário As contas consolidadas do sistema monetário corresponde à soma algébrica do balancete sintético dos Bancos Comerciais ao balancete sintético do Banco Central. Para tanto, é necessário eliminar as contas internas do sistema, que aparecem casadas no ativo dos Bancos Comerciais e no passivo do Banco Central e vice-versa. Considerando os balancetes apresentados acima, segue que: BALANCETE CONSOLIDADO DO SISTEMA MONETÁRIO ATIVOS PASSIVOS Aplicações dos bancos comerciais a) Empréstimos ao setor privado b) Títulospúblicos e particulares Aplicações do Banco Central c) Reservas internacionais d) Empréstimos ao Tesouro Nacional e) Títulos públicos federais f) Empréstimos a entidades públicos g) Aplicações especiais Meios de pagamento h) Papel-moeda em poder do público i) Depósitos à vista nos Bancos Comerciais Recursos não monetários dos Bancos Comerciais j) Depósitos a prazo k) Depósitos de poupança l) Saldo líquido das demais contas Recursos não monetários do Banco Central m) Depósitos do Tesouro Nacional n) Empréstimos externos o) Recursos especiais p) Saldo líquido das demais contas 1.6 Criação e destruição de base monetária e de meios de pagamento Os balancetes consolidados do Banco Central e dos Bancos Comerciais ratificam a seguintes proposições: i) qualquer variação na base monetária é acompanhada de uma variação das operações ativas ou do passivo não monetário do Banco Central. △BASE MONETÁRIA = △OPERAÇÕES ATIVASBACEN - △PASSIVO NÃO MONETÁRIOBACEN ii) qualquer variação nos meios de pagamento deve apresentar, como contrapartida, uma variação do ativo ou do passivo não monetário do sistema bancário (SB) como um todo. △BASE MONETÁRIA = △OPERAÇÕES ATIVASSB - △PASSIVO NÃO MONETÁRIOSB ↪ CRIAÇÃO DE MEIOS DE PAGAMENTO Haverá criação de meios de pagamento sempre que o setor bancário (SB) adquirir algum haver não monetário do setor não bancário da economia (SNB), realizando o pagamento em moeda manual ou escritural. � PROCESSO DE MONETIZAÇÃO! Então, haverá expansão monetária quando: - Pela elevação das operações ativas do setor monetário; - Pela queda do passivo não monetário do setor bancário; ↪ DESTRUIÇÃO DOS MEIOS DE PAGAMENTO Haverá destruição de meios de pagamento sempre que o setor bancário (SB) vender algum haver não monetário ao setor não bancário da economia (SNB), recebendo pagamento em moeda manual ou escritural. Logo, acontecerá diminuição dos meios de pagamento quando: - Houver queda das operações ativas do setor monetário; - Houver aumento do passivo não monetário do setor bancário da economia; 1.7 O multiplicador bancário A oferta monetária (M1) pode ser modelada de acordo com o comportamento dos agentes bancários e dos potenciais depositantes. Tal modelagem basear-se-á na conduta dos agentes econômicos, bem como na atuação do Banco Central no que tange à delimitação de taxas de redesconto, de recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista e no controle de base monetária. Nesse sentido, todas as consequências dinâmicas serão consideradas. Admite-se que é possível exprimir os meios de pagamento (M) por meio de uma função da base monetária (B), isto é, M = f(B,v), em que v é um vetor conhecido de variáveis econômicas. Nos modelos mais simples, como o apresentado, a função assume a forma linear, isto é: M =mB 2. BALANÇO DE PAGAMENTOS 2.1 Conceitos básicos ↬ BALANÇO DE PAGAMENTOS: registro sistemático das transações entre residentes e não-residentes de um país em um determinado período de tempo. ↳ Consideram-se residentes todos os agentes econômicos que possuam seu “centro de interesse” fixado em um determinado país; por “centro de interesse”, entende-se o local no qual dar-se-á a participação na produção e absorção de bens e serviços, em caráter permanente, de um agente. OBS.: Os registros contábeis no BP são pautados no princípio das partidas dobradas − isto é, um débito em determinada conta deve apresentar, em contrapartida, um crédito em alguma outra e vice-versa. Nesse sentido, a soma do saldo de todas as contas tomadas em conjunto deve necessariamente ser igual a zero. As contas do BP podem ser subdivididas em dois grandes grupos: ↪ CONTAS OPERACIONAIS: correspondem aos fatos geradores do recebimento ou da transferência de recursos ao exterior. Quando o fato gerador da transação dá origem a uma entrada de recursos para o país, a conta correspondente é creditada, isto é, lançada com sinal positivo. Em contrapartida, quando origina uma saída de recursos, a conta em questão é lançada com sinal negativo, isto é, debitada. ↪ CONTA DE RESERVAS: corresponde ao registro do movimento do meios de pagamento internacionais à disposição do país. Contabilizam-se as variações das reservas internacionais decorrentes de transações entre residentes e não residentes em determinada economia. As contas usualmente classificadas sob esta rubrica são: i) Haveres no exterior; ii) Ouro Monetário; iii) Direitos Especiais de Saque (SDR)¹; ¹moeda escritural criada pelo FMI. iv) Posição de reservas no FMI; OBS.: Os lançamentos nas contas de caixa obedecem à seguinte sistemática: lança-se a débito (sinal negativo) o aumento no saldo de cada um dos itens relacionados, e a crédito (sinal positivo) a diminuição desse. 2.2 A estrutura do balanço de pagamentos ESTRUTURA GERAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS CONTA CORRENTE i) Bens (Balanço comercial) ii) Serviços � Transportes � Aluguel de Equipamentos � Royalties iii) Rendas � Lucros e dividendos � Juros iv) Transferências Unilaterais Correntes (T.U.C) CONTA TOTAL DE CAPITAL (K = Ka + Kb) i) Conta de Capital � Transferências de Capital (T.U.K) ii) Conta Financeira � Investimentos diretos � Investimentos de portfólio � Empréstimos � Amortizações � Financiamentos iii) Erros e Omissões iv) Capitais Compensatórios � Reservas: ↳ Haveres no exterior Ouro Monetário Direitos Especiais de Saque (DES) Posição de reservas no FMI � Atrasados 2.3 Posição Internacional de Investimentos (PII) ↬ PII: balanço contábil do estoque de ativos e passivos financeiros externos de uma economia. 3. CONTAS NACIONAIS 3.1 Conceitos básicos ↬ CONTAS NACIONAIS: corresponde ao registro contábil que descreve a geração, distribuição e uso da renda em um país durante determinado período de tempo; relata as relações entre a economia nacional e o resto do mundo. Esse registro sistemático deve obedecer a dois princípios, que seguem a regra das partidas dobradas: i) o equilíbrio interno de cada conta; ii) o do equilíbrio externo do sistema; A contabilidade nacional desenvolve-se a partir de sete conceitos básicos: produtos, renda, consumo, poupança, investimento, absorção e despesa. Esclarecê-los-emos: ↪ PRODUTO: afere o valor total dos bens e serviços finais produzidos no país durante determinado período de tempo. ↳ OBS.: Para evitar dupla contagem, só se inclui no produto o valor de bens e serviços finais produzidos durante o período em questão. ↪ RENDA: corresponde à remuneração dos fatores de produção. Incluem-se nesta conta: - salários (remuneração do trabalho); - juros (remuneração do capital de empréstimo); - lucros (remuneraçãodo capital de risco); - aluguéis (remuneração da propriedade de bens de capital); ↳ OBS.: Para que não ocorra dupla contagem, só se inclui na renda os juros e os aluguéis pagos a pessoas físicas. Com efeito, os pagos a pessoas jurídicas já são contabilizados na sua conta de lucros e perdas, entrando na renda na rubrica “lucros”. ↪ CONSUMO: é o valor dos bens e serviços absorvidos pelos indivíduos para a satisfação de seus desejos. Incluem-se nesta conta: - consumo pessoal; - consumo do governo; ↪ POUPANÇA: equivale à renda não consumida. ↪ INVESTIMENTO: corresponde ao acréscimo do estoque físico de capital, compreendendo a formação de capital fixo mais variação de estoques. ↳ OBS.: Parte do investimento bruto é destinado a reposição de equipamentos ou renovação de instalações, por obsoletismo ou desgaste. O valor dessas reposições é estimada no item “depreciações” da contabilidade nacional. Nesse sentido, o investimento líquido é igual ao bruto menos depreciações. INVEST. LÍQ. = INVEST. BRUTO - DEPRECIAÇÕES ↪ ABSORÇÃO: por definição, absorção é a soma do consumo com o investimento; trata-se, portanto, do valor dos bens e serviços que a sociedade absorve em determinado período de tempo ou para consumo de seus indivíduos ou para o aumento do estoque de capital. ↳ OBS.: Em uma economia fechada, é notório que a absorção coincide com o produto. No caso de uma economia aberta, os dois agregados podem ser diferentes. ABSORÇÃO = CONSUMO + INVESTIMENTO ↪ DESPESA: trata-se da soma da absorção interna (consumo mais investimento) com o saldo das exportações sobre as importações. DESPESA = ABSORÇÃO + (EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES) Por meio dessas definições, a contabilidade nacional chega a duas identidades fundamentais: PRODUTO = RENDA = DESPESA POUPANÇA = INVESTIMENTO 3.2 O sistema de contas nacionais – economia fechada sem governo AGENTES ECONÔMICOS INDIVÍDUOS ↲ ↳ EMPRESAS ↪ INDIVÍDUOS: trabalham para as empresas, detêm a propriedade de seu capital e lhes emprestam recursos financeiros; ↪ EMPRESAS: concentram, com exclusividade, a produção e o investimento; ↳ OBS.: Um trabalhador autônomo, que preste serviços a outros indivíduos, é tratado como uma empresa individual, que recebe a receita desses serviços, e a transfere integralmente, a títulos de salários, a seu proprietário. Por definição, o lucro é tal que: LUCRO = SALDO DE BENS & SERVIÇOS + INVESTIMENTO LÍQUIDO Essa tautologia contempla dois conceitos de lucro: i) o de excedente operacional, que é resultado das atividades específicas de produção, excluindo-se, portanto, os juros recebidos e pagos pela empresa. ii) o de lucro líquido, que equivale ao excedente operacional mais o saldo das contas financeiras; LUCRO LÍQUIDO = EXCEDENTE OPERACIONAL + (JUROS RECEBIDOS - JUROS PAGOS) Desse modo, as contas de uma empresa figurar-se-á como: BALANCETE DE UMA EMPRESA GENÉRICA DÉBITO CRÉDITO a) Compras a outras empresas b) Salários c) Depreciações d) Excedente operacional � Lucros retidos; � Lucros distribuídos; � Aluguéis pagos a indivíduos; � Juros líquidos pagos a outras empresas; � Juros líquidos pagos a indivíduos; e) Vendas a outras empresas f) Vendas de bens de consumo a indivíduos g) Formação bruta de capital fixo h) Variação de estoques A contribuição Xi da empresa ao produto bruto corresponde ao valor por ela adicionado sem exclusão das depreciações, isto é, o valor bruto de sua produção menos os consumos intermediários. CONTRIBUIÇÃO Xi = ITENS CREDORES - ITEM “COMPRAS A OUTRAS EMPRESAS” A contribuição Yi da empresa à renda compreende dois grupos: i) RENDA RETIDA PELA EMPRESA: Lucros retidos + Depreciações ii) RENDA PESSOAL: Salários + Lucros distribuídos + Aluguéis pagos a indivíduos + Saldo de juros (ind.) CONTRIBUIÇÃO Yi = ITENS CREDORES - ITEM “COMPRAS A OUTRAS EMPRESAS” - ITEM “JUROS LÍQUIDOS (EMP.)” Assim, segue que: Xi = Yi + JUROS LÍQUIDOS (EMP.) Ao agregar todos os balanços de pagamentos, o somatório de todos os juros líquidos é nulo. Dessa forma, chega-se ao resultado: PRODUTO BRUTO = RENDA BRUTA Deduzindo-se de ambos os membros o total de depreciações, obtém-se a seguinte igualdade: PRODUTO LÍQ. = RENDA LÍQ. O sistema de contas nacionais da economia compreende três contas: a de produção, a de apropriação e a consolidada de capital. � CONTA DE PRODUÇÃO: É a consolidação das contas das empresas, visto que, por hipótese, toda produção efetua-se por meio dessas. ↳ OBS.: Nessa consolidação, os itens “compras a outras empresas” e “vendas a outras empresas” se cancelam, já que correspondem a transações internas do sistema. CONTA DE PRODUÇÃO DÉBITO CRÉDITO a) Salários b) Juros líquidos pagos a indivíduos c) Aluguéis pagos a indivíduos d) Lucros distribuídos e) Depreciações f) Lucros retidos g) Consumo pessoal h) Formação bruta de capital fixo i) Variação de estoques ↳ O equilíbrio interno da Conta de Produção prova a identidade PRODUTO = RENDA = DESPESA. � CONTA DE APROPRIAÇÃO: Sinaliza a forma em que se operam a apropriação e utilização da renda pelas famílias e governo. A débito, lançam-se as destinações da renda, ao passo em que, a crédito, registram-se as remunerações dos fatores de produção. Para apresentação da conta de apropriação, é necessário consolidar a conta dos indivíduos, eliminando contas casadas. CONTA DE APROPRIAÇÃO DÉBITO CRÉDITO a) Consumo pessoal b) Poupança bruta do setor privado � Poupança pessoal; � Lucros retidos; � Depreciações; c) Salários d) Juros líquidos pagos a indivíduos e) Aluguéis pagos a indivíduos f) Lucros distribuídos g) Depreciações h) Lucros retidos � CONTA CONSOLIDADA DE CAPITAL: A Conta Consolidada de Capital afere o aumento da capacidade produtiva. CONTA CONSOLIDADA DE CAPITAL DÉBITO CRÉDITO a) Formação bruta de capital fixo b) Variação de estoques c) Poupança bruta do setor privado ↳ O equilíbrio interno da Conta Consolidada de Capital prova a identidade INVESTIMENTO BRUTO = POUPANÇA BRUTA. 3.3 O sistema de contas nacionais – economia aberta sem governo Em uma nova hipótese, admite-se agora que a economia em questão, ainda sem governo, transacione com o exterior. Considere a seguinte simplificação do balanço de pagamentos em transações correntes do país: BALANÇO DE PAGAMENTOS SIMPLIFICADO EM CONTA CORRENTE DÉBITO CRÉDITO a) Importações de bens e serviços b) Renda líquida enviada para o exterior c) Exportações de bens e serviços d) Déficit do balanço de pagamentos em transações correntes O sistema de contas nacionais inclui, agora, quatro contas: a de produção, a de apropriação, a consolidada de capital e a do Setor Externo. Essa última corresponde ao espelhodo sumário do balanço de pagamentos em conta corrente, apresentado acima. � CONTA DE PRODUÇÃO: Estendendo a hipótese básica adotada na modelagem de uma economia fechada sem governo, admite-se que, além de toda a formação de capital, todas as transações realizadas com o exterior sejam conduzidas por meio de empresas. Ao consolidar as contas das empresas, obtém-se a Conta de Produção. Com a abertura da economia ao exterior, faz-se necessário adicionar três novas rubricas à conta de perdas e lucros: importações, exportações e renda líquida enviada ao exterior. CONTA DE PRODUÇÃO DÉBITO CRÉDITO a) Importações de bens e serviços b) Renda líquida enviada ao exterior c) Salários d) Juros líquidos pagos a indivíduos e) Aluguéis pagos a indivíduos f) Lucros distribuídos g) Depreciações h) Exportações de bens e serviços i) Consumo pessoal j) Formação bruta de capital fixo k) Variação de estoques h) Lucros retidos TOTAL DE OFERTA DE BENS & SERVIÇOS TOTAL DE PROCURA DE BENS & SERVIÇOS Em uma economia fechada sem governo, o somatório dos itens da coluna do débito aferia o Produto Bruto da economia em questão. Com a abertura de mercado, surgem duas alterações: i) As importações de bens e serviços não representam valores adicionados à economia e, portanto, devem ser excluídas do cômputo do produto. ii) O cômputo, ou não, do item “Renda líquida enviada ao exterior” é uma questão de critério, uma vez que, embora represente um valor adicionado no país, esse valor é transferido para fora desse. Nesse contexto, surgem dois conceitos: ↪ PRODUTO INTERNO (PIB): Totaliza os valores adicionados no país; inclui, portanto, a renda líquida enviada ao exterior. ↪ PRODUTO NACIONAL (PNB): Totaliza os valores adicionados do país; não inclui, portanto, a renda líquida enviada ao exterior. A partir das definições acima, estabelece-se a relação entre PIB e PNB: PIB = PNB + RLE Assim, adaptando a identidade fundamental da contabilidade nacional, obtém-se: PIB = RENDA INTERNA BRUTA PNB = RENDA NACIONAL BRUTA Pode-se, ainda, deduzir de ambos os itens as depreciações. Tem-se, assim, duas novas igualdades: PRODUTO INTERNO LÍQUIDO = RENDA INTERNA LÍQUIDA PRODUTO NACIONAL LÍQUIDO = RENDA NACIONAL LÍQUIDA � CONTA DE APROPRIAÇÃO: � CONTA DO SETOR EXTERNO: Como dito anteriormente, a Conta do Setor Externo corresponde ao espelho do sumário do balanço de pagamentos, visto que. Assim, essa conta figura-se como: CONTA DO SETOR EXTERNO DÉBITO CRÉDITO a) Exportações de bens e serviços b) Déficit do balanço de pagamentos em transações correntes c) Importações de bens e serviços d) Renda líquida enviada para o exterior
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