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CRISES DO CAPITALISMO

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AS PRINCIPAIS CRISES DO SISTEMA 
CAPITALISTA
2.1 Crise de 1929
 A Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Este período de depressão econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do PIB de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo o medidor de atividade econômica, em diversos países no mundo.
 O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente, e tornou-se notícia em todo o mundo com o crash da bolsa (conhecido como Quinta-Feira Negra). Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande deflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram ao encerramento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou no dia 28 e no dia 29 de outubro.
  
2.3 O embargo do petróleo no conflito árabe-israelense (1973)
 Ficou conhecida como a Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no Oriente Médio.
 A partir da segunda metade do século XIX, este material, até então, sem um uso importante em qualquer setor da economia desponta como importante produto de consumo, tornando-se a principal fonte de energia no mundo, em especial depois da invenção do motor a combustão, que requeria um produto exatamente com as características do óleo negro. Além do uso conhecido como combustível de automóveis, o petróleo é utilizado em centenas de outros produtos, fazendo deste "óleo de pedra" uma peça capital na composição da economia mundial, dando ainda um poder imenso a quem tivesse a posse de fontes de tal produto. Tal fato se reveste de mais importância ao levar-se em conta ainda que tal elemento não é renovável, isto é, as fontes de petróleo logo se esgotam, não se podendo obter mais do produto daquela determinada fonte. Somente após a Segunda Guerra Mundial os principais produtores de petróleo iriam se aperceber do poder que tinham em mãos, e as perspectivas de barganha que a posse de tal riqueza proporcionava.
 É sob tal ótica que se instala, em 1960, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial, resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.
 Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante a Guerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus. Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.
 Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de hiperinflação que duraria quase 20 anos.
 A crise só terminaria cerca de um ano depois com as conversações entre Henry Kissinger e os líderes israelenses, que se retiraram de áreas ocupadas como resultado da vitória na Guerra do Yom Kippur. Tal gesto fez os países árabes suspenderem o embargo, reequilibrando o preço do produto no mundo inteiro, mas não sem antes deixar sequelas. Desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, o mundo não havia presenciado uma crise econômica de proporções tão drásticas.
 O corte de provisão dos Estados que compõem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, provocou o aumento de US$ 2,50 a US$ 11,50 na commodity em 1974. Isso elevou a fatura energética do Ocidente e gerou uma forte crise nos países mais industrializados. A partir dessa crise de preços, os países ocidentais dão início a políticas de diversificação e de economia de energia. Entre outras iniciativas de proteção, a Agência Internacional de Energia (AIE) é criada.
 2.4 A Revolução Iraniana (1979)
 A denominada Revolução Iraniana teve início em 1978 e foi uma reação ao governo do xá Mohamed Reza Pahlevi. O relacionamento do xá e a população iraniana vinha estremecendo desde as concessões que o governante fez aos norte-americanos após a Segunda Guerra Mundial. Para muitas lideranças religiosas do Irã, incluindo o aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini, o xá era corrupto e vendido aos interesses do governo norte-americano.
Desde o ano de 1977, o xá Mohamed Reza Pahlevi passava por uma forte crise interna no seu país, devido a uma série de reformas que não eram aceitas pela maioria dos muçulmanos.
 O xá estimulou a entrada de transnacionais no Irã, dando poder ao petróleo, e a adoção de hábitos ocidentais provocou um profundo descontentamento do clero iraniano. A partir disso, os grupos da oposição se multiplicaram e as manifestações tornaram-se generalizadas no ano de 1978.
 A população iraniana descontente tomou as ruas em 1978 e derrubou o regime do xá Mohamed Reza Pahlevi. Com o desenrolar da agitação, o xá fugiu para o exterior em janeiro de 1979. Ainda em janeiro do mesmo ano, o líder religioso Aiatolá Ruhollah Khomeini voltou do exílio, assumiu a liderança da revolução e declarou o Irã um Estado Islâmico, regido pela sharia e caracterizando uma das únicas revoluções conservadoras do mundo.
 Com a criação do Estado Islâmico, o consumo de álcool foi proibido, os filmes ocidentais foram banidos e as mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto em público. Esse retorno aos costumes originais e a busca da fidelidade aos textos sagrados ficou conhecido como fundamentalismo islâmico.
 As medidas adotadas fortaleceram-se no Irã e buscavam expandir-se para outros países do Oriente Médio, o que gerou reações tanto de países da região quanto de superpotências.
 Em 1979, os rebeldes invadiram a embaixada americana e fizeram os seus funcionários de reféns durante quase um ano. Este fato desencadeou uma intensa crise diplomática entre o Irã e os Estados Unidos da América.
 Quando a revolução já estava bem consolidada, no ano de 1980, o ditador iraquiano Saddam Hussein, encorajado pelos norte-americanos, invadiu o territórioiraniano. Estes acontecimentos deram início à Guerra Irã-Iraque, um dos piores conflitos do século XX, que durou até o ano de 1988 e deixou cerca de 1 milhão de mortos.
2.5 Iraque invade Irã (1980)
 A guerra no Golfo Pérsico começou em 22 de setembro de 1980, quando tropas do Iraque atravessaram o Rio Chat-el-Arab, na fronteira sul com o Irã. No dia 17 daquele mês, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, havia denunciado os acordos de Argel, estabelecidos em 1975, que fixaram os limites territoriais dos dois países. Com a ofensiva, o Iraque pretendia recuperar territórios perdidos com esses acordos.
 Na época da invasão, o governo iraquiano acreditava que o Exército do Irã, convulsionado pela revolução, se renderia em questão de semanas. Acreditava ainda que encontraria um país enfraquecido pela recente Revolução Islâmica dos fanáticos inspirados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Deu-se mal. Não só os ataques serviram para unir os iranianos, como o país demonstrou ter fôlego e disposição para o longo conflito que viria.
 No dia 22 de setembro, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, deu ordem de ataque a suas forças para punir "provocações" do inimigo. Dez aeroportos iranianos foram bombardeados pelas forças iraquianas. No dia 28, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução exigindo o cessar das hostilidades, mas as forças do Iraque ganharam terreno dentro do país vizinho.
 A ofensiva do Iraque durou até junho de 1982, mas resultou na conquista de apenas alguns milhares de quilômetros quadrados do território inimigo. A primeira contraofensiva iraniana foi encerrada em 1984, quando os jovens voluntários de Khomeini estiveram próximos da tomada das Ilhas Majnum. Nessa fase do conflito, as forças de Bagdá passaram a utilizar armas químicas, dando origem a uma série de condenações por parte da ONU.
 
2.6 A Segunda-feira Negra (1987)
 Em 19 de outubro de 1987, milhões de investidores se lançaram em massa a vender suas ações na Bolsa de Nova York devido à crença generalizada de gestão inadequada de informações confidenciais e à aquisição de empresas com dinheiro procedente de créditos. O Dow Jones caiu 508 pontos, somando 22,6% de baixa em um único pregão, superando os sucessivos recuos que provocaram a Grande Depressão e arrastando bolsas européias e asiáticas. Isso trouxe como consequência uma intensificação da coordenação monetária internacional e dos principais assuntos econômicos.
2.7 A crise do peso mexicano (1994)
Incapaz de manter a taxa de câmbio fixo em relação ao dólar, o Governo do México anunciou a desvalorização da moeda nacional. A falta de confiança na economia mexicana desencadeou uma grande saída de capital. Os créditos cessaram, a produção diminuiu e o desemprego aumentou mais de 60%. As consequências negativas sobre o resto da América Latina são batizadas de Efeito Tequila.
 
2.8 A crise dos Gigantes Asiáticos (1997)
Em julho a moeda tailandesa se desvalorizou. Logo depois caíram as de Malásia, Indonésia e Filipinas, repercutindo também em Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul. O efeito desses recuos arrastou as outras economias da região, convertendo-se posteriormente na primeira crise em escala global. O FMI elaborou uma série de pacotes de resgate para salvar as economias mais atingidas e promoveu várias reformas estruturais.
2.9 A crise do rublo (1998)
O sistema bancário da Rússia entrou em colapso, com uma suspensão parcial de pagamentos internacionais, a desvalorização da moeda e o congelamento de depósitos em divisa estrangeira. O FMI concedeu vários créditos multimilionários para evitar a queda livre do rublo e que os danos fossem irreparáveis no mercado internacional.
2000: “A crise das pontocom”. Os excessos da nova economia deixaram um rastro de quebras, fechamentos, compras e fusões no mundo da internet e das telecomunicações, e também um grande buraco nas contas das empresas de capital de risco. Em 10 de março, o principal índice da Nasdaq, máximo expoente da nova economia e do êxito das empresas de tecnologia, fechou em 5.048,62 pontos, recorde histórico. Em apenas três anos, a crise apagou do mapa quase cinco mil companhias e algumas das maiores corporações do setor de telecomunicações, vítimas dos maiores escândalos contábeis da história. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) respondeu com uma redução de 0,5 ponto na taxa básica de juros.
 
2001: “As Torres Gêmeas”. Os atentados de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas em Nova York e o Pentágono em Washington, que deixaram um balanço de cerca de três mil mortos, provocaram também queda nas bolsas. O índice Nikkei de Tóquio caiu mais de 6%, e os pregões europeus tiveram fortes recuos que levaram os investidores a buscar refúgio no mercado do ouro e em bônus do Tesouro americano. O Fed também respondeu à crise com cortes dos juros, na campanha mais forte de sua história nesse sentido.
 
2001-2002: “A crise argentina”. O Governo não possuía fundos para manter a paridade fixa do peso ante o dólar e, perante a saída de capitais, impôs restrições à retirada de depósitos bancários, uma medida conhecida como Corralito. Em dezembro de 2001, Buenos Aires suspendeu o pagamento da dívida, de quase US$ 100 bilhões. Em janeiro de 2002, o presidente Eduardo Duhalde se viu obrigado a terminar com a paridade e transformou em pesos os depósitos bancários em dólares.
2008-2009: “A Grande Recessão”.
  Os EUA sofreram a maior crise financeira desde os anos 1930, consequência de um relaxamento na avaliação do risco. O mau momento contagiou o resto do mundo. O detonante foi a explosão de uma enorme bolha imobiliária, que revelou que os bancos tinham estendido hipotecas lixo (subprime) a pessoas sem condições de pagá-las, com a expectativa de que o preço dos imóveis seguisse subindo. As hipotecas foram transformadas em títulos e vendidas nos mercados, o que gerou centenas de bilhões de dólares de prejuízo aos investidores. O presidente George W. Bush criou um programa de resgate financeiro de US$ 700 bilhões. Ele e seu sucessor, Barack Obama, usaram o dinheiro para resgatar bancos, seguradoras e montadoras. Obama impulsionou também um plano de estímulo de US$ 787 bilhões para revitalizar a economia, com investimentos especialmente em construções e educação, ajudas aos desempregados e subsídios às energias alternativas. Ao mesmo tempo, Obama promoveu a maior reforma financeira desde os anos 1930 em nível nacional, complementada com uma iniciativa para endurecer as normas bancárias internacionalmente.
 2009-2010: “A crise da dívida na Europa”. O novo Governo da Grécia reconhece que o déficit do país é muito superior ao revelado anteriormente, o que altera o interesse nos mercados por seus bônus. União Europeia (UE) e FMI negociam durante meses um programa de ajuda, enquanto os investidores continuam castigando a Grécia. E, em maio, finalmente aprovam um plano de resgate dotado de 110 bilhões de euros (US$ 140 bilhões) para os próximos três anos. Então, os mercados já começam a duvidar da capacidade de outros países europeus de pagar sua dívida. O contágio da ansiedade afeta em particular Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, e afunda o valor do euro. A UE age e anuncia, ainda em maio, que mobilizará 750 bilhões de euros para apoiar a dívida de qualquer país da zona de moeda única. O Banco Central Europeu (BCE) inicia a compra de bônus soberanos dos países-membros.

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