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83 Revista de Ciências Gerenciais Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 Marcio Luis Carreira Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara mlcarreir@hotmail.com Alex Fernando Mariano Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara alxmariano@gmail.com Ana Carolina Sartori Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara anacarolinasartori@yahoo.com.br Rodrigo Setra de Oliveira Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara rodrigosetra@hotmail.com APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS NA GESTÃO DE PROCESSOS DAS ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM RESUMO Um dos principais fatores no desempenho de uma organização consiste na obtenção de eficiência operacional em relação aos concorrentes que possibilite oferecer produtos e serviços diferenciados no mercado. A competitividade e as mudanças no ambiente externo proporcionam às organizações não somente uma necessidade estratégica, mas sim uma necessidade no sentido de aprendizado em resposta as transformações globais. O campo do aprendizado é o aperfeiçoamento da capacidade individual com o desejo de trabalhar em conjunto para criar o novo conhecimento. Cabe aos líderes proporcionar um ambiente para a criação de sistemas e reflexão, e estimular a capacidade de trazer à luz e discutir os vários modelos mentais, desenvolver a inteligência coletiva da organização e criar condições para que ela funcione. Nesse estudo, constata-se uma eficiência operacional na utilização das ferramentas na gestão dos processos de uma empresa com foco na aprendizagem organizacional. Palavras-Chave: Organizações que aprendem; disciplinas de aprendizagem; ferramentas gerenciais; pensamento sistêmico. ABSTRACT One of the principal factors in the acting of an organization consists of the obtaining of operational efficiency in relation to the competitors that's makes possible to offer products and services differentiated at the market. The competitiveness and the changes in the external atmosphere provide the organizations not only a strategic need, but a need in the learning sense in answer the global transformations. The field of the learning is the improvement of the individual capacity with the desire of working together to create the new knowledge. It falls to the leaders to provide an atmosphere for the creation of systems and reflection, and to stimulate the capacity to bring to the light and to discuss the several mental models, to develop the collective intelligence of the organization and to create conditions for work. In this study, an operational efficiency in the use of the tools in the management of the processes of a company with focus in the organizational learning is evidenced. Keywords: Learning Organizations; learning disciplines; managerial tools; systems thinking. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@unianhanguera.edu.br Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 6/5/2009 Avaliado em: 1/9/2009 Publicação: 22 de setembro de 2009 84 Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 1. INTRODUÇÃO Em tempos atuais, as mudanças no ambiente empresarial, como reflexo da abertura do comércio internacional e da competitividade das empresas, promovem transformações nítidas no ambiente organizacional das empresas. Esse cenário tende a proporcionar constantes barreiras e desafios para as empresas, exigindo rapidez na solução de problemas prementes na busca pela efetividade objetivando superação de conflitos e a sobrevivência da organização. Com isso, ferramentas gerenciais focadas em seus conceitos de melhoria contínua, eficiência e eficácia, e aprendizado organizacional, visam diferencial competitivo e vantagens estratégicas de posicionamento diante da concorrência no mercado. Segundo Drucker (1997), gestores e executivos ainda não sabem como se comportar dentro da empresa, nem que ferramentas usar para obter os melhores resultados, pois ainda vivem o paradigma de trabalhar para alguém e não para a organização. Segundo Arvie de Geus, “[...] a fonte de toda vantagem competitiva sustentável está na capacidade relativa da empresa em aprender mais rápido e melhor do que seus concorrentes” (SENGE, 1990, p.39). Tendo em vista o panorama em que se encontram as atividades organizacionais, uma saída é a gestão baseada na Aprendizagem Organizacional. 2. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Um novo tipo de gestão organizacional, onde os conceitos de aprendizagem contínua são desenvolvidos de uma forma sistêmica, tem sido implementado por diversas empresas atualmente. Esse novo modelo de organização surgiu na década de 90, com o conceito Learning Organizations ou Organizações que Aprendem. Senge (1990) desenvolveu seu trabalho aplicando a Teoria dos Sistemas à Administração, e que representou uma nova roupagem sobre o modo de ver as empresas e sua capacidade de criar resultados desejados no meio em que está inserida. Ele apresentou um conjunto de cinco disciplinas de aprendizagem que se desenvolvidas na organização visam estimular a criatividade, o trabalho em equipe, a habilidade para enfrentar desafios e adaptar-se às contínuas mudanças. Essas disciplinas são: • Pensamento sistêmico. Marcio Luis Carreira, Alex Fernando Mariano, Ana Carolina Sartori, Rodrigo Setra de Oliveira 85 Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 • Domínio pessoal. • Modelos mentais. • Visão compartilhada. • Aprendizagem em equipe. De acordo com Senge (apud EYNG; REIS, 2006), a aprendizagem organizacional destaca-se como um meio consistente de apropriação e renovação de conhecimento e de melhoria contínua que agrega valor às tarefas e ao processo de trabalho. A adoção dessa abordagem sistêmica permite que as organizações sejam capazes de enxergar as estruturas sistêmicas por trás dos padrões de comportamento que geram os eventos ao passo que lhes capacitaria a se transformarem em agentes modificadores do sistema e a responderem efetivamente às constantes mudanças do ambiente. Para Senge (1990) a aspiração coletiva ganha liberdade onde às pessoas aprendem continuamente a aprender juntas, promovendo uma interação que ultrapassa os limites da organização, sendo que, para compreender questões gerenciais mais complexas é preciso ver o sistema inteiro. “As organizações que aprendem contam com um poderoso diferencial competitivo, visto que, ao longo da história as vantagens competitivas evoluíram.” (MACHADO apud ROCHA, 2001). Garvin (1998) cita que o aprendizado é oportuno e cria flexibilidade e agilidade para que a organização possa lidar com a incerteza. Acredita-se que os fatores que detêm o diferencial competitivo: qualidade, os processos e as pessoas, por sua vez, formam a base das Organizações que Aprendem. É de vital importância que as cinco disciplinas se desenvolvam em conjunto para criar sinergia e obter as recompensas provenientes das inter-relações entre as disciplinas. 2.1. Aplicando ferramentas às cinco disciplinas Conforme Garvin (1998), a aprendizagem é um processo de reflexão que leva a ação, é elevar o olhar ao campo de ação para adquirir uma perspectiva melhor de aprimoramento constituindo a aprendizagem A atribuição de ferramentas às cinco disciplinas consiste em garantir uma melhor interação dos conceitos de aprendizagem organizacional nos processos da empresa. O modelo proposto segue a integração das ferramentas gerenciais as metodologias que as empresas devem adotar para tornarem-se Organizações que 86Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 Aprendem. A abordagem será feita a partir das necessidades de cada uma das cinco disciplinas conforme Quadro 1. QUADRO 1 – Aplicação das ferramentas as cinco disciplinas. Fonte: adaptado de Marques (2004). 2.2. Disciplinas de aprendizagem e ferramentas gerenciais 1º Disciplina Domínio pessoal: [...] através dele aprendemos a esclarecer e aprofundar continuamente nosso objetivo pessoal, a concentrar nossas energias, a desenvolver a paciência, e a ver a realidade de maneira objetiva (MACHADO apud CORREA, 2001). Tem a ver com atitude pessoal diante da vida, promovendo a substituição da atitude reativa pela criadora. No contexto estabelecido por Senge (1990), aprender não significaria estritamente adquirir mais conhecimento, mas sim expandir a capacidade de produzir os resultados desejados para a vida. Ela é o alicerce espiritual da organização que aprende, pois clarifica e esclarece aquilo que é realmente importante, levando pessoas a viverem a serviço de suas aspirações. Hábitos eficazes para o domínio pessoal: Covey (1989) sintetizou um programa para o desenvolvimento e amadurecimento contínuos do caráter e da eficácia individual baseado em sete hábitos: a) Seja proativo. b) Comece com o objetivo em mente. c) Primeiro o mais importante. Disciplinas de aprendizagem Ferramentas gerenciais 1º - Domínio pessoal Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes 2º - Modelos mentais Benchmarking 3º - Visão compartilhada DPM – Direção por Missões 4º - Aprendizado em equipe Engajamento de pessoas 5º - Pensamento sistêmico Método de resolução de problemas em equipes – 8D Marcio Luis Carreira, Alex Fernando Mariano, Ana Carolina Sartori, Rodrigo Setra de Oliveira 87 Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 d) Pense ganha-ganha. e) Procure primeiro compreender, depois ser compreendido. f) Crie sinergia. g) Renovação. A busca pelo domínio pessoal consiste na compreensão de paradigmas, a atitude e o comportamento humano derivam da observação desse mapa mental, ou seja, a maneira de ver o mundo representa sua forma de pensar e agir. Todavia esse mapa apenas tenta descrever um território. O território em si compõe-se de princípios fundamentais que são guias para a conduta humana. Quanto mais próximos estiverem esses mapas dos princípios melhor descreverá a realidade e tenderão a causar impacto na eficácia pessoal. Proatividade significa tomar a iniciativa, reconhecer a responsabilidade de fazer com que as coisas aconteçam. É não esperar que algo aconteça, ou que alguém tome conta, mas sim aproveitar a iniciativa para fazer tudo que é preciso para que as tarefas sejam cumpridas. O desafio maior está em criar uma atmosfera em que as pessoas possam aproveitar as oportunidades para solucionar problemas de um modo cada vez mais confiante. Mesmo em causas mais complexas de erro, a atitude proativa consiste em reconhecê-lo instantaneamente, corrigi-lo e aprender com ele, visto que, nossa reação a qualquer erro afeta a qualidade dos momentos seguintes. Ser proativo implica em ser responsável pelas próprias vidas, o comportamento humano resulta de decisões tomadas, e não das condições externas. Começar com um objetivo em mente significa começar tendo uma compreensão clara do destino. Significa saber para onde você está seguindo, de modo a compreender melhor onde está agora, e dar os passos sempre na direção correta. Baseia-se em princípios de liderança pessoal e autoconsciência e leva a examinar os próprios pensamentos, criando assim uma missão pessoal. Significa abordar papéis de desempenho na vida, a partir do esclarecimento de valores e pretensões. Ser responsável pela própria criação de seu papel, de forma que os paradigmas determinantes do comportamento estejam em conformidade com os valores e em harmonia com os princípios corretos. Segundo Covey (1989) no mundo dos negócios o mercado muda tão rapidamente que muitos produtos e serviços bem-sucedidos na preferência e necessidade popular há poucos anos ficaram atualmente obsoletos. Uma liderança proativa forte, precisa monitorar constantemente a mudança no meio social, fornecendo a energia necessária para organizar os recursos na direção certa. 88 Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 2º Disciplina Modelos mentais: Os modelos mentais determinam não somente a forma como entendemos o mundo, mas também como agimos. Segundo Correa (apud MACHADO, 2002) os modelos mentais possuem o poder de influenciar o que fazemos porque eles influenciam o que vemos. Para Senge (1990) o domínio dessa disciplina é caracterizado pela capacidade de trazer à tona as imagens internas pessoais sobre o funcionamento do mundo, esclarecer as premissas por trás dessas imagens, testar sua validade para então aperfeiçoá-las. É ainda, o mapa de identidade das idéias mais enraizadas e generalizadas que influenciam a forma de uma pessoa de ver e de se relacionar com o mundo. Benchmarking de modelos mentais: Para Cardia e Grings (2008) o Benchmarking é uma ferramenta de pesquisa contínua e sistemática, onde se realizam comparações de processos e práticas para avaliar produtos, serviços e métodos de trabalho buscando aprimoramento e superioridade competitiva. Trata-se de um foco externo das atividades internas da organização. É um processo de aprendizagem com os outros aplicados aos processos da empresa sendo viável a qualquer organização. A vantagem do benchmarking é a mudança da maneira de uma organização pensar sobre a necessidade para melhoria, pois fornece um senso de urgência para melhoria. Um senso de competitividade surge à medida que uma equipe reconhece oportunidades de melhorias além de suas observações diretas, e os membros da equipe tornam-se motivados a se empenhar por excelência, inovação e aplicação de pensamento inovador a fim de conseguir sua própria melhoria de processo. A Canon Inc. lançou uma copiadora de porte médio por um preço consideravelmente menor que o custo de produção de uma máquina similar da Xerox. Após alguns estudos a gerência da Xerox, confirmou-se o pior; a Canon era radicalmente mais eficaz. Assim o gerente Robert Camps, de competência de benchmarking na Xerox, estudou e colocou em prática várias técnicas japonesas de produção que ajudariam a Xerox a atingir suas metas. Desde então, a participação dela nos mercados doméstico e global de copiadoras tem subido consideravelmente à medida que Camps introduz na Xerox um processo para atingir saltos significativos de desempenho. A chave para a Xerox em milhares de outras organizações em todo o mundo é aprender as melhores práticas de terceiros e utilizá-las para melhorar seu próprio desempenho. Barboza Junior et al. (2000) citam que benchmarking é uma escola onde se aprende a aprender. Saber fazer e adaptar benchmarking no processo da organização pode permitir vislumbrar oportunidades e também ameaças competitivas, constituindo um atalho seguro para a excelência. Marcio Luis Carreira, Alex Fernando Mariano, Ana Carolina Sartori, Rodrigo Setra de Oliveira 89 Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 3º Disciplina Visão compartilhada: Para que os objetivos tenham um propósito, se faz necessária à criação de princípios e diretrizes que permitirão que o futuro desejado seja alcançado. Os objetivos só podem se tornar realidade quando as pessoas acreditam que podem levara cabo a construção de seu futuro (MACHADO apud MANO, 2002). A empresa deve possuir uma missão bem definida para que as pessoas dêem o melhor de si e que venha adotar uma visão compartilhada, na qual são fatores preponderantes ao compromisso e comprometimento ao invés da aceitação (EYNG; REIS apud SENGE, 2004). DPM – Direção por Missões compartilhadas: Willian George, presidente da Medtronic, assumiu a direção financeira da empresa em 1993, o valor dela em bolsa era de US$ 1 bilhão em 2005 chegou a US$ 40 bilhões, todavia o resultado econômico é conseqüência da adoção de atitudes corretas e ter mantido uma organização centrada em uma missão bem articulada. Segundo George, quando há um sentido de missão de forma coerente, os colaboradores aceitam e se comprometem com ela. Esse compromisso leva a inovação e a excelência nos processos. Historicamente a missão é apresentada com valores e credos fundamentados em objetivos rígidos que carecem de esclarecimento para comprometimento. Sem sabem o para que é muito difícil chegar ao como. O primeiro passo é definir a missão da empresa. “Somente uma definição clara da missão é razão de existir da organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa.” (PAGNOCELLI; VASCONCELOS apud DRUCKER, 1992) Para Kotler (2000), uma missão bem difundida desenvolve nos funcionários um senso comum de oportunidade, direção, significância e realização, atuando como uma mão invisível que guia os funcionários para um trabalho independente, mas coletivo, na direção da realização dos potenciais da empresa. Na DPM, uma missão se define como uma contribuição que caracterize a identidade da empresa e que no nível departamental caracterize a identidade da equipe. Uma vez definido a missão é necessário fazê-la funcionar em todos os níveis da organização, se desdobrando em missões compartilhadas formando um conjunto de missões que devem completar a missão superior. O conjunto de missões compartilhadas forma um organograma de missões, conforme Quadro 2, gerando um mapa de missões compartilhadas em diferentes níveis. 90 Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 QUADRO 2 – O organograma da missão. Empresa Produção Administração/Finanças Outros 1. Serv ir os clientes. 1. Superar as expectativas e necessidades dos clientes. 1. Satisfazer as necessidades dos clientes por meio de qualidade e do serv iço. 1. Otim izar o financiamento das ativ idades de relacionamento com os clientes. 1. ... 2. Recompensar o capital do acionista. 2. Garantir a m argem dos produtos. 2. Garantir a competitiv idade nos custos. 2. Controlar e analisar o retorno do investim ento. 2. ... 3. Impulsionar a melhora contínua da em presa. 3. Transformar as necessidades dos clientes em sugestões para melhorar produtos e serv iços. 3. Implem entar melhorias nos produtos e processos. 3. Facilitar as informações para a realização da m issão da empresa. 3. ... 4. Promover o bem- estar pessoal. 4. Criar um clima de desenvolv im ento profissional, confiança e reconhecimento. 4. Motivar o funcionário e fomentar o reconhecimento. 4. Fomentar a autonom ia e o aprendizado contínuo dos funcionários. 4. ... 5. Contribuir para a com unidade. 5. Participar ativamente das ativ idades sociais. 5. Usar racionalmente os recursos, respeitando o m eio ambiente. 5. Cumprir a lei e os princípios éticos. 5. ... Departamentos Missão da empresa M is sõ es c om pa rti lh ad as Vendas Fonte: adaptado de Cardona e Rey (2005). Estabelecidas as missões nos diferentes níveis, estas devem tornar-se operacionais por meios de objetivos concretos, os objetivos só têm sentido quando representam um serviço da missão da empresa, pois, na DPM o fim não é conseguir objetivos mais elevados e sim realizar a missão cada vez melhor. Cada pessoa será a principal responsável na hora de estabelecerem seus objetivos em seu nível. Sem a imposição de objetivos, estabelece-se um equilíbrio no processo de desdobramento de objetivos para baixo. O benefício mais importante da DPM, é que ao criar o sentido de missão ajuda os gestores a serem autênticos líderes. Contudo é necessário desenvolver competências para garantir o funcionamento da DPM, referentes à dimensão interpessoal, liderança, a comunicação, o coaching e o trabalho em equipe. 4º Disciplina Aprendizado em equipe: É a disciplina relacionada ao processo de alinhar e de desenvolver a capacidade coletiva de se criar os resultados definidos pela equipe, oriundo da visão compartilhada. Através do diálogo, a aprendizagem em equipe permite que os membros do grupo elaborem uma lógica comum, de forma que o resultado das habilidades grupais seja maior e mais significativo que a somatória das habilidades individuais de cada pessoa. Engajamento de pessoas e o aprendizado em equipe: A questão chave para o sucesso é a qualidade da equipe e seu grau interação com a empresa. Desenvolver o comportamento de compromisso nas pessoas de forma aprofundada e genuína convém a Marcio Luis Carreira, Alex Fernando Mariano, Ana Carolina Sartori, Rodrigo Setra de Oliveira 91 Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 utilização de metodologias como a delegação e feedback para obter resultado no trabalho em fluxo. A Delegação é um instrumento de ajuda para organização do trabalho e tem importância vital na descentralização das decisões tomadas dentro da empresa. Conceitualmente delegação é a transferência de autoridade e responsabilidade para execução de uma tarefa que, será mais propriamente executada pelo delegado. Segundo Oliveira (2001) a delegação é um produto das relações humanas, pois visa motivação, treinamento, enriquecimento de funções de conhecimento e habilidade para realização do trabalho e experiência na execução de trabalhos semelhantes. Finalmente, delegar significa conversar com os colaborares para identificar fatores como confiança, criatividade, inovação, grau de iniciativa e contribuição. Para ajustar as engrenagens fica evidente, nesse contexto, a importância em dar e receber feedback. Para Maranhão (2006), o feedback determina a velocidade do trabalho na organização e o tempo de ciclo de realização de um projeto. Permite imediata coordenação e avaliação do processo bem como, os gerenciamentos de novos recursos se forem necessários, proporcionando a condição adequada das atividades em fluxo. Atividades em fluxo é um conceito científico denominado pelo estudo da física de regime estacionário. É quando modelos termodinâmicos (como turbinas de aviões) atingem máximo de eficiência e eficácia (mínimo consumo de energia, mínima resistência de avanço, maior geração de trabalho útil), isso ocorre quando há foco intensivo no trabalho realizado, o trabalho flui, rende e há o sentimento de gratificação, prazer e compromisso. Nesse ambiente, a harmonia e sincronismo de ações no desempenho dos processos levam a ótimos resultados. Compreendendo esses fatores, líderes e gestores podem propiciar ambiente favorável para manter equipes sinérgicas. 5º Disciplina Pensamento sistêmico: O pensamento sistêmico visa ajudar a enxergar as coisas como parte de um todo, não como peças isoladas, bem como criar e mudar a sua realidade. É a disciplina específica que proporciona aos indivíduos, a visão da organização como um todo. É a capacidade de identificar e entender como as forças e os elementos estruturais de um sistema interagem para produzir os diversos fenômenos comos quais se deparam. Neste aspecto Senge (1990) afirma que o pensamento sistêmico é a quinta disciplina, aquela que integra as outras, fundido-as em um corpo coerente de teoria e prática. 92 Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 Método de resolução de problemas em equipes – a visão sistêmica: O método de resolução de problemas em equipe 8D (do Inglês – Team Oriented Problem Solving – TOPS 8D) foi desenvolvido por uma empresa automotiva americana, baseada no até hoje imbatível processo de análise de problemas desenvolvido por Benjamin Tregoe nos anos 60 nos EUA, objetiva a análise sistemática de possíveis causas de um problema e as várias formas de corrigi-lo definitivamente. O processo original até hoje é utilizado pela NASA – Agência Espacial Americana. Usando as oito fases, esta metodologia permite que todo o processo de planejamento, de decisão e de resolução do problema seja feito no mais curto espaço de tempo, garantindo que o problema seja efetivamente resolvido. As oito fases do método são as seguintes: 1. Criar uma equipe e trabalhar com ela: unir um grupo de pessoas com co- nhecimentos do processo e do produto, atribuir tempo, responsabilidades e conhecimentos técnicos das disciplinas de resolução de problemas e de implementação de ações corretivas; 2. Descrever o problema: especifique o problema do cliente interno / exter- no, identificando-o. Descrever o problema em termos quantificáveis e es- tabelecer parâmetros em grau de importância; 3. Implementar e verificar as ações intermédias de contenção: Definir e im- plementar planos e ações de contenção para atenuar os efeitos do proble- ma, até que as ações corretivas permanentes sejam implementadas. Veri- ficar a efetividade das ações de contenção; 4. Definir e verificar a causa raiz: Identificar todas as causas possíveis que poderão explicar a ocorrência do problema. Isolar e verificar confrontan- do-as com a descrição do problema e com outros dados; 5. Escolher e verificar as ações corretivas permanentes: Confirmar quantita- tivamente, que as ações corretivas selecionadas irão resolver o problema e não vão causar quaisquer efeitos secundários indesejáveis baseando-se numa análise de risco; 6. Implementar as ações corretivas permanentes: Definir e planear a imple- mentação das ações corretivas permanentes selecionadas e definir siste- mas de controle, de maneira a assegurar que a causa raiz foi eliminada. Monitorizar os efeitos de longo prazo e, se necessário, implementar ações de reação; 7. Prevenir a recorrência: Modificar os sistemas, procedimentos e práticas necessárias, de maneira a prevenir a recorrência deste ou de qualquer ou- tro problema similar. Identificar oportunidades de melhoramento e esta- belecer iniciativas de melhoria de processo; 8. Felicitar a equipe: Reconheça publicamente e comemore o esforço coletivo da equipe. Em alguns casos o uso das oito fases, conforme ilustrado na Figura 1, não é obrigatório, nem todos os problemas precisam de uma equipe para ser resolvido, nesse caso, a primeira fase, e a última não são apropriadas. Marcio Luis Carreira, Alex Fernando Mariano, Ana Carolina Sartori, Rodrigo Setra de Oliveira 93 Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 FIGURA 1 – Fluxograma básico do processo de resolução de problemas em equipe - 8D. O método, na sua totalidade deverá ser usado quando a resolução do problema está para além das capacidades de uma só pessoa. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Garvin (1998), o maior benefício de tornar explícitos os processos de aprendizado é que, a partir daí, a organização pode melhorar e acelerar sua capacidade de aprender. Conceitos, habilidades e atitudes relevantes num dado momento deixam de sê- lo no momento seguinte. Com a mudança transformando tudo o tempo todo, aprender a aprender passou a ser a competência central e duradoura a ser desenvolvida pelas pessoas. O aprendizado 94 Aplicação de ferramentas na gestão de processos das organizações que aprendem Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 83-95 não é um fim em si mesmo, uma organização que aprende tem uma cultura e um conjunto de valores que promovem a aprendizagem continuamente. A integração das ferramentas gerenciais feitas aos conceitos da aprendizagem organizacional com foco na gestão de processos aqui sugeridas tem a pretensão de servirem como propostas aplicáveis à multiplicidade de situações que gestores enfrentam no dia-a-dia, visando fornecer ferramentas práticas podendo ser implementadas como elemento transformador nas organizações que desejam recorrer ao aprendizado organizacional. Importa construir o futuro que você e as pessoas nas organizações desejam. REFERÊNCIAS BARBOZA JUNIOR, A.; LIMA, D. S.; OLIVEIRA, J. S.; FERME, L. S.; MELO, M. C.; ALLÓ, T. C. B. Benchmarking. 2000. Monografia (Organização, Sistemas e Métodos) - Faculdades Integradas Campos Salles, São Paulo. Disponível em: <http://www.maurolaruccia.adm.br/trabalhos/benchmar.htm>. Acesso em: 04 maio 2008. CARDIA, W.; GRINGS, Z. Benchmarking. Disponível em: <http://jasconsultoria.vilabol.uol.com.br/artigoBenchmarking.htm>. Acesso em: 04 maio 2008. CARDONA, P.; REY, C. DPM: direção por missões. HSM Management. mar./abr. 2005. COVEY, Stephen R. Os sete hábitos das pessoas eficazes. São Paulo: Nova Cultural, 1989. DRUCKER, Peter F. Como reagir às mudanças. HSM Management. mar./abr. 1997. EYNG, I. S.; REIS, D. R.; PILATTI, L. A.; FRANCISCO, A. C. Disciplinas da aprendizagem: um diagnóstico de uso. XII SIMPEP, Bauru, SP, 7-9 nov. 2005. EYNG, I. S.; REIS, D. R. 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