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94J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Utilização de hormônios na produção avícola: mito ou realidade? Use of hormone in poultry production: myth or reality? Nathália de Andrade Thereza1, Célia Regina de Ávila Oliveira1, Hellen Daniela Sousa Coelho1, Mariana Bataglin Villas Boas1, Raquel Machado Cavalca Coutinho1, Juliano Guerreiro1 1Curso de Nutrição da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil; Curso de Enfermagem da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Bra- sil; Curso de Farmácia da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil. Resumo Realizamos um levantamento bibliográfico a respeito da utilização de hormônios para auxiliar no processo de crescimento rápido das aves de corte, uma revisão bibliográfica de artigos e livros pertinentes ao tema, publicados de 1986 a 2014, nas bases de dados Scielo, Medline, Lilacs, Bireme, Pubmed e em sites de universidades brasileiras federais e particulares. Os hormônios mais estudados, que visam à promoção do crescimento das aves, são os esteroides, hormônios da tireoide e peptídeos somatotróficos. Nenhum estudo com- provou eficácia no crescimento e mesmo que a utilização de hormônios apresente algum fator positivo de desenvolvimento, a possibi- lidade de utilizá-lo é inviável por diversos fatores, tanto pelo alto custo das substâncias empregadas, como pela dificuldade em administração individual nas aves. Por meio da revisão dos artigos, concluiu-se que não são utilizados hormônios para a produção e rá- pido desenvolvimento das aves, isto se dá, sobretudo, à evolução genética e desenvolvimento da tecnologia durante longos anos de pesquisa. Descritores: Hormônios; Aves; Aves domésticas. Abstract We perform a literature review about the use of hormones to aid in the rapid growth of broilers process, a literature review of articles and books relevant to the topic was conducted published 1986-2014 in Scielo databases, Medline, Lilacs, Bireme, Pubmed and in federal and private brazilian universities sites. The most studied hormones, aimed at promoting growth of poultry, are steroids, thyroid hormones and peptides somatotróficos. No studies have proven efficacy in the growth and even the use of hormones present a positive factor of development, the possibility of using it is not feasible for several reasons, both the high cost of employed substances such as the difficulty of individual administration in birds. Through review of articles, it was concluded that hormones are not used for the pro- duction and rapid development of the birds, this occurs mainly to the genetic evolution and development of technology for many years of research. Descriptors: Hormones; Birds; Poultry. Introdução A avicultura brasileira tem crescido nas últimas dé- cadas, tornando-se um seguimento forte na agroindús- tria nacional. Os frangos produzidos no Brasil alcança- ram mercados exigentes e o avanço desta tecnologia permitiu que o produto atingisse 142 países, segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA 20131-2. O crescimento da avicultura no Brasil ao longo dos anos, ocorreu devido a diversos fatores, como o pro- gresso nos avanços na tecnologia avícola com intensas pesquisas em genética, nutrição e sanidade, sendo con- siderada um dos segmentos da agroindústria que mais evoluiu no século XX3. Apesar disto, há um grande mito que envolve a avi- cultura moderna brasileira, onde frequentemente sur- gem artigos que divulgam a carne de frango como ali- mento prejudicial à saúde humana, mencionando a utilização de substâncias proibidas para acelerar o de- senvolvimento e crescimento dos frangos, principal- mente a utilização de hormônios3. Os hormônios que induzem crescimento e ganho de massa são substâncias que quando utilizadas nas dietas produzem um efeito não desejado. Caso fossem admi- nistrados, a aplicação deveria ser diária, aumentando a demanda da mão-de-obra para a administração em milhares de aves presentes na granja, causando um possível estresse nos animais. Ademais, o Decreto 76.986 de 6 de Janeiro de 1976, regulamenta a Lei n° 6.198, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização ob- rigatórias dos produtos destinados à nutrição animal e proíbe a adição de hormônios em alimentos para ani- mais. Portanto, por ser uma substância proibida no Bra- sil, não há possibilidade de livre comércio, sendo algo ilegal, de alto custo e inviável4. A carne de frango é considerada um alimento saudá- vel, devido à baixa quantidade de gordura quando con- sumida sem pele, apresentando alto teor de proteínas, fonte importante de aminoácidos, apontada como sendo fonte de ferro e vitaminas, sobretudo as do com- plexo B. Além disso, é um alimento que tem custo mais baixo, comparado à carne vermelha, sendo mais aces- sível a grande parte da população brasileira5. O presente trabalho consiste em uma revisão biblio- gráfica de artigos e livros pertinentes ao tema, publica- dos 1986 e 2014, nas bases de dados Scielo, Medline, Lilacs, Pubmed e em sites de universidades brasileiras federais e particulares nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola, com delimitação dos descritores: hormô- nios; aves; produção avícola; avicultura e mitos. O mé- todo utilizado está relacionado à análise criteriosa dos artigos já publicados relacionados ao tema. Incluíram- se artigos que descreviam as razões técnicas e científicas que tornam inviável a utilização de hormônios na pro- dução avícola e foram excluídos textos que não aten- deram aos requisitos do trabalho científico. Nesse sentido, desmistificar a utilização de hormônios que envolvem a avicultura no Brasil é apropriado e oportuno, a fim de esclarecer os consumidores com informações adequadas sobre os alimentos que conso- mem. Revisão da literatura O Brasil é um país que, atualmente, possui excelência em tecnologia genética, manejo e ambiência na pro- dução de frangos ocupando a terceira posição como maior produtor do mundo. Esta classificação se dá de- vido à utilização de boas práticas na produção, sendo possível assim conquistar mercados extremamente exi- gentes, como União Europeia e Japão. Atualmente, o setor avícola reúne mais de 3,5 milhões de trabalhado- res, sendo produtores, funcionários e profissionais di- retamente e indiretamente ligados à produção. O seg- mento prevê crescimento de 70% até 20501. A exportação da carne de frango teve início na dé- cada de 70 e já em 1980, com a exigência dos proces- sos de implantação de qualidade, como controle de luminosidade, temperatura, umidade e densidade po- pulacional da granja, reduziu-se a quantidade de pro- dutores, o que proporcionou uma seletividade natural dos mesmos. Nos anos 90, mais precisamente em 1996, observou-se que a produtividade no crescimento dos frangos aumentou 65%, com uma diminuição de 50% na quantidade de ração consumida pelas aves. Com isto, notou-se, também, uma redução do tempo de en- gorda. Em 1930, o tempo de engorda era período de 105 dias, já em 1996 este período passou a ser de 45 dias. Com o menor consumo de ração e a redução de tempo para o período de engorda, observou-se uma menor necessidade de área para cultivo de grãos, di- minuição de impactos ambientais e diminuição na ge- ração de dejetos, obtendo menor custo para produção avícola e, consequentemente, menor custo para co- mercialização3. A qualidade da carne de frango possui características que dependem de alguns fatores pré e pós-abate. O aroma e o sabor são provenientes do aquecimento de- corrente da transformação de substâncias lipossolúveis e hidrossolúveis, além da volatilização de alguns com- postos. A cor da carne está relacionada às fibras mus- culares, ao pigmento da mioglobina e hemoglobina presentes no sangue. A palatabilidade e a textura estão relacionadas à espécie, fatores genéticos, idade, estresse e outros demais fatores5. Devido ao rápido crescimento dos frangos e curtos períodos de criação, a população fazquestionamentos e associa a prática de utilização de hormônios. Os hor- mônios são substâncias químicas naturais secretadas nos fluidos orgânicos pelas células, com a função de direcionar o controle fisiológico de outras células ou órgãos. O conforto ambiental e a nutrição são fatores exógenos importantes, porém são os fatores endógenos que determinam o processo de crescimento3-4. Os hormônios mais estudados, que visam à promoção do crescimento, foram os esteroides, hormônios da ti- reoide e peptídeos somatotróficos. No caso dos este- roides, apresentam estrutura química que é baseada no núcleo esterol, similar ao colesterol e pode ser consi- derado derivado do mesmo. Neste grupo de substâncias estão os hormônios gonadais como testosterona, estro- gênio e progesterona. Os hormônios da tireoide são derivados da tirosina (tiroxina-T4 e triodotiroxina-T3) e regulam processos metabólicos. Já os peptídeos soma- totróficos são compostos pelo hormônio de crescimento (GH) e seus fatores de crescimento, considerados se- melhantes à insulina IGF-I e IGF-II (do inglês: Insulin- like Growth Factors) e o fator de liberação do hormônio de crescimento – GHRF (do inglês: Growth Hormone Releasing Factor)4. Segundo pesquisas realizadas na Alemanha, anali- sou-se a contribuição dos hormônios presentes nos ali- mentos ingeridos para o volume total de hormônios es- teroides que circulam no organismo humano. Obser - vou-se que a ingestão destes hormônios, dificilmente atinge 6% da quantidade já produzida de forma natural no corpo humano. O estudo considerou muito frágil o argumento do problema de hormônios esteroides na carne de frango, já que os frangos se alimentam de olea- ginosas e que 90% destes esteroides consumidos pelas pessoas são desativados quando passam pelo fígado6. De acordo com estudo realizado por Burnside, Liou, Zhong e Cogburn7, a utilização de hormônio GH não resulta em indicadores de efeitos metabólicos com re- lação ao peso corporal, mostrando a ausência de be- nefício no peso ou no rendimento da carne de aves. Além do mais, sabe-se que o controle do crescimento via hormônios depende da interação entre hormônios e da presença de receptores. Porém, sabe-se que exis- tem linhagens anãs que não apresentam os receptores para GH7. Segundo Fennell e Scanes8, tanto a utilização do GH natural quanto a utilização do GH recombinante de- monstrou não ser eficiente em nenhum tipo de ave no período pós-eclosão. A utilização do hormônio foi efe- tiva apenas em aves hipofisectomizadas. Moellers e Cogburn15 utilizando GH de frango natural e recombi- nante administraram diariamente a substância via sub- cutânea com doses de 100 ou 200 mg por quilo de peso do animal durante 14 dias, após 21 dias de idade. De acordo com a conclusão do estudo, os frangos que receberam a introdução da substância GH via subcu- tânea não tiveram aumento de peso corporal e nem al- terações dos níveis plasmático de IGH-I, hormônios da tireoide, insulina, glucagon e glicose, sendo observado, apenas, aumento da gordura corporal8-10. Outro estudo realizado por Burke et al.11, injetando GH recombinante de galináceos a partir dos 2 dias até J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Utilização de hormônios na produção avícola95 o 24º dia de idade do frango, constatou que o GH re- combinante é ativo biologicamente nos frangos, porém não promove o rápido crescimento dos mesmos11. Vasilatos-Younken et al.12, utilizaram o método de injeção de GH a cada 90 minutos durante o período de 21 dias seguidos em frangos do sexo feminino de 8 semanas de idade. Neste caso houve um aumento no peso dos ossos, redução de gordura e crescimento lon- gitudinal, entretanto, verificou-se falha no crescimento somático12-14. Com relação ao crescimento do eixo somatotrófico, o estudo realizado por Moellers e Cogburn15, avaliou a liberação do GH no plasma, causada pelo estímulo da infusão do GHRF. De acordo com os resultados apre- sentados, o estudo não observou efeitos benéficos re- lacionados ao crescimento das aves15. Já Dean et al.16 utilizou a técnica de injeção do GH in ovo, aplicando GH recombinante em ovos com 11 dias de incubação. Concluiu-se que o GH não está li- gado diretamente no crescimento somático dos frangos. No estudo feito por Kocamis et al.17, com injeção in ovo de IGF-I recombinante de origem humana, houve um sutil aumento na taxa de desenvolvimento das aves, porém o estudo não foi adiante16-17. Com relação à utilização de hormônios T3 e T4, sabe- se que estes hormônios têm importância no desenvol- vimento muscular, por este motivo vários trabalhos uti- lizaram tal substância. Na pesquisa executada por May18 em frangos, não se observou evolução quanto ao ganho de peso devido à administração de hormônio exógeno T3 e T4. Porém, notou-se um pequeno estímulo de crescimento em aves anãs. Outro estudo realizado por Decuypere et al.19, que observou o uso contínuo de hormônio T3 na alimentação de frangos, constatou que houve redução do crescimento das aves. Na Tabela 1 estão expostos os resultados da utilização dos hormô- nios tireoidianos e o GH em frangos. Mediante os estudos apresentados, onde não se ob- servaram melhora considerável no crescimento dos frangos quando relacionados ao uso de hormônios, questiona-se quais são os promotores de crescimento e tecnologias empregadas para que, de fato, isto ocorra de maneira rápida e eficaz. Destas tecnologias, veri- fica-se que a alta capacidade de desenvolvimento dos frangos está ligada a fatores intrínsecos, com forte in- fluência dos fatores extrínsecos, sendo resultado de di- versos anos de pesquisa científica em temas de nutrição, sanidade, manejo, ambiência e instalações20. Quanto à nutrição das aves, é fundamental que ocorra de maneira correta. Para tanto, são elaborados os mo- delos de dietas que visa atender as necessidades do animal, correlacionando interações entre os nutrientes, calculando o requerimento da ave e considerando uma fórmula menos cara21-23. No caso da sanidade, o controle ocorre por meio do uso correto dos procedimentos sanitários, utilizando vacinas de acordo com o histórico da região e prote- gendo a ave e consumidor final. Além do controle va- cinal há, também, a higiene pessoal dos funcionários, limpeza e higienização do ambiente e das instalações, bem como dos equipamentos utilizados. Deve haver um controle rigoroso quanto à qualidade nutricional dos ingredientes, controle das vacinações, manipulação correta de produtos, controle ativo de pragas como in- setos e roedores, além do descarte de aves doentes ou com algum problema, descartando, também, os resí- duos da mesma. Como medida de biossegurança, roti- neiramente e sistematicamente, devem-se realizar estas operações de inspeção e higienização das instalações para o controle de qualidade das aves21-24. O manejo é considerado todo o procedimento que será realizado com as aves desde a preparação do galpão até a saída do lote. O manejo engloba, de um modo geral, toda a estrutura física, cuidados na produção, condições nutricionais, sanitárias, localização do aviário, estruturas como bebedouros e camas, entre outros e pode variar de acordo com o tipo de ave que será pro- duzido no local, sendo exigência de cada raça, um tipo de manejo mais favorável para seu desenvolvimento25. A ambiência considera o controle de temperatura, umidade do ar, localização, iluminação, transporte, en- tre outros. São os fatores que interferem no ambiente de criação onde a ave se localiza, sendo necessário um rígido controle diário, com o objetivo de propor- cionar bem-estar e aumentar a produtividade, reduzindo possíveis mortes26. Considerando o exposto citado acima, o sucesso da produção da ave e da aceitação do consumidor final vai depender de todos os setores envolvidos nesta ca- deia produtiva, já que a falha em um destes segmentos poderá trazer transtornose danos irreparáveis para o desenvolvimento da atividade25. Com isto, os principais motivos para não se utilizar hormônios exógenos na produção avícola estão rela- cionados a diversos fatores, sendo um deles o Decreto n° 76.986, de 6 de Janeiro de 1976, que regulamentou a Lei n° 6198, de 26 de Dezembro de 1974, que em seu Art. 1°. “Proíbe a administração, por qualquer meio, na alimentação das aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgê- nicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substân- cias β-agonistas, com a finalidade estimular o crescimento e eficiência alimentar” (Brasil, 1976)27. As pesquisas demonstram que não há pretexto técnico, com base no desempenho das aves, que impliquem em vantagens para o uso dos hormônios, conforme deter- minado por lei a proibição do uso dos mesmos, além das razões de ordem prática, algumas substâncias re- querem injeção diária através da implantação de cateter, sendo inviável para o Brasil, já que o mesmo produz mais de seis bilhões de frangos por ano4. Outro fator considerado determinante para a invia- bilização da utilização de hormônios está relacionado ao alto custo das substâncias, como no caso do GH, não compatível com o custo relacionado à margem de lucro e comercialização da avicultura. Considerando, também, que o setor avícola é altamente profissionali- 96 J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Thereza NA, Oliveira CRA, Coelho HDS, Villas Boas MB, Coutinho RMC, Guerreiro J. J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Utilização de hormônios na produção avícola97 zado, conduzido por profissionais que prezam por man- ter a integridade da marca de sua empresa, por atender normas exigentes de diversos países importadores3-4. O crescimento rápido dos frangos é, portanto, resul- tado de décadas de pesquisa e investimentos científicos, por meio do aperfeiçoamento e melhorias com relação à nutrição, sanidade, manejo, ambiência e instalações. Num estudo realizado por Havenstein, Ferket e Qu- reshi28-29 em 2003, foi feita a comparação de uma li- nhagem de aves sem seleção com um grupo de aves da mesma linhagem, porém com seleção. Os dois gru- pos utilizaram a dieta que era empregada em 1957 e uma dieta nova, usada a partir de 2001. Nessa pesquisa observou-se que a linhagem sem seleção, ao usar a nova dieta, teve pequena vantagem com ganhos de peso (8,5%) e conversão alimentar (10,1%), sem valores de rendimento no peito. Já a linhagem com seleção, que utilizou a nova dieta, adquiriu um considerável ganho em peso (27,8%), conversão alimentar (16%) e rendimento de peito (14,7%), resultando em uma me- lhora de 320% em ganho de peso, 20% em conversão alimentar e 60% em rendimento de peito, quando com- parada à linhagem sem seleção. Esses dados possibili- tam confirmar que o melhoramento genético e a nutri- Autor Objetivo Resultado May, 1980 Estudos com o uso de T3 e T4 com o objetivo de influenciar no rápido crescimento das aves. Não apresentou melhorias com relação a peso corporal e eficiência alimentar das aves avaliadas. Foram observados pequenos estímulos de crescimento em aves anãs. Decuypere, 1987 Influenciar no crescimento dos frangos de corte, com o uso contínuo de T3 na dieta das aves. Resultou em efeito negativo, ocorrendo a redução do crescimento. Burnside e Argawal, 1992 Melhoramento metabólico com relação a peso corporal, devido a utilização de GH. A pesquisa não apresentou resultados benéficos, demonstra ser ativo de forma biológica, porém não promove crescimento dos animais. Scanes, 1992 Relacionar o GH bovino com o crescimento dos frangos de corte. Não eficiente ao estímulo de crescimento pós-eclosão das aves. Dean, 1993 Através da injeção do GH recombinante in ovo de 11 dias de incubação, com o objetivo de proporcionar o crescimento rápido das aves. O estudo não apresentou resultado positivo e concluiu-se que o GH não está diretamente ligado com o crescimento somático dos frangos. Moellers e Cogburn, 1994 Avaliação da infusão pulsátil do GHRF com o objetivo de estimular a liberação do GH. Não apresentou efeitos considerados positivos com relação a ganho de peso, eficiência alimentar e composição corporal nos frangos em crescimento. Burnside e Argawal, 1992 Melhoramento metabólico com relação a peso corporal, devido a utilização de GH. A pesquisa não apresentou resultados benéficos, demonstra ser ativo de forma biológica, porém não promove crescimento dos animais. Scanes, 1992 Relacionar o GH bovino com o crescimento dos frangos de corte. Não eficiente ao estímulo de crescimento pós-eclosão das aves. Dean, 1993 Através da injeção do GH recombinante in ovo de 11 dias de incubação, com o objetivo de proporcionar o crescimento rápido das aves. O estudo não apresentou resultado positivo e concluiu-se que o GH não está diretamente ligado com o crescimento somático dos frangos. Moellers e Cogburn, 1994 Avaliação da infusão pulsátil do GHRF com o objetivo de estimular a liberação do GH. Não apresentou efeitos considerados positivos com relação a ganho de peso, eficiência alimentar e composição corporal nos frangos em crescimento. Burke, 1997 Analisar a eficiência do GH recombinante de galináceos com injeção da substância do 2º ao 24º dia de idade da ave com o objetivo de promover o crescimento das aves. Por meio da pesquisa, constatou-se que é ativo biologicamente, porém não está relacionado à promoção do crescimento rápido. Kocamis, 1998 Injeção in ovo de IGF-I recombinante de origem humana com o objetivo de estimular o crescimento dos frangos de corte. O estudo apresentou resultado considerado promissor, porém não foi explorado. Vasilatos – Younken, 1999 Relacionar o GH de galinha com o crescimento dos frangos, com aplicação da substância com intervalos de 90 minutos por 21 dias. Redução do peso corporal atual das aves, com queda no indicador de desempenho. Havenstein, 2003 Avaliar qual a origem do crescimento rápido do frango, e a que se dá este avanço. A pesquisa mostrou que o crescimento ocorre devido a seleção genética das aves, sendo de 85 a 90% responsável por esse avanço e de 10 a 15% devido à nutrição adequada. Quadro 1. Pesquisas realizadas com utilização de hormônios e sua influência no desenvolvimento dos frangos de corte. ção correspondem de 85 a 90% e de 10 a 15%, res- pectivamente, nos avanços no ganho de peso das aves. Dessa forma, pode-se inferir que o agente que será considerado determinante no desempenho das aves está no campo da genética, onde o grupo mais qualifi- cado irá servir como base genética para próxima a ge- ração de frangos de corte28-29. Vale notar que diferentes métodos foram empregados nos diversos estudos, onde alguns usaram hormônios de crescimento, o GH, e outros os da tireoide como T3 e T4, conforme dados compilados a seguir, no Quadro 1. Discussão Apesar de diferentes épocas e diferentes métodos uti- lizados em cada estudo aqui citado, é possível em todos eles, observar que a aplicação ou administração de substâncias que estão relacionadas com o desenvolvi- mento das aves nem sempre resultam em efeitos posi- tivos, a exemplo do estudo desenvolvido por Decuy- pere19 que introduziu o hormônio T3 de forma contínua na dieta de frangos e obteve resultado negativo, redu- zindo o crescimento das aves estudadas. Pôde-se observar, também, no estudo realizado por Moellers e Cogburn15, onde o GH foi administrado dia- riamente de forma subcutânea nas aves durante o pe- ríodo de 14 dias, que não se obteve melhora em peso corporal ou em indicadores metabólicos, porém, houve um considerável aumento na gordura corporal dos fran- gos estudados, o que não apresenta benefício no de- senvolvimento, tendo em vista que a gordura não é fa- vorável para a comercialização da carne. Em contrapartida, a pesquisa conduzida por Kocamiset al.17, que administrou a injeção do IGF-I recombi- nante de origem humana in ovo, apresentou resultado promissor, onde pôde-se observar algum crescimento físico de forma mais acelerada com o auxílio da subs- tância administrada, porém não houve avanços na pes- quisa e com isso, nenhuma comprovação da eficiência. Diante dos estudos apresentados, pode-se inferir que nenhum tipo de hormônio pode ser utilizado para o rápido crescimento das aves, sobretudo tendo em vista o decreto de lei que proíbe essas administrações, e que não há estudos que comprovem tal eficiência e benefí- cios com relação ao custo e à saúde. Pelo fato de não se terem evidenciado resultados po- sitivos ao decorrer dos anos, as pesquisas mudaram de direção e passaram a ser relacionadas à tecnologia em ambiência, manejo, genética e nutrição das aves, o que, por sua vez, proporcionou uma melhora no meio extrínseco em que os animais são criados, acarretando em uma evolução na produção das aves e, consequen- temente, melhora em diversos fatores, como o cresci- mento em um período curto de tempo. Conclusão A carne de frango é considerada uma carne saudável, com alto teor de nutrientes e com o custo acessível para a maioria da população, constituindo uma opção interessante ao consumidor. A produção da carne é ad- ministrada por indústrias, compostas por equipes de elevada formação que tem o objetivo de produzir o alimento de forma segura e dentro dos padrões estabe- lecidos pela lei, onde se proíbe a utilização de qualquer substância que seja capaz de estimular o crescimento e a eficiência alimentar destas aves. Por meio da revisão dos artigos foi possível constatar que mesmo que a utilização de hormônios apresente algum fator positivo de desenvolvimento, a possibili- dade de utilizá-lo é inviável por diversos fatores, tanto pelo alto custo das substâncias, como pela dificuldade em administração individual nas aves. Portanto, con- clui-se que não se utiliza de hormônios para a produção e rápido desenvolvimento das aves, isto se dá, sobre- tudo, à evolução genética e desenvolvimento da tec- nologia durante longos anos de pesquisa. Referências 1. Simpósio Brasil Sul de Avicultura. 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