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Hormônio avícola

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94J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9
Utilização de hormônios na produção avícola: mito ou realidade?
Use of hormone in poultry production: myth or reality?
Nathália de Andrade Thereza1, Célia Regina de Ávila Oliveira1, Hellen Daniela Sousa Coelho1, Mariana Bataglin
Villas Boas1, Raquel Machado Cavalca Coutinho1, Juliano Guerreiro1
1Curso de Nutrição da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil; Curso de Enfermagem da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Bra-
sil; Curso de Farmácia da Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil.
Resumo
Realizamos um levantamento bibliográfico a respeito da utilização de hormônios para auxiliar no processo de crescimento rápido das
aves de corte, uma revisão bibliográfica de artigos e livros pertinentes ao tema, publicados de 1986 a 2014, nas bases de dados Scielo,
Medline, Lilacs, Bireme, Pubmed e em sites de universidades brasileiras federais e particulares. Os hormônios mais estudados, que
visam à promoção do crescimento das aves, são os esteroides, hormônios da tireoide e peptídeos somatotróficos. Nenhum estudo com-
provou eficácia no crescimento e mesmo que a utilização de hormônios apresente algum fator positivo de desenvolvimento, a possibi-
lidade de utilizá-lo é inviável por diversos fatores, tanto pelo alto custo das substâncias empregadas, como pela dificuldade em
administração individual nas aves. Por meio da revisão dos artigos, concluiu-se que não são utilizados hormônios para a produção e rá-
pido desenvolvimento das aves, isto se dá, sobretudo, à evolução genética e desenvolvimento da tecnologia durante longos anos de
pesquisa. 
Descritores: Hormônios; Aves; Aves domésticas.
Abstract
We perform a literature review about the use of hormones to aid in the rapid growth of broilers process, a literature review of articles
and books relevant to the topic was conducted published 1986-2014 in Scielo databases, Medline, Lilacs, Bireme, Pubmed and in
federal and private brazilian universities sites. The most studied hormones, aimed at promoting growth of poultry, are steroids, thyroid
hormones and peptides somatotróficos. No studies have proven efficacy in the growth and even the use of hormones present a positive
factor of development, the possibility of using it is not feasible for several reasons, both the high cost of employed substances such as
the difficulty of individual administration in birds. Through review of articles, it was concluded that hormones are not used for the pro-
duction and rapid development of the birds, this occurs mainly to the genetic evolution and development of technology for many years
of research.
Descriptors: Hormones; Birds; Poultry.
Introdução
A avicultura brasileira tem crescido nas últimas dé-
cadas, tornando-se um seguimento forte na agroindús-
tria nacional. Os frangos produzidos no Brasil alcança-
ram mercados exigentes e o avanço desta tecnologia
permitiu que o produto atingisse 142 países, segundo
o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento –
MAPA 20131-2.
O crescimento da avicultura no Brasil ao longo dos
anos, ocorreu devido a diversos fatores, como o pro-
gresso nos avanços na tecnologia avícola com intensas
pesquisas em genética, nutrição e sanidade, sendo con-
siderada um dos segmentos da agroindústria que mais
evoluiu no século XX3.
Apesar disto, há um grande mito que envolve a avi-
cultura moderna brasileira, onde frequentemente sur-
gem artigos que divulgam a carne de frango como ali-
mento prejudicial à saúde humana, mencionando a
utilização de substâncias proibidas para acelerar o de-
senvolvimento e crescimento dos frangos, principal-
mente a utilização de hormônios3.
Os hormônios que induzem crescimento e ganho de
massa são substâncias que quando utilizadas nas dietas
produzem um efeito não desejado. Caso fossem admi-
nistrados, a aplicação deveria ser diária, aumentando
a demanda da mão-de-obra para a administração em
milhares de aves presentes na granja, causando um
possível estresse nos animais. Ademais, o Decreto
76.986 de 6 de Janeiro de 1976, regulamenta a Lei n°
6.198, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização ob-
rigatórias dos produtos destinados à nutrição animal e
proíbe a adição de hormônios em alimentos para ani-
mais. Portanto, por ser uma substância proibida no Bra-
sil, não há possibilidade de livre comércio, sendo algo
ilegal, de alto custo e inviável4.
A carne de frango é considerada um alimento saudá-
vel, devido à baixa quantidade de gordura quando con-
sumida sem pele, apresentando alto teor de proteínas,
fonte importante de aminoácidos, apontada como
sendo fonte de ferro e vitaminas, sobretudo as do com-
plexo B. Além disso, é um alimento que tem custo mais
baixo, comparado à carne vermelha, sendo mais aces-
sível a grande parte da população brasileira5.
O presente trabalho consiste em uma revisão biblio-
gráfica de artigos e livros pertinentes ao tema, publica-
dos 1986 e 2014, nas bases de dados Scielo, Medline,
Lilacs, Pubmed e em sites de universidades brasileiras
federais e particulares nas línguas inglesa, portuguesa
e espanhola, com delimitação dos descritores: hormô-
nios; aves; produção avícola; avicultura e mitos. O mé-
todo utilizado está relacionado à análise criteriosa dos
artigos já publicados relacionados ao tema. Incluíram-
se artigos que descreviam as razões técnicas e científicas
que tornam inviável a utilização de hormônios na pro-
dução avícola e foram excluídos textos que não aten-
deram aos requisitos do trabalho científico. 
Nesse sentido, desmistificar a utilização de hormônios
que envolvem a avicultura no Brasil é apropriado e
oportuno, a fim de esclarecer os consumidores com
informações adequadas sobre os alimentos que conso-
mem.
Revisão da literatura
O Brasil é um país que, atualmente, possui excelência
em tecnologia genética, manejo e ambiência na pro-
dução de frangos ocupando a terceira posição como
maior produtor do mundo. Esta classificação se dá de-
vido à utilização de boas práticas na produção, sendo
possível assim conquistar mercados extremamente exi-
gentes, como União Europeia e Japão. Atualmente, o
setor avícola reúne mais de 3,5 milhões de trabalhado-
res, sendo produtores, funcionários e profissionais di-
retamente e indiretamente ligados à produção. O seg-
mento prevê crescimento de 70% até 20501.
A exportação da carne de frango teve início na dé-
cada de 70 e já em 1980, com a exigência dos proces-
sos de implantação de qualidade, como controle de
luminosidade, temperatura, umidade e densidade po-
pulacional da granja, reduziu-se a quantidade de pro-
dutores, o que proporcionou uma seletividade natural
dos mesmos. Nos anos 90, mais precisamente em 1996,
observou-se que a produtividade no crescimento dos
frangos aumentou 65%, com uma diminuição de 50%
na quantidade de ração consumida pelas aves. Com
isto, notou-se, também, uma redução do tempo de en-
gorda. Em 1930, o tempo de engorda era período de
105 dias, já em 1996 este período passou a ser de 45
dias. Com o menor consumo de ração e a redução de
tempo para o período de engorda, observou-se uma
menor necessidade de área para cultivo de grãos, di-
minuição de impactos ambientais e diminuição na ge-
ração de dejetos, obtendo menor custo para produção
avícola e, consequentemente, menor custo para co-
mercialização3.
A qualidade da carne de frango possui características
que dependem de alguns fatores pré e pós-abate. O
aroma e o sabor são provenientes do aquecimento de-
corrente da transformação de substâncias lipossolúveis
e hidrossolúveis, além da volatilização de alguns com-
postos. A cor da carne está relacionada às fibras mus-
culares, ao pigmento da mioglobina e hemoglobina
presentes no sangue. A palatabilidade e a textura estão
relacionadas à espécie, fatores genéticos, idade, estresse
e outros demais fatores5.
Devido ao rápido crescimento dos frangos e curtos
períodos de criação, a população fazquestionamentos
e associa a prática de utilização de hormônios. Os hor-
mônios são substâncias químicas naturais secretadas
nos fluidos orgânicos pelas células, com a função de
direcionar o controle fisiológico de outras células ou
órgãos. O conforto ambiental e a nutrição são fatores
exógenos importantes, porém são os fatores endógenos
que determinam o processo de crescimento3-4.
Os hormônios mais estudados, que visam à promoção
do crescimento, foram os esteroides, hormônios da ti-
reoide e peptídeos somatotróficos. No caso dos este-
roides, apresentam estrutura química que é baseada no
núcleo esterol, similar ao colesterol e pode ser consi-
derado derivado do mesmo. Neste grupo de substâncias
estão os hormônios gonadais como testosterona, estro-
gênio e progesterona. Os hormônios da tireoide são
derivados da tirosina (tiroxina-T4 e triodotiroxina-T3) e
regulam processos metabólicos. Já os peptídeos soma-
totróficos são compostos pelo hormônio de crescimento
(GH) e seus fatores de crescimento, considerados se-
melhantes à insulina IGF-I e IGF-II (do inglês: Insulin-
like Growth Factors) e o fator de liberação do hormônio
de crescimento – GHRF (do inglês: Growth Hormone
Releasing Factor)4.
Segundo pesquisas realizadas na Alemanha, anali-
sou-se a contribuição dos hormônios presentes nos ali-
mentos ingeridos para o volume total de hormônios es-
teroides que circulam no organismo humano. Obser -
vou-se que a ingestão destes hormônios, dificilmente
atinge 6% da quantidade já produzida de forma natural
no corpo humano. O estudo considerou muito frágil o
argumento do problema de hormônios esteroides na
carne de frango, já que os frangos se alimentam de olea-
ginosas e que 90% destes esteroides consumidos pelas
pessoas são desativados quando passam pelo fígado6.
De acordo com estudo realizado por Burnside, Liou,
Zhong e Cogburn7, a utilização de hormônio GH não
resulta em indicadores de efeitos metabólicos com re-
lação ao peso corporal, mostrando a ausência de be-
nefício no peso ou no rendimento da carne de aves.
Além do mais, sabe-se que o controle do crescimento
via hormônios depende da interação entre hormônios
e da presença de receptores. Porém, sabe-se que exis-
tem linhagens anãs que não apresentam os receptores
para GH7.
Segundo Fennell e Scanes8, tanto a utilização do GH
natural quanto a utilização do GH recombinante de-
monstrou não ser eficiente em nenhum tipo de ave no
período pós-eclosão. A utilização do hormônio foi efe-
tiva apenas em aves hipofisectomizadas. Moellers e
Cogburn15 utilizando GH de frango natural e recombi-
nante administraram diariamente a substância via sub-
cutânea com doses de 100 ou 200 mg por quilo de
peso do animal durante 14 dias, após 21 dias de idade.
De acordo com a conclusão do estudo, os frangos que
receberam a introdução da substância GH via subcu-
tânea não tiveram aumento de peso corporal e nem al-
terações dos níveis plasmático de IGH-I, hormônios da
tireoide, insulina, glucagon e glicose, sendo observado,
apenas, aumento da gordura corporal8-10. 
Outro estudo realizado por Burke et al.11, injetando
GH recombinante de galináceos a partir dos 2 dias até
J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Utilização de hormônios na produção avícola95
o 24º dia de idade do frango, constatou que o GH re-
combinante é ativo biologicamente nos frangos, porém
não promove o rápido crescimento dos mesmos11. 
Vasilatos-Younken et al.12, utilizaram o método de
injeção de GH a cada 90 minutos durante o período
de 21 dias seguidos em frangos do sexo feminino de 8
semanas de idade. Neste caso houve um aumento no
peso dos ossos, redução de gordura e crescimento lon-
gitudinal, entretanto, verificou-se falha no crescimento
somático12-14. 
Com relação ao crescimento do eixo somatotrófico,
o estudo realizado por Moellers e Cogburn15, avaliou a
liberação do GH no plasma, causada pelo estímulo da
infusão do GHRF. De acordo com os resultados apre-
sentados, o estudo não observou efeitos benéficos re-
lacionados ao crescimento das aves15. 
Já Dean et al.16 utilizou a técnica de injeção do GH
in ovo, aplicando GH recombinante em ovos com 11
dias de incubação. Concluiu-se que o GH não está li-
gado diretamente no crescimento somático dos frangos.
No estudo feito por Kocamis et al.17, com injeção in
ovo de IGF-I recombinante de origem humana, houve
um sutil aumento na taxa de desenvolvimento das aves,
porém o estudo não foi adiante16-17. 
Com relação à utilização de hormônios T3 e T4, sabe-
se que estes hormônios têm importância no desenvol-
vimento muscular, por este motivo vários trabalhos uti-
lizaram tal substância. Na pesquisa executada por May18
em frangos, não se observou evolução quanto ao ganho
de peso devido à administração de hormônio exógeno
T3 e T4. Porém, notou-se um pequeno estímulo de
crescimento em aves anãs. Outro estudo realizado por
Decuypere et al.19, que observou o uso contínuo de
hormônio T3 na alimentação de frangos, constatou que
houve redução do crescimento das aves. Na Tabela 1
estão expostos os resultados da utilização dos hormô-
nios tireoidianos e o GH em frangos.
Mediante os estudos apresentados, onde não se ob-
servaram melhora considerável no crescimento dos
frangos quando relacionados ao uso de hormônios,
questiona-se quais são os promotores de crescimento e
tecnologias empregadas para que, de fato, isto ocorra
de maneira rápida e eficaz. Destas tecnologias, veri-
fica-se que a alta capacidade de desenvolvimento dos
frangos está ligada a fatores intrínsecos, com forte in-
fluência dos fatores extrínsecos, sendo resultado de di-
versos anos de pesquisa científica em temas de nutrição,
sanidade, manejo, ambiência e instalações20. 
Quanto à nutrição das aves, é fundamental que ocorra
de maneira correta. Para tanto, são elaborados os mo-
delos de dietas que visa atender as necessidades do
animal, correlacionando interações entre os nutrientes,
calculando o requerimento da ave e considerando uma
fórmula menos cara21-23. 
No caso da sanidade, o controle ocorre por meio do
uso correto dos procedimentos sanitários, utilizando
vacinas de acordo com o histórico da região e prote-
gendo a ave e consumidor final. Além do controle va-
cinal há, também, a higiene pessoal dos funcionários,
limpeza e higienização do ambiente e das instalações,
bem como dos equipamentos utilizados. Deve haver
um controle rigoroso quanto à qualidade nutricional
dos ingredientes, controle das vacinações, manipulação
correta de produtos, controle ativo de pragas como in-
setos e roedores, além do descarte de aves doentes ou
com algum problema, descartando, também, os resí-
duos da mesma. Como medida de biossegurança, roti-
neiramente e sistematicamente, devem-se realizar estas
operações de inspeção e higienização das instalações
para o controle de qualidade das aves21-24.
O manejo é considerado todo o procedimento que
será realizado com as aves desde a preparação do galpão
até a saída do lote. O manejo engloba, de um modo
geral, toda a estrutura física, cuidados na produção,
condições nutricionais, sanitárias, localização do aviário,
estruturas como bebedouros e camas, entre outros e
pode variar de acordo com o tipo de ave que será pro-
duzido no local, sendo exigência de cada raça, um tipo
de manejo mais favorável para seu desenvolvimento25.
A ambiência considera o controle de temperatura,
umidade do ar, localização, iluminação, transporte, en-
tre outros. São os fatores que interferem no ambiente
de criação onde a ave se localiza, sendo necessário
um rígido controle diário, com o objetivo de propor-
cionar bem-estar e aumentar a produtividade, reduzindo
possíveis mortes26. 
Considerando o exposto citado acima, o sucesso da
produção da ave e da aceitação do consumidor final
vai depender de todos os setores envolvidos nesta ca-
deia produtiva, já que a falha em um destes segmentos
poderá trazer transtornose danos irreparáveis para o
desenvolvimento da atividade25.
Com isto, os principais motivos para não se utilizar
hormônios exógenos na produção avícola estão rela-
cionados a diversos fatores, sendo um deles o Decreto
n° 76.986, de 6 de Janeiro de 1976, que regulamentou
a Lei n° 6198, de 26 de Dezembro de 1974, que em
seu Art. 1°.
“Proíbe a administração, por qualquer meio, na alimentação
das aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgê-
nicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substân-
cias β-agonistas, com a finalidade estimular o crescimento e
eficiência alimentar” (Brasil, 1976)27. 
As pesquisas demonstram que não há pretexto técnico,
com base no desempenho das aves, que impliquem em
vantagens para o uso dos hormônios, conforme deter-
minado por lei a proibição do uso dos mesmos, além
das razões de ordem prática, algumas substâncias re-
querem injeção diária através da implantação de cateter,
sendo inviável para o Brasil, já que o mesmo produz
mais de seis bilhões de frangos por ano4.
Outro fator considerado determinante para a invia-
bilização da utilização de hormônios está relacionado
ao alto custo das substâncias, como no caso do GH,
não compatível com o custo relacionado à margem de
lucro e comercialização da avicultura. Considerando,
também, que o setor avícola é altamente profissionali-
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Thereza NA, Oliveira CRA, Coelho HDS, Villas Boas MB, Coutinho RMC, 
Guerreiro J.
J Health Sci Inst. 2015;33(1):94-9 Utilização de hormônios na produção avícola97
zado, conduzido por profissionais que prezam por man-
ter a integridade da marca de sua empresa, por atender
normas exigentes de diversos países importadores3-4. 
O crescimento rápido dos frangos é, portanto, resul-
tado de décadas de pesquisa e investimentos científicos,
por meio do aperfeiçoamento e melhorias com relação
à nutrição, sanidade, manejo, ambiência e instalações.
Num estudo realizado por Havenstein, Ferket e Qu-
reshi28-29 em 2003, foi feita a comparação de uma li-
nhagem de aves sem seleção com um grupo de aves
da mesma linhagem, porém com seleção. Os dois gru-
pos utilizaram a dieta que era empregada em 1957 e
uma dieta nova, usada a partir de 2001. Nessa pesquisa
observou-se que a linhagem sem seleção, ao usar a
nova dieta, teve pequena vantagem com ganhos de
peso (8,5%) e conversão alimentar (10,1%), sem valores
de rendimento no peito. Já a linhagem com seleção,
que utilizou a nova dieta, adquiriu um considerável
ganho em peso (27,8%), conversão alimentar (16%) e
rendimento de peito (14,7%), resultando em uma me-
lhora de 320% em ganho de peso, 20% em conversão
alimentar e 60% em rendimento de peito, quando com-
parada à linhagem sem seleção. Esses dados possibili-
tam confirmar que o melhoramento genético e a nutri-
Autor Objetivo Resultado
May, 1980
Estudos com o uso de T3 e T4 com o objetivo de
influenciar no rápido crescimento das aves.
Não apresentou melhorias com relação a peso 
corporal e eficiência alimentar das aves avaliadas. 
Foram observados pequenos estímulos de 
crescimento em aves anãs.
Decuypere, 1987
Influenciar no crescimento dos frangos de corte,
com o uso contínuo de T3 na dieta das aves.
Resultou em efeito negativo, ocorrendo a redução 
do crescimento.
Burnside e Argawal, 1992
Melhoramento metabólico com relação a peso 
corporal, devido a utilização de GH.
A pesquisa não apresentou resultados benéficos, 
demonstra ser ativo de forma biológica, porém não
promove crescimento dos animais. 
Scanes, 1992
Relacionar o GH bovino com o crescimento dos
frangos de corte.
Não eficiente ao estímulo de crescimento pós-eclosão
das aves. 
Dean, 1993
Através da injeção do GH recombinante in ovo de
11 dias de incubação, com o objetivo de 
proporcionar o crescimento rápido das aves.
O estudo não apresentou resultado positivo e 
concluiu-se que o GH não está diretamente ligado
com o crescimento somático dos frangos.
Moellers e Cogburn, 1994
Avaliação da infusão pulsátil do GHRF com 
o objetivo de estimular a liberação do GH.
Não apresentou efeitos considerados positivos com
relação a ganho de peso, eficiência alimentar e 
composição corporal nos frangos em crescimento.
Burnside e Argawal, 1992
Melhoramento metabólico com relação a peso 
corporal, devido a utilização de GH.
A pesquisa não apresentou resultados benéficos, 
demonstra ser ativo de forma biológica, porém não
promove crescimento dos animais. 
Scanes, 1992
Relacionar o GH bovino com o crescimento dos
frangos de corte.
Não eficiente ao estímulo de crescimento pós-eclosão
das aves. 
Dean, 1993
Através da injeção do GH recombinante in ovo 
de 11 dias de incubação, com o objetivo de 
proporcionar o crescimento rápido das aves.
O estudo não apresentou resultado positivo e 
concluiu-se que o GH não está diretamente ligado
com o crescimento somático dos frangos.
Moellers e Cogburn, 1994
Avaliação da infusão pulsátil do GHRF com o 
objetivo de estimular a liberação do GH.
Não apresentou efeitos considerados positivos com
relação a ganho de peso, eficiência alimentar e 
composição corporal nos frangos em crescimento.
Burke, 1997
Analisar a eficiência do GH recombinante de 
galináceos com injeção da substância do 2º ao 
24º dia de idade da ave com o objetivo de 
promover o crescimento das aves.
Por meio da pesquisa, constatou-se que é ativo 
biologicamente, porém não está relacionado à 
promoção do crescimento rápido. 
Kocamis, 1998
Injeção in ovo de IGF-I recombinante de origem
humana com o objetivo de estimular o 
crescimento dos frangos de corte.
O estudo apresentou resultado considerado 
promissor, porém não foi explorado.
Vasilatos – Younken, 1999
Relacionar o GH de galinha com o crescimento
dos frangos, com aplicação da substância com 
intervalos de 90 minutos por 21 dias. 
Redução do peso corporal atual das aves, com queda
no indicador de desempenho. 
Havenstein, 2003
Avaliar qual a origem do crescimento rápido do
frango, e a que se dá este avanço. 
A pesquisa mostrou que o crescimento ocorre devido
a seleção genética das aves, sendo de 85 a 90% 
responsável por esse avanço e de 10 a 15% devido à
nutrição adequada.
Quadro 1. Pesquisas realizadas com utilização de hormônios e sua influência no desenvolvimento dos frangos de corte.
ção correspondem de 85 a 90% e de 10 a 15%, res-
pectivamente, nos avanços no ganho de peso das aves.
Dessa forma, pode-se inferir que o agente que será
considerado determinante no desempenho das aves
está no campo da genética, onde o grupo mais qualifi-
cado irá servir como base genética para próxima a ge-
ração de frangos de corte28-29.
Vale notar que diferentes métodos foram empregados
nos diversos estudos, onde alguns usaram hormônios de
crescimento, o GH, e outros os da tireoide como T3 e
T4, conforme dados compilados a seguir, no Quadro 1.
Discussão
Apesar de diferentes épocas e diferentes métodos uti-
lizados em cada estudo aqui citado, é possível em todos
eles, observar que a aplicação ou administração de
substâncias que estão relacionadas com o desenvolvi-
mento das aves nem sempre resultam em efeitos posi-
tivos, a exemplo do estudo desenvolvido por Decuy-
pere19 que introduziu o hormônio T3 de forma contínua
na dieta de frangos e obteve resultado negativo, redu-
zindo o crescimento das aves estudadas. 
Pôde-se observar, também, no estudo realizado por
Moellers e Cogburn15, onde o GH foi administrado dia-
riamente de forma subcutânea nas aves durante o pe-
ríodo de 14 dias, que não se obteve melhora em peso
corporal ou em indicadores metabólicos, porém, houve
um considerável aumento na gordura corporal dos fran-
gos estudados, o que não apresenta benefício no de-
senvolvimento, tendo em vista que a gordura não é fa-
vorável para a comercialização da carne. 
Em contrapartida, a pesquisa conduzida por Kocamiset al.17, que administrou a injeção do IGF-I recombi-
nante de origem humana in ovo, apresentou resultado
promissor, onde pôde-se observar algum crescimento
físico de forma mais acelerada com o auxílio da subs-
tância administrada, porém não houve avanços na pes-
quisa e com isso, nenhuma comprovação da eficiência. 
Diante dos estudos apresentados, pode-se inferir que
nenhum tipo de hormônio pode ser utilizado para o
rápido crescimento das aves, sobretudo tendo em vista
o decreto de lei que proíbe essas administrações, e que
não há estudos que comprovem tal eficiência e benefí-
cios com relação ao custo e à saúde.
Pelo fato de não se terem evidenciado resultados po-
sitivos ao decorrer dos anos, as pesquisas mudaram de
direção e passaram a ser relacionadas à tecnologia em
ambiência, manejo, genética e nutrição das aves, o
que, por sua vez, proporcionou uma melhora no meio
extrínseco em que os animais são criados, acarretando
em uma evolução na produção das aves e, consequen-
temente, melhora em diversos fatores, como o cresci-
mento em um período curto de tempo. 
Conclusão
A carne de frango é considerada uma carne saudável,
com alto teor de nutrientes e com o custo acessível
para a maioria da população, constituindo uma opção
interessante ao consumidor. A produção da carne é ad-
ministrada por indústrias, compostas por equipes de
elevada formação que tem o objetivo de produzir o
alimento de forma segura e dentro dos padrões estabe-
lecidos pela lei, onde se proíbe a utilização de qualquer
substância que seja capaz de estimular o crescimento
e a eficiência alimentar destas aves. 
Por meio da revisão dos artigos foi possível constatar
que mesmo que a utilização de hormônios apresente
algum fator positivo de desenvolvimento, a possibili-
dade de utilizá-lo é inviável por diversos fatores, tanto
pelo alto custo das substâncias, como pela dificuldade
em administração individual nas aves. Portanto, con-
clui-se que não se utiliza de hormônios para a produção
e rápido desenvolvimento das aves, isto se dá, sobre-
tudo, à evolução genética e desenvolvimento da tec-
nologia durante longos anos de pesquisa. 
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Endereço para correspondência
Célia Regina de Ávila Oliveira
Av. Comendador Enzo Ferrari, 280 - Swift
Campinas-SP, CEP 13045-770
Brasil
E-mail: nutricao.cps@unip.br
Recebido em 5 de janeiro de 2015
Aceito em 25 de março de 2015

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