Buscar

NOSSA RICA E COMPLEXA LÍNGUA PORTUGUESA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NOSSA RICA E COMPLEXA LÍNGUA PORTUGUESA 
 
 
 É interessante como a Língua Portuguesa (LP) possui um verdadeiro arcabouço de 
palavras recheadas de significantes/significados, desdobrando-se em significações. O 
que, às vezes, põe-nos à prova diante do instante em que nos propomos a escrever sobre 
determinado assunto, à mercê da interpretação que damos às palavras do texto. 
Como exemplo dessa assertiva, tomemos o fragmento de um texto que aborda o 
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO (PJE ou PJe), obtido de algum lugar das ondas 
(ou nuvens?) da Net: 
"A distribuição da peça inicial de qualquer tipo de ação prescinde da informação do 
número do CPF ou CNPJ, ressalvada a hipótese de comprometimento ao acesso 
jurisdicional" (grifo meu). 
 
Para compreender o teor do parágrafo acima, e tentar compreender qual é o 
assunto abordado pelo autor (no caso autora) do texto, convém trazer a dicção do art. 
15, da lei 11.419/2006, senão vejamos: 
 
Art. 15. Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá 
informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro 
de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal. 
 
Data máxima Vênia, penso existir um ligeiro equívoco na exegese do art. 15, da 
lei 11.419/2006, tal qual a escrita da autora. Ora, o dispositivo deve ser lido, repito, com 
todo o respeito, da seguinte forma: é imprescindível a apresentação do CPF/CNPJ, 
"salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça..." 
Para fundamentar a assertiva, convém colacionar o significado do verbo 
utilizado pela autora - prescindir, in verbis: 
 
v. intr.v. intr. Passar sem; renunciar; dispensar; pôr de parte 
(http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=prescindir). 
 
Por outro lado, vejamos o significado da palavra imprescindível, colhido do 
mesmo site: Imprescindível: 
adj. 
1. De que se não pode prescindir. 
2. Indispensável. 
 
Deste modo, penso que o texto em comento deveria trazer a partícula negativa 
não, antes do verbo prescindir conjugado na terceira pessoa do singular – ele prescinde 
- para que assim tivéssemos a noção real do que o texto da lei quer-nos dizer. Assim, o 
texto passaria a ter o seguinte teor: 
 
A distribuição da peça inicial de qualquer tipo de ação não prescinde da informação do 
número do CPF ou CNPJ, ressalvada a hipótese de comprometimento ao acesso 
jurisdicional. 
Observe-se que, ao revés, isto é, sem a negativa inserta previamente ao verbo 
prescindir, na verdade não se justifica a ressalva (“ressalvada a hipótese de 
comprometimento ao acesso jurisdicional”), haja vista que o significado do verbo não 
permite essa inserção, com a acepção prevista pela autora do texto em comento. É o 
mesmo que dizer que não há lógica entre o que se diz e o que se quer de fato dizer. Com 
todo o respeito. 
Ora, mas qual é a importância de tudo isso? Bem, é simples: só curiosidade de 
quem não tem o que fazer e fica vasculhando (ou basculhando textos pela internet, para 
fins de aprendizagem). Não é nada disso (pura brincadeira)! 
Posso assegurar a importância dessa questão suscitada e acentuar que é 
interessante sob dois aspectos (pode ser que até haja mais, mas aí seria muito para mim, 
extrapolar o uso de minha cachola (ou caxola?) = cabeça, juízo): 
 
1. As estatísticas de órgãos conceituados (e os outros, também) apontam que o brasileiro 
lê mal (aqui pode ser no sentido de ler pouco ou ler mal mesmo, dizendo-se que não 
sabe ler, isto porque, segundo as más línguas (estatisticamente, é claro), quando lê (o 
brasileiro, e aqui eu devo estar incluído também), o faz de forma não proveitosa: não 
compreende o que ler. 
 
Particularmente, penso que ler pode ser um exercício de fácil ou de complexa 
acepção, a depender do interesse pelo texto. O problema é que, também particularmente, 
penso que todo texto tem sua importância, pois há sempre um momento e espaço 
definido para utilizá-lo, mesmo que seja em uma conversa de bar ou botica, como já 
disse certo escritor famoso, aquele lá, sabe? Aquele! (É, esqueci seu nome). 
 
2. Caso desavisados, os advogados poderiam tentar distribuir processos sem o número de 
CPF/CNPJ (conforme o caso), e somente atentando à importância de inseri-lo 
(CPF/CNPJ, ainda consoante o caso) no processo, caso haja receio de supressão do 
direito ao acesso à Justiça, ou seja, “somente vou preencher o número do documento se 
o MM impedir que minha ação seja protocolada. 
 
Ainda data máxima vênia respeitosamente falando de forma redundante, penso 
ser ledo engano. Isto por que, na verdade, a ideia é o posto da dicção em comento. Haja 
vista que a dificuldade maior está para apresentar o documento do que deixá-lo de 
inserir no processo. Isto é, a lei só permite que não se insira o CPF/CNPJ caso não seja 
possível fazê-lo, por exemplo, uma situação em que a pessoa nunca obteve o número do 
documento (CPF – não obstante atualmente ser facílimo conseguir). 
É por razões como essas que costumo dizer para meus amigos, colegas de 
trabalho e aqueles que têm paciência para ouvir (ou para ler), que a leitura é uma 
atividade das mais imprescindíveis àqueles que desejam alcançar um lugar de destaque 
em sua vida, seja como estudante (e aqui é melhor que se preocupe desde cedo), seja 
como profissional que enseja galgar melhor posição em seu emprego. 
Por fim, importa que: Ler é uma Arte!

Outros materiais