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livro resumoDOIS DE PSICOPATOLOGIA

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Introdução ao estudo da psicopatologia e o diagnóstico em psiquiatria
Aspectos gerais da psicopatologia
Logo de início, é preciso esclarecer que em psicopatologia usamos o termo transtorno e não doença ou enfermidade. Esse termo não é o melhor para dar nome ao conjunto de sinais e sintomas que os pacientes apresentam, mas é o usado por todos os profissionais de saúde. Jaspers (1987, p. 51) afirma que “o objeto da psicopatologia é o fenômeno psíquico, mas só o patológico”. Segundo o dicionário Aurélio (2010, p. 987), patológico é aquilo que se apresenta como “doença; mórbido, doentio”. Mas, em psicopatologia, a distinção entre normal e patológico é difícil e muitas vezes imprecisa de se estabelecer.
O normal e o patológico
Estabelecer uma delimitação clara entre o que pode ser considerado normal e o que deve ser visto ou sentindo como "patológico" ou “doente” é uma questão ainda bastante atual e de difícil definição. No campo da psicopatologia, essa discussão ainda é mais complicada e com uma delimitação mais imprecisa, já que sua demarcação é muito mais flutuante e suas fronteiras pouco rígidas. Canguilhem (2010, p. 65) critica a ideia de que o patológico seria apenas uma variação quantitativa do normal. Considerando que há uma infinidade de possibilidades fisiológicas e contextuais no processo da vida, o autor ainda afirma que “estabelecer uma norma para que se possa afirmar a existência de saúde ou doença apenas transforma estes conceitos em um tipo de ideal”. Questiona, ainda, a visão de que doença pode ser efetivamente uma realidade objetiva – alheia ao processo de vida do sujeito – acessível ao conhecimento científico quantitativo.
A doença é diferente do estado normal. Segundo Canguilhem (2010, p. 189), alguns dos principais critérios utilizados em psicopatologia são:
1. Normalidade como ausência de doença: a ausência de sintomas, sinais ou de doenças é sinônimo de saúde. 2. Normalidade ideal: estabelece-se uma norma ideal do que, supostamente, é um sujeito sadio. 3. Normalidade estatística: o normal é aquilo que se observa com mais frequência. 4. Normalidade como bem-estar. 5. Normalidade subjetiva: o que prevalece aqui é como o sujeito se percebe em relação ao seu estado de saúde.
A OMS definiu em 1946 a saúde como o complemento entre o bem-estar físico, mental e o social, e não somente como ausência de doença.
As diferentes psicopatologias
Dalgalarrondo (2008, p. 36-38) faz uma interessante discussão sobre as diversas formas de entender as manifestações psicopatológicas. Aqui mostraremos algumas: Psicopatologia descritiva – Para essa psicopatologia, o que interessa é a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas. A forma como os sintomas se apresentam. Psicopatologia dinâmica – O que é fundamental para essa psicopatologia é a dinâmica, os conteúdos das vivências. Psicopatologia médica – Para a medicina, o que interessa é a manifestação sintomática no corpo. O adoecimento mental é visto como adoecimento do cérebro Psicopatologia existencial – O sofrimento mental é visto como algo único singular, que cada sujeito experimenta. Psicopatologia psicanalítica – Os sujeitos são vistos como sujeitos singulares movidos por seus conflitos inconscientes que podem provocar sofrimento psíquico.
Semiologia psiquiátrica
Semiologia pode ser definida como a ciência dos signos. Segundo Cheniaux (2015, p. 3), a semiótica ou semiologia médica é o estudo dos sinais e sintomas das enfermidades, que inclui a identificação das alterações físicas e mentais, a ordenação dos fenômenos observados e a formulação dos diagnósticos.
Entrevista psiquiátrica e exame da doença mental; anamnese psiquiátrica; diagnóstico pluridimensional
A entrevista psiquiátrica
A entrevista é o principal instrumento de avaliação das condições psiquiátricas e psicológicas dos pacientes. Ela é tão fundamental que tem uma estrutura própria que a torna coerente e organizada. A entrevista não pode ser feita de qualquer forma nem a partir só da vontade do entrevistador. A experiência do entrevistador é muito importante, mas precisamos obedecer aos critérios de cientificidade que a entrevista necessita. De acordo com Cheniaux (2014, p. 4-7), a função da entrevista psiquiátrica é fornecer elementos para o estabelecimento de três aspectos fundamentais: o diagnóstico psiquiátrico (ou hipóteses diagnósticas), um possível prognóstico e a terapêutica necessária. Para que se possa conseguir alcançar esses objetivos, é fundamental, logo ao início da entrevista, estabelecer uma aliança terapêutica. Cheniaux (2014, p. 4-7) mostra que o paciente precisa se sentir acolhido e muito à vontade para poder expressar claramente o seu sofrimento.
Aqui vemos algumas dicas excelentes dos cuidados que precisamos ter nas entrevistas.
1. Permitir ao paciente a expressão de emoções dolorosas sem se perturbar, evitando demonstrar surpresa, espanto ou interrompê-lo; 
2. Evitar ao máximo, questões que sejam respondidas somente com "sim" ou "não", preferindo perguntas abertas; 
3. Evitar interromper bruscamente o relato do paciente para solicitar informações sobre algum tópico que ficou faltando. Tal informação pode ser obtida em entrevistas subsequentes; 
4. Não pôr em dúvida os sintomas referidos, ou os fatos relatados. Não questionar as opiniões ou sentimentos do paciente; 
5. Não expor de forma direta suas contradições; 
6. Evitar fazer julgamentos morais ou opinar sobre convicções religiosas morais ou políticas; 
7. Evitar explicações, interpretações ou conclusões apressadas; 
8. Evitar discussões, mostrar-se ansioso, impaciente ou irritado;
 9. Ser sincero e direto, esclarecendo dúvidas, evitando ser demasiadamente otimista ou deixando deliberadamente de falar de tópicos sobre os quais o paciente necessita opinar ou decidir; 
10. Evitar firmar diagnósticos ou propor condutas sem ter os elementos necessários; 11. Evitar perguntas que envolvam mais de um tema simultaneamente.
A anamnese psiquiátrica
A anamnese psiquiátrica é a forma organizada de obtermos informações sobre os processos mórbidos dos pacientes Em geral, a anamnese constitui-se em perguntas previamente selecionadas que o técnico vai fazendo ao paciente ou a seus acompanhantes. Essa é a forma tradicional de obter os dados necessários para o estabelecimento do diagnóstico ou de algumas hipóteses diagnósticas. Outra forma de obter essas informações é usando uma técnica desenvolvida por Peretrello (1989), médico e fundador, no Brasil, da psicossomática. Ele denominou essa técnica de história da pessoa. 
Alterações qualitativas da consciência
As alterações qualitativas da consciência são consideradas alterações focais. Uma parte da consciência continua funcionando normalmente enquanto outra parte fica focada ou alterada. As alterações qualitativas da consciência, segundo Dalgalarrondo (2008, p. 89), são:
1. Estados crepusculares – é um estreitamento transitório do estado da consciência. Quando falamos de estreitamento, queremos dizer que o paciente foca em ideias, sentimentos ou representações que têm uma importância particular para o paciente. O estado crepuscular aparece e desaparece de forma abrupta, mas tem duração variável, que vai de alguns minutos até semanas. Durante o estado crepuscular, pode haver explosões de violência e descontrole emocional. Após o episódio, pode ocorrer amnésia lacunar, isto é, o paciente só se lembra de algumas partes isoladas do episódio. Ocorrem associados à epilepsia (relacionado à turvação da consciência após crises pré-ictais ou ictais – crise epilética localizada), a intoxicações por uso de álcool ou outras substâncias e após traumatismos cranianos (muito comum em hospitais gerais), bem como em quadros dissociativos histéricos e após choques emocionais intensos (morte, notícias traumáticas). 
2. Dissociação da consciência – dissociação significa separação, decomposição, desagregação, fragmentação. A dissociação pode ocorrer por um aumento intenso da ansiedade, e mesmos em pacientes não considerados histéricos pode haver esse tipo
de crise. Provavelmente, a dissociação comparece como um mecanismo defensivo inconsciente. O sujeito, principalmente na histeria, perde a unidade da consciência, ficando num estado parecido com o do sono. Alguns pacientes iniciam os estados dissociativos agudos devido a quedas ou abalos musculares muito parecidos com crises epiléticas. Esses casos são tratados sob a denominação de crise pseudoepiléptica. 
3. Transe – é um estado de dissociação da consciência parecido com o sono, mas que mantém a atividade motora automática e estereotipada. Geralmente ocorre em contextos religiosos e os praticantes dessas religiões relatam uma sensação de fusão do eu com o universo durante o transe religioso.
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4. Estado hipnótico – é um estado da consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, geralmente induzido por outra pessoa. 
5. Experiência de quase-morte (EQM)
Essa experiência ocorre, em geral, quando o paciente sente ou percebe que sua vida corre grave risco, como paradas cardíacas, hipóxia grave, isquemias, acidentes automobilísticos graves, entre outros. É quando alguns pacientes relatam ter experimentado a quase morte. Tem duração breve (em geral minutos). Alguns pacientes relatam um túnel escuro ao final do qual havia uma luz, e onde viam a própria vida em retrospecto, sentindo muita paz e tranquilidade.
A atenção
A atenção está diretamente relacionada à consciência. Em verdade, a atenção é a direção da consciência e pode ser dividida de duas formas: 1. Voluntária – é a concentração ativa e intencional da consciência sobre um objeto, situação ou pessoa. 2. Atenção espontânea – é aquela atenção momentânea, incidental, despertada por um objeto, situação ou pessoa. Pessoas com pouco controle voluntário sobre a atenção tendem à dispersão. 
Quanto à direção da atenção, podemos ter: 1. Atenção externa – voltada para o mundo exterior ou para o corpo. 2. Atenção interna – voltada para os processos internos do próprio indivíduo. É uma atenção reflexiva, introspectiva e meditativa. 
Quanto à amplitude da atenção, ela pode ser: 1) Atenção focal – concentrada, delimitada sobre determinado problema, situação ou pessoa. 2) Atenção dispersa – não se concentra num campo delimitado, espalhando-se de modo disperso. 
As duas características fundamentais da atenção são: Tenacidade – capacidade do sujeito de se manter focado e fixar sua atenção em determinado problema, situação ou pessoa. 
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Vigilância – é a qualidade da atenção de mudar o foco de um objeto para outro. Dalgalarrondo (2008, p. 102) mostra que atualmente a atenção é entendida pela psicopatologia em quatro aspectos básicos: 1. Capacidade e foco de atenção – refere-se à capacidade de foco e está diretamente relacionado a capacidade de concentração; 2. Atenção seletiva – está relacionada aos processos que permitem ou facilitam a seleção de informações relevantes para o sujeito e seu processamento cognitivo. 3. Seleção de resposta e controle executivo – é a capacidade de prestar atenção associada à capacidade de planejamento voltado a certos objetivos. 4. Atenção constante ou sustentada – diz respeito à capacidade de manter a atenção concentrada ao logo do tempo.
Desorientação demencial
Ocorre não apenas por perda de memória de fixação, mas por déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e por perda e desorganização global das funções cognitivas. Ocorre nos diversos quadros demenciais (p. ex.: mal de Alzheimer e demências vasculares).
Desorientação apática ou abúlica
Ocorre por apatia ou desinteresse profundo. O que marca essa desorientação é uma profunda alteração do humor e da volição, e aparece principalmente nos quadros depressivos.
Desorientação delirante
Presente em sujeitos em surto delirante, com firme convicção de que habitam outro tempo ou espaço. Nesses casos, é comum ocorrer a dupla orientação, na qual a orientação falsa está concomitante com a orientação correta (p. ex.: o paciente afirma ser Deus mas, ao mesmo tempo, sabe que é o sr. fulano de tal).
Desorientação por déficit intelectual
Ocorre em sujeitos com deficiência ou retardo mental grave ou moderado que apresentam dificuldade de integrar as informações do meio ambiente.
Desorientação por dissociação
Em geral, aparece em quadros histéricos graves, acompanhada de alterações da personalidade (fenômeno de possessão histérica). 
Desorientação por desagregação
Acomete pacientes psicóticos graves com uma desagregação profunda do pensamento, apresentando toda a sua atividade mental gravemente desorganizada
Imagem e representação
Como você já deve ter percebido, o elemento fundamental da sensopercepção é a imagem perceptiva real, ou simplesmente a imagem, que se caracteriza pelas seguintes qualidades:
Nitidez – imagem com contornos precisos. Corporeidade – a imagem é viva, corpórea, tem luz, brilho e cores. Estabilidade – a imagem percebida é estável. Extrojeção – a imagem que vem do espaço exterior é percebida nesse espaço. Ininfluenciabilidade voluntária – o sujeito não consegue alterar voluntariamente a imagem percebida. Completude – a imagem é completa com todos os detalhes. Imagem real não pode ser confundida com a representação mental dessa imagem. A representação é uma revivescência da imagem real, sem que a imagem real esteja presente. 
Dalgalarrondo (2008, p. 122) aponta que, na representação, a imagem tem outras características:
Nitidez – imagem com contornos imprecisos ou borrados. Corporeidade – a imagem é uma representação; não tem vida. Estabilidade – a imagem desaparece facilmente. Extrojeção – a representação é percebida no espaço interno. Incompletude – a imagem é incompleta, indeterminada.
Outros tipos de imagem representativa:
Imagem eidética – é a evocação de uma imagem guardada na memória. Pareidolias – são imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. Por exemplo: ver figuras humanas ou animais nas nuvens. Imaginação – é uma atividade psíquica voluntária, em que os sujeitos invocam imagens do passado ou criam novas imagens. 
Medo Pode ser caracterizado como um estado progressivo de insegurança e angústia. Não é patológico e ajuda a proteger as pessoas dos perigos da vida. Os quadros patológicos, de acordo com Dalgalarrondo (2008, p. 171), são:
Fobias São medos desproporcionais e incompatíveis com o perigo real. A pessoa tem um medo terrível e descabido de alguma situação ou de determinado animal. Fobia simples – é o medo intenso e irracional de pequenos animais, geralmente baratas, sapos, cachorros. Fobia social – é o medo de contato e de interação social, principalmente, com pessoas que não fazem parte do seu círculo social. Agorafobia – medo de espaços amplos e aglomerações, medo de congestionamentos. Claustrofobia – é o medo de entrar e ficar preso em espaços fechados, como elevadores, salas e túneis. Pânico – é o medo intenso relacionado geralmente ao perigo imaginário de morte iminente. O pânico se manifesta com crises. As crises de pânico são agudas, intensas, de ansiedade, acompanhadas de severo temor da morte. As crises se caracterizam por taquicardia, sudorese fria, tremores, formigamento nos lábios ou ponta dos dedos, desconforto respiratório, dor no peito, náusea. A crise tem início abrupto, e um desejo de fugir e escapar da situação aflora no sujeito. Duram alguns minutos e tendem a repetir-se. 
Apreendemos as informações que veem do meio ambiente através das sensações. As informações são captadas pelos receptores e enviadas ao cérebro que as interpretam. Esse processo é denominado de? R: A sensopercepção.
2. Quais os principais tipos de alucinações auditivas? R: Sonorização do pensamento, sonorização do pensamento como vivência alucinatória-delirante, eco do pensamento, publicação do pensamento.
3. Aceleração do pensamento, lentificação do pensamento e bloqueio ou interceptação do pensamento, são alterações do? R: Curso do pensamento.
4. Diferencie fobia social da agorafobia? R; Fobia social – é o medo de contato e de interação social, principalmente
com pessoas que não fazem parte do seu círculo social. Agorafobia – medo de espaços amplos e aglomerações; medo de congestionamentos. 
5. Analise o caso a seguir e identifique o sintoma.
Seu João sempre foi considerado uma pessoa impulsiva. Na tarde de terça-feira, chegou em casa e pediu a sua esposa que lhe servisse o jantar. A esposa disse que não poderia servir naquele momento porque ainda estava preparando a refeição. João, sem mais conversas, quebrou tudo em casa. Só foi contido com a chegada dos bombeiros, que o amarraram, sedaram e o conduziram a um hospital psiquiátrico. R: Frangofilia – impulso incontrolável de destruir os objetos que circulam o sujeito.
Transtornos de ansiedade: ansiedade normal e patológica
Inicialmente, precisamos chamar sua atenção para uma discussão fundamental a fim de entendermos os transtornos psicopatológicos. A sugestão de Dalgalarrondo (2008, p. 301) é que as vivências psicopatológicas acontecem em duas perspectivas: de um lado o que ele chama de transfundo das vivências psicopatológicas, uma espécie de palco, de contexto geral, em que surgem os sintomas. De outro lado, os sintomas emergentes, sintomas específicos vivenciados. Há uma relação direta e dialética entre o sintoma e o transfundo das vivências psicopatológicas onde ocorre. Texto e contexto se articulam, e precisam ser analisados nesse entrelaçamento para que possamos compreender o sujeito em seu sofrimento. Dalgalarrondo (2008, p. 302) ainda faz uma distinção entre dois tipos de transfundo: os estáveis e duradouros e os mutáveis e momentâneos. 1. Transfundos estáveis – seriam a personalidade e a inteligência dos sujeitos. Os sintomas, em geral, estão em acordo com os traços de personalidade. Exemplo: pessoas mais contidas, tímidas, tendem a ter sintomas mais passivos. Os sujeitos mais explosivos, hipersensíveis, podem apresentar sintomas mais vivos, ativos. Já a inteligência fará o contorno, a diferenciação e a riqueza dos sintomas. Sujeitos muito inteligentes produzem sintomas elaborados, ricos em detalhes, em cores e complexos. Sujeitos com inteligência reduzida criam quadros psicopatológicos mais simples, sem detalhes e muitas vezes bastante pueris. 
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2. Transfundos mutáveis e momentâneos – Dalgalarrondo (2005) divide em dois esse transfundo – o nível da consciência e o humor. O nível da consciência diz respeito à clareza e à precisão dos sintomas. Quanto ao humor, podemos dizer que os estados afetivo-volitivos influem no surgimento dos sintomas, e também no colorido específico dos sintomas. Para Dalgalarrondo (2005, p. 302), vários fatores contribuem para a manifestação dos sintomas:
São eles: genéticos, gestacionais e perinatais, que antecedem o nascimento dos sujeitos. Outro fator importante é a vulnerabilidade constitucional – que são as questões ligadas a hereditariedade e os fatores predisponentes. 
A associação de fatores precipitantes com vulnerabilidade constitucional e fatores predisponentes ocorre ao longo da história de vida dos sujeitos, dentro de um contexto sociocultural específico. Portanto, cada sujeito produzirá uma sintomatologia única e pessoal. Dalgalarrondo (2008, p. 295) faz uma distinção entre as manifestações dos transtornos:
Patogenia (patogênico) – é a manifestação dos sintomas que ocorrem nos transtornos mentais. Na mania, a agitação psicomotora, hipertimia são comuns. Patoplastia – está relacionado aos fatores da personalidade que antecederam a eclosão do transtorno. A história de vida do sujeito, sua cultura, seu comportamento, sua origem. Ao que lhe era peculiar antes do surgimento do transtorno. Psicoplastia – está relacionada à forma como o sujeito se relaciona com o seu entorno após o surgimento do transtorno. Os cursos crônicos dos transtornos mentais podem ser de dois tipos: processo e desenvolvimento. Processo – é uma transformação lenta, insidiosa e incompreensível da personalidade causada pelas alterações psicopatológicas. Consideramos processo porque a evolução vai transformando lentamente a personalidade do sujeito. Desenvolvimento – é uma transformação psicológica e compreensível da personalidade. Essa evolução pode ser normal ou anormal, determinado por transtornos da personalidade ou das neuroses. 
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Fenômenos agudos ou subagudos são classificados da seguinte forma:
Crise ou ataque – tem o surgimento ou término abrupto e dura minutos, raramente horas. Chamamos de crise as de natureza epilética, histérica e de agitação psicomotora. Episódio – tem duração de dias ou até semanas. O termo crise ou episódio refere-se apenas à temporalidade do fenômeno. Fase – refere-se principalmente às fases de depressão (diminuição da atividade psíquica) ou da mania dos transtornos afetivos. Surto – é a eclosão abrupta da doença de base endógena não compreensível psicologicamente.
Sinais e sintomas prodrômicos São chamados também de personalidade pré-mórbida e são aqueles comportamentos identificados em períodos anteriores a eclosão do transtorno. Podem ocorrer desde a infância, já antecipando o início do transtorno, segundo Dalgalarrondo (2008, p. 298).
Transtornos da ansiedade
A ansiedade pode ser normal ou patológica. A ansiedade normal funciona com um alerta vermelho, indicando para o sujeito que ele precisa tomar as medidas necessárias para lidar com as ameaças. A ansiedade normal faz com que o professor prepare e organize suas aulas com cuidado, faz com que o ator se prepare em detalhes para o espetáculo ou que os namorados apaixonados se arrumem da melhor forma possível para o encontro. Segundo Nunes (1996), a ansiedade normal é uma sensação difusa (não está concentrada em nenhuma parte específica do corpo), é desagradável, de apreensão (sentimos que algo de ruim vai acontecer, mas não conseguimos saber exatamente o que) e, em geral, vem acompanhada de sensações físicas: mal-estar epigástrico, aperto no tórax, palpitações, sudorese excessiva, cefaleia, súbita necessidade de evacuar, inquietação etc. Esses sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Fazer uma distinção precisa entre medo e ansiedade é uma tarefa complicada. O medo é uma reação normal, fundamental para a proteção dos sujeitos. Se não tivéssemos medo, sairíamos de madruga para lugares perigosos, não tentaríamos nos proteger. O medo aparece em situações que apresentam um perigo real ou imaginário.
Transtorno de ansiedade de separação | 309.21 (DSM-V, 2014, p. 190) | CID-10 (1993, infância e adolescência F93.1)
Esse transtorno se caracteriza por uma ansiedade ou medo impróprio ou excessivo envolvendo a separação daqueles a quem o sujeito tem apego. A criança sente um pavor de perder seus pais ou irmãos ou pessoas com quem tem ligação afetiva. A criança pode apresentar comportamentos de irritação, choro, insônia, agressividade. 
Exemplos: 1. A mãe de uma criança de três anos conta que ela estava desempregada desde a gravidez de sua filha. Agora que a criança tem três anos ela pôde voltar ao trabalho. Foi quando o comportamento irritadiço de sua filha começou. Toda vez que a paciente saía para trabalhar, sua filha tinha uma grave crise de ansiedade. Gritava, chorava, se mordia, chutava. Apresentava um medo irracional de que iria perder sua mãe. 
2. Joãozinho de cinco anos conta que sempre rói suas unhas quando se aproxima a hora de o pai voltar do trabalho. Ele fala que rói as unhas por medo de que seu pai não volte nunca mais do trabalho.
Características diagnósticas no DSM-V (2014) Para ter evidenciado o transtorno de ansiedade de separação são necessários três (ou mais) dos seguintes aspectos: 
1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego; 
2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte; 
3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (p. ex.: perder-se, ser sequestrado, sofrer um
acidente, ficar doente); 
4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação; 
5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos; 
6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego; 
7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação; 
8. Repetidas queixas de sintomas somáticos (p. ex.: cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Fobia específica | 313.23 (DSM-V, 2014, p. 197) | CID (1993) F40.218
A fobia específica diz respeito ao medo descomunal de alguma situação, algum animal ou determinado objeto. Em algumas situações, as pessoas fóbicas podem ter comportamentos que causam estranhamento e desconforto na própria pessoa e em quem está a sua volta. Exemplo: uma professora universitária, ao iniciar sua aula, repara que existe uma pequena barata perto de sua mesa. A professora começa a gritar, e sobe na mesa. Esperneia. Até que um aluno consegue matar a barata. Mesmo assim, o simples pedaço do corpo da barata é fonte de desconforto, e ao notar uma parte mínima do inseto a professora interrompe novamente a aula e recomeça a gritar.
Critérios diagnósticos no DSM-V (2014) Para ser caracterizado como um quadro fóbico é preciso a presença de mais de um estímulo fóbico. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários. A Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex.: voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue). B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade. C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento. D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto ou situação específica e ao contexto sociocultural. E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis meses. F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Principais fontes de fobias: 
Animais: aranhas, insetos, cães 
Ambientes naturais: alturas, tempestades, água 
Sangue-injeção-ferimentos: agulhas, 
procedimentos médicos invasivos Situacionais: aviões, elevadores, locais fechados
Curso no DSM-V Eventualmente se desenvolve após um evento traumático. Quando surgem na infância ou adolescência, tendem a ter remissão. Quando perduram na vida adulta, a recidiva é mais difícil.
Transtorno de ansiedade social (fobia social) | 300.23 (DSM-V, 2014 p. 202) | CID10 (1993): F40.10.
Os sujeitos com transtorno de ansiedade social podem ficar prejudicados em sua vida social ou profissional pelo medo de falar em público. Exemplo: Rosamaria procura ajuda de um profissional por causa de sua fobia social. Ela vai casar em uma grande igreja e só de pensar em entrar na nave Rosamaria começa a sentir desconforto. Ela reclama que até para assinar o livro de casamento vai precisar de ajuda, pois não consegue escrever seu nome em público.
Critério diagnósticos no DSM-V (2014) Neste item, o DSM-V especifica que para se caracterizar como um transtorno é necessário um medo ou ansiedade acentuada ou intenso de situações sociais nas quais os sujeitos são avaliados pelos outros. Nota: No DSM-V (2014) não consta um período ou a quantidade de sintomas para se caracterizar o transtorno de ansiedade em adultos. Em crianças, devem acontecer em contexto com outras crianças e não em interação com adultos. A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex.: manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex.: comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex.: proferir palestras). B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (isto é, será humilhante ou constrangedor; provocará 
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a rejeição ou ofenderá a outros). As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. C. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade. D. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural. E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses.
Curso no DSM-V (2014) Inicia-se na adolescência e mais difícil surgir na vida adulta
Transtorno de pânico | 300.01 (DSM-V, 2014, p. 208) | CID-10 (1993, F41.0)
Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais de uma lista de treze sintomas físicos e cognitivos. Exemplo: Jorge Alberto, de 35 anos, sai cedo de casa para o seu trabalho. Ao entrar na Avenida Brasil, teve a terrível sensação de que iria morrer. Seus batimentos cardíacos aceleraram, começou a suar intensamente, suas mãos tremiam e começou a sentir falta de ar. Ele, em desespero, buscou atendimento médico numa emergência. Chegando lá, o médico constatou que era uma crise de pânico e o encaminhou para o atendimento psicológico/psiquiátrico.
Critérios Diagnósticos no DSM-V (2014) Critério A – ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 
2. Sudorese. 
3. Tremores ou abalos. 
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 
5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 
7. Náusea ou desconforto abdominal.
 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 
9. Calafrios ou ondas de calor. 
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 
12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 
13. Medo de morrer. 
Critério B – Pelo ao menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características 
1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico.
 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionado aos ataques.
Curso no DSM-V Surge no fim da adolescência e início da vida adulta 
Agorafobia | 300.22(DSM-V, 2014, p. 218) | CID-10 (1993): F40.00
Podemos caracterizar a agorafobia como ansiedade ou medo exagerado, acentuado, intenso pela exposição real ou imediata a diversas situações que tenham espaços abertos. Esse medo compulsivo pode ser inibidor, e as pessoas que sofrem com isso tendem a desenvolver um padrão comportamental de evitamento de cenários triviais, como ir às compras ou assistir a um show. A agorafobia é geralmente baseada numa preocupação persistente sobre qualquer possibilidade de vir a ter ataques de pânico ou perder o controle em público. Exemplo: Paulo é um motorista de ônibus de longa data. Nunca teve qualquer problema para ir ou voltar do trabalho. Certo dia, quando ia para o trabalho, teve de atravessar uma praça. Parou e não conseguiu continuar o seu caminho. Chamou sua esposa para que conseguisse voltar para sua residência. Depois desse dia, ele não conseguiu mas sair de casa sozinho. Esse fato acarreta um grande problema para a sua família por dois motivos: Paulo precisou ficar de licença pelo INSS, o que fez diminuir a sua renda mensal; e, de outro
lado, por não sair sozinho, ele necessita sempre estar acompanhando de um familiar.
Critérios diagnósticos no DSM-V (2014) 
A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: 
1. Uso de transporte público (p. ex.: automóveis, ônibus, trens, navios, aviões). 
2. Permanecer em espaços abertos (p. ex.: áreas de estacionamentos, mercados, pontes). 
3. Permanecer em locais fechados (p. ex.: lojas, teatros, cinemas). 
4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 
5. Sair de casa sozinho. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V Persistente e crônico ao longo da vida.
Transtorno de ansiedade generalizada | 300.02 (DSM-V, 2014, p. 222) | CID10
Transtorno de ansiedade generalizada | 300.02 (DSM-V, 2014, p. 222) | CID10 (1993): F41.1 
As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado. O sujeito tem dificuldade de controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção às tarefas em questão. Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada frequentemente se preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da família etc. Exemplo: Débora, 23 anos, casada, jornalista. Sua carreira estava indo muito bem, até que ela começou a demonstrar uma preocupação excessiva, no trabalho, com sua imagem, com suas falas, com sua escrita. Tudo que escrevia não estava bom, refazia várias vezes atrasando a entrega do trabalho. Em casa, estava sempre irritada, cansada e com muitas dificuldades para conciliar o sono. Relatava não ter coragem de abrir os seus e-mails por não saber o que iria encontrar. Precisava ir várias vezes ao banheiro antes de conseguir abrir as mensagens. 
Critérios diagnósticos A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses):
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 
2. Fatigabilidade. 
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 
4. Irritabilidade. 
5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). 
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V (2014) A idade média do início do transtorno é aos 30 anos.
Transtorno obsessivo compulsivo | 300.3 (DSM-V, 2014, p .263) | CID-10 (1993): F42
O transtorno obsessivo compulsivo é conhecido como TOC e pode ser caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Cheniaux (2005, p. 144) estabelece uma distinção entre obsessão e compulsão, são elas:
Obsessões 
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos 
e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. 
Compulsões 
1. Comportamentos repetitivos (p. ex.: lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex.: orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas. 
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. Exemplo: Telma, 30 anos, comerciária. Os sintomas de Telma começaram quando tinha 21 anos. Um pensamento passou por sua cabeça: “Se eu não contar os postes de minha casa até o trabalho minha mãe morrerá”. Telma tentou resistir ao impulso de contar os postes, mas não conseguiu. No meio do caminho, desceu do ônibus, voltou para o início do trajeto e caminhou por 5 km contando todos os postes. Telma diz que achou muito estranho esse pensamento, mas não conseguiu resistir. Passou a fazer isso diariamente. Com o tempo, seus comportamentos foram ficando cada vez mais bizarros. Passou a arrumar o armário de mantimentos por tamanho, prazo de validade e altura. Seu guarda-roupa é arrumado por cor, tamanho e tipo. Toma diversos banhos diariamente, lava a mão por mais de cinquenta vezes ao dia. Esses comportamentos consomem grande parte de seu tempo, e a impedem de continuar trabalhando. 
No CID-10 (1993), os critérios diagnósticos são diferentes e os sintomas obsessivos devem ter as seguintes características:
a) Os pensamentos ou impulsos devem ser reconhecidos como próprios do sujeito; 
b) Deve haver pelo menos um pensamento ou ato que ainda que resistido, sem sucesso, ainda que possam estar presentes outros aos quais o paciente não resiste mais; 
c) O pensamento de execução do ato não deve ser em si mesmo prazeroso (o alivio de tensão ou ansiedade, não é, nesse sentindo, considerado como prazer) 
d) Os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.
Tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo) | 312.39 (DSM-V, 2014, p. 251) |CID-10 (1993): F63.3
A característica essencial da tricotilomania é arrancar o próprio cabelo de forma recorrente. No DSM-V (2014, p. 251) vemos que esse comportamento pode ocorrer em qualquer região do corpo em que crescem pelos; os locais mais comuns são o couro cabeludo, as sobrancelhas e os cílios, enquanto os menos comuns são as regiões axilar, facial, púbica e perirretal.
Arrancar os cabelos pode trazer várias dificuldades para o portador desse transtorno. Como ficar com a alopecia, que é a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em determinada área de pele. 
Os locais de onde o cabelo é arrancado podem variar com o tempo. O ato de arrancar o cabelo pode ocorrer em breves episódios ao longo do dia ou durante a noite.
Critérios diagnósticos no DSM-V (2014) Critério 
A – característica essencial da tricotilomania é arrancar o próprio cabelo de forma recorrente. Critério B – Os sujeitos com esse transtorno fazem repetidas tentativas de reduzir ou parar o ato de arrancar os cabelos 
Critério C – O ato de arrancar cabelo traz causa sofrimento clinicamente significativo. 
A. Arrancar o próprio cabelo de forma recorrente, resultando em perda de cabelo. 
B. Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de arrancar o cabelo. 
C. O ato de arrancar cabelo causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
D. O ato de arrancar cabelo ou a perda de cabelo não se deve a outra condição médica (p. ex.: uma condição dermatológica). E. O ato de arrancar cabelo não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex.: tentativas de melhorar um defeito ou falha percebidos na aparência, no transtorno dismórfico corporal). Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento
do diagnóstico e nem a quantidade de sintomas necessários. 
Curso no DSM-V (2014): O ato de arrancar o cabelo pode ser visto em bebês, e esse comportamento se resolve durante o início do desenvolvimento. O início do comportamento de arrancar o cabelo na tricotilomania coincide mais comumente com a puberdade ou após seu início. Os locais de onde o cabelo é arrancado podem variar com o tempo. O curso habitual da tricotilomania é crônico, com algumas remissões e recidivas se o transtorno não é tratado. Os sintomas podem piorar no sexo feminino, acompanhando as alterações hormonais (p. ex.: menstruação, perimenopausa) (DSM-V, 2014, p. 251).
Transtorno de escoriação (Skin-picking) | 698.4 (DSM-V, 2014, p. 254) | CID-10 (1993): L98.1
Pessoas que sofrem com transtorno de escoriação passam quantidades significativas de tempo em seu comportamento de beliscar, às vezes várias horas por dia, e esse comportamento pode durar meses ou anos. Beliscam todas as partes do corpo. As pessoas relatam que sentem uma necessidade incontrolável de se beliscar. O comportamento de beliscar a pele pode ser acompanhado de uma gama de comportamentos ou rituais envolvendo a pele ou cascas de ferida. O comportamento pode ser desencadeado por sentimentos de ansiedade ou tédio, pode ser precedido por uma tensão crescente (seja imediatamente antes de beliscar a pele, seja quando tenta resistir ao impulso de beliscar) e levar à gratificação, ao prazer ou a um sentimento de alívio quando a pele ou a casca foi arrancada. Algumas pessoas relatam que beliscam em resposta a uma irregularidade menor na pele ou para aliviar uma sensação corporal desconfortável. O ato de beliscar a pele em geral não ocorre na presença de outros indivíduos, exceto membros da família imediata. Alguns relatam beliscar a pele de outras pessoas.
Critérios diagnósticos no DSM-V (2014) 
A - Para se caracterizar o transtorno é necessário que o beliscar a pele provoque lesões cutâneas, embora os indivíduos com o transtorno com frequência tentem esconder ou camuflar essas lesões (p. ex.: com maquiagem ou com roupas). 
B - Essas pessoas já fizeram repetidas tentativas de reduzir ou parar de beliscar a pele 
C - indica que beliscar a pele causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O termo sofrimento inclui afetos negativos que podem ser experimentados por aqueles que beliscam a pele, tais como sensação de perda de controle, constrangimento e vergonha. Pode ocorrer prejuízo significativo em várias áreas diferentes de funcionamento (p. ex.: social, profissional acadêmica e lazer), em parte devido a evitação de situações sociais.
A histeria e os transtornos somatoformes
A histeria já é conhecida há mais de dois mil anos. Desde a Antiguidade, Hipócrates já usava o termo “histeria” para nomear os comportamentos nervosos em algumas mulheres. A origem da palavra histeria – do grego histeros, útero – contribuiu para que o transtorno fosse ligado ao feminino e ao sexual (BOROSSA, 2005, p. 21). Na Idade Média, a histeria passou a ser definida como possessão demoníaca pela Igreja católica. No século XIX, Charcot usava a hipnose para estudar a histeria, e fez uma importante diferenciação entre a histeria e a epilepsia. Ele classificava a histeria como transtorno fisiopático do sistema nervoso. Durante as aulas de Charcot, Freud ficou intrigado com o fato de que a histeria, embora não demonstrasse nenhuma perturbação neurológica orgânica, não se caracterizava como fingimento, e não se apresentava somente em mulheres. Freud foi fundamental para dar uma escuta às mulheres histéricas. Ele pôde perceber o “valor do sintoma” e estudá-lo sob uma nova ótica. No texto Estudos sobre histeria (1905), Freud e Breuer apresentaram três pontos fundamentais: os sintomas histéricos faziam sentido; existia um trauma que causara a doença, que tinha ligação com impulsos libidinais que haviam sido reprimidos; a lembrança desse trauma e sua catarse eram o caminho para a cura. A ideia de uma sexualidade problemática, onde o desejo entra em contradição com a incapacidade de realização, começa a aparecer e a fazer sentido.
capítulo 3 • 101
Freud estabeleceu ainda os sintomas clássicos das manifestações histéricas: sensação de sufocação, tosse, acessos dramáticos, paralisia dos membros, desmaios, incapacidades repentinas de falar, perda de audição, esquecimento de língua materna, vômitos persistentes e incapacidade de ingerir alimentos.
A histeria na atualidade A histeria é um dos termos mais conhecidos da psiquiatria. Com o avanço dos modernos manuais de classificação diagnóstica, esse termo foi desaparecendo. Já a partir dos manuais de classificação da Associação Psiquiátrica Americana DSM-III e DSM-IV, o termo histeria foi setorizado de acordo com a localização ou a origem dos sintomas. Os sintomas histéricos de natureza física (sensitivo-motor) passaram a ser denominados somatoformes (incluindo-se aqui a conversão e a somatização) e as manifestações de natureza psicológica passaram a ser denominadas dissociativas. No Código Internacional de Doenças (CID-10,1993), a histeria foi dividida em vários diagnósticos. As divisões principais são: transtorno de personalidade histriônica e transtorno dissociativo ou conversivo.
Transtorno de somatização | CID-10 (1993): F45
No CID-10, é apresentado como um transtorno caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos, múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, persistindo ao menos por dois anos. A maioria dos pacientes teve uma longa e complicada história de contato tanto com a assistência médica primária como especializada durante as quais muitas investigações negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido realizadas. Os sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema do corpo. O curso da doença é crônico e flutuante, e frequentemente se associa a uma alteração do comportamento social, interpessoal e familiar. No DSM-V (2014), aparece como transtorno de sintomas somáticos. Neste capítulo do DSM-V, estão incluídos os diagnósticos de: 
1. Transtorno de sintomas somáticos; 2. Transtorno de ansiedade de doença; 3. Transtorno conversivo (transtorno de sintomas neurológicos funcionais), fatores psicológicos que afetam outras condições médicas;
capítulo 3 • 102
4. Transtorno factício, outro transtorno de sintomas somáticos, e transtorno relacionado especificado;
Transtorno de sintomas somáticos | DSM-V 300.82 (DSM-V, 2014, p. 311) | No CID-10 (1993): F45.1
Os transtornos de sintomas somáticos apresentam algumas características comuns. Os sintomas somáticos produzem muitos sofrimentos e vários prejuízos na vida profissional e social. Os sujeitos com esse transtorno costumam procurar auxílio nos postos de saúde, em ambulatórios médicos e na emergência clínicas. Dificilmente procuram apoio psicológico ou psiquiátrico. No DSM-IV os transtornos de sintomas somáticos aparecem com o nome de transtornos somatoformes, mas foi considerado confuso e levava a interpretações incorretas por isso mudou de nome no DSM-V. No DSM-V (2014), vemos que o que caracteriza sujeitos com transtorno de sintomas somáticos não são os sintomas somáticos em si, mas como eles se apresentam e como são interpretados. A presença de um diagnóstico clínico não exclui a possibilidade de um transtorno mental comórbido, incluindo um transtorno de sintomas somáticos e transtornos relacionados. Exemplo: Maria, 38 anos vai ao posto de saúde semanalmente atrás de ajuda para as dores que sente em todo o corpo. Já procurou vários especialistas que sempre dizem que ela não tem nada. Suas dores são fortes, diárias e não cessam com medicação alguma. O médico do posto já recomendou que Maria procurasse atendimento psicológico e/ou psiquiátrico, mas Maria se recusa, alegando que “não sou doida”. Em seu histórico clínico, consta a realização de vários exames médicos laboratoriais, como ressonância magnética e outros procedimentos. Em conversas com a equipe
que a atende, ela reclama que suas queixas não são levadas em conta, que ninguém acredita nela, que sofre sozinha. Conta também que nem sua família acredita nela. Diz que sua vida é muito triste, porque tem uma doença séria, que não pode ser diagnosticada e por isso mesmo fica solitária e abandonada. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V (2014) Surge no início da vida adulta e seguem por toda a vida
capítulo 3 • 103
Transtorno conversivo (Transtorno de sintomas neurológicos funcionais) | 300.11 (DSM-V, 2014, p. 319) | CID-10 (1993): F44.4
O DSM-V mostra que esse transtorno produz uma fraqueza ou paralisia nas pernas; movimentos anormais, como tremor ou movimentos distônicos; anormalidades da marcha; e postura anormal de membro. Sintomas sensoriais incluem sensação cutânea, visão ou audição alteradas, reduzidas ou ausentes. Episódios de tremores generalizados de membros com aparente prejuízo ou perda de consciência podem assemelhar-se a convulsões epiléticas (também denominadas convulsões psicogênicas ou não epiléticas). Outros sintomas incluem volume da fala reduzido ou ausente (disfonia/afonia), articulação alterada (disartria), uma sensação de “bola” ou caroço na garganta (globus) e diplopia (visão dupla; duplicação das imagens dos objetos). Exemplo: Isabela, 25 anos, é levada para a emergência de um hospital de grande porte. Apresenta uma paralisia em suas duas pernas. Após o exame clínico, o médico chama a psicóloga para atender Isabel, pois o seu quadro não apresenta componentes neurológicos. Na entrevista, Isabel conta que desde os 18 anos apresenta vários sintomas sem explicação médica. Essa paralisia começou após o término de sua licença médica. Ela teria de retornar ao trabalho, mas ficou paralisada. Fala de sua angústia em trabalhar nesse local. 
Critérios diagnósticos no DSM-V (2014) A. Um ou mais sintomas de função motora ou sensorial alterada. B. Achados físicos evidenciam incompatibilidade entre o sintoma e as condições médicas ou neurológicas encontradas. C. O sintoma ou déficit não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou médico. D. O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou requer avaliação médica. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V (2014) O transtorno pode se manifestar a qualquer momento. O surgimento de ataques não epiléticos atinge seu pico na terceira década de vida, e sintomas motores 
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têm seu pico de início na quarta década. Os sintomas podem ser transitórios ou persistentes. O prognóstico pode ser melhor em crianças pequenas do que em adolescentes e adultos.
Curso O transtorno pode se manifestar em qualquer momento da vida.
Transtorno doloroso somatoforme persistente | 300.82 (DSM-V, 2014, p. 311) | CID-10 (1993): F45.4
Os portadores desse transtorno queixam-se de dor persistente, grave e angustiante. Dor que não pode ser relacionada a nenhum processo fisiológico ou por um problema físico. Os pacientes relatam o aparecimento da dor associada a conflito emocional ou problemas psicossociais. Com o surgimento da dor, a pessoa em crise recebe atenção e carinho de pessoas próximas. Exemplo: Carla, 34 anos, é atendida pela psicóloga do SUS. Ela reclama de dor intensa, que não cessa com medicação convencional. Tem uma cefaleia intensa e dores na coluna. Carla consegue perceber, durante a terapia, que o aumento da intensidade de suas dores está diretamente relacionado às suas necessidades de atenção. Ela conta que quando percebe que seu casamento está em crise, ou que seu marido pretende sair com os amigos, a suas dores pioram bastante. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V (2014) O curso é crônico com alguns episódios de crise.
Transtorno factício autoimposto | 300.19 (DSM-V, 2014, p. 325) | CID-10 (1993): F68.10
Esse transtorno tem como característica a falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença. A pessoa se apresenta a outros como doente, incapacitada ou lesionada, mas o comportamento fraudulento é evidente mesmo na ausência de recompensas externas óbvias. Pode aparecer um evento durante o curso da vida.
capítulo 3 • 105
Exemplo: Joana, 30 anos, é conhecida no hospital próximo a sua residência como simuladora de doença. Ela toma medicação para alterar seus batimentos cardíacos, toma medicação para pessoas diabéticas mesmo não sendo. Simula desmaios e crises epiléticas. Encaminhada para a psicologia/psiquiatria, reluta por não se acreditar doente. Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Transtorno factício imposto a outro | 300.19 (DSM-V, 2014, p. 325) | CID-10 (1993): F 68.10 (antes transtorno factício por procuração)
Esse transtorno diz respeito à falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença em outro, associada à fraude identificada. O sujeito apresenta outro (vítima) a terceiros como doente, incapacitado ou lesionado. Seu comportamento fraudulento é evidente até mesmo na ausência de recompensas externas óbvias. Exemplo: Ana Rosa, 25 anos, mãe de uma criança de dois anos, foi detida pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima por ter sido vista pela enfermeira da pediatria colocando sal, em vez de açúcar, na mamadeira de seu filho. No interrogatório, ela contou que não queria matá-lo. Só queria que ele continuasse internado, pois, quando está em casa, sua vida é triste e vazia. No hospital, ela recebe atenção e carinho da equipe médica, e também das outras mães.
Características diagnósticas no DSM-V (2014) A característica essencial do transtorno factício é a falsificação de sinais e sintomas médicos ou psicológicos em si mesmo ou em outro associado a fraude identificada. Indivíduos com transtorno factício também podem buscar tratamento para si mesmos ou para outro depois da indução de lesão ou doença. O diagnóstico requer a demonstração de que o indivíduo está agindo de maneira sub-reptícia para falsear, simular ou causar sinais ou sintomas de doença ou lesão na ausência de recompensas externas óbvias. Os métodos de falsificação de doença podem incluir exagero, fabricação, simulação e indução. Se uma condição médica preexistente estiver presente, o comportamento fraudulento ou a indução de lesão fraudulenta associada à fraude faz outras pessoas verem esses indivíduos (ou outros) como mais doentes ou comprometidos, o que pode levar a intervenções médicas excessivas. 
capítulo 3 • 106
Indivíduos com transtorno factício poderiam, por exemplo, relatar sentimentos de depressão e ideias suicidas como consequência da morte de um cônjuge a despeito de essa morte não ser verdadeira ou de o indivíduo não ter um cônjuge; relatar falsamente episódios de sintomas neurológicos (p. ex.: convulsões, tonturas ou desmaios); manipular um exame laboratorial (p. ex.: acrescentando sangue à urina) para indicar falsamente uma anormalidade; falsificar prontuários médicos para indicar uma doença; ingerir uma substância (p. ex.: insulina ou varfarina) para induzir um resultado laboratorial anormal ou uma doença; ou se automutilar ou induzir doença em si mesmos ou em outra pessoa (p. ex.: injetando material fecal para produzir um abscesso ou induzir sepse). Nota: O DSM-V (2014) não apresenta um período de tempo necessário para o estabelecimento do diagnóstico, nem a quantidade de sintomas necessários.
Curso no DSM-V (2014) O curso desse transtorno envolve episódios intermitentes ou episódios únicos e episódios persistentes e perseverantes são menos comuns. RESUMO
Neste capítulo, vimos algumas síndromes, seu desenvolvimento e curso. Conhecemos algumas histórias de pessoas que sofrem dessas síndromes. Você deve ter notado que são quadros graves e muito complicados. Então, preciso repetir que é fundamental você continuar estudando com afinco e dedicação. Gostaria de sugerir que lesse o caso Dora que você poderá encontrar em Estudos sobre a histeria. Acredito que a leitura desse caso de Freud poderá ajudá-lo a conhecer melhor essa questão. Boa leitura.
ATIVIDADE
De acordo com Dalgalarrondo (2008), existem dois tipos básicos de transfundos. Quais são eles e suas diferenças principais?R: 1. 1.Transfundos estáveis – seriam a personalidade e a inteligência dos sujeitos. Os sintomas, em geral, estão em acordo com os traços de personalidade.
2. Estabeleça as diferenças entre: processo, desenvolvimento, crise episódio, fase e surto.R: 2. Processo – é uma transformação lenta, insidiosa e incompreensível da personalidade causada pelas alterações psicopatológicas. Consideramos processo porque a evolução vai transformando lentamente a personalidade do sujeito. Desenvolvimento – é uma transformação psicológica e compreensível da personalidade. Essa evolução pode ser normal ou anormal. Crise ou ataque – tem o surgimento ou término abrupto, dura de minutos a raramente horas. Chamamos de crise as crises epiléticas, histéricas, crises de agitação psicomotora. Episódio – tem duração de dias ou até semanas. O termo crise ou episódio refere-se apenas à temporalidade do fenômeno. Fase – refere-se principalmente às fases de depressão ou da mania dos transtornos afetivos. Surto – é a eclosão abrupta da doença de base endógena não compreensível psicologicamente.
3. Quais as diferenças entre obsessões e compulsões?R: 3. Obsessões - 1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento; 2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. As compulsões - 1. Comportamentos repetitivos (p. ex.: lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex.: orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem 
ser rigidamente aplicadas; . 2 Os comportamentos ou os atos mentais buscam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que buscam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. 
O que caracteriza o transtorno conversivo? R: 4. Esse transtorno produz uma fraqueza ou paralisia nas pernas; movimentos anormais, como tremor ou movimentos distônicos; anormalidades da marcha; e postura anormal de membro. Sintomas sensoriais incluem sensação cutânea, visão ou audição alterada, reduzidas ou ausentes. Episódios de tremores generalizados de membros com aparente prejuízo ou perda de consciência podem assemelhar-se a convulsões epiléticas (também denominadas convulsões psicogênicas ou não epiléticas). Pode haver episódios de ausência de resposta semelhantes à síncope ou coma. Outros sintomas incluem volume da fala reduzido ou ausente (disfonia/afonia), articulação alterada (disartria), uma sensação de “bola” ou caroço na garganta (globus) e diplopia (visão dupla; duplicação das imagens dos objetos).
5. O transtorno factício autoimposto é grave e traz imensos prejuízos para as pessoas afetadas por ele. Caracterize esse transtorno?R: 5. Esse transtorno tem como característica a falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença. A pessoa se apresenta a outros como doente, incapacitado ou lesionado, mas o comportamento fraudulento é evidente mesmo na ausência de recompensas externas óbvias.

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