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JECRIM

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JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 
 
 
 LEI 9.099/95 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Valéria Pandjiarjian1 
 
1 Valéria Pandjiarjian, 32 anos, é advogada, pesquisadora e consultora em gênero e direitos humanos. É membro do 
CLADEM-Brasil, seção nacional do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, e 
coordenadora da linha de trabalho regional sobre violência de gênero da rede CLADEM. É também membro do IPÊ-
Instituto para Promoção da Equidade, consultora para a AGENDE – Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento no 
tema do Protocolo Facultativo à CEDAW para IPAs-Brasil, na área de políticas para a saúde reprodutiva das mulheres. É 
co-autora dos livros Estupro: crime ou cortesia? Abordagem sócio jurídica de gênero (1998) e Percepções das mulheres 
em relação ao Direito e à Justiça, ambos da Coleção Perspectivas Jurídicas da Mulher, Sérgio Antonio Fabris Editor, 
Porto Alegre (RS). É também co-autora da série QSL: Quebrando Silêncios e Lendas, material educativo de capacitação 
para policiais sobre violência contra a mulher, produzido pelo IPÊ e pelo CECIP-Centro de Criação e Imagem Popular 
(1999). 
 2 
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL - LEI 9.099/95 
 
Valéria Pandjiarjian 
 
 
 I 
 
 O Juizado Especial Criminal (JECrim), previsto na Lei 9.099/95, foi criado para tratar 
especificamente das infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, aquelas consideradas 
de menor gravidade2. 
 
 E o que a Lei considera infração penal de menor potencial ofensivo? São as contravenções 
penais e os crimes cuja pena máxima prevista em lei não seja superior a um ano3 (exceto nos casos 
em que haja previsão legal para aplicação de procedimento especial). 
 
Exemplos: a) contravenção penal: vias de fato (agressão física sem causar lesão), pena de prisão 
simples de 15 dias a 3 meses; b) crimes: ameaça, pena de detenção de 1 a 6 meses ou multa; lesão 
corporal leve, pena de detenção de 3 meses a 1 ano (Obs: configura-se a lesão corporal leve 
quando esta gera incapacidade da vítima para suas ocupações habituais por menos de 30 dias). 
 
 Esse é, então, o objeto de atenção da Lei 9009/95, no que diz respeito ao JECrim: as 
contravenções penais e os crimes com pena máxima prevista em lei igual ou inferior a 1 (um) ano. 
 
 E porque interessa muito especialmente falar dessa Lei em um curso como o de formação de 
Promotoras Legais Populares? Justamente porque essa Lei vai alcançar os crimes “considerados de 
menor gravidade” que mais incidem sobre as mulheres, que mais são praticados contra as mulheres 
especialmente no âmbito doméstico e das relações familiares, quais sejam, os crimes de ameaça e 
de lesões corporais leves. 
 
 Portanto, a Lei 9099/95, ao instituir o JECrim da forma que o faz, tem implicações diretas na 
questão da violência doméstica. 
 
 
 II 
 
 Pretendo abordar a temática em questão a partir de duas perspectivas fundamentais: 
 
A. Considerações de caráter mais geral, destacando os pontos mais relevantes sobre o 
procedimento da Lei, ou seja, sobre como funciona o JECrim; e 
 
B. Considerações de ordem mais específica - e crítica - sobre como essa Lei tem sido aplicada em 
relação aos casos de violência doméstica contra a mulher, e em que medida tem ou não tem 
sido eficaz para combatê-la. 
 
2 Art. 60 da Lei 9.099/95. 
3 Art. 61 da Lei 9.099/95. 
 3 
A. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 Quando da sua elaboração, a Lei 9099/95 foi criada com o objetivo maior de desafogar os 
sistemas carcerário e judiciário, à época, e ainda hoje, sobrecarregados com uma demanda muito 
superior a sua possibilidade de atendimento. Para tanto, optou-se privilegiar a utilização de um 
procedimento simples e célere e a aplicação de penas com caráter mais social e menos punitivo 
(penas alternativas). 
 
 A propósito, a Lei é bastante clara nesse sentido, ao estabelecer como critérios e princípios do 
processo no JECrim:4 
 
� a oralidade; 
� a informalidade; 
� a economia processual; 
� a celeridade. 
 
Frise-se que, os critérios e princípios ora mencionados devem ser aplicados objetivando, sempre 
que possível: 
 
� a reparação dos danos sofridos pela vítima 
� a aplicação de pena não privativa de liberdade. 
 
 Bem, examinemos, então, o procedimento adotado pela Lei 9099/95 em relação ao JECrim. 
 
Breve síntese do procedimento no JECrim 
 
 Em fase preliminar, estabelece a Lei que: 
 
� a autoridade policial, ao tomar conhecimento da prática de infração penal de menor potencial 
ofensivo, registra os fatos em um documento chamado Termo Circunstanciado (T.C.)5. 
� o T.C. é encaminhado pela autoridade policial imediatamente ao JECrim, com o autor do fato6 
(se presente) e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários7. 
 
 
OBS: Tratando-se de crimes de ameaça e lesões corporais leves, como são a maioria dos casos de violência doméstica 
praticados contra a mulher, o encaminhamento do T.C. somente será feito caso a vítima queira representar contra o 
agressor, vale dizer, caso ela queira que o procedimento siga. Isso porque, em relação a esses crimes, a lei exige o ato 
formal de representação da vítima para instaurar e dar seguimento aos procedimentos de apuração dos fatos. Contudo, 
caso não queira fazer nesse momento, a vítima tem ainda o prazo de 6 meses para representar . 
 
 
 
4 Art. 62 da Lei 9.099/95. 
5 Esse procedimento de registro dos fatos em Termo Circunstanciado junto à Delegacia de Polícia é muito mais célere e 
simplificado do que aquele previsto em relação a outros crimes, para os quais a autoridade policial deve tomar 
providências no sentido de fazer as averiguações e investigações necessárias à instauração de Inquérito Policial, 
presidido pelo(a) delegado(a) de polícia. Vale dizer, no caso da Lei 9.099/95, não haverá instauração de Inquérito 
Policial, mas sim registro da ocorrência em Termo Circunstanciado, a ser encaminhado ao JECrim. 
6
 A Lei fala aqui em autor do fato referindo-se ao agressor. Não usa o termo indiciado porque não há instauração de 
Inquérito Policial, e tampouco acusado ou réu porque ainda não há Ação Penal instaurada. 
7 Art. 69 da Lei 9.099/95. 
 4 
� em audiência preliminar no JECrim, presentes o representante do Ministério Público (MP), o 
autor do fato (agressor) e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus 
advogados, o Juiz esclarecerá às partes sobre a possibilidade da composição dos danos e da 
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade8 . 
� havendo composição dos danos civis9, ou seja, a conciliação entre as partes, o Juiz homologa 
o acordo por sentença irrecorrível. Em crimes como os de ameaça ou lesões corporais leve, por 
exemplo, esse acordo significa a renúncia ao direito de representação da vítima contra o 
agressor em relação àquele fato10. 
� não havendo composição dos danos civis, será dada imediatamente à vítima a oportunidade de 
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 
 
 
OBS: Da mesma forma que ocorre na polícia, aqui também, perante o Juiz, tratando-se, por exemplo, de crimes de 
ameaça e lesões corporais leves, caso a vítima não queria fazer a representação nesse momento, ainda terá 
oportunidade de fazê-lo no prazo de 6 meses. 
 
 
� havendo representação da vítima, o Ministério Público pode propor ao autor do fato (agressor) a 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa. É a chamada transação penal11. 
Contudo, não se admitirá a transação penal se ficar comprovado que: 
I. o autor do fato já foi condenado à pena privativa de liberdade, em sentença definitiva; 
II. já foi beneficiado anteriormente, no prazode 5 anos, com pena restritiva ou multa; 
III. os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e 
as circunstâncias não indicam ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
� aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, a transação penal será submetida à 
apreciação do Juiz, que poderá acolhê-la ou não. Dessa decisão caberá recurso. 
 
 
OBS: Em geral, os casos de violência doméstica se encerram nessa fase preliminar. 
 
 
 Em procedimento sumaríssimo, estabelece a Lei que: 
 
� quando não houver aplicação de pena imediata, pela ausência do autor do fato (agressor) na 
audiência preliminar, ou pela não ocorrência da transação penal, o Ministério Público oferece de 
imediato a denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. 
� oferecida a denúncia, designa-se dia e hora para a audiência de instrução e julgamento. 
� em audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de 
tentativa de conciliação e de transação penal, repete-se o procedimento da audiência preliminar. 
� aberta a audiência de instrução e julgamento, é dada a palavra ao defensor para responder à 
acusação, e o Juiz decide se recebe ou não a denúncia. Recebendo a denúncia, serão ouvidas 
a vítima e as testemunhas de acusação e defesa. Interroga-se o acusado12, se presente, e 
passa-se aos debates orais e à sentença. Da decisão que não receber a denúncia e/ou da 
sentença de mérito caberá recurso. 
 
8
 Art. 72 da Lei. 9.099/95. 
9
 Essa composição é feita entre a vítima e o autor do fato (acusado). É a chamada conciliação. 
10
 Art. 74 da Lei 9.099/95. 
11
 Art. 76 da Lei 9.099/95. Frise-se que a transação penal é feita somente entre Ministério Público e autor do fato 
(agressor), não havendo oportunidade da vítima manifestar-se a respeito. 
12
 Aqui a Lei já se refere ao agressor como acusado e não mais como autor do fato, pois nesse momento passamos a ter 
a Ação Penal propriamente dita já instaurada. 
 5 
 
 A Lei estabelece, ainda, a possibilidade de ser adotado, para determinados crimes, um 
procedimento muito importante, que afeta diretamente os casos de violência doméstica. Trata-se da 
suspensão condicional do processo13: 
 
 
� nos crimes em que a pena mínima prevista em lei for igual ou inferior a um ano, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo14, por dois a quatro 
anos (chamado período de prova), desde que o acusado não esteja sendo processado ou não 
tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a 
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
� aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, o Juiz, recebendo a denúncia, poderá suspender 
o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
I. reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
II. proibição de freqüentar determinados lugares; 
III. proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
IV. comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar 
suas atividades. 
� o juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que 
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
� a suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro 
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano e poderá ser revogada se o 
acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer 
outra condição imposta. 
� expirado o prazo do período de prova sem revogação da suspensão do processo, o Juiz 
declarará extinta a punibilidade. 
� se o acusado não aceitar a proposta da suspensão, o processo prosseguirá em seus ulteriores 
termos. 
 
 
B. CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS EM RELAÇÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
Pois bem, inicio minhas considerações específicas e críticas à Lei 9099/95 justamente em 
relação a um caso de lesão corporal ocorrido no âmbito doméstico, no qual foi aplicada a suspensão 
condicional do processo, prevista no artigo 89 na Lei. Permito-me valer do depoimento de uma 
mulher enviado à Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP, no qual relata sua experiência 
pessoal (ver Jornal do Advogado, OAB/SP, Maio de 2000, pg. 28): 
 
“...certa noite, após uma série de ameaças, meu marido, completamente embriagado, diante de minha filha de 8 
anos, atacou-me e causou-me lesões que deixaram estupefato o médico legista. Ele me machucou tão 
profundamente quanto jamais poderia supor. Demorei a tomar uma decisão, por vários, fatores, principalmente 
por me sentir humilhada perante a família e a sociedade, e também porque custei a acreditar que uma pessoa 
em quem eu havia confiado tivesse sido capaz de tamanha violência. Resolvi, porém, denunciá- lo e compareci 
Delegacia de Defesa da Mulher, fiz exame de Corpo de Delito, fui fotografada e ouvida em declarações. 
Meu marido, autor do crime de lesões corporais, por ocasião da audiência, aceitou a proposta de 
suspensão do processo por dois anos, sob as condições relacionadas no parágrafo 1º do art. 89 da Lei 9.099/95, 
 
13
 Art. 89 da Lei 9.099/95. 
14
 Aqui também, tal como na transação penal, o acordo acerca da suspensão condicional do processo é feito entre 
Ministério Público e acusado, não havendo oportunidade de manifestação da vítima. 
 6 
ou seja, ele não poderia frequentar determinados lugares, nem ausentar-se de... sem autorização do Juiz, na 
presença do qual deveria comparecer mensalmente, informando e justificando suas atividades. 
 Ao cabo de dois meses, aproximadamente, da data da audiência, meu marido solicitou, por meio de 
petição dirigida ao Juiz, que fosse liberado do compromisso de pedir autorização para ausentar-se do Município, 
o que lhe foi concedido. 
Diante de todos esses fatos, eu comecei a me questionar sobre a legislação em vigor (...) permitir que um 
marido agrida uma esposa de maneira como eu o fui e saia desobrigado do pouco que a Lei impõe é demais. 
Não estou a exigir a Lei de Talião, mas sim que, no mínimo, seja cumprida a sanção imposta. (....) 
Como é que eu vou explicar às minhas filhas – que não é direito bater, pois além do aspecto moral, há o 
aspecto jurídico. Falar sobre a educação recebida de respeitar os amigos, os professores, a natureza, se os fatos 
são contrários a tudo isso? 
Elas sabem que o pai fez uma coisa errada, mas que ele segue sua vida de passeios e muito riso. Tenho 
também de ensiná-las que existe uma lei e que serve para nos proteger, se somos pessoas de bem. (....) 
Agredir fisicamente a esposa ou companheira deveria ser um fator agravante; a presunção de confiança no 
marido ou companheiro, por parte da vítima, também uma agravante, e cometer o ato na presença de filhos 
menores, pior ainda. Nada disso é levado em consideração, e a Lei trata o caso nos mesmos moldes de uma 
briga de esquina. (....) 
A deterioração dos valores familiares, a insignificante proteção às pessoas vítimas da violência doméstica, 
a facilidade que o criminoso encontra em subtrair-se aos mandamentos legais, os quais acabam por ampará-lo, 
tudo isso me amedronta. Ora, não existe poder intimidativo maior, pois quem vive com medo agora sou eu, pois 
sei que nem justiça, nem polícia, nem ninguém é capaz de despertar-lhe qualquer sentimento parecido com 
respeito. (...) 
Denunciar para quê, se o próprio Estado não oferece o respaldo que acompanha a denúncia, pois esse é 
apenas o primeiro passo. (...) 
No meu caso, eu tenho a sorte de pertencer a uma parcela da população que teve a oportunidade de 
educação e de trabalho. E quanto às pessoas menos esclarecidas, com baixo poder aquisitivo,cuja própria 
condição social serve como empecilho à busca de ajuda? 
A prestação de serviços à comunidade que, além da multa, é também aplicada na maioria das vezes por 
meio da entrega de cestas básicas a entidades assistenciais é inócua. O que acontece é que acaba sendo 
benefício ao réu esse tipo de punição, pois ele se sente “quite” com a justiça e agraciado com a oportunidade de 
fazer uma “caridade”. (...) 
É emergencial deter a violência doméstica, que mata, que machuca, e fere tanto ou muito mais que 
qualquer outro tipo de violência.....ainda há a sensação de que não valeu a pena a denúncia e a exposição, pois 
estamos completamente desprotegidas e à mercê do agressor.(...) 
...busco respostas às quais não sou capaz obter sozinha, procurando talvez, proporcionar um debate maior 
sobre o assunto com o intuito de se modificar uma legislação tão falha. Penso que a proteção à família é um 
dever do Estado e um direito do cidadão...” (Dezembro de 1999). 
 
Outro caso, proveniente de relato das profissionais da Equipe Técnica da Casa Eliane de 
Grammont, um serviço da Prefeitura Municipal de São Paulo que atende mulheres em situação de 
violência, também nos aponta para questionamentos acerca da problemática aplicação dessa Lei 
aos casos de violência doméstica: 
 
“A Casa Eliane de Grammont, pertencente à Prefeitura do Município de São Paulo, há 10 anos vêm 
prestando atendimento social, psicológico e orientação jurídica a mulheres em situação de violência. 
 Em 12 de janeiro deste ano, a senhora que chamaremos de ‘M’ procurou este serviço especializado, 
relatando que há dezoito anos vêm sofrendo violência física e emocional por parte do ex-companheiro e que 
mesmo estando separada há dois anos, continua recebendo ameaças de morte e sofrendo outras formas de 
violência, como danos materiais, conforme registros policiais realizados. 
 Após ter sido seguida inúmeras vezes e sua casa ter sido invadida pelo ex-companheiro que não aceita a 
separação, vive com medo e insegura. Reforçou todas as fechaduras da casa, vivendo como prisioneira, 
sobressaltada, temendo por sua vida e de seus filhos. Essa situação tem se refletido na sua saúde física e 
mental, tendo sido necessário receber atendimento social e psicológico sistematicamente. Seu filho, de 11 anos, 
tem apresentado distúrbios de comportamento na escola e também está sendo encaminhado para avaliação 
psicológica. 
 7 
 Segundo relato da usuária, em 7 de novembro último, foi realizada audiência perante outros casais, cujos 
processos também se referiam à violência doméstica, o que trouxe grande constrangimento. Além disso, seu 
depoimento foi colhido perante o agressor, que a olhava de modo a intimidá-la, acarretando mais medo e 
insegurança. 
 A sentença atribuída ao réu em relação ao T.C. efetuado sobre as ameaças de morte que vem recebendo 
foi o pagamento de três cestas básicas. Neste mesmo dia, após sair do fórum, “M” recebeu nova ameaça por 
parte do ex-companheiro, por telefone. 
 Por nossa experiência nesta década de existência e pelos estudos teóricos pesquisados, temos 
conhecimento que a violência contra a mulher, cotidiana e cronificada, se processa em escala, começando por 
ofensas verbais, podendo chegar ao homicídio. Nesse sentido, tememos pela vida desta usuária, tendo em vista 
que seu ex-companheiro demonstra um comportamento obsessivo e que vem cada vez mais rompendo com os 
limites do respeito, demonstrando não temer nem autoridade, nem legislação, nem os direitos da usuária, 
colocando-a em situação de risco de vida”. 
 
 Como vimos, a Lei 9.099/95 acarreta inúmeros problemas para a vida das mulheres, ao menos 
no que se refere à sua aplicação aos casos de violência doméstica. A partir da experiência cotidiana 
de organizações não-governamentais no atendimento à mulheres vítimas de violência doméstica – 
valendo-me aqui, a partir de agora, em grande parte, dos relatos da jovem e brilhante advogada 
Letícia Massula - cabe chamar atenção para alguns aspectos problemáticos da Lei: 
 
• Desconsideração da especificidade da violência doméstica. “Delito de menor gravidade” 
no âmbito doméstico e/ou intrafamiliar => perigo de banalização da violência doméstica 
 
 A maior parte dos casos abrangidos pela Lei 9.099/95 são de violência doméstica. O outro 
grande número de ocorrências dessa Lei, como bem lembra Letícia, refere-se a casos de acidentes 
de trânsito. Dar o mesmo tratamento jurídico a um delito de trânsito e a um delito decorrente de 
violência doméstica significa banalizar sobremaneira a violência doméstica. 
 
 Ora, não se pode tratar da mesma maneira um delito praticado por um estranho e o mesmo 
delito praticado por alguém de estreita convivência com a vítima, como é o caso de maridos e 
companheiros que agridem suas esposas, companheiras. O delito praticado por estranhos em 
poucos casos voltará a acontecer, muitas vezes, agressor e vítima sequer voltam a se encontrar. Já, 
o delito praticado por pessoas de estreita convivência com a vítima tende a acontecer novamente, 
bem como pode acabar gerando a ocorrência de delitos de maior gravidade, como é o caso do 
homicídio de mulheres inúmeras vezes espancadas anteriormente por seu companheiros. 
 
 Esta especificidade da violência doméstica, portanto, exclui – ou deveria excluir - os delitos 
decorrentes desta forma de violência da classificação “menor potencial ofensivo”. Embora 
tecnicamente, levando-se em conta o critério da pena – no caso das lesões corporais leves e da 
ameaça – a classificação seja menor potencial ofensivo, as circunstâncias que cercam esses delitos 
quando praticados no âmbito doméstico majoram este potencial. Ressalta Letícia que, critérios 
puramente técnicos como o valor da pena são insuficientes no momento que determinada lei passa 
a ser aplicada em situações cercadas de especificidades como nos casos de violência doméstica. 
Assim sendo, indagamos: poderiam os delitos decorrentes da violência doméstica serem elencados 
entre os delitos de menor potencial ofensivo15? 
 
15
 Vale lembrar que, quando da elaboração da Lei, os legisladores tinham em mente alcançar delitos de trânsito e outros 
de menor gravidade, não havendo uma preocupação, à época, de que pudessem atingir os casos de violência doméstica 
dessa forma. 
 8 
• Juizado Especial Cível X Juizado Especial Criminal 
 
 A Lei 9.099/95, além do Juizado Especial Criminal, instituiu também o Juizado Especial Cível 
para atender às pequenas causas, cujo valor não ultrapasse 40 salários mínimos. A Lei, no que se 
refere ao Juizado Especial Cível, exclui de sua competência as causas relativas ao direito de família, 
mesmo aquelas cujo valor seja inferior ao estipulado. 
 
 O legislador entendeu que independente do valor da causa deveriam ser consideradas as 
especificidades que cercam o direito de família, a importância social das relações familiares. 
Entendeu-se, portanto, que um procedimento célere, sem as formalidades do procedimento comum, 
não contemplaria a importância das relações de família, ao contrário, acabaria por banalizar tais 
relações. 
 
 Pois bem, se a Lei excluiu o direito de família da competência do Juizado Especial Cível, porque 
não excluiu os casos de violência doméstica da competência do Juizado Especial Criminal? Vale 
dizer, se esta é a orientação da própria Lei 9.099/95 no que se refere aos temas relacionados à 
família no âmbito civil, maior razão ainda teria o legislador para excluir da lei a competência para 
julgar casos de violência doméstica e/ou intrafamiliar no âmbito criminal. 
 
 A advogada Letícia Massula, nesse sentido, sugere algumas reflexões interessantes. Letícia 
parte do pressuposto de que a violência doméstica caracteriza-se precipuamente por ocorrer no 
âmbito familiar, no qual as pessoas envolvidas (vítimae agressor) estão inseridas em um complexo 
contexto de relações afetivas, de poder e dependência muito específicas e, na maioria das vezes, 
muito desiguais. Sugere, então, Letícia - usando da analogia - a hipótese de “classificarmos” esses 
casos de violência doméstica como “direito de família criminal” ou como “crimes de família”. 
Tratando-se, hipoteticamente, de “direito de família criminal”, diz Letícia: poderíamos entender que 
por também se inserir em um contexto diferenciado, por tratar de relações especialmente protegidas 
pelo legislador, não poderia esse direito de família no âmbito criminal - da mesma forma que o 
direito de família no âmbito civil - ser tratado por procedimento célere, desprovido de maiores 
formalidades, pois correr-se-ia o risco de banalizar conflitos tão graves como os ocorridos no 
contexto familiar. A própria Lei, portanto, neste sentido, no entender de Letícia, já apontaria para 
uma maior complexidade dos crimes praticados no âmbito doméstico, não devendo ser estes 
considerados de menor potencial ofensivo, pois contraria a lógica que determina especial cuidado 
com assuntos relativos à família. 
 
• Representação 
 
 Outro tema polêmico, segundo Letícia, refere-se à necessidade de representação da vítima 
exigida pela Lei, para os casos de lesão corporal leve16. Alguns entendem ser um grande ônus para 
a vítima de violência doméstica a decisão de representar ou não o agressor, levando-se em conta 
que este agressor, na maior parte dos casos, é também o pai de seus filhos, a pessoa que dorme ao 
seu lado todas as noites. Em diversos países que adotaram leis semelhantes, como o caso da Itália, 
supriu-se esta necessidade de representação em casos onde houvesse relação de poder entre a 
vítima e agressor, dentre os quais se incluem as relações entre marido e mulher. 
 
16
 Em relação ao crime de ameaça o Código Penal já previa a necessidade de representação. Contudo, em relação à 
lesão corporal leve a necessidade de representação da vítima passou a ser exigida após a Lei 9.099/95. 
 9 
 
 Vale lembrar, ainda, que o Código Penal brasileiro inclui como circunstância que agrava a pena 
se o agente comete o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Vale dizer, se existe 
um gravame para esse tipo de conduta, a lógica de nosso ordenamento jurídico é dar um tratamento 
especial, mais severo, em função da relação específica existente entre o autor e a vítima. Assim 
sendo, no que se refere aos casos de violência doméstica, encontra-se a Lei 9.099/95, mais uma 
vez, em desacordo com essa orientação, pois desconsidera o contexto da relação agressor/vítima, 
em especial no que se refere à representação. 
 
• Atendimento 
 
 Conforme relata Letícia, o que se assiste no dia-a-dia dos atendimentos no JECrim são – em 
grande parte - casos de violência doméstica sendo atendidos nos corredores do fórum, sem a 
presença de advogados, juizes, promotores. Fosse feito o procedimento correto, talvez a lei 
funcionasse melhor e não contribuisse tanto para banalização da violência doméstica. Por parte das 
delegadas de polícias titulares das delegacias de defesa da mulher é comum a reclamação de que a 
lei também teria esvaziado a sua função, na medida em que não há mais instauração de Inquérito 
Policial e consequente investigação policial nesses casos, impedindo-se, assim, uma atuação mais 
concreta em relação ao agressor. 
 
• Punição 
 
 Como último ponto a ser destacado, lembra Letícia, está a questão da punição. A pena aplicada 
na maioria dos casos de violência doméstica é de uma cesta básica. São inúmeros os relatos de 
agressores que ao, voltarem da audiência em que foram condenados, chegam em casa e dizem à 
vítima: - “Bater em você tá barato!”. Talvez neste ponto, como comenta Letícia, esteja a grande 
possibilidade de modificação e de coibição da violência doméstica, caso sejam implementadas 
penas educativas como a prestação de serviços à comunidade – vinculando este serviço a 
instituições que abordem a questão da violência doméstica – ou a obrigatoriedade do agressor de 
assistir a palestras sobre a temática, como uma alternativa de baixo custo e de efeitos favoráveis, 
vez que buscariam atacar a raiz do problema, e ainda, manteriam o escopo da lei de desafogar os 
sistemas judiciário e carcerário. A aplicação de tal solução depende apenas de vontade política. 
 
 
III 
 
A par de todas essas considerações, passemos agora a analisar a Lei 9099/95 à luz da 
Constituição Federal de 1988 e dos tratados internacionais de direitos humanos das mulheres 
ratificadas pelo Estado Brasileiro. 
 
Acerca da incorporação de tais tratados ao nosso ordenamento jurídico, cumpre ressaltar, desde 
já, que no entendimento17 de juristas brasileiros como Antonio Augusto Cançado Trindade e Flávia 
 
17
 Contudo esse entendimento não é consensual nos meios jurídicos, e também não corresponde à posição majoritária 
adotada pelo Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da instância do Poder Judiciário. 
 10 
Piovesan, ao qual aderimos, a Constituição Federal18 dá aos tratados internacionais de direitos 
humanos status de norma constitucional, com aplicabilidade imediata. 
 
O art. 2.º da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher – Convenção da Mulher (ONU, 1979), ratificada pelo Brasil em 1984, estabelece que os 
Estados-partes condenam a discriminação contra a mulher em todas as suas formas e concordam 
em seguir - por todos os meios apropriados e sem dilações - uma política destinada a eliminar a 
discriminação contra a mulher. Para tanto, comprometem-se a: 
 
� estabelecer proteção jurídica dos direitos da mulher em uma base de igualdade com os homens 
e garantir por meio de tribunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a 
proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação; 
� adotar medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, 
regulamentos, usos e práticas que constituam discriminação contra a mulher; 
� derrogar todas as disposições penais nacionais que constituam discriminação contra a mulher. 
 
Vale lembrar que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) aponta para o fato de que 
uma em cada cinco mulheres que faltam ao trabalho o fazem por terem sofrido agressões físicas no 
âmbito doméstico. Como bem lembra também Flávia Piovesan: 
 
 A violência doméstica agrava o processo de feminização da pobreza, na medida em que empobrece as 
mulheres. A mulher com dependência econômica, por sua vez, torna-se mais vulnerável à violência doméstica, 
o que, por seu turno, agrava ainda mais o empobrecimento das mulheres. Deflagra-se, assim, um perverso 
ciclo vicioso, em que a violação de direitos civis leva à violação de direitos sociais e vice-versa. 
 
Na década de 90 o movimento feminista lançou a campanha “Violência contra a mulher: Uma 
questão de saúde pública”, ao constatar que mulheres vítimas de violência se socorrem mais vezes 
ao serviço de saúde, têm mais doenças sexualmente transmissíveis, doenças pélvicas inflamatórias, 
gravidez indesejada, abortos espontâneos, dores de cabeça, problemas ginecológicos, abuso de 
drogas e álcool, doenças gastrintestinais, hipertensão e depressão, dentre outras doenças, gerando 
grande demanda a um setor já sobrecarregado, o que poderia ser evitado se houvesse consciência 
e vontade política para enfrentar a raiz do problema da violência doméstica. 
 
A violência contra a mulher constitui-se, assim, como fator fundante da discriminação de gênero 
e vice-versa. Discriminação e violência são parte de uma mesmo binômio, como faces da mesma 
moeda. Discriminação e violência se retroalimentam. Nesse sentido, a Lei 9.099/95, no que se 
refere à sua aplicaçãoaos casos de violência doméstica, apresenta-se incompatível com o que 
estabelece a Convenção da Mulher. 
 
Mas é especialmente na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher – a Convenção de Belém do Pará (OEA, 1994), ratificada pelo Brasil em 1995, que a 
incompatibilidade da Lei 9.099/95 com o que estabelecem os tratados internacionais de proteção 
aos direitos humanos das mulheres fica ainda mais evidente. 
 
No art. 7º da Convenção de Belém do Pará, os Estados-partes se comprometem a: 
 
 
18
 Ver art. 5º, parágrafos 1º e 2º da Constituição Federal. 
 11 
� incluir em sua legislação interna normas penais, civis e administrativas, assim como as de outra 
natureza que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher e 
adotar as medidas administrativas apropriadas que venham ao caso; 
� tomar todas as medidas apropriadas, incluindo medidas do tipo legislativo, para modificar ou 
abolir leis e regulamentos vigentes, ou para modificar práticas jurídicas ou consuetudinárias que 
respaldem a persistência ou a tolerância da violência contra a mulher; 
� estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher que tenha sido submetida a 
violência, que incluam, entre outros, medidas de proteção, um julgamento oportuno e o acesso 
efetivo a tais procedimentos; 
� estabelecer os mecanismos judiciais e administrativos necessários para assegurar que a mulher 
objeto de violência tenha acesso efetivo ao ressarcimento, reparação do dano ou de outros 
meios de compensação justos e eficazes; e 
� adotar as disposições legislativas ou de outra índole que sejam necessárias para efetivar esta 
Convenção. 
 
À luz da Convenção de Belém do Pará, portanto, impõe-se a necessidade de adoção de 
medidas efetivas e específicas que contemplem a violência doméstica contra a mulher. 
 
No mesmo sentido, o art. 226, parágrafo 8º da Constituição Federal estabelece o dever do 
Estado de criar mecanismos para coibir a violência no âmbito das relações familiares, dispositivo 
legal reproduzido em diversas constituições estaduais e que, até o momento, não se incorporou à 
realidade fática vivenciada pelas mulheres brasileiras que vivem em situação de violência. Violência 
esta, ressalte-se, ainda mais banalizada e agravada pela maneira que passou a ser tratada desde a 
entrada em vigor da lei 9.099/95. 
 
IV 
 
Por fim, vale deixar, como proposta para reflexão, o elenco de algumas medidas que – se 
tomadas de forma adequada - poderiam contribuir para transformar a dura realidade enfrentada 
pelas mulheres, em face da aplicação da Lei 9099/95 aos casos de violência doméstica: 
 
� elaboração de uma lei nacional específica que trate da violência doméstica; 
� exclusão dos delitos decorrentes de violência doméstica da abrangência da Lei 9.099/95 ou 
� propositura de alterações parciais na Lei tais como: exclusão da necessidade de representação 
pela vítima; afastamento de acordos e conciliações que desqualifiquem a busca de justiça feita 
pelas vítimas; reconhecimento pelas sentenças da gravidade da conduta perpetrada pelo 
agressor, entre outras; ou ainda 
� adoção de penas alternativas diferenciadas para tais delitos, vale dizer, penas educativas que 
incidam diretamente sobre a postura do agressor, cabendo aqui a constituição de uma política 
de atendimento profissional ao agressor; 
� aparelhamento, treinamento e sensibilização dos operadores do direito para o atendimento da 
demanda proveniente da violência doméstica, a fim de ampliar acompreensão destes 
profissionais acerca das especificidades desse tipo de violência; 
� constituição de uma rede de serviços no atendimento às mulheres em situação de violência – 
aliada à constituição de um banco de dados para melhor conhecer e monitorar essa violência. 
 
 12 
 
RESUMO ESQUMÁTICO DE AULA: 
 
 JJUUIIZZAADDOO EESSPPEECCIIAALL CCRRIIMMIINNAALL ((JJEECCrriimm)) –– LLEEII 99..009999//9955 
 
 
SÓ PRA RELEMBRAR.......... 
 
 
Objeto da Lei: 
 
 
� Infrações de menor potencial ofensivo = infrações penais de menor gravidade 
� contravenções penais e crimes com pena máxima prevista em lei inferior ou igual a 1 ano 
 
 
 
Objetivo da Lei: 
 
 
� desafogar os sistemas carcerário e judiciário 
� adoção de procedimento simples e célere 
� aplicação de penas com caráter mais social e menos punitivo 
 
 
 
Critérios e princípios do processo no JECrim: 
 
 
� oralidade 
� informalidade 
� economia processual 
� celeridade. 
 
 
Objetivando, sempre que possível, a: 
 
� reparação dos danos sofridos pela vítima 
� aplicação de pena não privativa de liberdade. 
 
 
 
 13 
Procedimento da Lei 9.099/95 - JECrim 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
transação penal 
aplicação de pena 
não privativa de 
liberdade 
JECrim 
Lembrete: em crimes de ameaça 
e lesão corporal leve o TC 
somente será encaminhado se a 
vítima representar o agressor na 
hora ou no prazo de 6 meses 
 
AUDIÊNCIA 
PRELIMINAR 
Autoridade Termo 
 Policial Circunstanciado 
conciliação 
composição dos 
danos civis 
Sim 
Não 
Juiz 
homologa 
sentença 
irrecorrível 
Se vítima 
representa 
MP pode 
propor 
Se juiz aplica pena 
sentença recorrível 
Se juiz não aplica pena , 
MP oferece denúncia 
 
AUDIÊNCIA DE 
INSTRUÇÃO E 
JULGAMENTO 
 
defesa do acusado; juiz recebe ou 
não a denúncia; 
ouve-se vítimas e testemunhas; 
interroga-se acusado; 
debates; sentença recorrível 
Lembrete: em crimes de ameaça 
e lesão corporal leve se a vítima 
não quiser representar nesse 
momento, poderá fazê-lo ainda no 
prazo de 6 meses 
Se pena mínima prevista em lei 
for menor ou igual a 1 ano, MP 
pode propor nesse momento 
suspensão condicional do 
processo, por 2 a 4 anos. Aceita 
a proposta pelo agressor, passado 
o período de prova sem 
revogação da suspensão, 
extingue-se o processo.

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