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O desenvolvimento cognitivo jen piaget

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O desenvolvimento cognitivo
 
            Na década de 20, a psicologia está dominada por duas correntes: o gestaltismo, que defende que o cérebro contém estruturas inatas que determinam o modo como o sujeito organiza o mundo e as aprendizagens (o conhecimento é inato); e o behaviorismo, que considera o sujeito como determinado pelos condicionalismos do meio (os conhecimentos são adquiridos por estímulos do ambiente).
            Piaget vai afastar-se das posições extremadas das duas correntes, propondo um novo modelo explicativo: o sujeito constrói os seus conhecimentos pelas suas próprias acções. A inteligência é, assim, produto de um processo de adaptação, no qual interagem as estruturas mentais e a influência do mundo exterior: as estruturas da inteligência são produto de uma construção contínua do sujeito em interacção com o meio.          
  
 
Conceitos-chave da teoria de Piaget
 
            Segundo a teoria de Piaget, a inteligência constrói-se ao longo do tempo, por estágios. Partindo dos reflexos simples do bebé, herdados geneticamente, a criança vai criando progressivamente estruturas mentais até atingir o pensamento formal.
            A teoria piagetiana assenta sobre sete conceitos-chave: assimilação, acomodação, equilibração, adaptação, estádios, esquema e estruturas cognitivas.
           
            Assimilação: Processo através do qual o sujeito integra os dados, as informações que provêm do ambiente, nas suas estruturas cognitivas existentes.
Acomodação: Processo através do qual as estruturas cognitivas do sujeito sofrem modificações resultantes da integração dos dados novos que provêm do meio.
Equilibração: Processo de auto-regulação entre os processos de assimilação e acomodação que permite a adaptação do indivíduo ao meio, permitindo uma progressão no sentido de um pensamento cada vez mais complexo.
Compensação activa entre as novas aquisições e as anteriores.
Adaptação: Processo interno de equilíbrio entre o indivíduo e o meio através de dois processos/mecanismos: assimilação e acomodação.
Estádios: Etapas de desenvolvimento que se distinguem qualitativamente das fases anteriores e posteriores.
Esquema: Estrutura mental subjacente aos comportamentos que organiza a interacção do sujeito com o meio.
Espécie de acção mental que tanto pode ser simples, como pegar num brinquedo, ou complexa, como resolver um problema de matemática.
Estruturas cognitivas: Formas de organização mental que dotam o sujeito de determinadas capacidades intelectuais.
 
 
Estádios de desenvolvimento
 
            Para Piaget, o desenvolvimento intelectual processa-se em quatro estádios sucessivos, que são: estádio sensoriomotor, estádio pré-operatório, estádio das operações concretas e estádio das operações formais.
 
            Estádio sensoriomotor:
Desenvolvimento das capacidades perceptivas e motoras.
Coordenação das respostas.
 Noção de permanência do objecto.
 Inteligência prática que se aplica à resolução de problemas concretos.
A adaptação ao meio faz-se através de esquemas sensoriomotores.
Início da função simbólica.
 
Estádio Pré-operatório:
 
Desenvolvimento da função simbólica.
Desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
Pensamento irreversível.
 Egocentrismo.
Pensamento intuitivo baseado em regras mas muito influenciado pelos dados da percepção.
 
Estádio das operações concretas:
 
Desenvolvimento da reversibilidade e da descentração.
Desenvolvimento do pensamento lógico recorrendo a objectos concretos - não é ainda um pensamento abstracto.
Domínio das noções de conservação de matéria, peso e volume.
Capacidade de fazer seriações e classificações.
Estádio das operações abstractas:
Desenvolvimento do pensamento lógico, formal, abstracto.
Realizam-se operações sobre ideias.
Egocentrismo intelectual – crença no poder ilimitado da reflexão.
Pensamento hipotético-dedutivo.
Capacidade de abstracção.
Deduz e induz de modo sistemático organizado.
 
Metodologia de investigação
           
            Piaget reflectiu e desenvolveu estudos sobre os próprios processos metodológicos, que se centraram sobretudo na aplicação do método clínico e na observação naturalista.
            O facto de ter feito parte da Sociedade Suiça de Psicanálise e de ter assumido o papel de psicanalista, ter-lhe-á dado uma especial sensibilidade para o desenvolvimento do método clínico, designadamente da entrevista clínica. Entrevistava crianças sobre o que pensavam, assumindo uma atitude de abertura: as respostas das crianças guiam o próprio diálogo.
            A sua experiência de biólogo orientou-o na observação naturalista dos seus filhos, dos filhos dos seus amigos, de crianças em várias situações do dia-a-dia, na escola, etc. Muitas das suas obras constituem uma ilustração dos seus métodos – observação, entrevista clínica - , que visavam seguir o processo de conhecer e pensar das crianças.
 
Conclusão
 
Ainda que alguns investigadores recentes ponham em causa alguns aspectos da teoria dos estádios desenvolvida por Piaget, a sua contribuição para a compreensão do desenvolvimento intelectual do ser humano é incontornável. Enquanto Freud descreveu as etapas afectivas do desenvolvimento, Piaget enunciou as etapas cognitivas formulando, assim, a primeira grande teoria do desenvolvimento da inteligência. As suas concepções revolucionaram literalmente as teorias sobre o desenvolvimento humano, sendo o percursor do cognitivismo. Os efeitos das suas concepções ultrapassam o âmbito da psicologia, influenciando decisivamente a pedagogia e a educação.
É também fundador de uma nova área do saber, a epistemologia genética, cujo objectivo passa pela compreensão da natureza e da origem do conhecimento. A sua formação – ele foi biólogo, filósofo, epistemólogo e psicólogo – abriu-lhe caminho para outras áreas como a sociologia, a cibernética, a lógica, que ele articulou numa visão interdisciplinar do ser humano e do mundo.
A sua obra marca uma ruptura não só com a maneira como a criança era encarada: abre uma nova perspectiva sobre o conhecimento e o pensamento humanos. A sua concepção construtivista e interaccionista, que perspectiva o ser humano como resultado de factores genéticos e ambientais, superou as perspectivas inatistas e comportamentalistas vigentes.

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