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Mecânica dos Solos II – GEO602 Prof. Adinele Gomes Guimarães adinele@unifei.edu.br Aula 05 2 1. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO (CRITÉRIOS DE RUPTURA) Máxima pressão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tensão de cisalhamento do solo no plano em que a ruptura ocorre no momento da ruptura. Duas componentes: atrito e coesão Atrito = interação entre duas superfícies na região de contato A resistência ao deslizamento (τ) é proporcional à força normal aplicada (s) e ao coeficiente de atrito entre os dois materiais. Coesão = atração química entre partículas e a cimentação de partículas Independente da força normal 3 Critério de Mohr (1900) t s trup = f(s’) ou T = F(N’) A N’ N’ T T A A Combinação possível Combinação impossível T N’ N’ N’ T N’ N’ T T T T 4 O estado de tensões do solo em torno de um ponto da massa de solo pode ser representado graficamente pelo diagrama de Mohr. Para determinar-se a resistência ao cisalhamento do solo (τ), são realizados ensaios com diferentes valores de σ3, elevando-se σ1 até a ruptura. Cada círculo de Mohr representa o estado de tensões na ruptura de cada ensaio. A linha que tangência estes círculos é definida como envoltória de ruptura de Mohr. A envoltória de Mohr é geralmente curva, embora com freqüência ela seja associada a uma reta. Esta simplificação deve-se a Coulomb, e permite o cálculo da resistência ao cisalhamento do solo conforme a expressão: τ = c’ + σ’ . tg ø’ 5 Critério de Coulomb (1776) Critério de Mohr - Coulomb t = c’ + s’ tan f’ - Relação entre t e s’ suposta linear t s’ c’ - intercepto coesivo (coesão) [F/L2] f’ - ângulo de resistência ao cisalhamento (ângulo de atrito) 6 7 f t s3 s s s1 c d 2 31 ss 2 31 ss t Critério de Mohr-Coulomb em termos de s1, s2 e s3 ) 2 31(sincos 2 31 ) 2 31sin 2 31(tan 2 31cos Portanto 2 31sin 2 31 e 2 cos tan 31 ss ff ss ss f ss f ss f ss f ss s ss ft fst ruprup c ruprup ruprupruprup c ruprup ruprupruprup c ruprup sss ss ssss ssss f f f f f f f f ff f f rup 3 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 sin1 sin2 sin1 cosc2 ou sin1 )sin1( sin1 cosc2 ou sin)(cosc2 ou sin) 2 (cosc 2 Valores Típicos de Coesão e Ângulo de Atrito Solo c' (kPa) f' oC Arenosos Fofa 0 25-30 Densa 0 35-40 Argilosos Normalmente Adensada 0 20-25 Pré-Adensada 20-80 20-25 Residuais Jovens 10-60 30-35 Maduros 10-60 28-34 Moles (orgânicos) 0 15-25 Obs.: Ordem de grandeza!! 8 2. ENSAIOS DE LABORATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO (COESÃO E ÂNGULO DE ATRITO) 2.1 Cisalhamento Direto Motor 9 10 11 12 13 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 0 5 10 15 20 25 h(%) t (k Pa ) 50 kPa 100 kPa 150 kPa t = 0,83s + 41 0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 s ( kPa) t ( kP a) c= 41 kPa f = 40o 14 2.2 Ensaio Triaxial Axisimétrico Duas das três tensões principais são iguais 15 16 17 18 19 20 O ensaio triaxial é executado com amostras de solo seco (areias) e saturados. O ensaio é normalmente dividido em duas etapas: A primeira consiste na aplicação da pressão na câmara, normalmente feita por meio de água. É chamada de etapa de consolidação (ou adensamento). NÃO LEVA O SOLO À RUPTURA. A segunda consiste na aplicação da tensão vertical, normalmente por meio de uma prensa e uma haste rígida. É chamada de etapa de cisalhamento. LEVA O SOLO À RUPTURA. As duas etapas podem ser DRENADAS ou NÃO-DRENADAS. Se a PRIMEIRA ETAPA for não-drenada a amostra não adensa com a pressão aplicada na câmara (U – “unconsolidated”, não-consolidado). Se for drenada, naturalmente a amostra adensa com a pressão da câmara (C – “consolidated”, adensado ou consolidado) A SEGUNDA ETAPA é designada pelas letras U (“undrained”, não-drenado) ou D (“drained”, drenado). 21 De tal forma que os ensaios triaxiais podem ser chamados de: CD - Consolidado e drenado CU – Consolidado e não drenado UU – Não consolidado e não drenado A primeira etapa, normalmente, não é apresentada nos gráficos que representam os resultados dos ensaios. A etapa de cisalhamento é normalmente apresentada em dois gráficos. 22 CD 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 0 5 10 15 20 25 Def. Axial (%) T e n s ã o D e s v ia d o ra ( k P a ) 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa -5 0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 25 D e f. V o lu m é tr ic a ( % ) 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa v > 0 diminuição de volume v < 0 aumento de volume Tensões Efetivas iguais as Tensões Totais porque as Poro-Pressões são nulas 23 V VV i fi v c’ cosf’ = 27,52 c’= 31.5 kPa y = 0.4841x + 27.52 R 2 = 0.9976 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0 200 400 600 800 1000 p'(kPa) q (k Pa ) EE Linear (EE) f f ssss sin) 2 (cosc 2 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 sinf’ = 0,4841 f’ = 29 0C c’= 31.5 kPa f’ = 29 0C s’3 s’1–s’3 s’1+s’3 q = (s’1-s’3)/2 p' = (s’1+s’3)/2 50 180 280 90 140 100 305 505 152.5 227.5 200 590 990 295 495 400 900 1700 450 850 24 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 0 200 400 600 800 1000 p'(kPa) q (k Pa ) TTE50 TTE100 TTE200 TTE400 Trajetória de Tensões 25 CU 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 0 5 10 15 20 25 Def. Axial (%) T e n s ã o D e s v ia d o ra ( k P a ) 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 5 10 15 20 25 P o ro -P re s s ã o ( k P a ) 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa u > 0 aumento u < 0 diminuição Tensões Efetivas diferentes das Tensões Totais porque as Poro-Pressões NÃO nulas 26 y = 0.4841x + 27.52 R 2 = 0.9976 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0 200 400 600 800 1000 p(kPa) q (k Pa ) ET Linear (ET) c = 31.5 kPa f = 29.0 Tensões Totais s3 s1–s3 s1+s3 q = (s1-s3)/2 p = (s1+s3)/2 50 180 280 90 140 100 305 505 152.5 227.5 200 590 990 295 495 400 900 1700 450 850 f f ssss sin) 2 (cosc 2 rup 3 rup 1 rup 3 rup 1 27 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 0 200 400 600 800 1000 p(kPa) q (k Pa ) TTT50 TTT100 TTT200 TTT400 Trajetória das Tensões Totais 28 y = 0.607x R 2 = 0.9991 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0 200 400 600 800 p'(kPa) q (k Pa) EE Linear (EE) c' = 0 kPa f' = 37.4 Tensões Efetivas s3 s1–s3 u s1+s3 q = (s1-s3)/2 p = (s1+s3)/2 p' = (s’1+s’3)/2 50 180 -5 280 90 140 145 100 305 10 505 152.5 227.5 217.5 200 590 30 990 295 495 465 400 900 140 1700 450 850 710 upu uu p q uu q 222 ' 222 ' 313131 313131 '' '' ssssss ssssss 29 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 0 200 400 600 800 p'(kPa) q (k Pa ) TTE50 TTE100 TTE200 TTE400 Trajetória das Tensões Efetivas 30 0 50 100 150 200 250 0 100 200 300 400 p'(kPa) q ( kP a) u TTT TTE upu 2 '' 2 uu 2 '' 'p q 22 uu 2 '' 'q 313131 313131 ss ss ss ss ss ss 31 I ETAPA (ADENSAMENTO) II ETAPA (CISALHAMENTO) ENSAIO CD CU UU Drenagem Aberta Adensamento v 0 C Drenagem Fechada SEM adensamento v = 0 U Drenagem Aberta Adensamento Ensaio Lento Tensões Efetivas v 0; u = 0 D Drenagem Fechada SEM Adensamento Ensaio menos lento Tensões Totais e Tensões Efetivas v 0; u = 0 U Drenagem Fechada SEM Adensamento Ensaio rápido Tensões Totais v 0; u = 0 U Pressão de confinamento Ganho de Tensão Efetiva Pressão de confinamento Ganho de Tensão Efetiva Pressão de confinamento SEM ganho de Tensão Efetiva Resistência INDEPENDE da tensão de confinamento f' t s' c' c f s ou t c f 0 s f' t c' f' t s' c' c f s ou t c' t c' t f' c' t t t c' t c' t s' c' t f' c' t 32 33 3. APLICAÇÕES DOS ENSAIOS DE CISALHAMENTO Condições similares aquelas encontradas no campo → escolha do tipo de solicitação, drenada ou não drenada, função do tipo do solo, das condições de drenagem, da determinação da condição critica. Exemplos típicos: - Terrenos argilosos abaixo de fundações (edifícios e aterros) ensaios rápidos (não-drenados) - CU, UU , compressão simples, vane test quando ocorrer lentes de areia (drenados) – CD - Problemas de empuxos de terra e estabilidade de taludes em solos argilosos obras temporárias (curto prazo) - CU, UU obras definitivas (longo prazo) – CD - Barragens de Terra (elevadas pressões neutras) após a construção - UU rebaixamento rápido – CU - Solos arenosos (alta permeabilidade) ensaios drenados - CD 34 Exemplo Barragens de Terra Como a permeabilidade do solo da barragem de terra deve ser necessariamente muito baixa, para evitar a percolação da água, ao final da construção não ocorreu quase nenhuma dissipação do excesso de poro-pressão gerado durante a obra, não havendo variações de volume devido à drenagem em nenhum ponto da massa de solo. O cálculo da estabilidade dos taludes deve ser feito utilizando-se os parâmetros de resistência obtidos em ensaios UU. Com o funcionamento da barragem, o solo se encontra adensado sob a ação das pressões atuantes no momento, havendo tempo para a dissipação do excesso de poro-pressão gerado por este carregamento. Nessa situação os ensaios adequados são o rápido (CU) ou o lento (CD), a decisão vai depender das causas que podem levar a ruptura. No caso de um rebaixamento rápido do reservatório, a barragem é solicitada por um novo conjunto de forças, mas, em virtude da baixa permeabilidade do solo e da rapidez de aplicação das novas forças, reage a elas sem possibilidade de drenagem. Os parâmetros para uma análise de estabilidade devem ser obtidos em ensaios CU.
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