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22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 1/29 OPERAÇÕES E LOGÍSTICA CAPÍTULO 4 - COMO AVALIAR OS RESULTADOS DAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS DE UMA EMPRESA? Francisco José Mattoso Paiva INICIAR 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 2/29 Introdução Por que hoje é imprescindível que a empresa avalie o desempenho de sua cadeia de suprimentos? Essa avaliação se faz obrigatória devido à competitividade dos mercados e às diferentes opções de produtos apresentados. Esse conhecimento ajudará a empresa a alcançar o sucesso nos negócios. Pires (2016, p. 223) ressalta que “uma mudança significante de paradigma competitivo e gerencial trazida pelo advento da gestão da cadeia de suprimentos é a constatação de que a competição tende a ocorrer cada vez mais entre cadeias produtivas e não mais apenas entre empresas isoladas”. Como então a empresa deve se preparar para essa competição? De que forma ela deve acompanhar o desempenho da sua cadeia de suprimentos frente à concorrência? Terá o tamanho das cadeias de suprimento, que se ampliaram nas últimas décadas, trazido alguma alteração na forma como essa avaliação deve ser feita? Neste capítulo, você irá conhecer alguns dos principais sistemas de gerenciamento utilizados pelas empresas e como a avaliação do desempenho vem sendo desenvolvida em cadeias de suprimentos. Poderá estudar também quais riscos estão associados às operações e de que formas as empresas procuram mitigar sua ocorrência. Por fim, você acompanhará uma situação-problema vivida por uma grande empresa mundial e conhecerá de que forma ela enfrentou esta situação utilizando ferramentas de gestão da cadeia de suprimentos. Bons estudos! 4.1 Sistemas de informação para gestão e planejamento de operações Os sistemas de informação assumiram um importante papel na gestão das cadeias de suprimento, principalmente se considerarmos seu tamanho e complexidade. Levando em conta a importância do fluxo de informação na gestão dessas cadeias, é praticamente impossível hoje considerá-lo senão sob a ótica de tais sistemas. Simchi-Levi et al (2010, p. 478) argumentam que “a tecnologia de informação (TI) é um importante facilitador da gestão eficaz da cadeia de suprimentos”. Souza (2000, p. 8) salienta que “o papel da organização como um todo no planejamento 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 3/29 de sistemas de informação, como solução ou parte de solução de um problema real, imposto pelo ambiente em que a empresa opera”. Neste tópico, você irá conhecer os principais sistemas utilizados pelas empresas para a gestão das cadeias de suprimento e de que forma eles se integram nesta tarefa. 4.1.1 Sistemas ERP, SAP e SAD Os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) têm por objetivo suportar as operações de uma empresa, por meio da integração das informações. Já o processo de implantação desses sistemas é benéfico para a empresa, pois, para que seja realizada, é necessário que se faça um completo processo de revisão das atividades, tendo a oportunidade, também, de eliminar interfaces existentes entre elas. Segundo Souza (2000, p. 13), “os sistemas ERP não são desenvolvidos para clientes específicos, procurando atender a requisitos genéricos do maior número possível de empresas, justamente para explorar o ganho de escala em seu desenvolvimento”. Isso quer dizer que sistemas ERP se ajustam perfeitamente à rotina operacional de qualquer empresa? Não é bem assim. Essa característica generalista, no entanto, para algumas empresas, pode representar uma limitação ou então a necessidade de customização dos módulos ERP, para que estes atendam adequadamente às necessidades delas. A nomenclatura ERP é genérica, aplicada a todos os sistemas desenvolvidos com a finalidade de integrar os sistemas de uma empresa, oferecidos sob a forma de so�wares comerciais. Souza (2000) cita os principais sistemas ERP e seus respectivos fornecedores: R/3 – SAP (Alemanha); Baan IV – Baan (Holanda); OneWorld – JD Edwards (Estados Unidos); Oracle Financials – Oracle (Estados Unidos); EMS – Datasul (Brasil); Magnus – Datasul (Brasil); Logix – Logocenter (Brasil). 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 4/29 Desses, o R/3 da SAP é o mais utilizado no mundo, tendo também participação bastante expressiva entre as empresas brasileiras, apesar de não liderar o mercado. VOCÊ SABIA? Três empresas dominam mais de 80% do mercado brasileiro de ERP: Oracle, SAP e TOTVS. Essa participação é variável entre empresas de diferentes portes. Nas empresas de grande porte, a participação da SAP é maior (52%), seguida pela Oracle (21%) e TOTVS (20%). As empresas de pequeno porte utilizam mais o TOTVS (52%) enquanto Oracle e SAP tem 9% de participação cada (AURICCHIO, 2014). O grande sucesso do R/3 é o fato de que ele apresenta diversos módulos que operam de forma isolada ou combinada, tornando as informações imediatamente disponíveis, pois opera em camadas, centralizado em um banco de dados. CASO A implantação do SAP na Petrobras foi realizada a partir do projeto chamado “Sinergia”, criado em 1988, que identificou um alto grau de falta de integração entre os processos usados pela empresa. Considerando a quantidade de variáveis envolvidas em uma empresa do porte da Petrobras, foi necessária a contratação de uma consultoria com o objetivo de analisá-las a fim de ressaltar os ganhos com a implantação do sistema R/3. Para a implantação foi criado um Business Case, com o objetivo de dimensionar adequadamente o projeto, ao mesmo tempo que serve para futuras revisões e atualizações. Um dos grandes desafios do projeto foi que, por se tratar de uma implantação tardia, ela necessitava ser feita em um curto espaço de tempo, envolvendo uma grande quantidade de empregados a serem treinados (aproximadamente 15 mil somente na Petrobras). 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 5/29 Apesar de enfrentar alguns problemas no início, esse foi um caso de sucesso a partir do momento em que, rapidamente, foram solucionados os problemas que se apresentaram durante a implantação. (LUZ, 2013). Jacobs e Chase (2012) comentam os principais módulos do sistema R/3: Finanças: funcionalidade que gerencia a contabilidade financeira da empresa (demonstrativo de resultados, balanços, crédito de fornecedores e clientes, contas a pagar e a receber etc.); Gestão do capital humano: funcionalidade relacionada com a gestão das pessoas que trabalham na empresa (folha de pagamento, planejamento do desenvolvimento do pessoal, contabilidade de despesas de viagens etc.); Operações: módulo mais complexo, é formado por vários aplicativos distintos (administração de materiais, gestão da qualidade, controle da produção, gestão de estoques etc.); Serviços corporativos: gerencia os demais serviços centralizados da empresa (planejamento de viagens, controle de bens imóveis etc.). Os módulos são desenvolvidos pela SAP de acordo com o que a empresa considera as melhores práticas. Jacobs e Chase (2012, p. 446) citam que “a SAP possui um grupo de pesquisa e desenvolvimento que procura continuamente maneiras melhores de realizar determinado processo ou subprocesso”. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html6/29 Sabemos que os sistemas ERP são utilizados pela empresa como forma de integrar as operações da cadeia de suprimentos, mas e quanto ao planejamento e à tomada de decisões? Para auxiliar nesses processos são utilizados outros programas chamados Sistemas de Apoio às Decisões (SAD). Simchi-Levi et al (2010, p. 493) argumentam que “os sistemas de ERP não auxiliam a responder questões básicas sobre o que deve ser feito, onde, quando e para quem. Este é o papel dos planejadores humanos que trabalham com a ajuda de ferramentas analíticas, como os sistemas de apoio à decisão (SAD)”. Bowersox (2009, p. 456) comenta que “SAD são sistemas interativos, baseados em computador, que integram dados, técnicas de solução e capacidade de geração de relatórios, e que auxiliam na resolução de problemas não estruturados”. Os SAD são utilizados, na cadeia de suprimentos, para solucionar uma série de problemas que vão desde questões estratégicas, como o planejamento de redes, até operações mais cotidianas, como planejamento de produção e roteirização de Figura 1 - Entre os ERPs disponíveis, um dos mais utilizados é o R/3 da SAP. Fonte: Novelo, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 7/29 veículos, entre outros. 4.1.2 Outros sistemas e recursos para planejamento e tomada de decisão Além dos sistemas ERP e SAD, um conjunto de outros recursos são utilizados, pelas empresas, com o objetivo de auxiliar o planejamento e a tomada de decisão sobre as operações envolvidas em sua cadeia de suprimentos. Vejamos alguns desses sistemas a seguir. S&OP (Sales and Operation Planning): iniciado na década de 1980, consiste em um processo de negócio utilizado com o objetivo de analisar produção e demanda, reunindo informações de vendas, marketing e produção. Simchi- Levi (2010, p. 501) comenta que “o processo normalmente envolve reuniões mensais em que as previsões de demanda e as limitações de capacidade de suprimento são comparadas, ao lado da definição de possíveis planos de execução”. Essas reuniões, normalmente, são formadas por equipes multidisciplinares, em função dos vários temas que são tratados, sempre apoiados por informações coletadas de outros sistemas da empresa. Sistema de Gerenciamento de Pedidos (SGP): sistema que interage com o sistema de gerenciamento de armazéns para obter informações a respeito da disponibilidade do produto, sua localização na cadeia de suprimentos e prazos previstos para entrega. Além disso, o SGP se comunica com o sistema financeiro da empresa para verificar o crédito disponível do cliente, fazendo toda a gestão da alocação do produto para este. Da mesma forma que existe um SGP focado na venda de produtos aos clientes, existe um sistema similar focado nas compras de produtos dos fornecedores, com funções similares ao anterior (Ballou, 2010). Sistema de Gerenciamento de Armazéns (SGA): usualmente integrado ao SGP, esse sistema manipula as informações referentes ao armazenamento dos produtos, tais como: entrada, localização, retirada e preparação de embarque. Ballou (2010, p. 135) cita que “o SGA torna mais eficiente as operações de gerenciamento de armazéns em forma de planejamento da mão de obra, planejamento de nível de estoques, utilização de espaços e rotina de expedição”. Este sistema trabalha em articulação com o SGP e o 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 8/29 Sistema de Gerenciamento de Transporte (SGT). Sistema de Gerenciamento de Transporte (SGT): este sistema se relaciona às operações feitas a partir da empresa (entrega de produtos) e para a empresa (entrega de matéria-prima). Segundo Ballou (2010), o SGT visa suportar o planejamento e controle da empresa sobre as atividades de transporte, envolvendo a seleção dos modais mais adequados, consolidação de fretes, roteirização e programação e rastreamento dos embarques, faturamento e tratamento das reclamações. Após conhecer cada um dos sistemas apresentados, você sabe dizer qual a grande vantagem no uso deles? Para a empresa, o ponto positivo é a possibilidade da integração das informações por eles geradas, permitindo a ela otimizar as análises e garantir a confiabilidade da informação, evitando a transferência de dados por planilhas ou outras formas que poderiam comprometer a qualidade do que é informado. 4.1.3 Integração de sistemas na cadeia de suprimentos Digamos que a empresa, ao considerar a complexidade de sua cadeia de suprimentos e os custos envolvidos na implantação desses sistemas, chegue à conclusão de que não é vantajoso para ela utilizá-los. Como ela deve proceder? A empresa deve elaborar um planejamento adequado das necessidades para a correta identificação de quais sistemas implantar e que ganhos podem ser obtidos. Simchi-Levi (2010, p. 505) comenta que “a questão diz respeito à estratégia que uma companhia deve utilizar na decisão acerca do sistema que implantará e do momento apropriado para esta implementação”. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 9/29 Em geral, a empresa inicia pela implementação de um sistema ERP para depois dar continuidade à implantação de outros sistemas. Comparativamente aos sistemas SAD, o ERP tem uma implantação mais demorada e um retorno do investimento mais a longo prazo. Por outro lado, o sistema atende a um maior número de usuários finais e tem um treinamento mais simples, em função de que já dispõe de módulos pré-concebidos (Simchi-Levi, 2010). Para Maçada et al (2007), as cadeias de suprimentos tiveram sua operação significativamente alteradas a partir da introdução da tecnologia de informação nas empresas. São inúmeras as informações que podem ser manipuladas nas cadeias de suprimentos e os sistemas apoiam o armazenamento, a utilização e a publicação dessas informações. Monteiro e Bezerra (2003) apud Maçada et al (2007) afirmam que a implantação da tecnologia da informação na cadeia de suprimentos representa uma vantagem competitiva para a empresa, que tem a possibilidade de integrar as informações Figura 2 - Os sistemas de informação interligam os dados das diferentes operações da cadeia de suprimento. Fonte: JNT Visual, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 10/29 e, dessa forma, oferecer a seus clientes informações mais precisas sobre suas entregas. Souza et al (2006, p. 2) afirmam que “com o ferramental de TI, podemos ter planos de ressuprimento feitos com maior rapidez, compras em tempo curto com preços e prazos melhores e a mesma ou melhor qualidade”. Esses são, de fato, fatores competitivos no mercado. Por fim, considerando que a tecnologia da informação é responsável, entre outras coisas, por tornar disponível aos clientes e fornecedores os dados sobre a cadeia de suprimentos, ela atua como um elemento integrador dessa cadeia, facilitando o fluxo de informações em toda a cadeia e seus respectivos benefícios. 4.2 Avaliação de desempenho e melhoria contínua em operações Considerando a realidade atual de competitividade entre cadeias de suprimento que operam de forma integrada, um assunto que vem ganhando importância, entre tantos outros, se refere a como efetuar a avaliação do desempenho dessas cadeias, visando traçar um plano de melhorias contínuas para atingimento de melhores resultados e garantia de sobrevivência da empresa no mercado. Pires (2016, p. 223) ressalta que “considerando que praticamente toda a base conceitual desenvolvida até hoje sobre o tema damedição do desempenho foi construída a partir de unidades de negócios (empresas) vistas de forma isolada, temos claramente então uma necessidade de revisão e/ou readequação desse conhecimento já construído”. Isso porque hoje as empresas já não operam de forma tão isolada nos mercados. Neste tópico, você irá estudar os princípios que norteiam o estabelecimento de avaliação do desempenho, as principais métricas utilizadas e de que forma devem ser estabelecidos e acompanhados os indicadores de desempenho nas cadeias de suprimentos. 4.2.1 Princípios O que é necessário para se estabelecer qualquer tipo de melhoria em uma operação? É preciso que se conheça a situação atual para que, então, possam ser estabelecidas novas diretrizes ou formas de operar. Para tal, deve-se medir o 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 11/29 desempenho atual da operação. E para que essa medição possa ser eficaz e atinja aos objetivos desejados, é fundamental estabelecer adequadamente a forma de medição. Slack et al (2013, p. 455) afirma que “um sistema de medição de desempenho que não forneça informações das melhorias em curso é parcialmente eficaz”. De fato, antes de qualquer coisa, deve-se definir que fatores incluir nos indicadores, além de estabelecer quais são os indicadores mais críticos a serem acompanhados. Pode parecer uma tarefa simples, mas qualquer erro na seleção dos indicadores poderá levar a conclusões indevidas sobre o estado atual da operação. Neto e Pires (2012) comentam que desde o início da produção em massa foi identificada a necessidade de avaliação do desempenho. Contudo, foi na década de 1980 que as organizações passaram a ter uma maior preocupação com o desempenho, em razão das mudanças no mercado em relação às exigências dos clientes e à maior competitividade. Os mesmos autores citam que “a necessidade de controlar o desempenho da estratégia, da qualidade e da satisfação dos clientes surgiu porque fatores externos, como clientes e concorrentes, passaram a interferir significativamente no posicionamento estratégico das organizações” (Neto; Pires, 2012, p. 735). Figura 3 - A avaliação do desempenho deve levar à melhoria contínua dos processos. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 12/29 Bowersox (2012, p. 560) comenta que “à medida que a competência logística se torna um fator mais crítico na criação e na manutenção de vantagem competitiva, a precisão nessas tarefas torna-se mais importante, pois a diferença entre operações rentáveis e não rentáveis torna-se cada vez menor”. A avaliação do desempenho exerce então papel fundamental. Gunasekaran et al (2001) apud Araújo et al (2013) comentam que para a apuração dos resultados globais em uma cadeia de suprimentos é necessário o desenvolvimento de indicadores para a avaliação do desempenho nos níveis estratégico, tático e operacional. Muitas empresas focam seus indicadores apenas nas operações, sem considerar os impactos nos diferentes níveis do processo decisório. Croxton et al (2001) apud Neto e Pires (2012, p. 736) consideram que “a integração das medidas de desempenho em toda a cadeia de suprimento pode permitir a avaliação do desempenho global e identificar os melhoramentos internos que devem ser realizados para se obter impactos na competitividade da empresa”. A indústria automobilística exerceu um papel relevante no desenvolvimento das práticas de avaliação de desempenho, considerando que neste segmento a montadora tem um papel de liderança junto a seus fornecedores, e com isso, fez com que a avaliação de desempenho se tornasse uma prática importante para o sucesso na área. Leia o estudo feito sobre o assunto na indústria automobilística disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v19n4/a06v19n4 (http://www.scielo.br/pdf/gp/v19n4/a06v19n4)>. Qual a melhor forma de se avaliar o desempenho da cadeia de suprimentos? Não há consenso a respeito disso. Na realidade, a empresa deve ter estabelecido claramente quais são seus objetivos e que caminho pretende seguir a partir da avaliação do desempenho. Só assim poderá definir de forma mais clara quais são as métricas a serem utilizadas nessa avaliação. 4.2.2 Métricas VOCÊ QUER LER? 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 13/29 Tão difícil quanto definir a identidade adequada para o indicador é o trabalho de definir as metas a serem acompanhadas a partir deles. Slack et al (2013) consideram que apenas com a definição de metas adequadas é que os “indicadores de desempenho” se transformam em “avaliações de desempenho”. Você pode ver que é uma diferença sutil, mas muito importante. Em outras palavras, sem a correta definição de metas, os indicadores perdem seu poder de auxiliar as empresas nas tomadas de decisões. Bowersox (2012, p. 561) afirma que “tem sido despendido um esforço substancial para melhorar a qualidade da informação que os executivos da logística têm a sua disposição para monitorar, comparar e orientar o desempenho logístico”. Slack et al (2013) consideram importante que sejam feitas as seguintes abordagens ao se definir uma meta: comparar o desempenho atual em relação aos anteriores (metas históricas); refletir o nível de desempenho adequado ao alcance dos objetivos estratégicos (metas estratégicas); refletir o desempenho comparável às operações externas (metas de desempenho externo); basear em limites superiores de desempenho (metas de desempenho absoluto). Beamon (1999) apud Neto e Pires (2012, p. 736) sugere “algumas características relevantes para a análise do sistema de medição de desempenho da cadeia: abrangência (medição de todos os aspectos pertinentes); universalidade (permitir a comparação entre os diferentes níveis); mensurabilidade (os dados necessários podem ser medidos); e consistência (medidas consistentes com as metas estratégicas). Essas características garantem ao sistema de medição consistência e confiabilidade”. Bowersox (2012) comenta que o sistema ideal para acompanhamento do desempenho deve se constituir de trade-off de custo/serviço (a mensuração dos custos é importante para auxiliar os executivos na tomada de decisão), relatórios baseados em tempo real (apresentando resultados dinâmicos e não estáticos, ao longo de um determinado período de tempo) e relatório baseado em exceção (a atenção gerencial deve ser direcionada para as exceções em relação ao esperado). 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 14/29 Há, no entanto, um grande risco envolvido nesse processo. Se você pensou na falta de direcionamento das métricas definidas em relação aos objetivos da organização, você acertou. Araújo et al (2013, p. 333) argumentam que as empresas “muitas vezes não conseguem desenvolver medidas de desempenho eficazes e métricas necessárias para realizar a integração total da cadeia, devido à incompetência gerencial, dificuldades de coordenação e limitações do sistema de informações”. Os autores comentam que algumas métricas são definidas para avaliar as estratégias, mas sem uma direção no sentido de executar melhorias nos objetivos definidos. Conhecendo então seus objetivos, cabe à empresa a definição dos indicadores e das metas a serem atingidas — lembrando que as metas devem ser claras e viáveis. Esse é um outro problema muitas vezes enfrentado. A empresa acaba definindo metas inatingíveis e todo o esforço feito fica sem sentido e sem direção. 4.2.3 Indicadores A definiçãodos indicadores a serem utilizados não é também tarefa fácil, mas deve ser dada uma atenção especial a ela, sob o risco de simplesmente serem definidos indicadores que pouco ou nenhum efeito terão sobre a avaliação do real desempenho da cadeia de suprimentos. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 15/29 Slack et al (2013) cita que um bom ponto de partida é considerar que os indicadores de desempenho devem ser definidos a partir de cinco objetivos de desempenho gerais: qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo. Estes objetivos podem ser utilizados isoladamente ou em conjunto para a definição dos indicadores de desempenho. Não pense que a tarefa de definição de quais e quantos indicadores devem ser utilizados na avaliação do desempenho da cadeia de suprimentos é simples. Em geral, ela demanda uma boa dose de atenção das equipes nela envolvidas. A opção por um número reduzido de indicadores, normalmente mais simples de ser feita, pode não considerar todos os objetivos estratégicos da empresa. Por outro lado, um número muito grande de indicadores aumenta significativamente a Figura 4 - A correta identidade do indicador trará resultados significativos à gestão da cadeia de suprimentos. Fonte: Olivier Le Moal, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 16/29 complexidade do acompanhamento do desempenho. Outro fator que deve ser considerado é o fato de que alguns indicadores podem interferir em outros, muitas vezes agindo como barreiras para o atingimento das metas. Um dos elementos bastante utilizados atualmente para acompanhamento dos resultados de uma empresa é o Balanced Scorecard (BSC), que reúne diversos indicadores (qualidade dos serviços, tempo de atendimento, reclamações de clientes e produtividade, entre outros). Segundo Slack et al: as vantagens dessa abordagem são que ela apresenta uma visão completa do desempenho da organização num único relatório e, por ser abrangente nos indicadores de desempenho que usa, encoraja as empresas a tomar decisões de acordo com os interesses de toda a organização, ao invés de subotimizar em torno de indicadores limitados (SLACK et al., 2013, p. 457). Araújo et al (2013) consideram o BSC o mais analisado e discutido sistema de avaliação de desempenho de todos os tempos. No entanto, esse sistema foi desenvolvido para avaliação empresarial e sua aplicação na avaliação de cadeias de suprimentos não é tão simples. Handfield e Nichols Jr. (1999) apud Pires (2016, p. 233) consideram que “são necessárias algumas análises e adaptações na aplicação do mesmo, face ao escopo e complexidades de cada SCM em particular”. Isso significa que as visões do BSC devem ser avaliadas como um todo na cadeia de suprimentos e não individualmente na empresa, como originalmente o sistema foi concebido. Pires (2106) alerta para alguns obstáculos na implantação do BSC em uma cadeia de suprimentos, citando, entre outros: se uma empresa participante da cadeia de suprimentos já não tem a prática de avaliar seus processos internos de forma integrada, dificilmente conseguirá fazê-lo ao longo da cadeia; uma boa prática é iniciar a implantação por uma ou duas empresas participantes da cadeia, minimizando a complexidade e estendendo gradualmente até atingir todas as empresas que participam; também deve-se começar com um número reduzido de indicadores, ampliando o escopo à medida que outras empresas se incorporem à avaliação via BSC. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 17/29 Essas medidas, em linhas gerais, visam partir de uma situação de baixa complexidade, aumentando gradativamente até chegar-se ao ponto desejado. E se, invariavelmente, se iniciar imediatamente com todas as métricas e empresas? É bem provável que não se tenha sucesso na implantação do sistema e, com isso, venham a ser criadas fortes objeções ao seu uso. 4.3 Gestão de riscos em cadeias de suprimentos Por melhor que seja a gestão da cadeia de suprimentos de uma empresa, erros são acontecimentos inevitáveis, que podem ocorrer a partir de várias situações distintas. Não há como garantir que uma cadeia esteja 100% protegida contra falhas. Para Cranfield (2002) apud Tomas e Alcantara (2013, p. 696), “devido à complexidade e maior interdependência das empresas, ocorrida em todo o mundo nos últimos anos, o risco é um elemento constantemente presente nas cadeias de suprimentos, seja por meio de perturbações, de incertezas ou de interrupções”. Assim, cabe às empresas a busca por práticas que visem mitigar esses erros. Neste tópico, você vai estudar os principais tipos de riscos nas operações das cadeias de suprimento e conhecer quais são as principais etapas relacionadas à gestão de riscos das cadeias. Por fim, irá conhecer algumas estratégias adotadas para mitigar os riscos, já que são inevitáveis às operações da empresa. 4.3.1 Tipos de Riscos O alto nível de incertezas hoje existentes nas cadeias de suprimentos faz necessário que se estabeleçam mecanismos de gestão visando reduzir seus efeitos. Esses riscos são de causas diversas, desde incertezas geradas pelo menor ciclo de vida dos produtos e maior competitividade dos mercados, até questões externas, como greves e mudanças de estratégia nas empresas, entre outras. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 18/29 Christofer (2011) apresenta alguns fatores que contribuem para uma maior vulnerabilidade nas cadeias de suprimento, destacando: foco em eficiência em vez de eficácia: algumas práticas adotadas, por exemplo, just in time, tornaram as empresas fortemente dependente de seus fornecedores, o que, em alguns ambientes, pode ser um grande risco aos negócios; globalização das cadeias de suprimento: a extensão da cadeia para outras áreas fez a empresa buscar na terceirização e na Figura 5 - O alto grau de incerteza nas cadeias de suprimento é uma das fontes de riscos. Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 19/29 produção offshore alternativas para viabilizar sua operação, trazendo, também, novos riscos às cadeias de suprimento; distribuição centralizada: a prática de focar a produção e centralizar a distribuição contribui para a otimização dos custos, mas leva à necessidade de um maior caminho para a distribuição dos produtos. Sobre a categorização de riscos não há uma unanimidade em relação ao assunto. Tomas e Alcantara (2013) comentam que existem várias abordagens diferentes na categorização dos riscos em uma cadeia de suprimentos, por exemplo, em função de sua relação causa e efeito, pela ruptura potencial que representam ou a partir de eventos que os ambientes internos e externos possam causar. Os autores consideram mais relevante a abordagem que categoriza os riscos em: internos à empresa focal, externos à empresa focal, mas internos à cadeia de suprimentos, e externos à cadeia de suprimentos. Dani (2009) apud Tomas e Alcantara (2013, p. 698) comenta que “de maneira geral, as cadeias de suprimentos estão constantemente expostas a um conjunto de riscos que podem gerar distintas formas de perdas, tanto financeiras como de recursos físicos e humanos, ou materiais e de imagem”. O autor comenta que os riscos que mais impactam as cadeias de suprimento são aqueles relacionados ao seu ambiente interno. Christofer(2011) considera que devam ser avaliados os riscos de interrupção dos negócios referente a cinco fontes: fornecimento, demanda, processos, controle e ambiental. Para cada uma dessas fontes, a empresa deve buscar avaliar os riscos associados e as formas de gerenciá-los. Qualquer que seja a linha considerada para a categorização dos riscos, o importante é estar atento aos impactos que eles trazem para a gestão da cadeia de suprimentos. Quanto mais a empresa se empenhar em conhecer os riscos associados às suas operações, maiores condições ela terá de mitigar seus impactos, por meio de uma gestão adequada dos fatores que impulsionam esses riscos, quando possível, naturalmente. 4.3.2 Etapas da gestão do risco em cadeias de suprimentos Digamos que as causas principais dos riscos associados às operações na cadeia de suprimentos já são conhecidas pela empresa. O que ela deve então fazer? O procedimento é analisá-las, de modo a estabelecer onde e de que forma poderá 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 20/29 atuar para mitigar os seus impactos na cadeia. Os conceitos da literatura sobre gestão de riscos podem ser utilizados para um melhor gerenciamento das cadeias de suprimentos. Isso é abordado no estudo realizado por Giuliani et al (2014) em que se apresenta uma análise prática do estudo teórico em uma empresa de autopeças de grande atuação na América do Sul. O artigo pode ser lido em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas- metodista/index.php/ReFAE/article/view/4382/4450 (https://www.metodista.br/revistas/revistas- metodista/index.php/ReFAE/article/view/4382/4450)>. Slack et al (2013, p. 495) comentam que “algumas operações operam num ambiente mais arriscado que outras. E aquelas operações com uma alta probabilidade de falhas e/ou consequências sérias derivadas dessas falhas necessitarão dar mais atenção a isso, mas a resiliência das operações e dos processos é relevante para todas as empresas”. Os autores listam as etapas que compõem a avaliação das falhas: entender quais delas podem ocorrer e sua seriedade, estudar as formas de evitá-las, minimizar suas consequências negativas e, por fim, preparar planos para serem cumpridos quando elas ocorrerem. Christofer (2011) lista sete etapas para a gestão do risco em uma cadeia de suprimentos. Compreender a cadeia de suprimentos: é necessário conhecer detalhadamente, e de forma ampla, todos os participantes da cadeia, tanto na direção dos clientes quanto dos fornecedores, inclusive considerando as dependências destes para atendimento às necessidades da cadeia. Muitas vezes o risco pode estar associado não diretamente ao fornecedor, mas a alguém que atenda a ele. Melhorar a cadeia de suprimentos: as cadeias de suprimentos nem sempre foram concebidas de uma forma global, sendo montadas à medida que as VOCÊ QUER LER? 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 21/29 necessidades iam sendo apresentadas. A falta de previsibilidade pode ser um fator de risco na cadeia. É necessária uma análise constante para corrigir os riscos percebidos. Identificar os caminhos críticos: considerando as cadeias de suprimentos como redes que interligam empresas e fluxos, identificar os caminhos críticos nessa rede é fundamental para que os riscos sejam identificados e evitadas suas consequências sobre as operações. Gerenciar os caminhos críticos: identificados os riscos associados à cadeia, é necessário que sejam estabelecidos planos de contingência para sua eliminação. Em alguns casos será necessária uma reengenharia de processos para readequar a cadeia de suprimentos a novas práticas. Melhorar a visibilidade da rede: um problema pode demorar a ser identificado quando um participante da cadeia tiver dificuldade em visualizar as operações a montante e a jusante de seu posicionamento na cadeia. Dar essa visibilidade aos participantes é muito importante para que os riscos possam ser identificados por todos e, dessa forma, possam ser tomadas as medidas que estejam a seu alcance para reduzir sua ocorrência. Estabelecer uma equipe de continuidade na cadeia de suprimentos: equipes multifuncionais que tenham acesso a todas as informações necessárias para análise e execução das tarefas de gestão de riscos auxiliarão a cadeia de suprimentos a manter um registro dos riscos e das medidas tomadas, informações importantes para futuras ocorrências. Trabalhar com fornecedores e clientes: se cada participante da cadeia assumir a responsabilidade sobre a gestão de riscos com seus fornecedores e clientes, a cadeia de suprimentos decorrente seria muito mais resiliente ao risco. Mesmo tomando todos os cuidados em relação aos riscos associados, as cadeias de suprimentos são suscetíveis a estes, em maior ou menor grau. A capacidade de mitigação depende das estratégias estabelecidas com o objetivo de atuar nas variáveis que afetam esses riscos associados. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 22/29 4.3.3 Variáveis que afetam os riscos e estratégias de mitigação Muito melhor do que corrigir as falhas observadas em uma cadeia de suprimentos são as ações tomadas visando mitigar a sua ocorrência. Algumas estratégias podem ser tomadas com esse objetivo, como redundância em processos, uso de dispositivos a prova de falhas e manutenções preventivas, entre outros. Christofer (2011, p. 503) comenta que “construir em redundância para uma operação significa ter processos ou recursos de reserva no caso de falhas”. O autor, no entanto, ressalta que essa pode ser uma solução cara. Assim, em que casos esse tipo de estratégia pode ser interessante? Naquelas situações em que a falha pode ser crítica ao processo. Por exemplo, em uma refinaria de petróleo, em que o fluxo de matéria-prima deve ser constante, em geral, existem equipamentos sobressalentes que entram em operação no caso de falha dos que estejam alinhados ao processo. Dessa forma, a falha não interrompe o fluxo de petróleo, e com isso, a produção não é afetada. Figura 6 - A manutenção preventiva é uma estratégia importante para redução da ocorrência de falhas na produção. Fonte: Lisa F. Young, Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 23/29 Segundo Christofer (2011) os dispositivos a prova de falhas foram incorporados pelos japoneses visando melhoria nas operações. Esses dispositivos têm a função de evitar falhas humanas, já que estas são inevitáveis. Alguns exemplos são: chaves que permitem a operação de equipamentos apenas se as peças são colocadas corretamente, contadores digitais que asseguram o número exato de operações, sinais eletrônicos que são acionados quando alguma operação deve ser realizada etc. VOCÊ SABIA? Você, que normalmente vai a uma loja do McDonald’s para fazer um lanche, sabia que a espátula que o operador usa para coletar as batatas fritas faz a contagem e o posicionamento correto das batatas a serem acondicionadas no pacote que lhe será entregue? Esse é um exemplo de dispositivo à prova de falhas, evitando que os pacotes de batatas fornecidos aos clientes tenham quantidade ou arrumação distintas (CHRISTOFER, 2011). Vamos agora abordar um conjunto de ações muito importantes a serem tomadas pela empresa, ao qual chamamos de manutenção. E você, o que entende por manutenção? Ela se trata da adoção de ações proativas em equipamentos e sistemas, visando evitar a ocorrência de erros nas suas operações. Para Christofer (2011) existem três abordagensdistintas para a manutenção: manutenção preventiva: eliminar ou reduzir as falhas por meio de serviços realizados regularmente, como lubrificação, limpeza ou reposição de peças; manutenção condicional: monitorar o funcionamento de equipamentos, de forma que este seja parado para manutenção apenas quando necessário. Em geral, essa prática é adotada quando o custo de parada do equipamento é alto; manutenção produtiva total: manutenção para melhoria contínua dos processos, realizada por todos os empregados por meio de atividades em grupo. O uso da manutenção como ferramenta para mitigação de erros é uma prática muito próxima a cada um de nós. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 24/29 Um exemplo da utilização da manutenção com fins de mitigação de erros é o programa de manutenção preventiva de veículos, ao qual todos nós devemos estar atentos, como usuários desses equipamentos. Assista a este vídeo que traz algumas considerações muito importantes sobre a manutenção preventiva e corretiva de veículos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=DLYpIV6hV80 (https://www.youtube.com/watch?v=DLYpIV6hV80)>. As práticas para mitigação de risco são atividades importantes, na indústria ou na vida pessoal, visando reduzir falhas que podem representar deterioração de equipamentos e aumento dos custos. Todas as empresas devem estar atentas a essas práticas e estabelecer programas periódicos de mitigação de falhas. VOCÊ QUER VER? 4.4 Simulações de operações logísticas Você estudou, até aqui, uma série de conceitos relacionados à gestão das operações em uma cadeia de suprimentos, os quais procuramos relacionar a situações reais de algumas empresas. Neste tópico, iremos apresentar uma situação prática enfrentada por uma empresa de grande porte mundial: a Siemens. A Siemens opera no Brasil há mais de 100 anos, tendo sido sua primeira operação a instalação, em 1867, de uma linha telegráfica entre o Rio de Janeiro (residência do imperador) e a cidade de Rio Grande (RS). Desde então, a empresa expandiu sua participação em diversos segmentos de energia no país, incluindo mais recentemente a implantação de sistemas renováveis. Confira mais em: <https://www.siemens.com/br/pt/ (https://www.siemens.com/br/pt/)>. VOCÊ O CONHECE? 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 25/29 Abordaremos alguns problemas enfrentados pela empresa em sua cadeia de suprimento, bem como as soluções adotadas, considerando os cenários e as estratégias utilizadas. Esta análise é baseada na apresentação do estudo de caso feito por Slack et al (2013). 4.4.1 Problemas práticos comuns às operações logísticas A Siemens AG é uma empresa global, operando em cerca de 190 países, com vendas que superam R$ 280 bilhões, sendo uma das maiores empresas do mundo em engenharia elétrica e eletrônica, com produtos que vão desde os utilizados em telefonia celular até geração de energia em usinas hidrelétricas. No final da década de 1990, a empresa estava interessada em atuar mais fortemente no comércio eletrônico (e-business), mas precisava de alguma ferramenta que a auxiliasse a melhorar a gestão de sua cadeia de suprimentos e o nível de desempenho de seus processos. A empresa sabia que, em algumas áreas, Figura 7 - Em 2013, foi instalado no Brasil o primeiro parque eólico com tecnologia da Siemens. Fonte: Shutterstock, 2017. 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 26/29 seus processos eram inflexíveis e burocráticos, e isso trazia uma série de problemas para os clientes, como longo tempo de espera de recebimento, e para ela própria, como alto nível de estoques e custos. 4.4.2 Análise de cenários e tomada de decisão Considerando os problemas na cadeia de suprimentos, a empresa identificou que não estava totalmente conectada, e isso dificultava o entendimento comum sobre os objetivos da cadeia. Alguns gerentes de operações internas, por exemplo, se reportavam à matriz e não diretamente aos clientes, o que acarretava falhas na comunicação direta entre os membros da cadeia. A partir da análise desse cenário, a Siemens optou por implantar um modelo SCOR — Supply Chain Operations Reference — com o objetivo de melhorar a eficiência na gestão da cadeia. Ela idealizou um modelo SCOR que foi chamado de “Processo de Modelo Genérico”, o qual seria aplicado em todos os mercados nos quais ela atuava. No entanto, a empresa logo entendeu que diferentes tipos de negócios exigiam diferentes soluções de modelo de gestão da cadeia de suprimentos. 4.4.3 Visão sistêmica e estratégica aplicada à tomada de decisão A Siemens usou o SCOR para otimizar os processos de pedidos de seu modelo “Siemens Soluções Médicas”, em que alguns equipamentos, como os de tomografia computadorizada, são produzidos em países como a Alemanha e a China. Essa implantação foi um grande desafio para a empresa, pois envolvia a produção sob pedidos, despacho e logística de entrega, além da instalação do equipamento para o cliente, em uma cadeia de suprimentos que, como já era do conhecimento da empresa, apresentava uma série de problemas. A estratégia de implantação do SCOR trouxe uma série de benefícios para a empresa, como o gerenciamento de todos os pedidos que antes eram realizados de forma individual e fragmentada. Foram realizadas parcerias estratégicas com fornecedores, que foram reduzidos de 250 para 22, e implantado um processo de instalação rápida, que agilizou o recebimento por parte dos clientes. As melhorias no desempenho da cadeia de suprimentos foram notáveis. O tempo de entrega foi reduzido, as linhas de produção passaram de 4 para 2, otimizando os custos de produção. As necessidades de estoques foram reduzidas e o tempo 22/03/2019 Operações e Logística https://fadergs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_4/index.html 27/29 de entrega passou de 13 para 6 dias. A necessidade de depósitos também ficou menor e os clientes passaram a ter a possibilidade de rastrear completamente o embarque dos produtos. Como comentado, a implantação do SCOR para a Siemens trouxe ganhos significativos à gestão de sua cadeia, tendo sido uma alternativa acertada a decisão da companhia em utilizar essa ferramenta para otimizar o desempenho de sua cadeia de suprimentos. Síntese Concluímos este capítulo, que tratou do gerenciamento de desempenho e de riscos nas cadeias de suprimentos, que hoje são preocupações frequentes nas empresas em função do tamanho que atingem e da competitividade nos mercados em que atuam. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: avaliar a importância dos sistemas de informação para gestão e planejamento das operações logísticas; conhecer os principais sistemas utilizados para planejamento e tomada de decisão; identificar os princípios e métricas que norteiam a definição dos indicadores para avaliação do desempenho das operações; conhecer os principais riscos existentes em uma cadeia de suprimentos e como implantar uma estratégia para mitigação de suas ocorrências; analisar uma situação-problema experimentada por uma grande empresa mundial e conhecer de que forma a empresa buscou soluções para esse problema. Referências bibliográficas ARAÚJO, P. C .D. et al. Indicadores de desempenho em operações, logística e cadeia de suprimentos numa multinacional do polo industrial de Manaus. 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