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LIVRO UNIDADE 4 Controle e automação de processos industriais Ricardo Carvalho Quesada O CLP e a linguagem LADDER Unidade 4 | O CLP e a linguagem LADDER Seção 4.1 - Entendendo o controlador lógico programável (CLP) Seção 4.2 - Estruturando a programação de um CLP Seção 4.3 - Conversando com seu CLP 5 7 19 31 Sumário Unidade 4 Voltando ao que foi visto na segunda unidade de ensino deste livro didático, tem-se que algumas informações são muito importantes, como a estrutura da automação, alguns equipamentos utilizados em controle e os tipos de controladores. Na terceira unidade, tivemos contato com alguns elementos importantes para se compreender e estruturar um sistema de controle e, dessa forma, vimos algumas ferramentas úteis para se programar algoritmos de controle. Isso nos permitiu chegar no conteúdo desta última unidade, em que veremos o CLP, que pode ser considerado o controlador mais importante e mais conhecido no meio industrial nos dias atuais. Aprenderemos sobre sua estrutura interna, instalação e programação. Portanto, esperamos que, ao término de seus estudos, você seja capaz de estruturar um sistema, instalar um CLP, programá-lo e fazer com que o sistema funcione para seu empregador. Vamos relembrar o problema que viemos trabalhando até este momento: uma pequena empresa fabricante de peças de reposição para automóveis deseja automatizar uma de suas linhas de produção para ampliar sua produtividade e, para tal, contratou uma empresa de automação que enviou seu engenheiro ao local. Durante uma breve reunião para discussão das necessidades da linha de produção, ficou evidente que o responsável não conseguiria explicar como deveria ser feita essa automação. Em um primeiro momento, fomos capazes de compreender o problema da empresa, determinar o tipo de solução a ser aplicada e, com isso, definir os equipamentos e elementos a serem usados para tanto. Convite ao estudo O CLP e a linguagem LADDER U4 6 O CLP e a linguagem LADDER Mas você imagina como deve ser feita a instalação de um controlador, neste caso, do CLP? Consegue pensar em uma forma de estruturar a lógica de programação para este CLP ou, até mesmo, como programá-lo? Nesta última etapa, faremos a instalação do CLP, realizaremos as devidas estruturações da lógica de programação, fazendo uso da ferramenta GRAFCET (G7) e, por fim, programaremos o CLP usando linguagem LADDER. U4 7O CLP e a linguagem LADDER Seção 4.1 Entendendo o controlador lógico programável (CLP) Nesta seção, veremos como funciona um CLP, entenderemos sua instalação por meio de suas características internas, unidade de entradas e saídas e aplicações. Dessa forma, você se tornará capaz de realizar a instalação correta de um controlador lógico programável. Continuaremos trabalhando com nossa pequena fabricante de peças de reposição para automóveis, que contratou os serviços de sua empresa especializada em automação, sendo você o responsável técnico do projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, controle e controlador já foram definidos, os testes virtuais já foram feitos e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas e, ao final da seção anterior, definimos o tipo de programação que iremos utilizar. Mas, antes de programarmos o controlador, precisamos compreender como ele funciona e como devemos instalá-lo, caso contrário, de nada adiantará a programação. Então, como será feita a instalação do CLP? E onde serão usadas as entradas e saídas que definimos anteriormente? Para responder essas perguntas, veremos primeiramente o que é um controlador lógico programável, conhecendo suas características e como devemos lidar com suas entradas e saídas, com o intuito de aprendermos mais sobre a aplicabilidade de um CLP. Ao final desta seção, esperamos que você se torne capaz de determinar a instalação de um CLP, fazendo as ligações necessárias para seu funcionamento e empregando corretamente as variáveis do sistema ao controlador. Diálogo aberto U4 8 O CLP e a linguagem LADDER O que é o CLP De acordo com a norma IEC 61131-1, um controlador lógico programável é um equipamento composto de componentes eletrônicos e de uma memória programável, que contém dados e programas com finalidade de ler e executar instruções, interagindo com um sistema que deve ser controlado por dispositivos de input e output do tipo digital ou analógico (PRUDENTE, 2013). Características de um CLP Nestes últimos tempos em que o CLP vem sendo amplamente utilizado, ele se mostrou com um grau mais elevado de confiabilidade do que em um sistema com lógica eletromecânica. E graças ao software de controle de autodiagnóstico que se encontra presente nos CLPs modernos, algum defeito de funcionamento pode ser facilmente identificado e corrigido. Porém, apesar da confiabilidade trazida pelo controlador lógico programável, é importante deixar clara a necessidade do uso de um dispositivo eletromecânico para garantir a segurança do sistema, uma vez que um CLP, quando sofre uma avaria ou apresenta algum defeito, torna o processo incontrolável. Já o dispositivo eletromecânico, quando detecta um defeito no processo, libera o contato elétrico que faz com que o sistema desligue, o que garante a segurança para todos os envolvidos no processo e para o próprio sistema. Portanto, podemos dizer que um CLP, exemplificado na Figura 4.1, é um computador compacto que realiza ações de controle em diversos níveis de complexidade. Uma das maiores vantagens na aplicação de um CLP é que ele pode ser programado e utilizado por pessoas sem grande conhecimento em computação. Além disso, esse pequeno computador foi projetado para trabalhar em ambientes hostis, como chão de fábrica, que apresenta grande variação de temperatura, umidade, vibração, distúrbios eletromagnéticos, entre outras variantes do ambiente industrial. Não pode faltar Fonte: <https://goo.gl/Yejkwg>. Acesso em: 29 jan. 2017. Figura 4.1 | Exemplo de CLP compacto U4 9O CLP e a linguagem LADDER Fonte: Prudente (2013, p.282). Assimile Um CLP nunca é usado isoladamente como um dispositivo de segurança, pois seus aspectos construtivos e característica puramente eletrônica não garantem a segurança do sistema, uma vez que, em caso de falhas, torna o processo incontrolável. Sendo assim, faz-se necessário o uso de dispositivos eletromecânicos que, quando apresentam erros, desativam o sistema, garantindo sua integridade. O CLP é composto por duas partes importantes: o hardware, que é a parte física do controlador, e o software, que é a parte virtual. Esta última é muito importante, pois é dividida em duas outras partes: a primeira é um software desenvolvido pelo fabricante do controlador, que determina seu funcionamento e geralmente não é acessível para os usuários em geral. Já segunda parte do software define como o CLP controlará o sistema. Esse programa ou algoritmo é desenvolvido e implementado pelo usuário, sendo nessa etapa que apresentaremos o LADDER. Anteriormente à elaboração do programa de controle, precisamos nos preocupar em como instalar o CLP no processo a ser controlado e, para isso, nos atentaremos ao seu hardware, que é dividido em três unidades: • Unidade central – responsável por organizar todas as funções de controle. É composta por microprocessador, memórias e fonte de alimentação. • Unidade de programação – esta unidade é a interface entre homem e máquina, que permite escrever o programa na memória do CLP. É formada geralmente por um computador ou um teclado, dependendo do tipo de CLP. • Unidade de entrada e saída (I/O). Nessas unidades podemos perceber os aspectos construtivos de um CLP, observando a Figura 4.2: Figura 4.2 | Composição construtivade CLP modular U4 10 O CLP e a linguagem LADDER A partir da legenda da Figura 4.2, tem-se que 1 é a fonte de alimentação 24 V e a unidade central; 2 é a unidade com Placas I/O; 3 é o módulo BUS, responsável por ligações com vários módulos remotos; 4 é a guia normatizada para ampliação de módulos. Unidade de entrada e saída A unidade de entrada e saída (I/O) é composta por elementos que garantem o diálogo entre o CLP e os sinais de entrada e saída do sistema. A unidade de entrada age sobre os sinais dos dispositivos de aquisição de dados para torná-los compatíveis com a CPU do controlador, enquanto que a unidade de saída opera os sinais emitidos pela CPU para que sejam compreendidos pelos dispositivos acionadores (atuadores) do processo. Neste ponto de nosso estudo, é importante saber da existência de dois tipos de sinais do sistema: • Sinais digitais (on/off), que apresentam uma lógica de liga e desliga, em que emitem dois estados: on(1) e off(0). O interruptor que acende as luzes de nossas casas é um exemplo desse tipo de sinal. Quando está ligado, a tensão deixa de ser interrompida, acendendo a lâmpada, e quando está desligado, a tensão está interrompida, o que apaga a lâmpada. • Sinais analógicos, que são mais complexos, podem assumir qualquer valor dentro dos limites superior e inferior, conhecido como “range de operação”. O tratamento desse tipo de sinal recorre às memórias de 16 e 32 bits presentes nos CLPs. Essa unidade de entrada e saída é construída fisicamente pelas conhecidas “Placas I/O”, que podem ser vistas na Figura 4.2 e são mostradas no esquema simplificado da Figura 4.3. As Placas I/O são divididas em: • Placas de entrada digital (on/ off). • Placas de saída digital (on/off). • Placas de entrada analógica. • Placas de saída analógica. Fonte: Prudente (2013, p.282). Figura 4.3 | Esquema demonstrativo de Placas I/O do CLP U4 11O CLP e a linguagem LADDER Aplicações de um CLP Podemos perceber pela Figura 4.1 que o CLP apresentado demonstra alguns itens em sua carcaça - na parte superior vemos I1, I2, I3, etc. e na parte inferior percebemos Q1, Q2, Q3, Q4. Estes são símbolos padronizados de entradas e saídas digitais do controlador, sendo os “Is” relativos a entradas e os “Qs” relativos a saídas, mais especificamente as portas que recebem informações dos sensores e transdutores e as portas que emitem sinais de saída para os atuadores, respectivamente. Vejamos o exemplo da lâmpada, novamente: o interruptor seria ligado ao I1, por exemplo, e a lâmpada seria conectada ao Q1, o que permitiria ao CLP receber um sinal do interruptor no sentido de interromper ou não a passagem de tensão, sendo que on(1) acende a lâmpada e off(0) desliga. Com essa informação de entrada, o controlador emitiria um sinal que acenderia ou apagaria a lâmpada. Podemos, portanto, perceber como são feitas as ligações de um controlador lógico programável, para que ele controle um sistema simples. Compreendendo essa relação entre entradas e saídas, podemos entender o seu funcionamento em sistemas mais complexos, por analogia, sendo que as entradas de dados para cálculo do CLP sempre estarão nos Is e o CLP sempre mandará sinais de saída para ação no processo através dos Qs. A Figura 4.3 mostra um esquema simplificado de um CLP modular que apresenta placas I/O digitais e analógicas separadas, mas, nos CLPs modernos, as entradas e saídas são híbridas, podendo ser usadas tanto para sinais digitais como para sinais analógicos. Porém, é muito importante ressaltar que essa característica não é presente em todos os controladores e, portanto, é crucial que as especificações técnicas dos CLPs sejam verificadas antes de sua aplicação, para que não ocorra problemas com os sinais e que não haja risco de danificar os equipamentos. Reflita Compreendemos as características de um controlador lógico programável e como ele opera no sistema, além de ter compreendido o sistema e seu funcionamento nas seções e unidades anteriores. Mas como fazemos para inserir um CLP no processo e fazê-lo funcionar? Pesquise mais Para compreender melhor a instalação e o uso de um CLP, dê uma olhada neste material sobre CLPs: U4 12 O CLP e a linguagem LADDER Fonte: elaborada pelo autor. Figura 4.4 | Exemplo de instalação de CLP SILVA, Gladimir Pinto da. PLC - Controladores Lógicos Programáveis. Curso Técnico de Eletromecânica - CEFET RS. Disponível em: <http:// www2.pelotas.ifsul.edu.br/gladimir/Apostila%20de%20PLC_Gladimir.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2017 Em um sistema qualquer, seja simples ou complexo, não existe a necessidade de se utilizar todas as entradas e saídas do CLP, o que permite que se façam instalações mais compreensíveis e bem elaboradas. Dependendo do tipo de elemento e cabeamento utilizado, também podemos ter equipamentos que utilizam mais de uma entrada ou saída do controlador. Na Figura 4.4, temos um desenho esquemático que ilustra um CLP compacto com instalação intercalada. Exemplificando Uma empresa de reciclagem de latas de alumínio tem uma esteira para transportar as latas dos caminhões para o segundo nível da produção. Essa esteira é movimentada por um motor elétrico e tem um sensor para detectar se existe algum caminhão na área de descarga esperando para descarregar, um sensor para a presença de caminhões que estão aguardando a liberação da esteira e um para presença de latas na esteira. O seu modo de funcionamento prevê que a esteira se movimente sempre que tiver latas na esteira. Quando tem caminhão posicionado, liga uma lâmpada vermelha e quando não tem caminhão presente, mas há algum em espera, acende uma luz verde. Primeiramente, para compreender o sistema, vamos montar uma tabela de entradas e saídas, correlacionando com as variáveis do sistema, como mostra a Tabela 4.1: U4 13O CLP e a linguagem LADDER Após representar as variáveis do sistema na Tabela 4.1, devemos determinar as entradas e saídas do CLP que serão usadas. Nesse exemplo, temos três entradas e três saídas, portanto, esse é um processo que pode ser controlado por qualquer CLP compacto moderno. Vamos determinar uma segunda tabela, correlacionando as entradas e saídas do sistema com as I/O do CLP, conforme a Tabela 4.2: Assim, podemos elaborar a instalação do CLP corretamente, como mostra a Figura 4.5. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 4.1 | Correlação de variáveis do sistema as entradas e saídas Tabela 4.2 | Correlação de I/O do sistema e I/O do CLP Figura 4.5 | Aplicação de I/O diretamente no CLP Variável Descrição Entrada Saída 1 Sensor Presença X 2 Sensor Espera X 3 Sensor Latas X 4 Motor Esteira X 5 Luz VERDE X 6 Luz VERMELHA X Descrição Tipo Nome Sensor Presença Entrada I1 Sensor Espera Entrada I2 Sensor Latas Entrada I3 Motor Esteira Saída Q1 Luz VERDE Saída Q2 Luz VERMELHA Saída Q3 Sensor de Presença Sensor de Latas Sensor de Espera U4 14 O CLP e a linguagem LADDER Resolução da situação-problema: Com as informações do sistema em mãos, podemos estipular uma correlação entre as entradas e saídas do sistema, com as I/O do CLP, construindo uma segunda tabela que nos permitirá realizar a instalação do CLP. A correlação pode ser vista na Tabela 4.4, que nos gerará uma instalação como a mostrada pela Figura 4.6: Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 4.3 | Relação de entradas e saídas do sistema Variável Descrição Entrada Saída 1 Dispositivo de transporte de peças X 2 Sensor da montagem de embalagens para identificação de produto X 3 Dispositivo de montagem de embalagens X 4 Sensor de presença do posicionamento de peças X 5 Contador de peças X 6 Dispositivo de posicionamento das peças na embalagem X 7 Sensor de presençapara lacre da embalagem X 8 Sensor de peso para lacre de embalagem X 9 Dispositivo de lacre X 10 Sensor de identificação de embalagem para etiqueta de identificação X 11 Dispositivo de etiquetagem X Continuaremos trabalhando com nossa pequena fabricante de peças de reposição para automóveis que contratou os serviços de sua empresa especializada em automação, sendo que você é o responsável técnico do projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, controle e controlador já foram definidos, os testes virtuais já foram feitos e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas e, ao final da seção anterior, definimos o tipo de programação que iremos utilizar. Mas, antes de programarmos o controlador, precisamos compreender como ele funciona e como devemos instalá-lo, caso contrário, de nada adiantará a programação. Então, como será feita a instalação do CLP? E onde serão usadas as entradas e saídas que definimos anteriormente? Para responder a essas perguntas, teremos que relembrar a tabela de entradas e saídas do sistema, que foi definida na Seção 3.1 deste livro, mostrada nesta seção como a Tabela 4.3: Sem medo de errar U4 15O CLP e a linguagem LADDER Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 4.4 | Comparativo das entradas e saídas do sistema com as I/O do CLP Figura 4.6 | Instalação das I/O do CLP Variável Descrição Tipo Nome Atuador 1 Dispositivo de transporte de peças Saída Q1 Sensor 1 Sensor da montagem de embalagens para identificação de produto Entrada I1 Atuador 2 Dispositivo de montagem de embalagens Saída Q2 Sensor 2 Sensor de presença do posicionamento de peças Entrada I2 Contador 1 Contador de peças Entrada I3 Atuador 3 Dispositivo de posicionamento das peças na embalagem Saída Q3 Sensor 3 Sensor de presença para lacre da embalagem Entrada I4 Sensor 4 Sensor de peso para lacre de embalagem Entrada I5 Atuador 4 Dispositivo de lacre Saída Q4 Sensor 5 Sensor de identificação de embalagem para etiqueta de identificação Entrada I6 Atuador 5 Dispositivo de etiquetagem Saída Q5 A Tabela 4.4 gerará uma instalação do CLP, como a mostrada pela Figura 4.6: U4 16 O CLP e a linguagem LADDER Controle em um restaurante Descrição da situação-problema Caro aluno, neste novo contexto de aprendizagem, tem-se que um restaurante o contrata para elaborar o sistema de controle de lavar pratos. Esse sistema consiste em um dispositivo que mostra quantos pratos existem na máquina, que é acionada automaticamente quando atinge a quantidade de 50 pratos, momento em que um LED vermelho fica aceso. Assim que a máquina termina o ciclo de lavagem, um sensor indica que os pratos estão prontos para serem transportados, acendendo um LED verde. Assim que a máquina é esvaziada, um LED amarelo permanece aceso até que tenha atingido novamente 50 pratos, momento em que o sistema recomeça. Como determinar os elementos e correlacionar as entradas e saídas do sistema? Como ficariam as tabelas de correlação para esse problema? Resolução da situação-problema Para resolver esse problema, podemos separar as variáveis e correlacioná-las com entradas e saídas, conforme mostrado pela Tabela 4.5: Avançando na prática Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 4.5 | Correlação de entradas e saídas do sistema Tabela 4.6 | Determinação das entradas e saídas do CLP Variável Descrição Entrada Saída 1 Contador X 2 LED vermelho X 3 Sensor de término X 4 LED amarelo X 5 LED verde X Variável Descrição Entrada Saída 1 Contador X 2 LED vermelho X 3 Sensor de término X 4 LED amarelo X 5 LED verde X Assim, podemos perceber a correlação entre as variáveis do sistema e as entradas e saídas do controlador, nos tornando capazes de montar a tabela de entradas e saídas do CLP, como mostrado pela Tabela 4.6: U4 17O CLP e a linguagem LADDER Faça valer a pena 1. De acordo com a norma IEC 61131-1, um controlador lógico programável é um equipamento composto de componentes eletrônicos e de uma memória programável, que contém dados e programas com finalidade de ler e executar instruções, interagindo com um sistema que deve ser controlado por dispositivos de input e output do tipo digital ou analógico (PRUDENTE, 2013). De acordo com o texto base, podemos dizer que o CLP é: a) Um controlador de ampla utilização, podendo ser aplicado a qualquer sistema. b) Um computador compacto que realiza ações de controle em diversos níveis de complexidade. c) Um controlador reprogramável que tem seus limites guiados pela capacidade do operador. d) Um computador complexo que tem uma pequena gama de aplicações. e) Um computador compacto e complexo que visa aprimorar e resolver problemas em indústrias mecânicas. 2. Um CLP apresenta dois aspectos principais, o hardware e o software, sendo que o primeiro é referente à construção física do controlador e o segundo encara o campo virtual, ou seja, os algoritmos que o fazem funcionar. O aspecto construtivo do CLP pode ser dividido em outras três partes. O texto-base nos traz um conceito sobre as características construtivas do CLP. Qual das três partes do hardware é responsável por conectar as entradas e saídas ao CLP? a) Unidade de entradas e saídas. b) Unidade central. c) Placas de entradas. d) Unidade de programação. e) Placas de entradas e saídas. 3. A unidade de entradas e saídas é construída a partir de dispositivos conhecidos como Placas I/O. Essas placas são responsáveis por transformar os sinais do sistema em informações úteis ao CLP e adequar as informações que o CLP emite em sinais para os diversos dispositivos do sistema. U4 18 O CLP e a linguagem LADDER Sabemos que os processos emitem sinais de entrada para o controlador, que, por sua vez, emite sinais de saída para o processo. Portanto quais são os dois tipos de sinais que podemos encontrar em um sistema de controle? a) Sinais de entrada e de saída. b) Sinais de entrada e digitais. c) Sinais analógicos e digitais. d) Sinais analógicos e de saída. e) Sinais digitais e de entrada. U4 19O CLP e a linguagem LADDER Seção 4.2 Estruturando a programação de um CLP Caro aluno, seja bem-vindo! Nas seções e unidades anteriores, nós definimos diversos aspectos do controle e automação de processos industriais, vimos conceitos, aplicações, métodos de se desenvolver um sistema de controle, como estruturar o funcionamento do sistema e ainda como instalar um CLP integrando as entradas e saídas aos dispositivos que geram as variáveis do processo. Agora, estamos chegando ao fim deste livro didático e, nesta nova seção, nos preocuparemos em estruturar a programação de um CLP, utilizando dos conhecimentos que adquirimos ao longo desta jornada de aprendizado. Retomando o contexto de aprendizagem, temos que uma pequena fabricante de peças de reposição para automóveis contratou os serviços de sua empresa, sendo você o responsável técnico pelo projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, controle e controlador já foram definidos, os testes virtuais já foram feitos e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas, o tipo de programação que iremos utilizar e até como será feita a instalação dos equipamentos no CLP. Agora, nos resta definir a estrutura da programação do algoritmo que realizará o controle desse processo, para podermos, na próxima seção, realizar a programação em LADDER. Mas você sabe como estruturar essa programação? A estrutura funcional não é mesma que a lógica de programação? Para responder esses questionamentos, veremos nesta seção uma ferramenta que já foi introduzida anteriormente: o GRAFCET (G7). Essa ferramenta é usada amplamente por desenvolvedoresde CLP para realizar a estrutura lógica da programação do controlador e, em alguns casos, podemos realizar a própria programação através dessa ferramenta. Portanto, ao final desta seção, acreditamos que você será capaz de resolver problemas ligados à lógica de programação e desenvolver a estrutura lógica dos algoritmos que regem o sistema de controle, tudo isso fazendo uso o GRAFCET como ferramenta de trabalho. Diálogo aberto U4 20 O CLP e a linguagem LADDER Linguagem com sequenciamento gráfico de funções (GRAFCET) O G7 contém alguns componentes básicos que devem ser usados em sua construção, que são elementos padronizados, utilizados para auxiliar no entendimento do diagrama. Podemos dizer que o GRAFCET é composto por três elementos básicos que já foram apresentados anteriormente, mas vamos aprofundar um pouco mais nesse conhecimento: 1) Etapa: as etapas são subdivididas em três subtipos: etapas iniciais, etapas intermediárias e etapas globais. • As etapas iniciais, como o próprio nome já denota, são etapas que iniciam o diagrama. São representadas através de um quadrado ou retângulo duplo, como está representado pela Figura 4.7 (a). • As etapas regulares são aquelas que compõem o diagrama. São elas que formam o corpo lógico e determinam as ações que serão realizadas, que são representadas pela Figura 4.7 (b). Assimile O GRAFCET foi desenvolvido para ser utilizado com o intuito de simplificar e facilitar a visualização da programação de CLPs. Mas, por ser uma linguagem gráfica baseada em diagrama de blocos, pode ser empregado em diversos tipos de controladores que utilizam de lógica sequencial. Introdução à linguagem de estruturação Sabemos que a lógica de programação pode não ser estruturada da mesma forma ou com a mesma sequência que a lógica de funcionamento do sistema. Por isso, faz- se necessário que apresentemos uma diagramação do funcionamento e da lógica de programação. Mas a estrutura de programação geralmente é elaborada com outra ferramenta, não o fluxograma. Também conhecido como Gráfico Sequencial de Funções (SFC), o GRAFCET é geralmente utilizado para se criar diagramas que demonstram a lógica sequencial do funcionamento do algoritmo de controle. Além disso, é uma linguagem gráfica criada com o intuito de facilitar a programação de CLPs, sendo que alguns fabricantes de controladores lógicos programáveis até apresentam plataformas de programação utilizando diretamente o G7. Não pode faltar U4 21O CLP e a linguagem LADDER Devemos lembrar sempre que uma etapa nunca pode vir seguida diretamente de outra etapa, bem como uma transição também nunca deve vir seguida de outra. página ou, ainda, utilizar uma etapa de chamada que contém outra parte do diagrama em um bloco separado. • Já as etapas de chamada são menos usadas, mas não menos importantes. São utilizadas para facilitar a visualização de diagramas mais complexos ou muito extensos. Essas etapas são formadas por subdiagramas, representados pela Figura 4.7 (c). Fonte: elaborada pelo autor. Figura 4.7 | Etapas do GRAFCET 0 1 2 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 4.8 | Representação gráfica de transição 2) Transição: a transição é a possibilidade de evolução de uma etapa para outra. É representada graficamente por uma linha cortada por um traço. Essa função lógica simboliza um ou mais elementos do dispositivo, como sensores, botões, leitores ou qualquer elemento que emita um sinal de confirmação para o sistema. Podemos ver uma transição representada na Figura 4.8. 3) Ligações orientadas: tem-se que as etapas e transições são conectadas através de ligações orientadas, que geralmente tem o sentido de cima para baixo e, quando forem invertidas, devem ser acompanhadas de setas que indicarão a sua orientação. Perceba que, na Figura 4.9, a única ligação que tem a indicação de direção é a ligação de retorno. Os cruzamentos entre ligações devem ser evitados. O mais comum é, quando necessário, interromper o diagrama e continuá-lo em outra 3 4 Figura 4.9 | Exemplo de ligações orientadas Fonte: elaborada pelo autor. U4 22 O CLP e a linguagem LADDER Os diagramas podem ser sequenciais, como mostrado pela Figura 4.10, que são aqueles que apresentam ligações simples. São comumente utilizados em lógicas básicas, onde a sequência de ações deve ser seguida à risca, sem intervenções externas ou devem dispensar escolhas feitas automática ou manualmente. Um sistema muito extenso, que apresentaria um diagrama demasiado grande, pode fazer uso da etapa de chamada para reduzir seu tamanho e subdividir o gráfico em quantas etapas forem necessárias ao processo. Uma ilustração disso é mostrada pela Figura 4.11. Os diagramas também podem ser ramificados onde as ligações são dispostas estrategicamente para se evitar o cruzamento de linhas, para que não se complique a visualização. Um diagrama ramificado pode ser “vergente” em E ou “vergente” em OU. “Vergente” em E, ou sequência simultânea (Figura 4.12), são diagramas onde as ações são iniciadas paralelamente, ou seja, todas as ações são realizadas simultaneamente com uma única transição. As barras paralelas que indicam esse estado são conhecidas como: superior, sendo divergente, e inferior, sendo convergente. Figura 4.10 | Exemplo de GRAFCET sequencial Figura 4.11 | Exemplo de aplicação de etapa de chamada Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. 0 1 2 0 1 2 0 1 2 U4 23O CLP e a linguagem LADDER “Vergente” em OU, ou sequência seletiva (Figura 4.13), são diagramas onde as ações são iniciadas separadamente, a partir de uma escolha feita pelo sistema ou manualmente. São lógicas com uma complexidade mais elevada, requerendo mais tempo para seu desenvolvimento. Em um diagrama desse modo, o sistema só poderá avançar para a próxima sequência quando a primeira for concluída e assim sucessivamente. Assim como a “vergente” em E, a barra superior é a divergente e a inferior é convergente. Figura 4.12 | Exemplo de diagrama com sequência simultânea Figura 4.13 | Exemplo de diagrama com sequência seletiva Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. 0 0 3 3 2 2 1 1 Reflita Aparentemente não é difícil criar um diagrama de GRAFET de um sistema, mas será que existe alguma informação importante para esse tipo de linguagem? Como fazemos para demonstrar as ações do sistema? U4 24 O CLP e a linguagem LADDER Utilizando o GRAFCET como estrutura descritiva Podemos usar dois tipos de GRAFCET: o descritivo e o funcional. O descritivo é usado para descrever o funcionamento do sistema com base nas variáveis, utilizando assim as nomenclaturas análogas às do programa. Dessa forma, podemos dizer que o G7 descritivo se assemelha mais ao que a máquina vai compreender, o que torna esse tipo de diagrama recomendado para fins de programação. Podemos ver um exemplo desse GRAFCET na Figura 4.14, que mostra o acionamento das saídas Q1 e Q2, a partir do sinal I1 e I2. Utilizando o GRAFCET como estrutura funcional Por sua vez, o G7 funcional demonstra o funcionamento do algoritmo de forma mais visual e explicativa, permitindo um melhor entendimento por parte dos usuários. Dessa forma, podemos dizer que o GRAFCET funcional é mais voltado para a linguagem humana e mais distante da linguagem das máquinas. Esse é o tipo mais usado para estruturar a programação de CLPs. Podemos ver um exemplo desse diagrama na Figura 4.15, que nos mostra o funcionamento de um acionamento de motor atrelado a um LED demonstrativo. Pesquise mais Para se aprofundar ainda mais nos estudos dessa ferramenta chamada GRAFCET, dê uma olhada neste material disponibilizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), conteúdo da disciplina de princípiosde Mecatrônica: GRAFCET (Norma IEC 848). Disponível em: <http://ftp.demec.ufpr.br/ disciplinas/TM265/GRAFCET_utfpr_iec_848.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2017. Figura 4.14 | GRAFCET descritivo Fonte: elaborada pelo autor. 0 1 2 Reset Q1 I1 Set Q1 Set Q2 I2 1 Reset Q2 U4 25O CLP e a linguagem LADDER Figura 4.15 | GRAFCET funcional Figura 4.16 | G7 do sistema de empacotamento Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. 0 1 2 Desliga Motor Sensor 1 Aciona Motor Desliga LED Vermelho Sensor 2 1 Desliga LED 0 1 2 Retorna ao Início Sensor de Posição Dispositivo de Posicionamento Dispositivo de Fechamento Lacre da embalagem Sensor de Peso 1 Exemplificando Neste exemplo, temos uma máquina automática de embalar apontadores de lápis que contém um sistema que funciona com dois sensores: um para a posição da embalagem, que aciona o dispositivo de posicionamento dos apontadores, e outro para medir o peso da embalagem, que, quando atinge o peso correto, aciona um motor, responsável pela etapa de fechar e lacrar a caixa. Portanto, podemos ver que o sistema é composto por: 1 – Sensor de posição da embalagem. 2 – Dispositivo de posicionamento de produtos. 3 – Sensor de peso. 4 – Motor do dispositivo de fechamento e lacre da embalagem. Dessa forma, se pensarmos um pouco sobre como deve ser feito o sequenciamento lógico do sistema, para que posteriormente seja feita a programação, teremos um GRAFCET como o demonstrado pela Figura 4.16: U4 26 O CLP e a linguagem LADDER Descrição do problema Temos que uma pequena fabricante de peças de reposição para automóveis contratou os serviços de sua empresa, sendo você o responsável técnico pelo projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, controle e controlador já foram definidos, os testes virtuais já foram feitos e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas, o tipo de programação que iremos utilizar e até como será feita a instalação dos equipamentos no CLP. Agora, nos resta definir a estrutura da programação do algoritmo que realizará o controle desse processo, para podermos, na próxima seção, realizar a programação em LADDER. Mas você sabe como estruturar essa programação? A estrutura funcional não é mesma que a lógica de programação? Utilizaremos aqui a tabela que determinamos na seção anterior, mostrada na Tabela 4.7: Sem medo de errar Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 4.7 | Comparativo das entradas e saídas do sistema com as I/O do CLP Variável Descrição Tipo Nome Atuador 1 Dispositivo de transporte de peças Saída Q1 Sensor 1 Sensor da montagem de embalagens para identificação de produto Entrada I1 Atuador 2 Dispositivo de montagem de embalagens Saída Q2 Sensor 2 Sensor de presença do posicionamento de peças Entrada I2 Contador 1 Contador de peças Entrada I3 Atuador 3 Dispositivo de posicionamento das peças na embalagem Saída Q3 Sensor 3 Sensor de presença para lacre da embalagem Entrada I4 Sensor 4 Sensor de peso para lacre de embalagem Entrada I5 Atuador 4 Dispositivo de lacre Saída Q4 Sensor 5 Sensor de identificação de embalagem para etiqueta de identificação Entrada I6 Atuador 5 Dispositivo de etiquetagem Saída Q5 Resolução do problema Com base na Tabela 4.7 e de acordo com os conhecimentos adquiridos ao longo desta seção, poderemos montar a estrutura de sequenciamento lógico que será aplicada para a programação do CLP na próxima seção. O diagrama resultante é mostrado na Figura 4.17, onde podemos ver claramente o uso das variáveis e das entrada e saídas, de forma a ser composto o corpo do diagrama. U4 27O CLP e a linguagem LADDER Pela lógica mostrada no GRAFCET, quando o sensor 1 detecta o tipo de peça que será embalada, o dispositivo monta a embalagem correta, o sensor 2 diz que a embalagem está posicionada, o que aciona o mecanismo que posiciona as peças na embalagem, que são contadas por um contador que, quando atinge o número pré- determinado, fará com que o processo de posicionamento pare e a embalagem vá até a próxima estação, o sensor de lacre detecta a embalagem e o sensor de peso diz se a etapa anterior foi realmente realizada, ou não. Caso esteja tudo como o planejado, o mecanismo lacra a embalagem e o sensor de identificação determina qual identificação deve ser inserida na caixa, o que faz com que o dispositivo de etiquetagem insira uma identificação na caixa e o processo é finalizado. Figura 4.17 | Diagrama G7 da lógica do problema proposto Fonte: elaborada pelo autor. 0 1 2 Restart Sensor 1 Monta Caixa Posiciona Peças Produto Pronto Aguarda Sensor Id Lacra Caixa Contador Caminha até Lacre Sensor 2 3 4 5 6 Sensor Lacre Sensor Peso Avançando na prática Automação de furos Descrição da situação-problema Uma pequena empresa que fabrica cadernos possuía uma máquina de furação automática, mas o equipamento começou a dar problemas e teve que ser reiniciada. Porém, como se trata de uma máquina antiga, acarretou em alguns problemas, pois não se consegue fazer a máquina voltar a operar corretamente, uma vez que esse modelo já não existe no mercado e não se encontram mais manuais disponíveis. Dessa forma, a empresa acabou por contratar seus serviços como profissional da U4 28 O CLP e a linguagem LADDER área de automação e controle. Uma vez estudado a máquina, você foi capaz de criar uma tabela de correlações, como mostrada na Tabela 4.8: Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 4.18 | GRAFCET da lógica sequencial da máquina Tabela 4.18 | GRAFCET da lógica sequencial da máquina Variável Descrição Tipo Nome Sensor 1 Sensor de Presença de Cadernos Entrada I1 Sensor 2 Grade de Segurança Entrada I2 Dispositivo 1 Aciona Furador Saída Q1 Resolução da situação-problema Conforme podemos perceber pela tabela, essa é uma máquina bem simples, que apresenta características de segurança consonante com a sua função. Dessa forma, podemos concluir que, para que o dispositivo de furação seja acionado, o sensor 1 e o sensor 2 devem emitir sinais conjuntamente. Assim, podemos determinar um sistema como o mostrado pela Figura 4.18. Ação Finalizada Aciona Furador 0 1 Sensor 1 Grade Retorna Faça valer a pena 1. A lógica de programação pode não ser estruturada da mesma forma ou com a mesma sequência que a lógica de funcionamento de um sistema. Por isso, faz-se necessária a apresentação de um diagrama do funcionamento e de um diagrama da lógica de programação. U4 29O CLP e a linguagem LADDER 2. O G7 contém alguns componentes básicos que devem ser usados em sua construção, sendo elementos padronizados que auxiliam no entendimento do diagrama. Podemos dizer que o GRAFCET é composto por três elementos básicos que determinam a lógica da programação. O texto-base nos traz uma informação crucial para a construção de um GRAFCET. Quais são os três elementos básicos a que o texto-base se refere? a) Etapa, transição e ligação orientada. b) Etapa, transitividade e ligação. c) Transição, blocos e conexões. d) Transições, blocos e ligação orientada. e) Etapa, blocos e ligação orientada. 3. A ____________ é a possibilidade de evolução de uma etapa para outra, que é representada graficamente por uma linha cortada por um traço. Essa função lógica simboliza um ou mais elementos do dispositivo, como sensores, botões, leitores ou qualquer elemento que emita um sinal de confirmação para o sistema. O texto-base nos traz um conceito claro de um dos elementos que constituem o GRAFCET. Qual é o elemento que completa a lacuna? a) Transição. b) Etapa inicial. c) Ligações orientadas. d) Etapa regular. e) Etapade chamada. Como é conhecida a ferramenta usada para essa diagramação da lógica de programação apresentada pelo texto-base? a) GRAFCET. b) LADDER. c) Diagrama de blocos. d) Fluxograma. e) Diagrama de blocos funcionais. U4 30 O CLP e a linguagem LADDER U4 31O CLP e a linguagem LADDER Seção 4.3 Conversando com seu CLP Caro aluno, seja bem-vindo à última seção de estudo deste livro didático! Esperamos que você tenha gostado do que aprendeu conosco e acreditamos que, mesmo com as dificuldades que possa ter enfrentado, o conteúdo deste livro tenha lhe ajudado em sua formação profissional. Mas, sem mais delongas, vamos para nossa última parte. Devemos nos lembrar da empresa que viemos trabalhando até aqui: uma pequena fabricante de peças de reposição para automóveis contratou os serviços de sua empresa, sendo você o responsável técnico pelo projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, o controle e o controlador já foram definidos, já foram feitos os testes virtuais e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas, do tipo de programação que iremos utilizar e até de como será feita a instalação dos equipamentos no CLP, por fim, definimos a estrutura da programação do algoritmo que realizará o controle desse processo. Agora devemos realizar a programação em LADDER para o algoritmo do controlador. Mas você sabe como se realiza essa programação? Existe uma correlação entre a linguagem LADDER e a estrutura em GRAFCET? Para responder a essas perguntas, devemos primeiramente ver como se estrutura um diagrama LADDER e como as estruturas que desenvolvemos em GRAFCET podem ser transcritas para LADDER. Isso nos possibilitará realizar a devida programação do CLP. Uma vez tomadas as ações referentes ao algoritmo de controle, devemos utilizar algumas ferramentas para testar o software, a fim de garantir seu devido funcionamento, como simulações virtuais com programas específicos. Ao final desta seção, você será capaz de desenvolver um algoritmo de controle em LADDER através da estrutura em GRAFCET, além de saber como realizar testes e simulações para validar seu programa e garantir o funcionamento do controlador. Diálogo aberto U4 32 O CLP e a linguagem LADDER Introduzindo o LADDER A linguagem LADDER surgiu da ideia de se criar uma forma simples de se programar CLPs, utilizando expressões e símbolos dos diagramas lógicos de relês, possibilitando que pessoas sem grandes conhecimentos em programação pudessem aprender rapidamente essa linguagem, colocando-a em prática em sistemas complexos. A Tabela 4.9 mostra alguns dos símbolos básicos utilizados em programação LADDER: Não pode faltar Tabela 4.9 | Símbolos básicos de lógica em LADDER Instrução Símbolo: Função Contato normalmente aberto Avalia por condição ON em um determinado endereço. Contato normalmente fechado Avalia por condição OFF em um determinado endereço. Ativar bobona de saída Liga uma saída quando a continuidade é verdadeira (TRUE). Desativar bobina de saída Desliga uma saída quando a continuidade é verdadeira (TRUE). Ativar bobina de saída em retenção (SET) Liga uma saída quando a continuidade é verdadeira (TRUE) e a mantêm mesmo quando a condição torna-se false (FALSE). Desativar bobina de saída em retenção (RESET) Desliga a saída ativada pela condição SET, quando a continuidade é verdadeira (TRUE). Temporizador Ativa uma variável interna do CLP que conta tempo para tomada de decisão. ( ( ( ( ( ( ( ( R s TO KO Fonte: elaborada pelo autor. U4 33O CLP e a linguagem LADDER Estrutura da linguagem em LADDER Esta linguagem é representada por símbolos gráficos que são estruturados para formar a lógica de controle que será inserida na memória do controlador. Basicamente o LADDER tem a função de fazer com que o CLP controle as saídas do sistema através da interpretação e análise das entradas. Esta linguagem usa degraus ou rungs para realizar as ações de controle, conforme podemos ver pela Figura 4.19. Pense que a linha da esquerda (L1) representa uma linha de energia com potencial elétrico positivo e a linha da direita (L2) representa uma linha de energia com potencial elétrico negativo. Assim, quando as entradas permitem a passagem de energia da esquerda para a direita, a saída agirá sobre o sistema, portanto o rung é verdadeiro (TRUE) ou ativo e representa sua saída energizada quando temos o que chamamos de “continuidade lógica”. Dessa forma, podemos dizer que a continuidade lógica é a passagem de energia de L1 para L2, conforme mostrado pela Figura 4.20: Figura 4.19 | Exemplo de rung em linguagem LADDER Fonte: elaborada pelo autor. Assimile Lembre-se de que a linguagem LADDER foi desenvolvida para ser usada por qualquer pessoa que se interesse, uma vez que foi criada com o intuito de facilitar a programação de CLPs. ) ) L1 SaídasEntradas U4 34 O CLP e a linguagem LADDER Por ser uma linguagem simples e apresentar elementos da lógica de relês, o LADDER, apesar de ser uma ferramenta muito útil que possibilitava uma grande quantidade de soluções de problemas, começou a ficar muito restrito conforme os CLPs foram evoluindo e se atualizando. Assim, para suprir essa demanda, alguns blocos de comandos padronizados foram inseridos nessa linguagem de programação, o que a tornou muito mais versátil e ampliou sua usabilidade. A Figura 4.21 mostra um exemplo de LADDER em conjunto com blocos de função: Figura 4.20 | Exemplo de continuidade lógica Figura 4.21 | Exemplo de lógica LADDER em conjunto com blocos de função Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Caminho Possível Caminho Possível ) ) ) ) ) ) TIME ENABLE RESET SaídasEntradas Blocos U4 35O CLP e a linguagem LADDER A Figura 4.22 mostra um exemplo muito simples de transcrição de GRAFCET para LADDER: o acionamento de um LED. Quando o botão (entrada I1) é pressionado, o LED (saída Q1) acende, e quando o botão é liberado, o LED volta a apagar. Podemos aplicar essa lógica em diversos níveis de complexidade. Vamos pensar de forma mais ampla, quando um GRAFCET apresenta “vergência em E” ou “vergência em OU”. Dessa forma, podemos aplicar o sistema, conforme mostrado pelas Figuras 4.23 e 4.24. Programando em LADDER Anteriormente, vimos como estruturar um sistema e uma programação e isso não faria muito sentido se não fôssemos interpretar essa estrutura lógica na hora de programarmos o controlador. Portanto, temos que observar como pode ser interpretado o sistema elaborado em GRAFCET, para lógica LADDER ou, em outras palavras, devemos passar a lógica do G7 para LADDER. Para isso, podemos dizer que as transições do GRAFCET são condições que o sistema deve respeitar para que possa passar para a próxima etapa, em que se encontra a ação tomada pelo CLP para controlar o sistema. Dessa forma, consideramos as transições como entradas e as etapas como saídas a serem usadas no diagrama. Portanto, temos que um G7 pode ser transcrito para LADDER, como mostrado pela Figura 4.22. Figura 4.22 | Exemplo de lógica LADDER em conjunto com blocos de função Fonte: elaborada pelo autor. Reflita Sendo uma linguagem muito simples, de fácil utilização e implantação, podemos dizer que o LADDER pode e deve ser usado por qualquer pessoa ligada ao processo a ser controlado. Essa ferramenta conversa com outras ferramentas usadas anteriormente? Para que estudamos a forma de estruturar a lógica de programação? 0 1 Início Posiciona Botão Liga LED Libera Botão LED Desligado ) ) I1 - Botão Q1 - LED U4 36 O CLP e a linguagem LADDER Podemos perceber que a vergência em E, representada por duas barras paralelas no GRAFCET, é o funcionamentode dois elementos em conjunto, apresentados paralelamente no corpo do LADDER, de forma a serem ativos conjuntamente para que a saída seja verdadeira. Já a vergência em OU, mostrada na Figura 4.24, é constituída por dois elementos em linhas separadas, mostrando que a saída pode ser verdadeira, quando acionada uma das linhas de entrada. Botão Liga Motor/SET 0 1 Botão Sensor Início Reset Botão Liga Motor/SET 0 1 Botão Sensor Início Reset ) ) ) ) I1 - Botão Q1 - MotorI2 - Sensor R S I1 - Botão Figura 4.23 | Exemplo de lógica com “Vergências em E” Figura 4.24 | Exemplo de lógica com “Vergências em OU” Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. ) ) ) ) I1 - Botão Q1 - Motor I2 - Sensor R S I1 - Botão U4 37O CLP e a linguagem LADDER Simulando seu programa Geralmente, dentro do próprio programa de desenvolvimento de LADDER, podemos fazer algumas simulações. Neste material utilizaremos o software da SIEMENS para programar em LADDER, podemos utilizar três programas para complementar a simulação das entradas e saídas e ainda veremos como o sistema se comportará após a programação, como segue: • Para programar em LADDER, faremos uso do software STEP7 – MicroWIN. • Para fazer a simulação do CLP, usaremos o S7-200 Simutator. • E, por fim, usaremos o PC-SIMU para simular o sistema. Vale destacar que, apesar de a linguagem LADDER ser padronizada e conter seus símbolos determinados, cada fabricante de CLPs ou, mesmo, desenvolvedor de software para programação em LADDER pode dar suas próprias características à linguagem, o que permite que, mesmo sendo a mesma linguagem, possa ter formas diferentes e aparências distintas. Pesquise mais Para compreender melhor como se programa em LADDER utilizando o software “STEP-7”, acesse esta apostila, que traz a programação de uma forma detalhada e didática: SENAI. Escola de educação profissional. Apostila CLP SIEMENS SIMATIC S7-200. Disponível em: http://files.moacirmachado.webnode.com. br/200000029d8d85d9d24/Apostila_SENAI%20SP%20S7-200.PDF. Acesso em: 8 fev. 2017. Exemplificando Para o acionamento direto de um motor elétrico, podemos elaborar um programa em LADDER como o mostrado na Figura 4.25, desenvolvido em STEP7. U4 38 O CLP e a linguagem LADDER Figura 4.25 | LADDER de acionamento direto de motor elétrico Figura 4.26 | Simulação do CLP pelo S7-200 simulator Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Após esse programa, podemos fazer uso do S7-200 simulator para simular o CLP. Para isso, carregamos o programa em LADDER e fazemos a ligação, como mostrado na Figura 4.26. A partir da figura, podemos perceber que as entradas e saídas do CLP virtual ficam verdes quando estão acionadas; isso mostra que o programa está se comportando como o esperado. U4 39O CLP e a linguagem LADDER Figura 4.27 | Simulação do sistema pelo PC-SIMU Fonte: elaborada pelo autor. Descrição da situação-problema Uma pequena fabricante de peças de reposição para automóveis contratou os serviços de sua empresa, sendo você o responsável técnico pelo projeto de automação. Sabemos que a automação, o processo, o controle e o controlador já foram definidos, os testes virtuais já foram feitos e já identificamos as variáveis do sistema, além das entradas e saídas, do tipo de programação que iremos utilizar e até de como será feita a instalação dos equipamentos no CLP. Na última seção, ficou definida também a estrutura da programação do algoritmo que realizará o controle desse processo para podermos, agora, realizar a programação em LADDER. Você já viu como se deve programar usando o LADDER, mas como ficará o algoritmo baseado no GRAFCET que está mostrado pela Figura 4.28? Por fim, usamos o PC-SIMU para demonstrar o funcionamento do sistema. Apesar de ter um gráfico com definições bem simples, o simulador garante a funcionalidade e fácil usabilidade. A Figura 4.27 mostra o ambiente do software, para a simulação do sistema em conjunto com o S7-200. Sem medo de errar U4 40 O CLP e a linguagem LADDER Figura 4.28 | Diagrama G7 da lógica do problema proposto Fonte: elaborada pelo autor. 0 1 2 Restart Sensor 1 Monta Caixa Posiciona Peças Produto Pronto Aguarda Sensor Id Lacra Caixa Contador Caminha até Lacre Sensor 2 3 4 5 6 Sensor Lacre Sensor Peso Resolução da situação-problema Utilizando a Tabela 4.9, apresentada nesta seção de ensino e, lembrando de como o sistema deve se comportar, podemos elaborar o diagrama LADDER para o funcionamento desse processo. Podemos visualizar como o algoritmo baseado no GRAFCET é apresentado em LADDER, através da Figura 4.29: Figura 4.29 | LADDER do sistema proposto Fonte: elaborada pelo autor. Network 2 Network 3 Network 6 Network 5 Network 4 A5S5T32 100 A4S4S3 A3 500 T33 A1 A1 A1S4S2A2 A1S1 ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) S2 T33 A1 T32 IN TON PT IN TON PT U4 41O CLP e a linguagem LADDER Automação residencial Descrição da situação-problema Você foi contratado por uma empresa de construção civil para realizar a automação do sistema de segurança de uma casa inteligente. Basicamente, o sistema é composto por três sensores de presença e dois sensores magnéticos de porta. O processo é simples: quando qualquer um desses sensores fosse acionado, ligaria o alarme e acenderia todas as luzes da casa. Uma vez resolvido o problema com a segurança, um controle remoto desativaria o sistema. Resolução da situação-problema Para resolver esse problema, podemos desenvolver um algoritmo em LADDER, como o mostrado pela Figura 4.30. Podemos assumir que temos cinco sensores em paralelo, ligando um alarme e as luzes da casa. Como todas as luzes são acesas, vamos simplificar com uma única saída, já que podemos assumir que o sistema de iluminação deve ter uma central de comando, e podemos acionar essa central ao invés de uma lâmpada por vez. Avançando na prática Tem-se que o autor inseriu alguns componentes a mais no sistema, para fazê-lo funcional. Figura 4.30 | LADDER do sistema de segurança Fonte: elaborada pelo autor. R 1 R 1 1 S 10.5 10.4 10.3 10.2 10.1 Q0.1 Q0.010.0 ) ) ) ) ) ) ) ) Network 2 Network 1 Q0.0 Q0.1 S 1 U4 42 O CLP e a linguagem LADDER Faça valer a pena 1. Sempre quando vamos resolver um problema de controle por CLP, devemos primeiramente estruturar o sistema com uso de um _________________. Em seguida, definimos as entradas e saídas e, com base na estrutura anterior, fazemos uma nova estrutura, conhecida como lógica de programação, que geralmente é elaborada em ________________, para somente então realizar a programação usando a linguagem __________________. O texto nos define a estrutura funcional do sistema, a estrutura de programação e a linguagem usada para programar um CLP. Assinale a alternativa que completa as lacunas do texto respectivamente: a) Fluxograma, GRAFCET e LADDER. b) Fluxograma, GRAFCET e texto estruturado. c) GRAFCET, LADDER e fluxograma. d) LADDER, GRAFCET e fluxograma. e) Blocos funcionais, GRAFCET e LADDER. 2. Após elaborarmos a lógica do sistema em GRAFCET, podemos passá-la para LADDER, lembrando que as transições e etapas do G7 são entradas e saídas do sistema, respectivamente. Já do ponto de vista da estrutura da programação em LADDER, as entradas ficam na lateral esquerda e as saídas, na direita. Com relação ao que foi explicitado no texto-base, assinale a alternativa que melhor mostra uma correlação entre GRAFCET e LADDER: a) b) c) d) e)U4 43O CLP e a linguagem LADDER 3. Uma parte muito útil na elaboração de um programa de controle para CLP é a ______________, que permite que se perceba se a programação foi feita corretamente ou se apresenta passos errados e deve ser refeita, pois pode apresentar erros de execução. Assinale a alternativa que apresenta a etapa do desenvolvimento do algoritmo que pode nos dizer se o programa está correto, preenchendo corretamente a lacuna do texto-base. a) Simulação virtual. b) Instalação do CLP. c) Teste do CLP. d) Instalação do controlador. e) Teste em controlador didático. U4 44 O CLP e a linguagem LADDER U4 45O CLP e a linguagem LADDER Referências GRAFCET (Norma IEC 848). Disponível em: <http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM265/ GRAFCET_utfpr_iec_848.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2017. PRUDENTE, F. Automação industrial PLC: teoria e aplicações. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 190 p. ______. Automação industrial PLC: programação e instalação. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. QUESADA, R. C. Projeto e concepção de células robotizadas para aplicações em automação. 2014. Tese (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014. ROSÁRIO, J. M. Automação industrial. São Paulo: Baraúna, 2009. 515 p. SENAI. Escola de educação profissional. Apostila CLP SIEMENS SIMATIC S7-200. Disponível em: <http://files.moacirmachado.webnode.com.br/200000029d8d85d9d24/Apostila_ SENAI%20SP%20S7-200.PDF>. Acesso em: 8 fev. 2017. SILVA, G. P. da. PLC - Controladores Lógicos Programáveis. Curso Técnico de Eletromecânica - CEFET RS. Disponível em: <http://www2.pelotas.ifsul.edu.br/gladimir/ Apostila%20de%20PLC_Gladimir.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2017.
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