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Ecopedagogia - Livro Texto Unidade II

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6 ELEMENTOS NATURAIS E CONSTRUÍDOS DO 
MEIO AMBIENTE
São denominados elementos naturais aqueles que são 
“como a natureza os fez”, que não sofreu intervenção direta do 
homem, recurso natural presente num sistema e até conjuntos 
de plantas e animais nativos, silvestres; paisagens mantidas 
quase sem nenhuma intervenção humana; nascentes, rios e 
lagos não atingidos pela ação humana etc. Esses elementos são 
predominantes nas matas, nas praias afastadas, nas cavernas 
não descaracterizadas. Todavia, não existe uma natureza 
intocada pelo homem, uma vez que a espécie humana faz parte 
da interação da vida no planeta e vem habitando e interagindo 
com os mais diferentes ecossistemas há mais de um milhão de 
anos. Por isso, a maior parte dos elementos considerados naturais 
ou são produto de uma interação direta com a cultura humana 
(uma cenoura ou uma alface, por exemplo, são na realidade 
produtos de manejo genético por centenas de anos) ou provêm 
de ambientes em que a atuação do homem não parece evidente 
porque foi conservativa e não destrutiva ou, ainda, consistem 
em sistemas nos quais já houve regeneração. 
Já os elementos produzidos ou transformados pela ação 
antrópica são chamados elementos construídos do meio 
ambiente, como, por exemplo, as matérias-primas processadas, 
objetos de uso, construções e/ou cultivos. Em determinados 
espaços prevalecem os elementos adaptados pela sociedade 
humana, como cidades, plantações, pastos, jardins, praças e 
bosques plantados, entre outros.
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A diferenciação dos elementos transformados ou 
produzidos pela impactante ação humana dos que ainda não 
sofreram a intervenção humana é muito importante, pois 
evidencia a forma em que se processa a ação do homem na 
natureza e o modo como se constrói um patrimônio cultural, 
subsidiando a discussão da necessidade de se preservar e 
cuidar do patrimônio natural para garantir a sobrevivência 
das espécies, a biodiversidade, para conservar saudáveis os 
recursos naturais como a água, o ar e o solo e, de outro lado, 
preservar e cuidar do patrimônio cultural, construído pelas 
sociedades em diferentes espaços e tempos. Todos esses 
fatores são fundamentais na garantia da qualidade de vida, 
o que estaremos abordando com mais ênfase adiante. Esse 
equilíbrio é fundamental na promoção da qualidade de vida 
das populações.
Ação antrópica é toda ação provinda do homem geradora 
de impacto ambiental, incluindo condicionantes como, por 
exemplo, a dinâmica populacional (aglomerações, crescimento 
populacional, deslocamentos, fluxos migratórios), o uso e a 
ocupação do solo (expansão urbana, paisagismo, instalações 
de infraestrutura, rede viária etc.) e a produção cultural, as 
ações de proteção e recuperação de áreas específicas, que 
estabelecem restrições e regras que deveriam ser obedecidas 
coletivamente.
7 FATORES FÍSICOS E SOCIAIS DO MEIO 
AMBIENTE
Ao tratar das relações de trocas de energia e do uso dos 
recursos minerais, vegetais ou animais entre os elementos 
naturais ou construídos, estamos falando dos fatores físicos do 
ambiente. Porém, quando destacamos as relações econômicas, 
culturais, políticas, éticas, de destruição ou preservação, de 
consumismo ou conservação, por exemplo, estamos nos referindo 
aos fatores sociais do ambiente que abrangem os níveis local, 
regional e internacional.
Ação antrópica é toda ação provinda 
do homem geradora de impacto 
ambiental, incluindo condicionantes 
como, por exemplo, a dinâmica 
populacional, o uso e a ocupação do 
solo e a produção cultural.
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Proteção ambiental. Empregamos com frequência conceitos 
como proteção, conservação, preservação, recuperação e 
reabilitação quando nos referimos às ações articuladas ao se 
lidar com o meio em que vivemos. Entretanto, em oposição a 
estes conceitos, emprega-se especialmente o termo “degradação 
ambiental”, que engloba uma ou várias formas de destruição, 
poluição ou contaminação do meio ambiente.
A seguir, uma relação de termos empregados pela legislação 
ambiental, de definições dadas pela lei ou por órgãos nacionais 
e internacionais de Meio Ambiente e de Saúde, que merecem 
nossa atenção:
Proteção. É o mesmo que defender aquele ou aquilo que é 
ameaçado. Engloba outras ações como preservação, conservação, 
recuperação etc., consideradas formas de proteção. No Brasil há 
várias leis estabelecendo Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que 
são espaços do território brasileiro definidos e demarcados pelo 
poder público (União, Estado ou Município), cuja proteção se faz 
necessária para garantir o bem-estar das populações presentes 
e futuras e o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
 
Preservação. É proteger um ecossistema — uma área 
geográfica ou espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, 
adotando-se as medidas preventivas legalmente necessárias 
e as medidas de vigilância adequadas — contra a destruição 
e qualquer forma de dano ou degradação. O Código Florestal 
estabelece áreas de preservação permanente ao longo dos 
cursos d’água (margens de rios, lagos, nascentes e mananciais 
em geral), que ficam impedidas de qualquer uso. A Constituição 
brasileira impõe, também, a preservação do meio ambiente 
da Serra do Mar, da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica, 
do Pantanal mato-grossense e da zona costeira (Constituição 
Federal, art. 225, § 4º).
Conservação. Conservar significa utilizar racionalmente 
um recurso, garantindo-se sua renovação ou sua 
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autossustentação, ou seja, é usar de modo apropriado 
o meio ambiente, dentro dos limites capazes de manter 
sua qualidade e seu equilíbrio em níveis aceitáveis. Para a 
legislação brasileira, “conservar” implica manejar, usar com 
cuidado, manter; enquanto “preservar” é mais restritivo: 
significa não usar ou não permitir qualquer intervenção 
humana significativa.
Recuperação. É a tentativa de readquirir o que foi 
perdido. A expressão “recuperação ambiental” aplicada a 
uma área degradada pressupõe que nela se restabeleçam as 
características do ambiente original. Nem sempre isso é viável, 
e, às vezes, pode não ser necessário, recomendando-se, assim, 
uma reabilitação.
A reabilitação de um espaço degradado pode fazer com 
que ele sirva para diversas funções, como a cobertura por 
vegetação nativa local, ou pode destiná-lo a novos usos, 
semelhantes ou diferentes do uso anterior à degradação. O 
investimento necessário à recuperação ou reabilitação deve ser 
de responsabilidade do agente degradador, que deve reparar o 
dano por meio do ressarcimento, para efeito de consertar ou 
atenuar o dano causado, que, sendo ambiental, além de provável 
pagamento de multa, pode envolver a obrigação de recuperar 
ou reabilitar a área degradada.
Degradação. São alterações e desequilíbrios provocados no 
meio ambiente que prejudicam os seres vivos ou impedem os 
processos vitais ali existentes antes dessas alterações. A forma 
de degradação mais comum é causada pela ação antrópica 
— embora possa ser causada por efeitos naturais —, que gera 
impactos ambientais que repercutem nos meios físico-biológicos 
e socioeconômicos afetando os recursos naturais e a saúde 
humana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca que a 
poluição oucontaminação ambiental é uma alteração do meio 
ambiente que pode afetar a saúde e a integridade dos seres 
vivos.
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8 SUSTENTABILIDADE SOCIAL: UM DESAFIO DO 
SÉCULO XXI
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento definiu como sustentável o “desenvolvimento 
que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer 
a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias 
necessidades”, porém essa ideia permite interpretações 
contraditórias. Isso porque desenvolvimento pode ser 
entendido como crescimento, e crescimento sustentável 
é uma contradição: nenhum elemento físico pode crescer 
indefinidamente.
Todavia, como vimos, é inevitável o confronto entre o 
desenvolvimento econômico vigente e a necessidade vital de 
conservação do meio ambiente, o que torna-se um dos grandes 
problemas no século XXI, fazendo surgir a discussão sobre como 
promover o desenvolvimento das sociedades de forma a gerar 
o crescimento econômico, explorando os recursos naturais de 
forma racional e não predatória.
Há um consenso, no âmbito mundial, de que é fundamental 
a sociedade impor regras ao crescimento, à exploração e à 
distribuição dos recursos de modo a garantir as condições da 
vida no planeta. Nos documentos assinados pela grande maioria 
dos países do mundo, inclusive o Brasil, fala-se em garantir o 
acesso de todos aos bens econômicos e culturais necessários 
ao seu desenvolvimento pessoal e a uma boa qualidade de 
vida, relacionando-o com os conceitos de desenvolvimento e 
sociedade sustentáveis.
Para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(PNUMA) “desenvolvimento sustentável” significa “melhorar a 
qualidade da vida humana dentro dos limites da capacidade de 
suporte dos ecossistemas”, ou seja, otimizar o uso sustentável 
dos recursos renováveis em quantidades compatíveis com sua 
capacidade natural de renovação.
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9 SAÚDE, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE: O 
DESAFIO DA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE 
VIDA
O conceito de saúde possui muitas construções, atendendo 
à diversidade de interpretações individuais, culturais, enfim, 
tal conceito dependerá da visão que se tenha do ser humano 
e, principalmente, da qualidade da relação deste com o 
ambiente.
Ao se ampliar o entendimento das relações entre indivíduo 
e meio ambiente, a condição de saúde ou doença passa a ser 
entendida como uma circunstância biológica, em que, no caso 
da doença, há uma otimização das condições mais favoráveis à 
sua instalação, assim, permanece a possibilidade de tratar saúde 
e doença como estados independentes que resultam de relações 
mecânicas dos indivíduos com o ambiente.
A consciência dos riscos socioambientais derivados da alta 
modernidade abre possibilidades para processos pedagógicos 
que se baseiam no entendimento de que o ser humano pode 
optar por comportamentos, atitudes e ações políticas — do 
plano local ao global, em direção a um projeto de sociedade —, 
baseado na eficiência econômica, prudência ecológica e justica 
social. Dessa forma, a sociedade do futuro, sob a perspectiva da 
sustentabilidade, será cada vez mais reflexiva, mais dependente 
do conhecimento gerado e socializado. 
Se tomarmos um paradigma mais abrangente de análise do 
fenômeno saúde/doença, veremos que esse conceito resulta das 
próprias formas de organização da sociedade, não negando a 
existência do fenômeno biológico, muito menos o processo de 
interação que se estabelece entre o agente causador da doença, o 
indivíduo suscetível e o ambiente. Na figura 2, a seguir, podemos 
visualizar que o surgimento do estado de doença ocorre por 
conta de um desequilíbrio em um dos elementos da chamada 
tríade epidemiológica.
A vida humana é dinâmica e 
contraditória, não estática. Dessa forma, 
os problemas de saúde não se reduzem 
à aparição de um transtorno e à busca 
de um serviço de saúde. Eles são o 
resultado de um processo complexo e 
dinâmico que se produz no interior da 
sociedade.
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Inter-relação entre
agente, suscetivel e
ambiente que produzem
estímulo à doença
História natural e prevenção de doenças (*)
Período pré-patogênese
Morte
Defeito, invalidez
Sinais e sintomas
Alterações de tecidos Recuperação
Interação Suscetível - Estímulo - Reação
Período de patogênese
Níveis de aplicação das medidas preventivas
Prevenção primária Prevenção secundária Prevençãoterciária
Promoção
de saúde Proteção
específica Diagnóstico
precoce e
tratamento
imediato
Reabilitação
Limitação de
incapacidade
Fonte: Leavel; Clark, 1978.
Esse cenário prioriza o entendimento de saúde como um 
valor coletivo, de determinação social, propondo que a sociedade 
se organize em defesa da vida e da qualidade de vida. Assim, ao 
tratar do conceito de saúde, envolvem-se componentes como 
a qualidade da água que se consome e do ar que se respira, 
as condições de fabricação e uso de equipamentos nucleares 
ou bélicos, o consumismo desenfreado, a miséria, a degradação 
social e a desnutrição, ou seja, os estilos de vida pessoais e as 
formas de inserção das diferentes parcelas da população no seu 
espaço social. Implica, ainda, a consideração dos aspectos éticos 
relacionados ao direito à vida e à saúde, aos direitos e deveres, 
às ações e omissões de indivíduos e grupos sociais, dos serviços 
privados e públicos.
As tecnologias existentes podem melhorar significativamente 
a qualidade de vida das pessoas. No entanto, além de não serem 
aplicadas em benefício de todos, por ausência de uma política 
que priorize as questões sociais, há também uma série de doenças 
relacionadas ao potencial genético de indivíduos ou outros 
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fatores puramente ocasionais, que, por melhores que sejam as 
condições de vida, ainda se convive com doenças, deficiências, 
problemas de saúde e com a morte.
Nesse contexto, a saúde torna-se produto do estilo de vida e 
das condições de existência, ou seja, uma forma de representação 
da inserção humana no mundo.
Dados apontam que a causa direta da maior parte dos 
casos de doença e morte prematura, no Brasil, são as condições 
desfavoráveis de vida, ou seja, as elevadas taxas de desnutrição 
infantil e anemia, a prevalência inaceitável de hanseníase 
(conhecida ainda como lepra) que decorrem da falta de 
condições mínimas de alimentação, saneamento e moradia para 
a vida humana.
As doenças cardiovasculares, típicas de países desenvolvidos, 
vêm ganhando crescente importância entre as causas de morte, 
associadas principalmente ao estresse, a hábitos alimentares 
impróprios, ao tabagismo compulsivo, à vida sedentária e à 
ampliação da expectativa de vida.
É inegável, porém, que a associação entre doenças e estilos 
de vida, que se impõem de forma global neste fim de século, 
distribuem-se entre pessoas de diferentes faixas de renda e 
posições socioeconômicas de forma mais padronizada do que as 
doenças associadas à pobreza, em que a população é submetida 
a precários padrões de vida, ficando, evidentemente, mais 
vulneráveis a situações de riscos.
Em um país como o nosso, por causa da grande diversidade 
social, apresentam-se todas as diferenças e disparidades. Elas 
estão presentes em seu território, tanto nas macros como 
nas microrregiões, exigindoa necessidade de implantação 
efetiva de ações básicas para a proteção da saúde coletiva e a 
exigência crescente de atendimento voltado para as chamadas 
doenças modernas. Isso se expressa, como não poderia deixar 
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de ser, em níveis extremamente diferenciados de qualidade de 
vida e saúde.
A promoção da saúde é otimizada quando são asseguradas 
as condições para a vida digna dos cidadãos. Para tanto, faz-
se uso da educação como meio principal na conscientização 
da necessidade da adoção de estilos de vida saudáveis, do 
desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da 
produção de um ambiente saudável, da eficácia da sociedade 
na garantia de implantação de políticas públicas voltadas para a 
qualidade de vida e dos serviços de saúde. 
Há várias ações de proteção e prevenção da saúde, entre elas 
encontramos as de natureza eminentemente preventivas, como, 
por exemplo, a vacinação, a realização de exames médicos e 
odontológicos periódicos, a fluoretação das águas para prevenir 
a cárie dental e, principalmente, conhecer a cada momento 
o estado de saúde da comunidade e desencadear, quando 
necessário, medidas dirigidas à prevenção e ao controle das 
vulnerabilidades.
10 EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE: 
RECONHECENDO ESPAÇOS SOCIAIS E 
RESSIGNIFICANDO CONCEITO
Não podemos deixar de considerar que o que a sociedade 
admite por saúde também está sempre presente na sala de aula 
e no ambiente escolar. Em seu contexto pedagógico, a escola 
tem adotado uma visão reducionista de saúde, embora considere 
a importância das condições ambientais mais favoráveis à 
instalação da doença, a relação entre o “doente” e o “agente 
causal” ainda é priorizada.
A relação entre acesso à educação e melhores níveis de 
saúde e de qualidade de vida são inegáveis, pois educar 
trata-se prioritariamente da articulação de conhecimentos, 
atitudes, aptidões, comportamentos e práticas pessoais que 
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possam ser aplicados e compartilhados com a sociedade, 
favorecendo individual e socialmente o desenvolvimento 
da autonomia ao mesmo tempo em que atende a objetivos 
sociais.
Nesse contexto, devemos ter clareza de que a educação 
para a saúde não cumpre o papel de substituir as mudanças 
estruturais da sociedade, as quais são necessárias para que 
a qualidade de vida e a saúde sejam garantidas, mas pode 
contribuir decisivamente para sua concretização. Por sua vez, 
educação e saúde estão intimamente relacionadas, e, em especial, 
a educação para a saúde é resultante da interação desses dois 
fenômenos. Embora seja responsabilidade de toda sociedade, 
em especial dos próprios serviços de saúde, a escola ainda é a 
instituição que deve necessariamente assumir-se como espaço 
genuíno de promoção da saúde.
A Organização Mundial da Saúde declara que as escolas que 
fazem a diferença e contribuem para a promoção da saúde são 
aquelas que:
• têm uma visão ampla de todos os aspectos da escola, 
provendo um ambiente saudável que favoreça a 
aprendizagem, não só nas salas de aula, mas também nas 
áreas destinadas ao recreio, nos banheiros, nos espaços 
em que se prepara e é servida a merenda, enfim, em todo 
o prédio escolar;
• concedem importância à estética do entorno físico da 
escola, assim como ao efeito psicológico direto que ele 
tem sobre professores e alunos;
• estão fundamentadas num modelo de saúde que inclui a 
interação dos aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e 
ambientais;
• promovem a participação ativa de alunos e alunas; 
reconhecem que os conteúdos de saúde devem 
A educação para a saúde deve 
favorecer a mobilização para as 
necessárias mudanças na busca de 
uma vida saudável.
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ser necessariamente incluídos nas diferentes áreas 
curriculares;
• entendem que o desenvolvimento da autoestima e da 
autonomia pessoal são fundamentais para a promoção da 
saúde;
• valorizam a promoção da saúde na escola para todos os 
que nela estudam e trabalham;
• têm uma visão ampla dos serviços de saúde voltados para 
o escolar;
• reforçam o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida 
e oferecem opções viáveis e atraentes para a prática de 
ações que promovem a saúde;
• favorecem a participação ativa dos educadores na 
elaboração do projeto pedagógico da educação para a 
saúde;
• buscam estabelecer interrelações na elaboração do projeto 
escolar.
Assim, podemos constatar que a informação ocupa um lugar 
importante na aprendizagem, mas a educação para a saúde deve 
favorecer a mobilização para as necessárias mudanças na busca 
de uma vida saudável em que os valores e a aquisição de hábitos 
e atitudes constituem as dimensões mais importantes.
Para tanto a escola precisa enfrentar o desafio de permitir 
que seus alunos reelaborem conhecimentos, ressignifiquem 
valores, habilidades e práticas favoráveis à saúde, fortalecendo 
comportamentos e hábitos saudáveis, que os faça tornar-
se sujeitos capazes de promover transformações que tenham 
repercussão em sua vida pessoal e na qualidade de vida da 
coletividade, promovendo uma sociedade sustentável e que 
preserve a qualidade de vida como valor essencial ao ser 
humano.
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Desenvolver essa postura crítica é muito importante para 
os alunos, pois isso permite que eles reavaliem essas mesmas 
informações, percebendo os vários determinantes da leitura, 
os valores que são associados a elas e aqueles trazidos de 
casa. Isso ajuda os alunos a ampliarem sua visão de modo 
a agir mais seguramente ante a realidade que vivem. Os 
professores precisam, para tanto, conhecer o assunto e 
buscar com os alunos mais informações, ao mesmo tempo 
em que desenvolvem suas atividades: pesquisando em 
livros e levantando dados, conversando com os colegas das 
outras disciplinas, ou convidando pessoas da comunidade — 
professores especializados, técnicos de governo, lideranças, 
médicos, agrônomos, moradores tradicionais que conhecem 
a história do lugar etc. — para fornecer informações, dar 
pequenas entrevistas ou participar das aulas na escola. Deve-
se recorrer a todos os tipos fontes possíveis: desde livros 
tradicionalmente utilizados até registros orais dos habitantes 
da região. A heterogeneidade de fontes é importante 
até mesmo como medida de checagem da precisão das 
informações, mostrando ainda a diversidade de interpretações 
dos fatos.
Os temas da atualidade exigem uma permanente 
atualização, pois estão em contínuo desenvolvimento; e 
atualizá-los junto com os alunos é uma excelente oportunidade 
para que eles vivenciem o desenvolvimento de procedimentos 
elementares de pesquisa e construam, na prática, formas 
de sistematização da informação, medidas, considerações 
quantitativas, apresentação e discussão de resultados etc. O 
papel dos professores como orientadores desse processo é de 
fundamental importância.
Essa experiência permite que os alunos percebam que a 
construção e a produção dos conhecimentos são contínuas e 
que, para entender as questões ambientais, há de se atualizar 
constantemente.
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Com o apoioda ONU e de diversas organizações não 
governamentais, o PNUMA propôs, em 1991, princípios, ações 
e estratégias para a construção de uma sociedade sustentável, 
partindo do princípio de que, “se uma atividade é sustentável, 
para todos os fins práticos ela pode continuar indefinidamente. 
Contudo, não pode haver garantia de sustentabilidade a 
longo prazo porque muitos fatores são desconhecidos ou 
imprevisíveis”. Em vista disso, propõe-se que as ações humanas 
ocorram dentro das técnicas e princípios conhecidos de 
conservação, num processo monitorado das decisões, avaliação 
e redirecionamento da ação. 
Nesse cenário, a escola, como já vimos, é uma das instâncias 
da sociedade que pode contribuir na construção desse processo. 
Uma sociedade sustentável, segundo o mesmo Programa, 
é aquela que interage em harmonia com nove princípios 
interligados apresentados a seguir:
• Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos 
(princípio fundamental). Trata-se de um princípio ético 
que “reflete o dever de nos preocuparmos com as outras 
pessoas e outras formas de vida, agora e no futuro”.
• Melhorar a qualidade da vida humana (critério de 
sustentabilidade). Esse é o verdadeiro objetivo do 
desenvolvimento, ao qual o crescimento econômico deve 
estar sujeito: permitir aos seres humanos “perceber o 
seu potencial, obter autoconfiança e uma vida plena de 
dignidade e satisfação”.
• Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra 
(critério de sustentabilidade). O desenvolvimento deve ser 
tal que garanta a proteção “da estrutura, das funções e da 
diversidade dos sistemas naturais do planeta, dos quais 
temos absoluta dependência”.
• Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis 
(critério de sustentabilidade). São recursos como os 
Os temas da atualidade exigem 
uma permanente atualização, pois 
estão em contínuo desenvolvimento; 
e atualizá-los junto com os alunos é 
uma excelente oportunidade para que 
eles vivenciem o desenvolvimento de 
procedimentos elementares.
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minérios, petróleo, gás, carvão mineral. Não podem 
ser usados de maneira “sustentável” porque não 
são renováveis. Mas podem ser retirados de modo a 
reduzir perdas e principalmente a minimizar o impacto 
ambiental. Devem ser usados de modo a “ter sua vida 
prolongada como, por exemplo, por meio de reciclagem, 
pela utilização de menor quantidade na obtenção de 
produtos, ou pela substituição por recursos renováveis, 
quando possível”.
• Permanecer nos limites de capacidade de suporte do 
planeta Terra (critério de sustentabilidade). 
Não se pode definir exatamente uma sociedade sustentável, 
por enquanto, mas indubitavelmente existem limites para os 
impactos que os ecossistemas e a biosfera como um todo podem 
suportar sem provocar uma destruição arriscada. Isso varia de 
região para região. Poucas pessoas consumindo muito podem 
causar tanta destruição quanto muitas pessoas consumindo 
pouco. Devem-se adotar políticas que desenvolvam técnicas 
adequadas e tragam equilíbrio entre a capacidade da natureza e 
as necessidades de uso pelas pessoas:
• Modificar atitudes e práticas pessoais (meio para se 
chegar à sustentabilidade). “Para adotar a ética de se 
viver sustentavelmente, as pessoas devem reexaminar os 
seus valores e alterar o seu comportamento. A sociedade 
deve promover atitudes que apóiem a nova ética e 
desfavoreçam aqueles que não se coadunem com o modo 
de vida sustentável.”
• Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio 
ambiente (meio para se chegar à sustentabilidade). É nas 
comunidades que os indivíduos desenvolvem a maioria 
das atividades produtivas e criativas. E constituem o meio 
mais acessível para a manifestação de opiniões e tomada 
de decisões sobre iniciativas e situações que as afetam.
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• Gerar uma estrutura nacional para a integração de 
desenvolvimento e conservação (meio para se chegar à 
sustentabilidade). A estrutura deve garantir “uma base 
de informação e de conhecimento, leis e instituições, 
políticas econômicas e sociais coerentes”. A estrutura deve 
ser flexível e regionalizável, considerando cada região 
de modo integrado, centrado nas pessoas e nos fatores 
sociais, econômicos, técnicos e políticos que influem na 
sustentabilidade dos processos de geração e distribuição 
de riqueza e bem-estar.
• Constituir uma aliança global (meio para se chegar à 
sustentabilidade).
Hoje, mais do que antes, a sustentabilidade do planeta 
depende da confluência das ações de todos os países, de todos 
os povos. As grandes desigualdades entre ricos e pobres são 
prejudiciais a todos. 
11 DIVERSIDADE: DESIGUALDADE E ÉTICA
O naturalista francês Lamarck, em 1809, ano do nascimento 
de Charles Darwin, elaborou a primeira teoria sobre a evolução 
das espécies. Embora a capacidade dos seres vivos de mudar 
e evoluir já tivesse sido observada e registrada por muitos 
estudiosos, é apenas com Lamarck que surge a primeira hipótese 
sistematizada. 
Nesse cenário, um dos valores que passa a ser reconhecido 
como essencial para a sustentabilidade da vida na Terra é o 
da conservação da diversidade biológica (biodiversidade), e, 
para a sustentabilidade social, reconhece-se a importância 
da diversidade dos tipos de sociedades, de culturas 
(sociodiversidade).
A evolução permitiu o aparecimento das espécies atuais. A 
diversidade biológica ou biodiversidade consiste no conjunto 
Sabe-se pouco ainda sobre o 
papel relativo de cada espécie e de 
cada ecossistema na manutenção do 
equilíbrio natural em condições viáveis 
para a sobrevivência.
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total de disponibilidade genética de diferentes espécies e 
variedades, de diferentes ecossistemas, que através de lentos 
processos evolutivos surgem incansavelmente constituindo 
novos sistemas, que as mudanças nas condições ecológicas 
podem fazer desaparecerem.
Entretanto, a ação humana vem acelerando muito as 
mudanças nas condições ecológicas, levando a rápidas mudanças 
climáticas e à extinção de espécies e variedades, o que tem uma 
gravidade considerável.
Sabe-se pouco ainda sobre o papel relativo de cada espécie 
e de cada ecossistema na manutenção desse equilíbrio em 
condições viáveis para a sobrevivência. Todavia, é sabido que 
todas as espécies são componentes do sistema de sustentação 
da vida, que a conservação da biodiversidade é estratégica para 
a qualidade de vida. Desse modo, descobrem-se substâncias de 
grande valor para a saúde, alimentação, obtenção de tinturas, 
fibras e outros usos, no grande laboratório representado 
pelas diferentes espécies de plantas e animais, muitas das 
quais eram desconhecidas ou desprezadas até pouco tempo. 
A diversidade biológica deve ser conservada não só por sua 
importância conhecida e presumível para a humanidade, mas 
por uma questão de princípio: todas as espécies merecem 
respeito, pertencemos todos à mesma e única trama da vida 
neste planeta.
12 REFLEXÃO
Nessa carta, com trecho a seguir, o Cacique Seattle responde 
ao presidente norte-americano F. Pierce, que tentava comprar 
as suas terras. Um exemplo sublime de consciência holística e 
ecológica. Uma denúncia à ganância do homem branco, cioso 
de seu intelecto. Um grito contra a injustiça dos que pensam ter 
o direito sobre a terra, excluindo seus semelhantes e outros seres 
vivos. Um apelo ao humanismo:
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 A carta do chefe indígena Seattle (1854)
 Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor 
da terra? Essa ideia nos parece um pouco estranha. 
Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, 
como é possível comprá-los?
Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. 
Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado 
de areia das praias, a penumbra na floresta densa, 
cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na 
memória e experiência do meu povo. A seiva que 
percorre o corpo das árvores carrega consigo as 
lembranças do homem vermelho (...).
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não 
é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. 
Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de 
que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que 
ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas 
dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da 
vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos 
meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os 
rios carregam nossas canoas e alimentam nossas 
crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês 
devem lembrar e ensinar para seus filhos que os 
rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, 
vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam 
a qualquer irmão.
 
Sabemos que o homem branco não compreende 
nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, 
tem o mesmo significado que qualquer outra, pois 
é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra 
tudo de que necessita. A terra, para ele, não é sua 
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irmã, mas sua inimiga, e, quando a conquista, 
extraindo dela o que deseja, ele prossegue seu 
caminho. Deixa para trás os túmulos de seus 
antepassados e não se incomoda. Rapta da terra 
aquilo que seria de seus filhos e não se importa (...). 
Seu apetite devorará a terra, deixando somente 
um deserto.
Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. 
A visão de suas cidades fere os olhos do homem 
vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um 
selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem 
branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o 
desabrochar de folhas na primavera ou o bater de 
asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou 
um selvagem e não compreendo. O ruído parece 
somente insultar os ouvidos. 
E o que resta de um homem, se não pode ouvir o 
choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos 
ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem 
vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave 
murmúrio do vento encrespando a face do lago e 
o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou 
perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas 
as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, 
a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo 
sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que 
respira. Como um homem agonizante há vários dias, é 
insensível ao [seu próprio] mau cheiro (...). 
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar 
nossa terra. Se nós a decidirmos aceitar, imporei uma 
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condição: O homem branco deve tratar os animais 
desta terra como seus irmãos (...). 
O que é o homem sem os animais? Se os animais se 
fossem, o homem morreria de uma grande solidão 
de espírito. Pois o que ocorre com os animais, 
breve acontece com o homem. Há uma lição em 
tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo 
a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que 
respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi 
enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem 
às suas crianças o que ensinamos às nossas: que 
a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à 
terra, acontecerá também aos filhos da terra. Se 
os homens cospem no solo, estão cuspindo em si 
mesmos. 
Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o 
homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas 
as coisas então ligadas como o sangue que une uma 
família. Há uma ligação em tudo. 
 
O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos 
da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é 
simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos 
ao tecido, fará o homem a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala 
como ele, de amigo para amigo, não pode estar isento 
do destino comum. É possível que sejamos irmãos, 
apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos 
certos (e o homem branco poderá vir a descobrir um 
dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que 
lhe dêem. Vocês podem pensar que o possuem, como 
desejam possuir nossa terra, mas não é possível. Ele 
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é o Deus do homem e sua compaixão é igual para 
o homem branco e para o homem vermelho. A terra 
lhe é preciosa, e feri-la é desprezar o seu Criador. Os 
homens brancos também passarão; talvez mais cedo 
do que todas as outras tribos. Contaminem suas 
camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios 
dejetos.
 
Mas, quando de sua desaparição, vocês brilharão 
intensamente, iluminados pela força do Deus que 
os trouxe a esta terra e por alguma razão especial 
lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem 
vermelho. Esse destino é um mistério para nós, 
pois não compreendemos que todos os búfalos 
sejam exterminados, os cavalos bravios sejam 
todos domados, os recantos secretos das florestas 
densa, impregnados do cheiro de muitos homens e 
a visão dos morros, obstruídas por fios que falam. 
Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a 
água? Desapareceu. É o final da vida e o início da 
sobrevivência.2 
A carta da Terra
 
Preâmbulo
 
Estamos diante de um momento crítico na história 
da Terra, numa época em que a humanidade deve 
escolher o seu futuro. À medida que o mundo 
torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o 
futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos 
e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos 
reconhecer que, no meio da uma magnífica 
diversidade de culturas e formas de vida, somos 
uma família humana e uma comunidade terrestre 
com um destino comum. Devemos somar forças 
para gerar uma sociedade sustentável global 
2Veja texto na íntegra disponível em http://www.cetesb.sp.gov.br/
Institucional/carta.asp.
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baseada no respeito pela natureza, nos direitos 
humanos universais, na justiça econômica e numa 
cultura da paz. Para chegar a este propósito, é 
imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos 
nossa responsabilidade uns para com os outros, 
com a grande comunidade da vida e com as futuras 
gerações. 
 
Terra, nosso lar 
 
A humanidade é parte de um vasto universo em 
evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma 
comunidade de vida única. As forças da natureza 
fazem da existência uma aventura exigente e 
incerta, mas a Terra providenciou as condições 
essenciais para a evolução da vida. A capacidade 
de recuperação da comunidade da vida e o bem-
estar da humanidade dependem da preservação 
de uma biosfera saudável com todos os seus 
sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas 
e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O 
meio ambiente global com seus recursos finitos 
é uma preocupação comum de todas as pessoas.A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da 
Terra é um dever sagrado. 
 
A situação global 
 
Os padrões dominantes de produção e consumo 
estão causando devastação ambiental, redução 
dos recursos e uma massiva extinção de espécies. 
Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios 
do desenvolvimento não estão sendo divididos 
equitativamente, e o fosso entre ricos e pobres está 
aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e 
os conflitos violentos têm aumentado e são causa de 
grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da 
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população humana tem sobrecarregado os sistemas 
ecológico e social. As bases da segurança global estão 
ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não 
inevitáveis. 
 
Desafios para o futuro 
 
A escolha é nossa: formar uma aliança global 
para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar 
a nossa destruição e a da diversidade da vida. 
São necessárias mudanças fundamentais dos 
nossos valores, instituições e modos de vida. 
Devemos entender que, quando as necessidades 
básicas forem atingidas, o desenvolvimento 
humano será primariamente voltado a ser 
mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e 
a tecnologia necessários para abastecer a todos 
e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O 
surgimento de uma sociedade civil global está 
criando novas oportunidades para construir um 
mundo democrático e humano. Nossos desafios 
ambientais, econômicos, políticos, sociais e 
espirituais estão interligados, e juntos podemos 
forjar soluções includentes. 
 
Responsabilidade universal 
 
Para realizar essas aspirações, devemos decidir viver 
com um sentido de responsabilidade universal, 
identificando-nos com toda a comunidade 
terrestre, bem como com nossa comunidade local. 
Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações 
diferentes e de um mundo em que a dimensão 
local e global estão ligadas. Cada um compartilha 
da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, 
pelo bem-estar da família humana e de todo o 
mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade 
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humana e de parentesco com toda a vida é 
fortalecido quando vivemos com reverência o 
mistério da existência, com gratidão pelo dom da 
vida e com humildade, considerando em relação 
ao lugar que ocupa o ser humano na natureza. 
 
Necessitamos com urgência de uma visão 
compartilhada de valores básicos para proporcionar 
um fundamento ético à comunidade mundial 
emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos 
os seguintes princípios, todos interdependentes, 
visando a um modo de vida sustentável como critério 
comum, através dos quais a conduta de todos os 
indivíduos, organizações, empresas, governos, e 
instituições transnacionais será guiada e avaliada. 
Princípios 
 
I. Respeitar e cuidar da comunidade da vida 
 
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. 
 
a. Reconhecer que todos os seres são interligados e 
cada forma de vida tem valor, independentemente 
de sua utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres 
humanos e no potencial intelectual, artístico, ético 
e espiritual da humanidade. 
 
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, 
compaixão e amor. 
 
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e 
usar os recursos naturais vem o dever de impedir o 
dano causado ao meio ambiente e de proteger os 
direitos das pessoas. 
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b. Assumir que o aumento da liberdade, dos 
conhecimentos e do poder implica responsabilidade 
na promoção do bem comum. 
 
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, 
participativas, sustentáveis e pacíficas. 
 
a. Assegurar que as comunidades em todos níveis 
garantam os direitos humanos e as liberdades 
fundamentais e proporcionem a cada um a 
oportunidade de realizar seu pleno potencial. 
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a 
todos a consecução de uma subsistência significativa 
e segura, que seja ecologicamente responsável. 
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e 
as futuras gerações. 
 
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada 
geração é condicionada pelas necessidades das 
gerações futuras. 
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e 
instituições que apóiem, a longo prazo, a prosperidade 
das comunidades humanas e ecológicas da Terra. 
 
Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é 
preciso: 
 
II. Integridade ecológica 
 
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas 
ecológicos da Terra, com especial preocupação com a 
diversidade biológica e com os processos naturais que 
sustentam a vida. 
 
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a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento 
sustentável em todos os níveis que façam com que a 
conservação ambiental e a reabilitação sejam parte 
integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. 
b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza 
viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas 
marinhas, para proteger os sistemas de sustento à 
vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar 
nossa herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas 
ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não nativos ou 
modificados geneticamente que causem dano às 
espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a 
introdução desses organismos daninhos. 
e. Manejar o uso de recursos renováveis, como água, 
solo, produtos florestais e vida marinha, de forma 
que não excedam as taxas de regeneração e que 
protejam a sanidade dos ecossistemas. 
f. Manejar a extração e o uso de recursos não renováveis, 
como minerais e combustíveis fósseis, de forma que 
diminuam a exaustão e não causem dano ambiental 
grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método 
de proteção ambiental e, quando o conhecimento for 
limitado, assumir uma postura de precaução.
 
a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios 
ou irreversíveis danos ambientais, mesmo quando 
a informação científica for incompleta ou não 
conclusiva.
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b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que 
a atividade proposta não causará dano significativo 
e fazer com que os grupos sejam responsabilizados 
pelo dano ambiental. 
c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas 
consequências humanas globais, cumulativas, de 
longo prazo, indiretas e de longo alcance. 
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio 
ambiente e não permitir o aumento de substâncias 
radioativas, tóxicas ou outras substâncias 
perigosas. 
e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio 
ambiente. 
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução 
que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os 
direitos humanos e o bem-estar comunitário. 
 
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos 
sistemas de produção e consumo e garantir que 
os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas 
ecológicos. 
b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia 
e recorrer cada vez mais aos recursosenergéticos 
renováveis, como a energia solar e do vento. 
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a 
transferência equitativa de tecnologias ambientais 
saudáveis. 
d. Incluir totalmente os custos ambientais e 
sociais de bens e serviços no preço de venda e 
habilitar os consumidores a identificar produtos 
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que satisfaçam as mais altas normas sociais e 
ambientais. 
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde 
que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução 
responsável. 
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de 
vida e subsistência material num mundo finito. 
 
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica 
e promover a troca aberta e a ampla aplicação do 
conhecimento adquirido. 
 
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional 
relacionada à sustentabilidade, com especial atenção 
às necessidades das nações em desenvolvimento. 
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos 
tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as 
culturas que contribuam para a proteção ambiental 
e o bem-estar humano. 
c. Garantir que informações de vital importância 
para a saúde humana e para a proteção ambiental, 
incluindo informação genética, estejam disponíveis 
ao domínio público. 
 
 III. Justiça social e econômica 
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e 
ambiental. 
 
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à 
segurança alimentar, aos solos não contaminados, 
ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os 
recursos nacionais e internacionais requeridos. 
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b. Prover cada ser humano de educação e recursos 
para assegurar uma subsistência sustentável e 
proporcionar seguro social e segurança coletiva a 
todos aqueles que não são capazes de manter-se 
por conta própria. 
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, 
servir àqueles que sofrem e permitir-lhes desenvolver 
suas capacidades e alcançar suas aspirações. 
 
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas 
em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano 
de forma equitativa e sustentável. 
 
a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro 
das e entre as nações. 
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, 
técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e 
isentá-las de dívidas internacionais onerosas. 
c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem 
o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental 
e normas trabalhistas progressistas. 
d. Exigir que corporações multinacionais e 
organizações financeiras internacionais atuem 
com transparência em benefício do bem comum 
e responsabilizá-las pelas consequências de suas 
atividades. 
 
11. Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como 
pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e 
assegurar o acesso universal à educação, assistência de 
saúde e às oportunidades econômicas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das 
meninas e acabar com toda violência contra elas. 
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b. Promover a participação ativa das mulheres em todos 
os aspectos da vida econômica, política, civil, social e 
cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras 
de decisão, líderes e beneficiárias. 
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a 
educação amorosa de todos os membros da família. 
 
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas 
as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de 
assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o 
bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos 
direitos dos povos indígenas e minorias. 
 
a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, 
como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação 
sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou 
social. 
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua 
espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, 
assim como às suas práticas relacionadas a formas 
sustentáveis de vida. 
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, 
habilitando-os a cumprir seu papel essencial na 
criação de sociedades sustentáveis. 
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado 
cultural e espiritual. 
 
IV. Democracia, não violência, e paz 
 
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os 
níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de 
contas no exercício do governo, participação inclusiva na 
tomada de decisões e acesso à justiça. 
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 a. Defender o direito de todas as pessoas no 
sentido de receber informação clara e oportuna 
sobre assuntos ambientais e todos os planos 
de desenvolvimento e atividades que poderiam 
afetá-las ou nos quais tenham interesse. 
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e 
promover a participação significativa de todos os 
indivíduos e organizações na tomada de decisões. 
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de 
expressão, de assembleia pacífica, de associação e 
de oposição. 
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos 
administrativos e judiciais independentes, incluindo 
retificação e compensação por danos ambientais e 
pela ameaça de tais danos. 
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições 
públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as 
a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir 
responsabilidades ambientais aos níveis 
governamentais em que possam ser cumpridas 
mais efetivamente. 
 
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao 
longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades 
necessários para um modo de vida sustentável.
a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, 
oportunidades educativas que lhes permitam 
contribuir ativamente para o desenvolvimento 
sustentável. 
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b. Promover a contribuição das artes e humanidades, 
assim como das ciências, na educação para a 
sustentabilidade. 
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de 
massa no sentido de aumentar a sensibilização para 
os desafios ecológicos e sociais. 
d. Reconhecer a importância da educação moral e 
espiritual para uma subsistência sustentável. 
 
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e 
consideração. 
 
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em 
sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos. 
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, 
armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, 
prolongado ou evitável. 
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou 
destruição de espécies não visadas. 
 
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e 
paz. 
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a 
solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, 
dentro das e entre as nações. 
b. Implementar estratégias amplas para prevenir 
conflitos violentos e usar a colaboração na resolução 
de problemas para manejar e resolver conflitos 
ambientais e outras disputas. 
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c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até 
chegar ao nível de uma postura não provocativa da 
defesa e converter os recursos militares em propósitos 
pacíficos, incluindo restauração ecológica. 
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e 
outras armas de destruição em massa. 
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico 
mantenha a proteção ambiental e a paz. 
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por 
relações corretas consigo mesmo, com outras 
pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e 
com a totalidade maior da qual somos parte.
 O caminho adiante
 
Como nunca antes na história, o destino comum 
nos conclama a buscar um novo começo. Tal 
renovação é a promessa dos princípios da Carta 
da Terra. Para cumprir essa promessa, temos que 
nos comprometer a adotar e promover os valores e 
objetivos da carta.
Isso requer uma mudança na mente e no coração. 
Requer um novo sentido de interdependência global 
e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver 
e aplicar com imaginação a visão de um modo de 
vida sustentável aos níveis local, nacional, regional 
e global. Nossa diversidade cultural é uma herança 
preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas 
próprias e distintas formas de realizar essa visão. 
Devemos aprofundar e expandir o diálogo global 
gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que 
aprender a partir da busca iminente e conjunta por 
verdade e sabedoria.
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A vida muitas vezes envolve tensões entre valores 
importantes. Isso pode significar escolhas difíceis. 
Precisamos, porém, encontrar caminhos para 
harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício 
da liberdade com o bem comum, objetivos de curto 
prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, 
família, organização e comunidade têm um papel 
vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, 
as instituições educativas, os meios de comunicação, 
as empresas, as organizações não governamentais 
e os governos são todos chamados a oferecer uma 
liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade 
civil e empresas é essencial para uma governabilidade 
efetiva.
 
Para construir uma comunidade global sustentável, as 
nações do mundo devem renovar seu compromisso 
com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações, 
respeitando os acordos internacionais existentes 
e apoiar a implementação dos princípios da Carta 
da Terra com um instrumento internacional 
legalmente unificador quanto ao ambiente e ao 
desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma 
nova reverência face à vida, pelo compromisso firme 
de alcançar a sustentabilidade, pela intensificação da 
luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração 
da vida.3 
3 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Carta_da_Terra.
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Referências bibliográficas
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros 
Curriculares Nacionais, vols. 4 e 9. Brasília. MEC/SEF, 1997.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração sobre o 
ambiente humano. Estocolmo, Conferência das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente Humano, 1972.
__________. Programa internacional de educação ambiental. 
Estocolmo, Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente Humano, 1972.
__________. Agenda 21. Rio de Janeiro, Conferência 
Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992.
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