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Estágio Supervisionado II Penal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO.
Habeas Corpus nº: 
GABRIEL MATOS, brasileiro, casado, nascido em XX/XX/XXXX, portador do RG número XX. XXX. XXX-X, e inscrita no CPF sob o número XXX.XXX.XXX-XX, filho de XXXXX e XXXXX, residente na Rua XXXXX, nº XX, Bairro XXXXX, CEP:, XX.XXX, atualmente recolhido na Penitenciária XXXXX, por seu advogado e procurador, que a esta subscreve nos autos em epígrafe, com fundamento nos artigos 105, II, “a” da Constituição da República Federativa do Brasil, bem como os artigos 30 e 32 da Lei nº 8.038/90, INCONFORMADO com o Acórdão da 2ª Câmara Criminal, publicado em 24 de abril de 2018, o qual DENEGOU a ordem, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência apresentar o presente:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
requerendo, desde já, o seu conhecimento e a remessa dos autos ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, haja vista não haver embasamento legal para a manutenção de prisão preventiva, conforme Razões acostadas.
Termos em que pede deferimento.
Local, 30 de abril de 2018.
______________________________________________
ASSINATURA DO ADVOGADO, OAB/UF
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS
Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
Colenda Turma,
Eminentes Ministros
PACIENTE: GABRIEL MATOS
Habeas Corpus nº:
Em que pese o prestígio da colenda 2ª Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça, o acórdão proferido, denegando o pedido de Habeas Corpus impetrado em favor do Paciente, não pode prosperar, pelas razões fáticas e jurídicas abaixo aduzidas.
I – DA TEMPESTIVIDADE
Como dispõe o artigo 30 da Lei 8.038/90, o prazo para interposição de recurso é 5 (cinco) dias. A publicação do acórdão ocorreu dia 24 de abril de 2018, como o prazo se encerraria em um domingo dia 29 de abril de 2018, o mesmo merece ser prorrogado para o dia útil subsequente, como prevê o artigo 798 do Código de Processo Penal, ou seja, hoje dia 30 de abril de 2018, segunda feira
II – DOS FATOS
Constam nos autos do processo criminal nº (xx), o qual tramitou na ___ Vara de Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Rondonópolis/MT, alegando que o paciente, supostamente, praticou o crime de ameaça.
Chegando o fato ao conhecimento da autoridade policial, instaurou-se o inquérito policial para apurar eventual infração penal. Ouvindo apenas os relatos superficiais da autora e de suas testemunhas, o Delegado de Polícia Civil levantou voz de prisão ao paciente pela prática descrita no artigo 147, do Código Penal.
Na audiência de custódia, o advogado infra-assinado requereu o relaxamento da prisão, já que a mesma foi ilegal. 
O ilustre representante do Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva.
O MM. Juiz deferiu o pedido do Representante do Ministério Público sob a alegação de que a prisão em flagrante não ocorreu de forma ilegal. 
Foi então interposto o pedido de Habeas Corpus perante o Egrégio Tribunal do Estado do Mato Grosso, sendo o mesmo deferido, tendo em via os bons antecedentes do paciente já que foi comprovada ilegalidade na prisão do mesmo, convertendo a prisão em outras medidas preventivas como previsto no art. 319 do Código de Processo Penal.
Iniciou-se a fase instrutória, foi feita a denúncia, seguida pela resposta à acusação.
Logo após, a suposta vítima manifestou-se nos autos alegando que o paciente havia descumprido as medidas preventivas, bem como tinha realizado novas ameaças, tanto pessoalmente como por meio telefônico.
Porém a mesma não juntou nenhuma prova dos fatos alegados aos autos.
Mesmo assim, o juiz de primeira instância decretou novamente a prisão preventiva, bem como determinou a remessa dos autos ao Representante do Ministério Público para oferecimento de nova denúncia, com fulcro no artigo 24-A da Lei 13.641 de 2018.
O relator da 2ª Câmara Criminal, Desembargador Maurício César de Oliveira, requereu mais informações ao juízo uno, prestadas as mesmas, e realizada audiência de instrução, a 2ª Câmara Criminal decidiu denegar a ordem, mesmo com a ausência de provas a cerca do descumprimento das medidas preventivas, já que este era único argumento para a decretação da medida preventiva. 
 
III – DO DIREITO
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prescreve em seu artigo 5º, inciso LXVIII, que será concedido “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Além disso, preceitua ainda o Código de Processo Penal em seus artigos 647 e 648, in verbis: 
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar;
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
O paciente está sofrendo de grave coação ao direito de liberdade, o mesmo foi preso de forma ilegal já que a prisão não cumpria os requisitos do artigo 302 do Código Penal, e ao ser levado perante o juízo a coação continuou.
Cessou através de Habeas Corpus, e voltou com o deferimento da prisão preventiva, vez que não foi provado junto aos autos que o paciente descumpriu as medidas preventivas impostas.
a) DA POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PRISÃO EM MEDIDA PROTETIVA
Há que se mencionar ainda o Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico brasileiro, que em seu art. 7º, é taxativo ao expor que toda pessoa tem direito a liberdade, sendo que ninguém pode ser submetido ao encarceramento arbitrário.
No presente caso não é necessária medida tão extrema para garantir o processo, partindo do pressuposto que a prisão é considerada “ultima ratio”, ou seja só é aplicada em último caso. 
Com o advento da Lei 12.403/11, a prisão preventiva é a última cautelar a ser aplicada. Antes dela, devem ser verificadas a necessidade e a adequação das medidas cautelares alternativas à prisão preventiva. Portanto, a prisão preventiva ocupa o último patamar da cautelaridade, na perspectiva de sua excepcionalidade, cabível quando não incidirem outras medidas cautelares (art. 319, CPP). O artigo 282, § 6º é claro: a prisão preventiva será aplicada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar. Não se decreta a prisão preventiva para depois buscar alternativas. Após, verificado que não é o caso de manter o sujeito em liberdade sem nenhuma restrição (primeira opção), há que ser averiguada a adequação e necessidade das medidas cautelares alternativas ao recolhimento ao cárcere (segunda opção). Somente quando nenhuma dessas for viável ao caso concreto é que resta a possibilidade de decretação da prisão processual.(HC 70049556533-RS, 3ª. Câm. Crim., rel. Nereu José Giacomolli, 09.08.2012).
Sendo assim só será aplicada a pena privativa de liberdade quando não couber outra medida, conforme elencado no artigo 319 do Código de Processo Penal:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quandoa permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.
	
Conforme prevê o artigo 282, inciso II do Código de Processo Penal, as Medidas Cautelares devem ser proporcionais à gravidade do crime, o que não ocorre no presente caso.
	
b) DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ARTIGO 24-A DA LEI 13.641 DE 2018
Tendo em vista que o princípio do indubio pro réu, a Lei não deve retroagir, a não ser em favor do réu, a alteração mencionada ocorreu após a suposta pratica do crime de ameaça, sendo ilícita sua aplicação, assim não pode o Ministério Público oferecer nova denúncia.
c) DA AUSÊNCIA DE PROVAS DO DESCUMPRIMENTO DA MEDIDA PREVENTIVA
Como já mencionado foi dado ao paciente o direito de cumprir medidas preventivas diversas da prisão como requerido ao Egrégio Tribunal do Mato Grosso, porém apenas com base na alegação da vítima, já que a mesma não comprovou o alegado. 
Lembrando que o ônus de não cabe ao réu por estar em desvantagem, e sim ao Estado não cumpriu com seu papel, vez que não apresentou prova material do alegado.
d) DO CABIMENTO DA LIMINAR
A liminar é essencial para evitar cessar a coação que o paciente vem sofrendo, e assegurar o direito a liberdade que foi retirado do mesmo, sendo deferimento da mesma essencial ao acesso à justiça. 
Como já demonstrado, é possível a aplicação de diversas medidas diversas da prisão no caso concreto, caracterizando assim o fumus boni iuris.
Sabendo que a decretação da prisão preventiva foi ilegal a mesma não deve perdurar, além disso, a mesma pode causar vários prejuízos amorais e psicológicos ao paciente, configurando assim o periculum in mora.
A prisão do paciente não merece perdurar, por isso e por se tratar de pessoa idônea e com bons antecedentes, assim só resta o relaxamento da prisão preventiva do mesmo com base artigo 5º, inciso LXV da Carta Magna, para eu seja feita justiça. 
IV – DOS PEDIDOS
Diante da demonstração de ilegalidade contida no Acórdão, requer:
a) O conhecimento e provimento do presente Recurso;
b) A concessão a medida LIMINAR, ante a demonstração de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a imediata LIBERDADE PROVISÓRIA do paciente, mediante imposição de MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em favor do paciente, aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do processo-crime;
c) Seja mantida a denúncia inicial, diante da ausência de provas a cerca do descumprimento da medida preventiva. 
d) O regular prosseguimento do feito, para que ao final que sejam os autos conclusos para julgamento, nos termos do Regimento Interno deste E. Tribunal;
Termos em que pede deferimento e espera.
Local, 30 de abril de 2018.
______________________________________________
ASSINATURA DO ADVOGADO, OAB/UF

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