Buscar

Deontologia Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

“A justiça não consiste em ser neutro entre o certo e o errado, mas em descobrir o certo e sustentá-lo, onde quer que ele se encontre, contra o errado”. Theodore Roosevelt
Ética na profissão jurídica:
Segundo Renato Nalini, as profissões devem ser executadas de maneira estável e honrosa, para tanto é imprescindível que o profissional exerça sua função de maneira eficaz e competente.
A realização pessoal por meio trabalho possui o caráter da dignidade, entretanto para que a vocação se faça presente é necessário que o profissional tenha a consciência que seu serviço está disposto na sociedade afim de atender ao bem comum (solidariedade e doação), assim sendo a ética em qualquer profissão não desassocia o interesse particular ao coletivo, ao contrário há de maior relevância o atendimento alheio equilibrado ao peculiar (cuja finalidade é a subsistência).
Todas as carreiras requerem ética em sua prática, porém aos profissionais de Direito a Ética é vital, pois destes é a prática do julgamento entre o “certo” e o “errado”, suas ações persuasivas enquanto escritor, defensor, promotor e psicólogo têm consequências profundas na sociedade em que atua. 
Necessariamente dispomos de um código de conduta moral e ética para a profissão forense, ao qual se denomina Deontologia Jurídica, aplica-se um princípio fundamental: agir segundo ciência e consciência, o que resulta na inspiração dos comportamentos profissionais.
Agir segundo a Ciência implica ao profissional a exigência de saberes destinados à sua função, isto é, de forma alguma isentam-lhe do conhecimento cientifico e/ou técnico. Para tanto é necessário que se forme adequadamente no processo educacional e, também, na experiência prática após inserção no mercado de trabalho. 
Reconhecer que sua profissão tem responsabilidade social é agir segundo a consciência, pois esta não contempla apenas o agir em benefício próprio, mas também comprometer-se à concretização da função social que lhe é conferida.
Para Nalini é da consciência a atribuição de avaliar e reformular as ações e pensamentos, possibilitando a coerência do homem em relação às situações que enfrenta. Visto ser a tendência natural do ser humano o egocentrismo e a “autoindulgência”, há de se educar a consciência para que esta esteja em aperfeiçoamento permanente.
Além de agir segundo a Ciência e a Consciência, existem outros 13 princípios gerais da Deontologia Forense, entre eles:
O princípio da conduta ilibada = Estimula a harmonia entre a vida pessoal e profissional, isto é, espera-se que o caráter dos integrantes da profissão forense seja incorruptível, atuando de maneira reta e que suas atitudes sejam merecedoras de confiança, assim como ajam com dignidade, honra e liberdade. 
O princípio da dignidade e do decoro profissional = Sendo a dignidade inerente ao Ser Humano, cujo respeito e proteção devem ser respeitados, este princípio repudia excessos, arrogância e presunção que podemos depreender de práticas como estelionato, falsidade, assim como na receptação de remuneração excessiva e publicidade exagerada, a qual aproveita-se da condição de doutrinador para fazer referências a determinado escritório, sendo também indecoroso a captação de clientela em carreiras que se baseiam na confiança e não em relações de comércio. Enfim, o princípio da dignidade e decoro profissional exige coerência também na vida privada, para que um comportamento indigno não intervenha no trabalho.
O princípio da incompatibilidade = Dispõe sobre a acumulação ilegal de carreira diversa à jurídica (com exceção ao magistério), exigindo dedicação exclusiva de seu titular. 
É incompatível, a exemplo, o exercício da profissão de advocacia com cargos de chefe do Poder Executivo; de parlamentar; do Poder Judiciário; do Ministério Público; dos tribunais e conselhos de contas; função de julgamento em órgãos de deliberação ou cargos de direção da administração pública; cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário, da polícia e militares; cargos ou funções de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos; cargos de direção e gerência em instituições financeiras. 
Mesmo atividades não profissionais podem incidir negativamente sobre a liberdade de determinação do profissional do direito, sacrificando as exigências de autonomia e prestígio da classe. Assim, por exemplo, algumas legislações enxergam incompatibilidade entre o exercício da advocacia e o ministério sacerdotal de ordem religiosa. 
O princípio da correção profissional = Segundo este princípio a profissão jurídica deve pautar-se a partir de uma orientação moral, isto é, sua atuação requer transparência, humildade e honestidade. Tendo como características pessoais: seriedade, discrição, cortesia e urbanidade
O princípio do coleguismo = Conscientiza a respeito de uma consciência de pertencimento a um mesmo grupo, consolidando o sentido de dever comum a todos os profissionais da área, a saber: realização da justiça. O coleguismo possui vínculo extremo com o exercício profissional. Exemplos: substituir em audiência colega adoecido ou impedido, fornecer a outrem livros e revistas jurídicos, partilhar o conhecimento de novas teses doutrinárias ou nova jurisprudência, dar orientação de caráter técnico para a solução de um complexo problema jurídico, enquanto que a falta de coleguismo compreende-se pela disputa de cargos ou clientes, concorrência de maneira pouco leal, estímulo ou silêncio diante da maledicência. 
O princípio da diligência = Determina que o profissional do Direito não pode ser apático, insensível, ocioso e acomodado, ao contrário este princípio exige-lhe comprometimento tanto no exercício de suas atividades (horários de reuniões, audiências e etc.), quanto na continuidade de sua formação. 
E ainda, ser diligente implica em proceder por igual a casos menores em relação a outros considerados mais relevantes, do mesmo modo no tratamento de pessoas humildes às mais poderosas. 
Em respeito a este princípio, todos os operadores jurídicos (juízes, promotores, advogados e servidores da justiça) têm por missão uma diligência potencializada, em que a luta por uma celeridade processual cuja tramitação se faça em período admissível, possibilitará a credibilidade da justiça. 
O princípio do desinteresse = Caracteriza- se pelo desapego à ambição ou aspiração legítima em favor da busca pela Justiça, observado pelas carreiras de Magistratura, Ministério Público, Procuradorias, Defensoria Pública, Polícia e Magistério Jurídico. 
Este princípio inspira um dos critérios da profissão de advogado, impondo-o sempre tentar a reconciliação, antes de propor o confronto, ainda que esta ação resulte na redução de seus honorários, pois há a necessidade da parte do profissional da consciência de que todo o confronto sempre constitui para um mal para ambas as partes. 
Eximir a carreira jurídica de sua “missão” transcendente e indispensável à condição humana harmoniosa, será reduzi-la a atuação inexpressiva que facilmente poderá ser substituída por outro meio menos dispendioso e complexo a fim de resolver conflitos.
8. O princípio da confiança = Determina o caráter fiduciário que permeia as relações no âmbito jurídico, tanto individual quanto coletivamente, pois advogados e juízes são escolhidos a partir de atributos personalíssimos e não intercambiáveis, cuja índole deve ser considerada confiável, merecedora de crédito e respeito, pois infrações cometidas no campo da Magistratura não atingem somente o infrator, mas toda a categoria.
9. O princípio da fidelidade = Dispõe sobre a Fidelidade e lealdade em que os detentores da função jurídica respondem, isto é, Fidelidade à causa da justiça, Fidelidade à verdade, à transparência e Fidelidade aos valores abrigados pela Constituição.
O profissional responsável pelo patrocínio de causas junto à Justiça deve igualmente lealdade a seu constituinte e aos demais aplicadores da lei, notadamente o juiz e o promotor. Nas relações com o cliente, deverá também portar-se com lealdade,pois o advogado não pode desmascarar o acusado defendido, mesmo que este minta ao juiz ou acusa falsamente a um terceiro.
A fidelidade do operador jurídico é a fidelidade das boas causas, a fidelidade à justiça e a fidelidade do próprio Direito.
10. O princípio da independência profissional = Conceitua-se pela ausência de quaisquer interferências à ação profissional, consagrando a carreira de juiz, promotor, advogado e demais operadores, porém não há independência, principalmente no âmbito forense que se exima da responsabilidade ética. Toda a atividade humana, ao reivindicar sua própria e legítima autonomia, não pode deixar de reconhecer a harmonia e a subordinação ao critério supremo, que é o critério ético. A independência não exclui, mas em lugar disso postula enfática e estritamente a dependência à ordem moral. 
11. O princípio da reserva = Define o homem de bem como sendo discreto, o profissional que comenta com terceiros o conhecimento que se deu por meio do exercício da função, atenta contra sua própria reputação e de toda a categoria. O princípio da reserva é mais abrangente do que a do segredo, visto contemplar todas as demais circunstâncias nas quais a parte ou o terceiro venha a ser direta ou indiretamente implicado.
É intolerante a atitude de divulgação das informações protegidas pela privacidade.
12. O princípio da lealdade e da verdade = O processo é a realização da Justiça e justiça nenhuma pode apoiar-se na mentira, pois a mentira viola os princípios da Ética forense e compromete a função social da profissão. Para que esta seja eficiente cabe aos atores jurídicos serem inspirados pela lealdade e pela verdade. 
É imprescindível ao juiz portar-se com lealdade, sendo imparcial e recusando-se a silenciar diante das circunstâncias atentatórias à higidez processual, à celeridade e à justiça. 
Ao promotor se exige a atuação com lealdade para com o juiz e para com o advogado, exercendo sua função com transparência e não guardando trunfos para surpreender qualquer deles. 
O advogado, além da lealdade para com o juiz e promotor, deve tê-la em relação ao colega e aos clientes.
Enfim, todos os envolvidos no processo almejam o mesmo objetivo: a realização possível do justo humano.
13. O princípio da discricionariedade = Ao profissional de Ciências Jurídicas lhe é conferido discernimento para exercer uma função liberal, ainda que subordinado à Lei, o operador jurídico possui liberdade para agir com sensibilidade e preocupação em relação às consequências de suas decisões, podendo agir de acordo com o que julga conveniente e oportuno para aquela situação e momento. Ao contrário de ser baseada em diretrizes particulares, sua carreira exige a convicção de que a autoridade que lhe foi atribuída corresponde à responsabilidade também diferenciada, isto é, ser orientado quanto aos direitos coletivos e respeito aos individuais.
O exercício consciente da jurisdição acarreta deveres de ordem constitucional, legal e disciplinar. 
Outros princípios de éticos das carreiras jurídicas: os princípios da informação, da solidariedade, da cidadania, da residência, da localização, da efetividade e da continuidade da profissão forense, o princípio da probidade profissional, que pode confundir-se com o princípio da correção, o princípio da liberdade profissional, da função social da profissão, a severidade para consigo mesmo, a defesa das prerrogativas profissionais, o princípio da clareza, pureza e persuasão na linguagem, o princípio da moderação e o da tolerância. 
Bibliografia: 
NALINI, José Renato. Filosofia e Ética Jurídica. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.

Continue navegando