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Planejamento Tributário - Livro Texto Unidade III

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Caros alunos, destacaremos nesta Unidade o IPI, mais um imposto sobre valores agregados, o que significa que, 
quando houver aquisição ou venda de mercadorias, o imposto somente incidirá sobre a parcela que aumentou o 
preço daquela mercadoria, seja na comercialização, seja na industrialização. Se a empresa compra uma mercadoria 
para revendê‑la, ela colocará uma margem de lucros e o IPI será incidente apenas sobre essa parcela acrescida, o 
que índica que será possível compensar o imposto destacado na compra dessa mesma mercadoria.
Apresentaremos também um estudo de caso específico de aproveitamento de IPI.
5 IPI (ImPosto sobre Produtos IndustrIalIzados)
5.1 base legal
No inciso IV do artigo 153 da Constituição Federal encontra‑se a base legal para o IPI (Imposto sobre 
Produtos Industrializados). Esse imposto, instituído pelas Leis nº 4502/64 e nº 5.172/66, está regulamento 
pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010.
O IPI é de competência da União e não está sujeito ao princípio constitucional da anterioridade8, 
razão pela qual suas alíquotas podem ser alteradas durante o exercício financeiro. Entre os princípios 
constitucionais que regem o IPI, destacam‑se a não cumulatividade e a seletividade.
Em outras palavras, seletividade significa taxar o produto proporcionalmente à sua essencialidade. Assim, os 
chamados produtos supérfluos, tais como perfumes, bebidas finas ou até os nocivos à saúde, como cigarros, por 
exemplo, devem receber taxação mais elevada pelo IPI. Os produtos essenciais ou populares, por sua vez, recebem 
taxação mais baixa. Carros e barcos de alta potência, de luxo e sofisticados são taxados por altas alíquotas, já os 
carros populares, os veículos e os barcos para transporte coletivo, por exemplo, são taxados por alíquotas menores.
A não cumulatividade significa que o imposto somente incidirá sobre a parcela do valor agregado 
no processo de industrialização.
A taxação varia também de acordo com a política governamental de apoio e os subsídios a 
determinados setores. Por exemplo, o governo pode reduzir as alíquotas de IPI para a produção de 
8 Entretanto, o parágrafo 1° do artigo 150 da Constituição Federal estabelece uma ressalva a esse princípio e institui que o 
princípio da anterioridade não se aplica ao IPI. Assim, o legislador pode determinar aumento do IPI no curso do mesmo 
exercício financeiro. Isso significa que tais aumentos tornam‑se exigíveis com a publicação da respectiva lei, decreto ou 
ato normativo equivalente. 
Com relação à entrada em vigência da instituição ou aumento do IPI, deve ser observado o princípio da noventena, no 
qual a instituição ou majoração de tributo produzirá efeitos somente após 90 dias da data da publicação da lei, conforme a Emenda 
Constitucional nº 42/2003.
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máquinas agrícolas – a fim de subsidiar a agricultura e baratear os alimentos para a população – ou 
isentar o setor de produção de bens de capital para fortalecer determinado setor industrial.
Figura 21 – Carro em exposição em concessionária
Por exemplo, no final de 2008, quando houve a grande crise financeira mundial, o Brasil estimulou 
estrategicamente o consumo interno ao baixar as alíquotas de IPI de produtos como veículos, 
eletrodomésticos e itens da linha branca. Alguns deles chegaram à alíquota zero.
Figura 22 – Cliente interessado em comprar uma geladeira
Figura 23 – Lava‑louças
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Essa medida fez com que o mercado se mantivesse aquecido e os reflexos da crise mundial na 
economia brasileira foram mínimos.
5.2 Competência
O IPI é um tributo indireto cobrado pela União. A Constituição de 1988 define o IPI em seu artigo 
153: “compete à União instituir impostos sobre [...] produtos industrializados” (BRASIL, 1988).
5.3 Incidência
Conforme o artigo 2º do Decreto nº 7.212/2010, o IPI incide sobre produtos industrializados, 
nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações presentes na Tabela de Incidência do Imposto 
sobre Produtos Industrializados (Tipi) (artigo 1º da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, e artigo 
1º do Decreto‑lei no 34, de 18 de novembro de 1966).
O campo de incidência do imposto em questão abrange todos os produtos com alíquota (ainda que 
zero) relacionados na Tipi, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares e 
excluídos aqueles aos quais corresponde a notação NT (não tributado) (artigo 6º da Lei no 10.451, de 
10 de maio de 2002).
Figura 24 – Soldador
A industrialização não é somente a transformação de material primário em algum bem. O artigo 4º 
do Decreto nº 7.212/2010 caracteriza como industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o 
funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto ou o aperfeiçoe para consumo, 
tal como aponta o artigo 46 da Lei nº 5.172/66 e o artigo 3º da Lei nº 4.502/64:
I – a que, exercida sobre matérias‑primas ou produtos intermediários, 
importe na obtenção de espécie nova (transformação);
II – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar 
o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto 
(beneficiamento);
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III – a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que 
resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma 
classificação fiscal (montagem);
IV – a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação 
da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a 
embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria 
(acondicionamento ou reacondicionamento);
V – a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto 
deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização 
(renovação ou recondicionamento);
Parágrafo único – São irrelevantes, para caracterizar a operação como 
industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a 
localização e condições das instalações ou equipamentos empregados 
(BRASIL, 2010).
Ou seja, se uma empresa industrial adquirir no mercado uma caixa de parafusos contendo 100 mil 
peças e dividi‑los em 100 pacotes de 1.000 parafusos, para fins de tributação do IPI esse processo é 
considerado industrialização (acondicionamento). Portanto, nesse caso, o IPI deverá ser calculado e 
pago.
Figura 25 – Pregos e parafusos
Assim como o ICMS, alguns produtos são imunes ao IPI: livros, jornais, periódicos e o papel destinado 
à sua impressão (BRASIL, 1988).
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Figura 26 – Livros
Figura 27 – Jornais
O IPI também não é cobrado na exportação de produtos industrializados. Nesse caso, a função 
protecionista do tributo é nitidamente observada, pois o governo abre mão do recebimento do tributo 
para incentivar a atividade da exportação, que trará divisas para o país.
Quando definidos como ativos financeiros, a produção de ouro9, energia elétrica, derivados de 
petróleo, combustíveis e minerais também não sofre a incidência do IPI.
 saiba mais
A lista completa de produtos se encontra no artigo 150 da Constituição 
Federal de 1988 e poderá ser adquirida no site do Planalto do Governo: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 21 fev. 2012.
9 O ouro se torna ativo financeiro quando há investimentos em barras de ouro.
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5.4 Fato gerador
São duas as hipóteses principais nas quais ocorre o fato gerador do IPI:
• na importação: no desembaraço aduaneiro de produtos de procedência estrangeira;
• na operação interna: na saída de produtos de estabelecimento industrial ou equiparado a 
industrial.
O fato gerador não diz respeito apenas a quando ocorre a venda do produto, mas também a quando 
há sua saída por venda, demonstração ou empréstimo.
5.5 Contribuintes
O artigo 51 do Código Tributário Nacional (CTN) define quem são os contribuintes do IPI:
• o importador em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço 
aduaneiro de produto de procedência estrangeira;
• o industrial em relação ao fato gerador decorrente da saída de 
produto que industrializar em seu estabelecimento e aos demais fatos 
geradores decorrentes de atos que praticar;
• o estabelecimento equiparado a industrial quanto ao fato gerador 
relativo aos produtos que dele saírem e aos demais fatos geradores 
decorrentes de atos que praticar;
• os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade ou remeterem 
a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras o 
papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando 
alcançado pela imunidade prevista na Constituição Federal 
(BRASIL, 1966a).
 observação
Considera‑se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de 
importador, industrial ou comerciante em relação a cada fato gerador que 
decorra de ato que praticar.
Segundo a Receita Federal, são equiparados a estabelecimentos industriais aqueles que derem saída 
a matérias‑primas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos de terceiros e com 
destino a outros estabelecimentos a fim de industrialização ou revenda.
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São, ainda, equiparados a estabelecimento industrial:
• os estabelecimentos atacadistas que adquirirem os produtos relacionados no Anexo III da Lei 
n° 7.798, de 10 de julho de 1989, de estabelecimentos industriais ou dos estabelecimentos 
equiparados a industriais de que tratam as alíneas “a” e “e”, anteriormente mencionadas;
• os estabelecimentos em que o adquirente e o remetente dos produtos referidos no item anterior 
sejam empresas controladoras, controladas ou coligadas, interligadas ou interdependentes.
Por opção, são equiparados a estabelecimento industrial:
• os estabelecimentos comerciais que derem saída a bens de produção para estabelecimentos 
industriais ou revendedores;
• as cooperativas – constituídas nos termos da Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971 – que 
se dedicarem à venda em comum de bens de produção recebidos de seus associados para 
comercialização.
Também são considerados estabelecimentos industriais, segundo a Lei nº 5.172, de 25 de outubro 
de 1966, artigo 51:
I – o importador ou quem a Lei a ele equiparar;
II – o industrial ou quem a Lei a ele equiparar;
III – o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos 
contribuintes definidos nos itens anteriores;
IV – o arrematante em leilão de produtos apreendidos ou abandonados 
levados a leilão (BRASIL, 1966a).
5.6 definição legal de industrialização
Conforme o Regulamento do IPI (Ripi)10, industrialização é qualquer operação que modifique 
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação, a finalidade ou o aperfeiçoamento do 
produto para consumo, como:
• transformação: a que, exercida sobre a matéria‑prima ou produto industrializado, importe na 
obtenção de espécie de novo produto;
• beneficiamento: a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o 
funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto;
10 Decreto nº 2.637/98.
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• montagem: a que consiste na reunião de produtos, peças ou partes que resulte em novo produto 
ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal;
• acondicionamento ou recondicionamento: a que importe em alterar a apresentação do produto pela 
colocação de embalagem que se destine a dar nova configuração e não para transportar os produtos;
• renovação ou restauração: a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de 
produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure para nova utilização, exceto se o serviço 
for executado por conta e ordem de terceiros.
5.7 Princípios constitucionais
5.7.1 Seletividade
O artigo 153, incisos IV e VII (parágrafo 3º, inciso I) da Constituição Federal estabelece que o IPI será 
um imposto seletivo, isto é, será cobrado em função da essencialidade do produto; isso significa que, 
quanto mais supérfluo for o produto, maior será a incidência do imposto.
5.7.2 Não cumulatividade
O artigo 153, inciso IV, parágrafo 3º (inciso II) da Constituição Federal estabelece que o IPI não 
será cumulativo, ou seja, o imposto devido em cada operação será abatido do valor pago na operação 
anterior.
5.8 base de cálculo
5.8.1 Dos produtos de procedência estrangeira
A base se cálculo dos produtos que foram importados será:
• o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião 
do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais 
efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (BRASIL, 1964);
• o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equiparado a estabelecimento 
industrial (BRASIL, 1964).
5.8.2 Dos produtos nacionais
O valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a 
industrial (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso II, e Lei nº 7.798, de 1989, art. 15).
Parágrafo 1º – O valor da operação referido nos itens mencionados 
anteriormente compreende o preço do produto, acrescido do valor do 
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frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo 
contribuinte ao comprador ou destinatário (BRASIL, 1964; BRASIL, 1977; 
BRASIL, 1989).
Parágrafo 2º – Será também considerado como cobrado ou debitado 
pelo contribuinte, ao comprador ou destinatário, para efeitos do 
disposto no parágrafo 1º, o valor do frete, quando o transporte for 
realizado ou cobrado por firma coligada, controlada ou controladora 
(Lei nº 6.404, de 1976) ou interligada (Decreto‑lei nº 1.950, de 1982) 
do estabelecimento contribuinte ou por firma com a qual este tenha 
relação de interdependência, mesmo quando o frete seja subcontratado 
(BRASIL, 1964; BRASIL, 1989).
Parágrafo 3º – Não podem ser deduzidos do valor da operação 
os descontos, diferenças ou abatimentos, concedidos a qualquer 
título, ainda que incondicionalmente (BRASIL, 1964; BRASIL, 1977; 
BRASIL, 1989).
Ou seja, todos os acréscimos ao produto são computados e nenhum desconto é considerado.
A questão de não poderem ser abatidos do valor os descontos e as diferenças, mesmo que 
incondicionais, é uma matéria que tem sido discutida exaustivamente, pois a legislação do IPI está 
contrária à Constituição Federal. Porém, mesmo assim, as empresas praticam a taxação do IPI sobre 
os valores e consideram que os descontos são autuados pelo fisco. Essa grande batalhada é opção do 
empresariado, que precisa posicionar‑se de forma mais conservadora ou menos conservadora e, no caso 
de ser autuado,procurar as brechas da lei.
5.9 alíquotas
As alíquotas são várias e estão presentes na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos 
Industrializados (Tipi), que é a principal ferramenta para adequação dos produtos à classificação fiscal 
e localização de alíquotas.
A Tipi é uma tabela na qual estão descritos todos os tipos de produtos separados por grupos 
e capítulos, representados por um conjunto de oito números. Essa representação numérica, 
denominada Classificação Fiscal, é a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) e corresponde 
também à NBM (Nomenclatura Brasileira de Mercadorias). Ela estabelece qual alíquota será 
devida para cada produto.
Para melhor entendimento, segue uma pequena parte da Tipi para que se possa visualizar a disposição 
apresentada.
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Figura 28 – Tipi
 saiba mais
A Tipi é composta por inúmeros códigos para os mais variados tipos de 
produtos. A Receita Federal disponibiliza todo o material para download 
em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/DownloadArqTIPI.
htm>. Acesso em: 6 fev. 2012.
5.10 escolha de classificação fiscal de uma empresa
Como podemos observar na imagem anterior, a classificação fiscal (NCM) é de vital importância para 
o estabelecimento da alíquota de IPI a ser recolhido nas operações.
Quando um produto novo é lançado no mercado ou mesmo quando uma nova empresa 
é criada, não podemos nos preocupar somente com os aspectos de aceitação no mercado, 
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mas sim com a correta adequação do produto na classificação fiscal, pois, conforme a Tipi, 
a alíquota de IPI pode interferir na margem de lucro desse produto e torná‑lo inviável à 
comercialização.
Não podemos confundir Tipi com NCM, pois a Tipi é uma tabela em que constam os códigos NCM 
(classificações fiscais dos produtos) com as respectivas alíquotas de IPI para cada produto. Os produtos, 
por sua vez, estão separados por seções, capítulos etc.
Citemos como exemplo uma empresa de cristais para decoração, que resolveu lançar um novo 
produto: lentes oftalmológicas. O capítulo ao qual esse produto pertence é o 90. Se a produção for 
de lentes para óculos, poderemos utilizar as classificações fiscais 9001.40.00 ou 9001.50.00, com 
alíquotas nulas. Porém, se o produto ficar sob as classificações “outras lentes” ou “lentes”, também 
do capítulo 90 e correspondentes à posição 90.02, a alíquota será de 15%. Com isso, teríamos um 
acréscimo de 15% no valor do produto, o que poderia torná‑lo não competitivo no mercado e inviável 
para ser produzido.
Figura 29 – Taças de cristal
Figura 30 – Prateleira com óculos
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No caso inverso, se a empresa fabricar lentes para câmeras fotográficas e decidir utilizar a classificação 
fiscal de lentes para óculos, ela utilizará uma classificação errada e incorrerá numa série de crimes 
contra o fisco.
Figura 31 – Lentes para uso fotográfico
Um exemplo de economia do IPI é o agrupamento de vários produtos na classificação fiscal de 
mercadoria mais relevante ou essencial, desde que todo o conjunto seja acondicionado em uma 
única embalagem de venda ao consumidor. Conforme o consultor tributário Alexandre Pochille 
Agostinho, com o recurso dessa regra da NCM, muitas companhias de ensino de línguas passaram a 
acondicionar em uma única embalagem livros de ensino de inglês, CDs de áudio, bastões coloridos 
e outros produtos utilizados na atividade de ensino, classificando todo o conjunto no código 
4901.99.00, que abrange os livros e possui imunidade tributária. Assim, a imunidade tributária foi 
estendida aos CDs, bastões de escrever e outros produtos que, apresentados isoladamente, teriam 
alíquota positiva dos impostos.
Outro exemplo citado pelo mesmo tributarista é a classificação fiscal de perfume e de água‑de‑colônia. 
Um perfume enquadra‑se no código 3303.00.10 da NCM, cuja alíquota do IPI é de 18%. Porém, uma 
água‑de‑colônia enquadra‑se no código 3303.00.20, cuja alíquota do IPI é de 12%, uma diferença 
de 30% frente ao perfume. Como a diferença técnica entre um perfume e uma água‑de‑colônia é, 
basicamente, o teor de concentração de óleos essenciais, muitos fabricantes de perfumes diminuíram a 
concentração de óleos essenciais de seus produtos e passaram a chamá‑los água‑de‑colônia, a fim de 
pagar menos impostos.
Portanto, a escolha da classificação fiscal correta pode ser considerada uma ferramenta indispensável 
para garantir a lucratividade e o sucesso de um negócio, que, se não for tratado com o devido cuidado 
na adequação, poderá trazer consequências desastrosas para a organização.
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Na impossibilidade de se adequar a uma classificação fiscal acertada, o procedimento correto 
é fazer uma consulta junto à Receita Federal. O protocolo dessa consulta impede a aplicação de 
penalidade relativa à matéria consultada a partir da data de sua protocolização até o 30º dia seguinte 
ao da ciência do consulente da decisão que a solucionava, desde que o pagamento ocorra nesse prazo 
quando for o caso.
 lembrete
Uma consulta bem‑elaborada impede a instauração de um procedimento 
fiscal contra o sujeito passivo a partir da apresentação da consulta até o 
30º dia subsequente à data de ciência.
6 CálCulo PrátICo
Uma indústria que fabrica e comercializa equipamentos eletrônicos adquiriu matérias‑primas 
(chapas de aços e componentes eletrônicos) a serem utilizadas na fabricação de seus produtos.
A compra das chapas de aço custou R$ 20.000,00 mais 5% de IPI, o que totalizou 
R$ 21.000,00. Os componentes eletrônicos foram comprados por R$ 30.000,00 mais 10% de 
IPI, o que totalizou R$ 33.000,00. Os gastos com a aquisição dessas matérias‑primas totalizaram 
R$ 54.000,00.
Após a industrialização, os produtos foram vendidos por R$ 128.000,00. Como sobre as vendas 
incide IPI à alíquota de 10%, esse valor somado ao preço totalizou R$ 140.800,00.
No final do período, o imposto a ser pago foi apurado. O imposto devido é a diferença entre os 
impostos devidos na saída dos produtos (débito) e as entradas (créditos). Exemplo:
Tabela 4
Entrada
Valor da Mercadoria Alíquota IPI Total da Nota Fiscal
20.000,00 5% 1.000,00 21.000,00 
30.000,00 10% 3.000,00 33.000,00 
Saídas
Valor da Mercadoria Alíquota IPI Total da Nota Fiscal
128.000,00 10% 12.800,00 140.800,00 
Saldo a Recolher (4.000,00-12.800,00) (8.800,00)
Uma vez que o valor do imposto incidente na saída foi de R$ 12.800,00 e o imposto creditado foi de 
R$ 4.000,00, o imposto devido a ser recolhido aos cofres públicos será de R$ 8.800,00.
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6.1 o crédito do imposto
Nas empresas industriais, o ICMS e o IPI são tributos pagos por ocasião das aquisições de 
matérias‑primas, materiais de embalagens e outros materiais utilizados na fabricação ou industrialização 
de produtos acabados. Esses insumos devem ser obrigatoriamente incorporados ou consumidos no 
processo industrial ou, ainda, podem ser identificados nos produtos. Por esse motivo, tais impostos 
devem ser recuperados pela empresa por ocasião das vendas, desde que tais vendas sejam tributadas 
pelo ICMS e pelo IPI.
Por que esses tributos precisam ser pagos? Porque a empresa vendedora os cobra da compradora.
De maneira semelhante àmetodologia apresentada no caso do ICMS, quando as entradas superam 
as saídas, forma‑se o saldo credor, isto é, quando o ICMS e/ou IPI sobre as compras corresponder a um 
valor superior ao ICMS e ao IPI das vendas, o valor acumulado pode, nesse caso, ser transferido para o 
período subsequente. É importante destacar que, nas empresas industriais, o IPI incide sobre o preço do 
bem que, por sua vez, já inclui o ICMS e, portanto, é um imposto agregado ao valor.
De acordo com a legislação tributária, para se obter o crédito dos valores pagos de ICMS e IPI, é 
necessário preencher as seguintes condições:
• que o ICMS e o IPI estejam destacados em documento fiscal hábil, com o atendimento de todas 
as exigências da legislação pertinente;
• que o documento fiscal hábil seja emitido por contribuinte em situação regular perante o fisco, 
ou seja, esteja inscrito na repartição competente, encontre‑se em atividade no local indicado e 
possibilite a comprovação dos demais dados cadastrais impressos no documento fiscal;
• que o documento fiscal hábil seja escriturado no respectivo Livro de Registro de Entradas, 
modelo 1.
O direito ao crédito do IPI extinguir‑se‑á no prazo de cinco anos a partir da data de emissão do 
documento hábil pelo fornecedor.
6.2 o débito do imposto
O débito do imposto se dá na saída do produto por venda ou outra movimentação que seja tributada, 
como empréstimo de produto de estoque, demonstração, mostruário, entre outros.
O IPI é um imposto que é calculado “por fora”. Diferentemente do ICMS, o IPI é agregado ao 
valor do produto e somado no total da nota fiscal. Para melhor compreensão, tomemos como 
exemplo uma indústria de equipamentos eletrônicos que produziu um lote de 600 unidades em 15 
dias. Os produtos foram vendidos pelo valor de R$ 54.000,00 para uma loja que irá comercializá‑los 
posteriormente. A alíquota do IPI para esses produtos é de 10%, logo, o valor total da Nota Fiscal 
será de R$ 59.400,00, já que:
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Tabela 5
Valor do Produto R$ 54.000,00
IPI 10% s/ Produto R$ 5.400,00
Valor total da nota fiscal R$ 59.400,00
A base de cálculo do IPI será sempre a mesma quando nos referirmos a tipos de destinatário. Não 
existe qualquer alteração se vendermos para contribuintes, não contribuintes, dentro ou fora do estado, 
para pessoas físicas etc. Haverá modificações somente quando existir algum benefício tributário, como é 
o caso das vendas para a Itaipu Binacional e para alguns órgãos públicos onde não há incidência desses 
impostos.
Por ser um imposto calculado “por fora”, o IPI não integrará a base de cálculo do PIS e da Cofins, 
contudo, ele poderá integrar ou não a base de cálculo do ICMS. Isso dependerá de como a venda do 
produto será feita, onde o destinatário será analisado e a finalidade da mercadoria. Essa particularidade 
do IPI será tratada no item sobre ICMS.
Quadro 2 – Principais livros utilizados pelo IPI e pelo ICMS
Registro de Modelo Usuários
Entradas 1 Contribuintes do IPI e do ICMS
Entradas 1‑A Contribuintes do ICMS
Saídas 2 Contribuintes do IPI e do ICMS
Saídas 2‑A Contribuinte do ICMS
Controle da produção do estoque 3 Estabelecimentos industriais
Selo especial de controle 4 Produtores ‑ cigarros, bebidas, relógios, entre outros
Impressão de documentos fiscais 5 Estabelecimentos que confeccionam documentos fiscais para terceiros e uso próprio
Utilização de documentos fiscais e termos de concorrência 6 Estabelecimentos comerciais e industriais
Inventário 7 Estabelecimentos comerciais e industriais
Apuração do IPI 8 Estabelecimentos industriais ou equiparados
Apuração do ICMS 9 Estabelecimentos comerciais e industriais
Controle de crédito do ICMS do ativo permanente Estabelecimentos comerciais e industriais
As alíquotas variam de 0 a 365%. Em nossos exemplos, adotamos alíquotas variáveis tanto para 
compra como para venda.
Estudo específico de aproveitamento do crédito do IPI lançado nas notas fiscais emitidas por 
fornecedores de matérias-primas e produtos intermediários
Borges (2009, p. 161‑164) apresenta um estudo específico sobre o crédito de IPI, que abrange 
diversas questões.
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6.2.1 Fato objeto do estudo
Uma empresa industrial situada em São Paulo realiza o processo de industrialização de produtos 
comercializados no mercado atacadista.
As vendas de alguns produtos são efetuadas com débitos do IPI. Por outro lado, a comercialização 
de outros produtos está abrigada por uma categoria fiscal que exclui o respectivo débito desse imposto.
Para proceder à industrialização dos referidos produtos, a empresa adquire diversas matérias‑primas, 
produtos intermediários e insumos no mercado nacional. Na totalidade das Notas Fiscais emitidas pelos 
respectivos fornecedores, há o lançamento do IPI.
6.2.2 Questão fiscal oriunda do fato descrito
Frente ao exposto, pretende‑se obter uma resposta à seguinte questão: quais são os procedimentos 
tributários adequados ao aproveitamento do IPI lançado nas Notas Fiscais emitidas pelos fornecedores 
de matérias‑primas, produtos intermediários e insumos?
6.2.3 Estudo dos aspectos jurídico‑fiscais relacionados à questão decorrente do fato descrito
O aproveitamento do crédito do IPI lançado nas Notas Fiscais pertinentes às aquisições de 
matérias‑primas e produtos intermediários é legítimo mediante o preenchimento das seguintes 
condições:
• as matérias‑primas, os produtos intermediários e os insumos venham a integrar o novo produto 
industrializado ou sejam consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos 
entre os bens do ativo permanente;
• haja o débito do IPI na saída do produto resultante da industrialização ou o referido produto seja 
imune do IPI, isento do IPI ou sujeito à alíquota zero desse imposto.
Assim, apenas geram direito ao crédito do IPI as matérias‑primas, os produtos intermediários e os 
insumos que se integrem ao novo produto industrializado e, com relação aos insumos, os que, embora não 
se integrando, sejam consumidos no processo de industrialização. Dessa forma, estão terminantemente 
excluídos do direito ao crédito do IPI os produtos que não se integram ou não são consumidos nos 
processos de industrialização.
No que concerne às matérias‑primas, aos produtos intermediários e aos insumos que por meio de 
quaisquer das operações de industrialização especificadas no Regulamento do IPI venham a integrar 
física ou molecularmente o novo produto industrializado, qualquer comentário é dispensável em face 
do direito ao aproveitamento do crédito do IPI não adstrito a qualquer condição.
Contudo, em relação aos insumos consumidos no processo de industrialização, eles só geram o direito 
ao aproveitamento do crédito do IPI mediante o cumprimento cumulativo das seguintes condições:
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• sejam consumidos “em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação 
diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou por este diretamente sofrida” (BORGES, 
2009);
• em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, não estejam incluídos no ativo permanente.
A Coordenação do Sistema de Tributação esclarece que a expressão consumidos tem de ser entendida em 
sentido amplo, o que abrange o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas 
desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação ou deste sobre o insumo.
6.3 Conclusão
Em face dessas considerações, respondamos à questão formulada.
Paradisciplinar o aproveitamento do crédito do IPI lançado nas Notas Fiscais emitidas pelos 
fornecedores de matérias‑primas, produtos intermediários e insumos, o profissional responsável pela 
área fiscal da empresa deve solicitar ao Gerente do Departamento de Engenharia de Produção um 
relatório objetivo e claro que aborde detalhadamente as seguintes informações:
• especificação das matérias‑primas, produtos intermediários e insumos que se integram fisicamente 
aos novos produtos fabricados;
• discriminação dos insumos que sejam consumidos em decorrência de um contato físico ou de 
uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou vice‑versa.
Após o recebimento do referido relatório, o profissional responsável pela área fiscal deve enviá‑lo ao 
Gerente do Departamento de Contabilidade, para que esse profissional indique expressamente noutro 
relatório quais os insumos – consumidos no processo de industrialização, mediante uma ação diretamente 
exercida sobre o produto em fabricação ou vice‑versa – que não estão em face dos princípios contábeis 
geralmente aceitos e incluídos no ativo permanente.
De posse dos mencionados relatórios, o responsável pela área fiscal deve proceder ao seguinte 
trabalho:
• (A) segregar as matérias‑primas e produtos intermediários que se integram fisicamente aos novos 
produtos fabricados (informação contida no relatório emitido pelo Departamento de Engenharia 
da Produção), conforme mencionado a seguir:
— (A1) matérias‑primas e produtos intermediários que se destinam a emprego na industrialização 
de produtos cujas saídas serão realizadas com débito do IPI;
— (A2) matérias‑primas e produtos intermediários que se destinam a emprego na industrialização 
de produtos imunes, beneficiados com alíquota zero do IPI ou favorecidos com isenção desse 
imposto;
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— (A3) matérias‑primas e produtos intermediários que se destinam a emprego na industrialização 
de produtos não tributados (NT) pelo IPI, conforme a Tipi em vigor.
• (B) segregar os insumos em vigor que sejam consumidos em decorrência de uma ação diretamente 
exercida sobre o produto em industrialização ou vice‑versa e, por outro lado, não estejam, em face 
dos princípios contábeis geralmente aceitos, incluídos no ativo permanente (informações contidas 
nos relatórios emitidos pelos Departamentos de Engenharia de Produção e da Contabilidade) 
conforme mencionado a seguir:
— (B1) insumos consumidos na fabricação de produtos cujas saídas serão realizadas com débito 
do IPI;
— (B2) insumos consumidos na industrialização de produtos imunes, beneficiados com alíquota 
zero do IPI ou favorecidos com isenção desse imposto;
— (B3) insumos consumidos na industrialização de produtos não tributados (NT) pelo IPI, conforme 
a TIPI em vigor.
Em seguida, o responsável pela área fiscal deve proceder ao legítimo creditamento do IPI referente 
às situações mencionadas nos itens A1, A2, B1 e B2.
É oportuno observar que já existe manifestação jurisprudencial que chancela o creditamento do IPI 
no que concerne às situações mencionadas nos itens A3 e B3. Todavia, cabe esclarecer que a chancela 
jurisprudencial favorece apenas o autor da respectiva ação judicial.
 resumo
Nesta unidade, vimos que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 
é de competência da União e não está sujeito ao princípio da anterioridade. 
Logo, suas alíquotas podem ser alteradas durante o ano, respeitando‑se a 
noventena. Além disso, ele é regido pelos princípios constitucionais da não 
cumulatividade e da seletividade e abrange todos os produtos relacionados 
na Tipi, com as respectivas observações contidas nas Notas Complementares.
Vimos ainda que a industrialização é qualquer operação que modifique 
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade 
do produto ou o aperfeiçoe para consumo. Alguns produtos, como livros, 
jornais, periódicos e o próprio papel destinado à impressão são imunes ao IPI.
Nas exportações, o IPI também não é cobrado.
Observamos também que o fato gerador ocorre a partir de duas 
hipóteses: na importação (na ocasião do desembaraço aduaneiro) e nas 
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operações internas (quando da saída de produtos do estabelecimento 
industrial).
A base de cálculo do IPI é compreendida nos casos de produtos 
importados. O valor que serviu ou servirá de base para cálculo dos tributos 
será o montante acrescido do valor dos tributos mais fretes, despesas 
acessórias, seguros, encargos cambiais etc. Para as saídas internas, a base de 
cálculo é o valor total da operação, ou seja, o preço do produto acrescido do 
frete e demais despesas acessórias cobradas ou debitadas pelo contribuinte 
ao destinatário.
A alíquota do IPI é determinada pela classificação fiscal. Na Tipi, estão 
descritos todos os produtos com seus respectivos NCM e suas várias 
alíquotas. A Tipi (Tabela do IPI) é composta por inúmeros códigos e é 
disponibilizada no site da Receita Federal.
O enquadramento de um produto na classificação fiscal deve ser 
criterioso, pois, caso haja enquadramento e respectivo recolhimento com 
alíquotas incorretas, a empresa sofrerá as penalidades legais: será autuada 
e responderá pelo crime fiscal.
No caso de não haver código de classificação fiscal que atenda as 
características do produto, a maneira mais acertada é a formulação de 
consulta à Receita Federal, que indicará a classificação e alíquota correta, 
evitando assim a autuação durante o período estabelecimento pelo órgão 
para reposta à consulta.
Quando adquirem matérias‑primas, material auxiliar, material de 
embalagens e etc. (materiais que serão utilizados na industrialização ou 
fabricação de produtos), as empresas industriais poderão se creditar do 
imposto pago na ocasião da aquisição para compensar quando houver as 
saídas, lembrando que o crédito só poderá ser feito para os casos de saídas 
tributadas.
O débito do imposto se dá na saída dos produtos por venda, 
demonstração, empréstimo de material de estoque, entre outras operações.
Aprendemos ainda nesta unidade que o IPI é calculado “por fora” e é 
agregado ao valor do produto, diferentemente do ICMS.
A base de cálculo do IPI será sempre a mesma para qualquer tipo de 
destinatário (contribuinte ou não contribuinte), porém, existe imunização 
para alguns órgãos do governo e para a Itaipu Binacional.
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Assim, por ser um imposto calculado “por fora”, o IPI não integra a base 
do PIS e da Cofins, no entanto, poderá ou não integrar a base do ICMS e 
estar condicionado à destinação que era dada ao produto pelo adquirente.
Desse modo, é importante saber que toda a legislação referente a esse 
imposto está disponível no site da Receita Federal.
Exemplo de aplicação
Ao longo da unidade, você teve contato com termos que representam conceitos utilizados no jargão 
da área de planejamento tributário.
Propomos a você que estude o termo industrialização e tente explicar com suas próprias palavras 
o que ele significa. Caso não consiga explicá‑lo, volte ao texto e releia‑o. Em todo caso, pesquise na 
internet não só o que o termo significa, mas também como os profissionais da área de finanças o 
utilizam.
Além disso, elabore um mapa mental com os principais termos e definições que você estudou até 
aqui.
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 exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir:
A arrecadação de setembro fica em R$ 75,1 bilhões
Brasília, 19 de outubro de 2011
A arrecadação de impostos e contribuições federais voltou a ser recorde em 
setembro, atingindo R$ 75,1 bilhões, o que representou um percentual de 
crescimento real (com base no IPCA) de 7,52% em relação à arrecadação 
de setembro de 2010. No acumulado de janeiro a setembro a arrecadação 
superou os R$ 705,5 bilhões, crescendo 12,6% comparativamente ao 
arrecadado no mesmo período de 2010.
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A arrecadação de impostos e contribuições voltou a ser recorde em 
setembro, atingindo R$ 75,102 bilhões, o que representou um percentual de 
crescimento real (com base no IPCA) de 7,52% em relação à arrecadação de 
setembro de 2010, de R$ 65,088 bilhões.
No acumulado de janeiro a setembro a arrecadação atingiu R$ 705,566 
bilhões, crescendo 12,63% quando comparada com o mesmo período de 
2010, com R$ 587,604 bilhões.
Ao divulgar os dados da arrecadação relativos ao mês passado, a 
secretária‑adjunta Zayda Bastos Manatta afirmou que a Receita Federal 
mantém a previsão de crescimento da arrecadação no ano entre 11 e 11,5% 
para 2011.
Ela explicou que embora o crescimento acumulado até o mês passado tenha 
se mantido acima disso (12,63%), a expectativa para os últimos meses do 
ano (outubro, novembro e dezembro) é de desaceleração da arrecadação, o 
que explica a manutenção da previsão anual entre 11 e 11,5%. Até maio a 
estimativa da RFB para o ano situava‑se entre 10 e 10,5%.
A secretária‑adjunta da RFB não descartou a possibilidade de que a 
arrecadação em dezembro próximo venha a apresentar uma queda real 
em comparação com o arrecadado em dezembro de 2010, mês em que o 
recolhimento de impostos foi atípico.
Entre os fatores que influenciaram o recorde de arrecadação em setembro, 
a equipe da RFB destacou o caso da Cofins com uma diferença de R$ 690 
milhões existente entre o valor das compensações efetuadas este mês e 
setembro do ano passado, verificada no setor de mineração.
Houve também crescimento de 8,8% do volume de vendas de agosto de 
2011 em relação a agosto de 2010 e acréscimo de 13,27% na arrecadação 
de PIS/Cofins incidente sobre as importações.
Sobre a possibilidade de queda na arrecadação no próximo ano, diante do 
quadro de crise mundial, a secretária Zayda Manatta disse que a Receita 
Federal entende ser um grande desafio manter o nível da arrecadação no 
próximo ano. “Seremos capazes de fazer frente a esse desafio”, completou 
(RECEITA, 2011).
Com base no texto do artigo e na realidade vivida no país, pode‑se afirmar que:
I – O aumento da Cofins representa uma ampliação da base de financiamento do Seguro Desemprego 
no Brasil.
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II – O bom desempenho das importações indica um aumento do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) 
para o custeio de programas sociais.
III – Pode‑se atribuir o aumento desses impostos e contribuições ao aumento das receitas das 
empresas.
Como afirmativa(s) correta(s), cabe indicar apenas:
A) I, II e III.
B) I e III.
C) II e III.
D) I.
E) III.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das afirmativas:
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o PIS e a Cofins são contribuições sociais com funções fiscais e incidem sobre o 
faturamento das empresas. Apenas o PIS tem o objetivo de financiar o pagamento do seguro‑desemprego 
e do abono anual para os trabalhadores.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: as contribuições recolhidas em nome do PIS ou do Pasep após a promulgação da 
Constituição de 1988 (5 de outubro de 1988) não acrescentam saldo a contas individuais, mas são 
destinadas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para o custeio do Programa do Seguro‑Desemprego 
e do Abono Salarial, e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico pelo Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme estabelece o artigo 239 da 
Constituição Federal.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: na categoria de impostos incidentes sobre o faturamento, incluem‑se os tributos que 
recaem sobre o faturamento das empresas, ou seja, sobre o faturamento como um todo. Diversos são os 
tributos que incidem sobre a receita das empresas, entre eles, pode‑se citar o PIS e a Cofins.
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Questão 2. Leia o texto:
Passados mais de 40 anos de sua criação, a Zona Franca de Manaus (ZFM) 
enfrenta a falta de força de trabalho com alta qualificação para as carreiras 
de gerentes e supervisores e para as atividades de inovação tecnológica. 
A situação de Manaus tem um agravante em relação ao quadro nacional. 
Por ser um polo industrial, com alta participação de capital multinacional, 
muitas das soluções tecnológicas (que agregam valor ao produto, como o 
design) são elaboradas fora da ZFM, especialmente no exterior, na sede da 
matriz ou onde estão os centros de pesquisa e desenvolvimento.
As cinco maiores empresas instaladas dos três principais setores (polo 
eletrônico, polo de duas rodas e polo químico) são de capital estrangeiro. 
Segundo o secretário‑executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, em média 35% dos componentes 
das mercadorias da ZFM vêm do exterior.
No caso da japonesa Sony, que tem sua única fábrica no Brasil na 
ZFM, as soluções e inovações são desenvolvidas no Japão, na Malásia, 
na Tailândia ou na China, onde estão os centros de pesquisa e 
desenvolvimento da multinacional. “Não tem desenvolvimento no 
Brasil”, informa Luciano Martins, diretor de manufatura, ao explicar 
que “o conceito” vem de fora. Segundo ele, o volume de produção no 
Brasil ainda não justifica uma decisão de formar ou trazer uma equipe 
com esse perfil (EXAME, 2011).
A partir do que foi lido, analise as afirmativas:
Afirmativa 1:
As operações de vendas para as empresas localizadas na ZFM têm tratamento especial quanto aos 
tributos de ICMS, IPI, PIS e Cofins sempre que forem utilizadas para a industrialização ou comercialização 
e não forem de produtos supérfluos.
Afirmativa 2:
Isso porque, para efeito fiscal, as mercadorias comercializadas equivalem a uma importação de país 
estrangeiro.
A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que:
A) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira.
B) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
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Planejamento tributário
C) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
D) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.
E) As duas afirmações são falsas.
Resposta desta questão na Plataforma.

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