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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Ciências e Tecnologia ECT 1301 - Probabilidade e Estatística Prof. Sandro Bruno do Nascimento Lopes Prova 2 - Tarde 2015.1 GABARITO 1. (2, 0 pontos) A massa X, em gramas, de um determinado tipo de laranja varia de acordo com a seguinte função f(x): f(x) = x− 4 k , 35 ≤ x ≤ 45 0, caso contrário (a) (1, 0 ponto) Determine o valor de k para que f(x) seja considerada um função densidade de probabilidade; Para que a função f(x) seja, de fato, uma função densidade de probabilidade, é preciso garantir que: 1. f(x) ≥ 0, para qualquer valor de x; 2. ∫ ∞ −∞ f(x)dx = 1. Para a primeira condição, é necessário avaliar o comportamento de f(x) quando 35 ≤ x ≤ 45, já que é a única parcela que pode sofrer alteração (para os outros valores de x, f(x) = 0, valor este que satisfaz a primeira primeira condição). No intervalo 35 ≤ x ≤ 45, f(x) = x− 4 k = (x − 4) ∗ 1 k . Para saber qual valor k pode assumir, precisa-se verificar o comportamento de x − 4. Como x − 4 ≥ 0 implica que x ≥ 4, e esta condição obedecida para todos os valores dentro do intervalo 35 ≤ x ≤ 45, então sempre se terá x−4 ≥ 0. Logo, para que f(x) ≤ 0, bastaria que k ≥ 0. No entanto, k é um denominador, de forma k 6= 0. Logo, para a primeira condição ser satisfeita, é necessário que k > 0. Para a segunda condição, é necessário que ∫ ∞ −∞ f(x)dx = 1: ∫ ∞ −∞ f(x) dx = 1→ ∫ 45 35 x− 4 k dx = 1→ 1 k ∫ 45 35 x− 4 dx = 1→ ∣∣∣∣∣x22 − 4x ∣∣∣∣∣ 45 35 = 1 ∗ k → k = [( 452 2 − 4 ∗ 45 ) − ( 352 2 − 4 ∗ 35 )] → k = [(832, 5)− (472, 5)]→ k = 360 Como k = 360 > 0, então este é o real valor da constante. Logo, k = 360. (b) (1, 0 ponto) Estabeleça a função de distribuição acumulada F (x) e calcule a probabilidade de uma laranja deste tipo ter massa maior que 42 gramas. Determinado o valor de k, é possível reescrever a função densidade de probabilidade f(x) como segue: f(x) = x− 4 360 , 35 ≤ x ≤ 45 0, caso contrário 1 Expandindo a função f(x) no intervalo (−∞;∞), tem-se que: f(x) = 0, x < 35; x− 4 360 , 35 ≤ x ≤ 45 0, x > 45. Sabe-se que a função de distribuição acumulada F (x) pode ser definida a partir da função densidade de probabilidade f(x) a partir da expressão: F (x) = ∫ x −∞ f(u)du Como f(x) é dividida em três intervalos contínuos (x < 35, 35 ≤ x ≤ 45 e x > 45) , é necessário avaliar cada parte separadamente: • Para x < 35: F (x) = ∫ x −∞ f(u)du = ∫ x −∞ 0 du = 0 • Para 35 ≤ x ≤ 45: F (x) = ∫ x −∞ f(u)du = ∫ 35 −∞ 0 du+ ∫ x 35 u− 4 360 du = 0 + 1 360 ∫ x 35 u− 4 du = 1360 [ u2 2 − 4u ]∣∣∣∣∣ x 35 = 1360 [( x2 2 − 4x ) − ( 352 2 − 4 ∗ 35 )] = 1360 [( x2 2 − 4x ) − (472, 5) ] = 1360 [ x2 2 − 4x− 472, 5 ] = 1360 [ x2 − 8x− 945 2 ] = x 2 − 8x− 945 720 • Para x > 45: F (x) = ∫ x −∞ f(u)du = ∫ 45 −∞ f(u)du+ ∫ x 45 0 du = F (45) + 0 = 45 2 − 8 ∗ 45− 945 720 = 2.025− 360− 945 720 = 2.025− 1.305720 = 720 720 = 1 Portanto, a função de distribuição acumulada F (x) é dada por: F (x) = 0, x < 35; x2 − 8x− 945 720 , 35 ≤ x ≤ 45; 1, x > 45 O problema pede, ainda, para determinar a probabilidade de uma laranja deste tipo ter massa maior que 42 gramas. Com relação a variável aleatória em questão, este problema pode ser reescrito como P (X > 42). Através da função de distribuição acumulada, tem-se que: P (X > 42) = 1− F (42) = 1− 42 2 − 8 ∗ 42− 945 720 = 1− 1.764− 336− 945 720 = 1− 1.764− 1.281720 = 1− 483 720 = 1− 0, 6708 = 0, 3292 2 Portanto, a probabilidade de uma laranja deste tipo ter massa maior que 42 gramas é de 32, 92%. 2. (2, 0 pontos) Uma grande universidade resolveu fazer um levantamento sobre a proporção de alunos que falam inglês de maneira fluente. Para tanto, um grupo de 279 alunos foi selecionado de maneira aleatória. Destes, 83 afirmaram que falam inglês fluentemente. A partir destes dados, estabeleça um Intervalo de Confiança, com nível de confiança de 98%, para a proporção em questão. Primeiramente, o problema pede para determinar um Intervalo de Confiança de 98% para a proporção p de alunos que falam inglês fluentemente. Este intervalo é definido como:pˆ− z1−α2 √ pˆ(1− pˆ) n ; pˆ+ z1−α2 √ pˆ(1− pˆ) n Para, de fato, utilizar esta expressão para definir o Intervalo de Confiança, é preciso vericar se a proporção amostral pode ser aproximada por uma distribuição normal. Isto é feito verificando as condições npˆ ≥ 5 e n(1− pˆ) ≥ 5. De uma amostra de 279 alunos, verificou-se que 83 alunos falam inglês fluente, logo a propor- ção amostral é dada como pˆ = 83279 ≈ 0, 2975. Consequentemente: • npˆ = 279 ∗ 0, 2975 = 83, 0025 ≥ 5; • n(1− pˆ) = 279 ∗ (1− 0, 2975) = 283 ∗ 0, 7025 = 195, 9975 ≥ 5; Logo, o intervalo de Confiança pode ser definido pela expressão dada anteriormente. Como o nível de confiança estabelecido foi de 98%, tem-se que: • (1− α) ∗ 100% = 98%; • 1− α = 0, 98; • α = 0, 02; • 1− α2 = 1− 0, 02 2 = 1− 0, 01 = 0, 99; • Valor crítico: z 1− α 2 = z0,99(Φ(z0,99) = 0, 99) ≈ 2, 33. Portanto, o intervalo de confiança será:pˆ− z1−α2 √ pˆ(1− pˆ) n ; pˆ+ z1−α2 √ pˆ(1− pˆ) n 0, 2975− 2, 33 √0, 2975(1− 0, 2975) 279 ; 0, 2975 + 2, 33 √0, 2975(1− 0, 2975) 279 [0, 2975− 2, 33 (0, 0274) ; 0, 2975 + 2, 33 (0, 0274)] [0, 2975− 0, 0638; 0, 2975 + 0, 0638] [0, 2337; 0, 3613] 3 O Intervalo de Confiança para a proporção populacional definido para este problema é [0, 2337; 0, 3613]. 3. (2, 0 pontos) A frequência real de sintonia de uma rádio comunitária varia unifor- memente entre 26 e 28 kHz. (a) (0, 5 ponto) Qual a probabilidade da frequência de sintonia ser maior que 27, 3 kHZ; Pelo problema, é informado que a variável aleatória associada X = { Frequência real de sintonia de uma rádio comunitária } possui distribuição uniforme, cujos valores estão entre a = 26 e b = 28 kHz. Isto significa que X ∼ U(26; 28). Para a distribuição uniforme, a função de distribuição acumulada F (x) é dada por: F (x) = 0, x < a; x− a b− a , a ≤ x ≤ b; 1, x > b No problema, ela pode ser escrita por: F (x) = 0, x < 26; x− 26 28− 26 , 26 ≤ x < 28; 1, x ≥ 28 = 0, x < 26; x− 26 2 , 26 ≤ x < 28; 1, x ≥ 28 Pede-se para calcular a probabilidade da frequência de sintonia ser maior que 27, 3 kHz, matematicamente expressa por P (X > 27, 3). Logo: P (X > 27, 3) = 1− F (27, 3) = 1− 27, 3− 262 = 1− 1, 32 = 1− 0, 65 = 0, 35 Portanto, a probabilidade da frequência real de sintonia ser maior que 27, 3 kHz é de 35%. (b) (0, 75 ponto) Qual a frequência de sintonia máxima mantida pela rádio em 75% do seu tempo de funcionamento? A questão pede para estabelecer a frequência real de sintonia máxima que é mantida pela rádio em 75% do seu tempo de funcionamento. Em termos da variável aleatória, é o valor de xp para o qual, em 75% do tempo, a rádio esteja operando em uma frequência igual ou menor do que ele. P (X ≤ xp) = 0, 75. Consequentemente: P (X ≤ xp) = 0, 75→ F (xp) = 0, 75→ xp − 262 = 0, 75 → xp − 26 = 0, 75 ∗ 2→ xp − 26 = 1, 5→ xp = 26 + 1, 5 → xp = 27, 5 4 Portanto, a a frequência real de sintonia máxima mantida pela rádio em 75% do seu tempo de funcionamento é de 27, 5 kHz. (c) (0, 75 ponto) A rádio entrou com um pedido de cadastramento junto a pre- feitura para uso exclusivo de uma faixa de frequência para ser sintonizada por toda a cidade. A prefeitura cedeu à ela uma faixa referente a todas as frequências que estão a até 0, 35 kHz da média da distribuição da frequência real de sintonia da rádio. Determine, então, a faixa de frequência cedida pela prefeitura e qual a probabilidade da rádio mantersua frequência real de sintonia nesta faixa. O item pede para estabelecer a faixa de frequência cedida pela prefeitura para que a rádio possa ser sintonizada em toda a cidade. Esta faixa é referente a todas as frequências que estão a até 0, 35 kHz da média da distribuição da frequência real de sintonia da rádio, ou seja, o conjunto de valores entre E(X)−0, 35 e E(X) + 0, 35. Como a frequência real de sintonia da rádio é uma variável uniforme, o seu valor médio E(X) é expresso como: E(X) = a+ b2 = 26 + 28 2 = 54 2 = 27 kHz Neste caso, a faixa de frequência é dada por [E(X) − 0, 35;E(X) + 0, 35] = [27 − 0, 35; 27 + 0, 35] = [26, 65; 27, 35]. A probabilidade da rádio ficar dentro desta faixa pode ser expressa, matematicamente, como P (26, 65 ≤ X ≤ 27, 35), dado por: P (26, 65 ≤ X ≤ 27, 35) = F (27, 35)− F (26, 65) = 27, 35− 262 − 25, 75− 26 2 = 1, 352 − 0, 65 2 = 1, 35− 0, 65 2 = 0, 7 2 = 0, 35 Portanto, a faixa cedida pela prefeitura é [26, 65; 27, 35], e a probabilidade da rádio manter sua frequência real de sintonia na faixa cedida pela prefeitura é de 35%. 4. (2, 0 pontos) A velocidade dos carros em um trecho de uma via é aproximadamente normal com média de 80, 2 km/h e desvio-padrão de 5, 1 km/h. (a) (0, 5 ponto) Calcule a probabilidade do próximo carro a cruzar este trecho passar com velocidade entre 74 e 84 km/h; De acordo com o problema, existe uma variável aleatória X = { Velocidade dos carros em um trecho de uma via }, que possui distribuição normal, com valor médio mu = 80, 2 km/h e desvio-padrão σ = 5, 1 km/h. Ou seja, X ∼ N(80, 2; 5, 12). Como a distribuição de X é expressa por uma distribuição normal não-padrão, define-se o escore-Z Z associada a ela da seguinte forma: Z = X − µ σ = X − 80, 25, 1 Neste item, pede-se para calcular a probabilidade do próximo carro a cruzar este trecho passar com velocidade entre 74 e 84 km/h. Matematicamente, esta informação pode ser 5 expressa como P (74 < X < 84) e é dada por: P (74 < X < 84) = P (74− 80, 2 5, 1 < Z < 84− 80, 2 5, 1 ) = P (−6, 2 5, 1 < Z < 3, 8 5, 1 ) ≈ P (−1, 2157 < Z < 0, 7451) ≈ P (−1, 22 < Z < 0, 75) = Φ(0, 75)− Φ(−1, 22) = 0, 7734− 0, 1112 = 0, 6622 Logo, a probabilidade do próximo carro a cruzar este trecho passar com velocidade entre 74 e 84 km/h é de, aproximadamente, 66, 22%. (b) (0, 75 ponto) Qual a probabilidade de um carro ser multado neste trecho, sabendo que a velocidade máxima permitida é de 85 km/h? Sabe-se que, para que um carro seja multado neste trecho, ele precisa superar a veloci- dade máxima permitida, que é de 85 km/h. Neste caso, a probabilidade de um carro ser multado neste trecho pode ser reescrita como a probabilidade de um carro ultrapassar o limite de 80 km/h que, matematicamente, pode ser expressa como P (X > 85). O cálculo desta probabilidade é dado como: P (X > 85) = P ( Z > 85− 80, 2 5, 1 ) = P ( Z > 4, 8 5, 1 ) ≈ P (Z < 0, 9412) ≈ P (Z > 0, 94) = 1− Φ(0, 94) = 1− 0, 8264 = 0, 1736 Portanto, a probabilidade de um carro ser multado neste trecho é de, aproximadamente, 17, 36%. (c) (0, 75 ponto) Qual deve ser o limite de velocidade máximo neste trecho para garantir que será respeitado por 80% dos veículos? Nesta questão, pede-se para definir o valor de velocidade que é respeitado por 80% dos veículos. Em termos da variável aleatória em questão, o que se deseja é obter um valor de X, denominado xp, para o qual P (X ≤ xp) = 0, 8. Isto porque, já que se trata de um limite máximo a ser respeitado, espera-se que a porcentagem de veículos definida no problema tenha velocidade igual ou menor que o valor de xp. Reescrevendo o problema em função da variável Z, deseja-se estabelecer zp para o qual P (Z ≤ zp) = 0, 8. Consequentemente: P (Z ≤ zp) = 0, 8→ Φ(zp) = 0, 8→ zp ≈ 0, 84 O valor de velocidade xp desejado é definido através da expressão Z = X − 80, 2 5, 1 : zp = xp − 80, 2 5, 1 → 0, 84 = xp − 80, 2 5, 1 → xp − 80, 2 = 0, 84 ∗ 5, 1→ xp − 80, 2 = 4, 284 → xp = 80, 2 + 4, 284→ xp = 84, 484 km/h Portanto, o valor do limite de velocidade máximo neste trecho que será respeitado por 80% dos veículos é de 84, 484 km/h. 6 5. (2, 0 pontos) Uma suspeita de envenenamento foi levantada a todos os operários de uma grande fábrica de tecidos. A substância em questão é um corante, de- nominado de Y , cuja concentração no sangue de uma pessoa possui distribuição normal. Exames de sangue realizados com amostras de um grupo de 25 operá- rios escolhidos aleatoriamente apresentaram concentração média do corante Y de 1, 54 mg/L, e desvio-padrão de 0, 8 mg/L. Sabendo que, para que seja constatado envenenamento, é preciso que que a concentração média do corante Y no sangue dos operários da fábrica seja maior que 1, 5 mg/L, teste esta hipótese com nível de significância de 5%. O problema pede para estabelecer e concluir sobre a afirmativa que os operários de uma grande fábrica foram envenenados pelo corante Y . Isto implica que de a concentração média do corante Y no sangue dos operários da fábrica é maior que 1, 5 mg/L. Tomada a concentração média como um valor de média populacional, as hipóteses do teste são:{ H0 : µ = 1, 5 mg/L; H1 : µ > 1, 5 mg/L. De forma que se trata de um teste de média unicaudal superior, com nível de significância α = 5% = 0, 05. Como é fornecido o desvio-padrão amostral, referente a uma amostra 25 operários, s = 0, 8 mg/L, então o teste utilizado é o teste T para média, dada por: t = x¯− µs√ n Para tanto, é preciso verificar se o teste pode ser utilizado. Isto é feito conferindo se a população é distribuída normalmente ou se o tamanho da amostra é elevado o suficiente (maior ou igual a 30) para valer o Teorema do Limite Central. Neste caso, é informado que a concentração do corante no sangue de uma pessoa - variável aleatória associada a população de operários da fábrica - possui distribuição normal. Neste teste, será utilizada a abordagem por valor crítico. Para o caso unicaudal superior, a região de rejeição é dada por [tα,n−1;∞). Portanto: • n− 1 = 25− 1 = 24; • α = 0, 05; • tα,n−1 = t0,05,24 ≈ 1, 711; • Região de rejeição: [1, 711;∞) Da amostra com n = 25 operários, constatou-se uma concentração média do corante de x¯ = 1, 56 mg/L. Logo, a estatística de teste z é dada por: z = x¯− µs√ n = 1, 54− 1, 50, 8√ 25 = 0, 040, 8 5 = 0, 040, 16 ≈ 0, 25 Como a estatística de teste z0 = 0, 25 não pertence a região de rejeição [1, 711;∞), então não rejeita-se a hipótese H0 em favor de H1. Isto significa que não existem evidências fortes o 7 suficiente para afirmar que a concentração do corante Y no sangue dos operários é maior que 1, 5 mg/L, constatando envenenamento. 8
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