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Autoras: Profa. Márcia Selivon
 Profa. Siomara Ferrite Pereira Pacheco
Colaboradores: Profa. Cielo Festino
 Profa. Joana Ormundo
 Prof. Adilson Silva Oliveira
Morfossintaxe da Língua 
Portuguesa
Professoras conteudistas: Márcia Selivon / Siomara Ferrite Pereira Pacheco
Márcia Selivon
Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras, além de Licenciada 
na Faculdade de Educação, na Universidade de São Paulo. Nessa mesma universidade, defendeu sua 
dissertação de mestrado na área de Filologia e Língua Portuguesa. No momento, elabora sua tese de 
doutorado na mesma área.
Profissionalmente, atua no ensino da língua portuguesa desde 1992. Participa também de bancas 
a correção de textos dissertativos em vestibulares e concursos públicos.
Desde 2004, é professora da Universidade Paulista (UNIP), ministrando aulas no curso de Letras 
(Presencial) e no curso de Letras na UNIP Interativa, auxiliando também na elaboração de material 
didático, do qual este livro‑texto faz parte.
Siomara Ferrite Pereira Pacheco
É mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) 
e doutoranda pela mesma instituição. Desde início de 2010, professora na Universidade Paulista 
(UNIP) de disciplinas ligadas à área de Língua Portuguesa. 
Além da experiência no nível superior, já lecionou no ensino básico, tanto em escolas particulares 
quanto em escolas públicas. Participa de bancas de correção como ENEM, ENADE, entre outras.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S465 Selivon, Márcia
Morfossintaxe da Língua Portuguesa. / Márcia Selivon. Siomara 
Ferrite Pereira Pacheco. ‑ São Paulo: Editora Sol.
140 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑055/11, ISSN 
1517‑9230
1. Língua portuguesa 2. Morfossintaxe 3.Análise linguística I.Título
CDU 37.01
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Janandréa do Espirito Santo
Sumário
Morfossintaxe da Língua Portuguesa
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 NOÇõES BáSICAS PARA O ESTUDO DE MORFOSSINTAXE .............................................................. 12
1. 2 Classificação morfológica das palavras ..................................................................................... 19
1.2.1 Substantivo ............................................................................................................................................... 20
1.2.2 Adjetivo ....................................................................................................................................................... 22
1.2.3 Verbo ............................................................................................................................................................ 23
1.2.4 Advérbio ...................................................................................................................................................... 28
2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS .......................................................................................... 37
2.1 Neologismos fonológicos .................................................................................................................. 40
2.2 Neologismos: estrangeirismos ........................................................................................................ 40
2.2.1 Empréstimo lexical ................................................................................................................................. 41
2.2.2 Empréstimo semântico ......................................................................................................................... 42
2.2.3 Empréstimo estrutural .......................................................................................................................... 42
2.3 Funções dos gramemas na relação morfossintática .............................................................. 46
Unidade II
3 ORAÇõES E SINTAGMAS .............................................................................................................................. 62
3.1 Estudo dos termos da oração .......................................................................................................... 68
3.1.1 Sujeito ......................................................................................................................................................... 70
3.1.2 Predicado e complementos verbais ................................................................................................. 76
4 FUNÇÃO SINTáTICA DOS SINTAGMAS AUTôNOMOS E INTERNOS ............................................. 83
Unidade III
5 A SINTAXE E A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL ............................................................................................... 94
5.1 Sintaxe de colocação .......................................................................................................................... 94
5.1.1 Advérbios transpostos ........................................................................................................................... 96
5.2 Sintaxe de concordância ................................................................................................................... 98
5.3 Sintaxe de regência ............................................................................................................................. 99
6 O USO DA VíRGULA ......................................................................................................................................102
Unidade IV
7 HIERARQUIA GRAMATICAL .......................................................................................................................109
8 PERíODOS COMPOSTOS .............................................................................................................................. 110
8.1 Período composto por coordenação .......................................................................................... 110
8.2 Período composto por subordinação ......................................................................................... 112
8.2.1 Orações subordinadas substantivas .............................................................................................. 113
8.2.2 Orações subordinadas adjetivas ......................................................................................................117
8.2.3 Orações subordinadas adverbiais ................................................................................................... 119
8.2.4 Orações reduzidas ................................................................................................................................ 125
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno e leitor,
Esta disciplina tem por base o estudo dos processos morfossintáticos da língua, assim como a 
identificação, descrição e uso das categorias gramaticais. A estrutura sintagmática do português – tipos 
de sintagma e as funções sintáticas correspondentes – também é nosso objeto de estudo. Entretanto, é 
preciso que tenhamos um olhar mais amplo para a língua, comparando pontos de vista mais modernos 
a outros mais tradicionais.
Para tanto, temos por objetivos gerais o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da competência 
linguística do aluno, melhorando seu desempenho como estudioso e usuário das estruturas e dos 
processos morfossintáticos da língua portuguesa.
Os objetivos específicos desta disciplina são:
•	 desenvolver a habilidade de observação e de análise das estruturas e dos processos morfossintáticos 
da língua;
•	 desenvolver a capacidade de reflexão crítica sobre conceitos tradicionais e modernos da 
morfossintaxe;
•	 capacitar o aluno na análise, descrição e explicação do funcionamento morfossintático da 
língua;
•	 desenvolver estratégias de ensino eficientes da morfossintaxe aplicadas ao uso efetivo da língua.
Assim, você, caro leitor e aluno, encontrará nosso conteúdo distribuído em quatro unidades, da 
seguinte forma:
Unidade I: considerações iniciais sobre os níveis de análise dos fatos linguísticos: os eixos 
paradigmático e sintagmático e os processos morfossintáticos da língua; critérios mórfico e semântico 
para a classificação das palavras.
Unidade II: a identificação, classificação e função dos sintagmas na oração. 
Unidade III: a sintaxe de colocação, de regência e de concordância e o uso da vírgula.
Unidade IV: o período composto. 
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INTRODUÇÃO
Caro aluno, iniciaremos as reflexões sobre a morfossintaxe da língua portuguesa. Procure observar, 
com muita atenção, os conceitos mais tradicionais e mais atuais sobre a descrição da língua, para que 
você possa aperfeiçoar sua capacidade de análise crítica.
Perceba como é enriquecedor observar os elementos estruturais da nossa língua, tanto para o 
aperfeiçoamento dos estudos linguísticos quanto para aplicação, em sala de aula, dos conceitos 
aprendidos.
É importante saber que os estudos morfológicos capacitam os usuários da língua a estabelecer 
relações entre forma e significado das palavras. A morfologia flexional descreve os mecanismos 
sintáticos básicos – como a concordância de gênero, número e pessoa – e a morfologia lexical descreve 
os processos de derivação e composição de palavras.
E por que morfossintaxe? Todo estudo morfológico relaciona‑se ao eixo paradigmático e o estudo 
sintático relaciona‑se ao eixo paradigmático. Segundo Sautchuk (2004), esses dois eixos não podem ser 
considerados separadamente e seria melhor um estudo integrado “morfossintático”. Assim, para analisar 
as funções das palavras, é necessário que se tenha conhecimento das classes gramaticais e das relações 
que podem ser feitas entre elas.
Ainda cabe lembrar que a linguagem humana é muito complexa e, embora haja várias especialidades 
e áreas de pesquisa, os estudos ampliam‑se e complementam‑se em uma perspectiva interdisciplinar.
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Morfossintaxe da língua portuguesa
Unidade I
A revolta das palavras
Língua Portuguesa convocou todas as palavras para uma Assembleia Geral. O motivo foi 
o veemente apelo que lhe fizeram alguns de seus súditos mais fiéis que vangloriavam de 
conhecê‑la por dentro e por fora.
Ela ia passando faceira em seu gingado natural, engordando uns quilinhos aqui, ao ingerir 
palavrinhas novas, e emagrecendo acolá, como sói acontecer às línguas, que, sendo gulosas 
por natureza, alimentam‑se de gregos e troianos. Mas os súditos fiéis interromperam sua 
marcha normal para reclamar a deformação que vinha sofrendo sua bela figura, causada, 
principalmente, por estrangeirismos abomináveis. A “mui fremosa senhora”, que é muito 
vaidosa, concordou com a ideia.
O planejamento do conclave ficou a cargo dos seus Ministros: os Advérbios de Tempo, 
Modo e Lugar. Lugar determinou que a reunião realizar‑se‑ia na Mansão Verde Amarelo, por 
ser a maior de suas casas, e assim poder acomodar todo mundo. Advérbio de Modo, que 
muito mente, disse que estava doente, a forma do conclave ficou meio indefinida.
Houve convocação compulsória para os formadores da estrutura gramatical como 
os Artigos, as Preposições, as Conjunções, as Flexões, os Verbos Auxiliares e outros, todos 
soldadinhos pequeninos, mas de tal eficiência que se constituem na guarda de sua 
Majestade.
As flexões, como se sabe, por serem sufixos, só têm em um braço, o esquerdo. As 
Interjeições, coitadas, formam uma classe marginalizada. Ficou determinado que elas se 
encarregariam dos ohs e ahs durante a sessão.
As demais palavras foram convidadas, mas não estavam obrigadas a comparecer. Assim, 
os Arcaísmos decidiram não ir, por serem “muito velhos”.
No momento fixado, foram chegando convocados e convidados.
Os prefixos gregos e latinos, todos manetas, chegaram vestidos a caráter. Os gregos 
com túnicas brancas e leves, um ombro descoberto, usavam sandálias com tiras cruzadas 
nas pernas. Os latinos, muito romanos, usavam braceletes no braço que restava, o direito, 
e à cabeça traziam coroas de louros. Eles tinham o ar da superioridade que só o poder 
consente.
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Como são altivos esses prefixos – todos metidos a besta e muito unissex. Tele mantinha 
um ar distante. O A grego tudo negava, e o latino ora aproximava‑se, ora afastava‑ se e, às 
vezes, também negava. Anti e Ante chegaram juntos, este último precedendo o primeiro, 
que, como o A grego, acima descrito, também é da oposição.
No momento certo, todos tomaram seus lugares. A tribuna de honra fora reservada para 
a nobreza. Latinos e gregos ocuparam‑na.
As palavras de origem latina constituíam a maior parte do plenário. As eruditas 
sentaram‑se logo na frente; depois, sentaram‑se as populares. Em seguida, sentaram‑se as 
multinacionais: empréstimos franceses, muito perfumados por Dior; ingleses, usando sua 
melhor gabardina; italianos, quase todos muito musicais; e alemães, todos muito marciais. 
Os africanos de diversas regiões cheiravam à comida gostosa e coloriam o plenário com 
símbolos religiosos. Eu quase esquecia de dizer que, a um canto, estavam Açúcar, Alcatifa e 
outros árabes de turbante, alguns dos quais representantes da OPEP.
Lá em cima, na galeria, instalaram‑se os neologismos, as siglas, as abreviações famosas. 
Nos corredores e escadas, sentadas pelo chão, estavam as gírias, bem hippies, mal comportadas 
como elas só – assobiando, conversando, comendo pipoca, mascando chicletes, fumando e 
botando cinza no chão.
Finalmente, foi aberta a sessão. Como Língua Portuguesa não havia tido a devida 
assessoria de seu Ministro, Advérbio de Modo, não sabia bem como encaminhar os trabalhos. 
Um pouco titubeante, ela começou solicitando que quem não fosse completamente 
brasileiro se retirasse. Foi um alvoroço. Levantou‑se todo mundo. Só ficaram sentadas 
uma meia dúzia de palavras que, embora nuas, estavam revestidas de muita brasilidade. 
Eram as de origem indígena. Jacaré cutucou Jaguar e ambos riram da mancada da bela 
senhora.
Percebendo sua precipitação, Língua Portuguesa pigarreou, pediu ordem no plenário 
e reformulou suaspalavras, convidando a retirarem‑se as palavras que não fossem 
legitimamente vernáculas.
Novamente deu confusão pela profusão de elementos que se levantaram, uns 
conformados, outros protestando veementemente. Alguns até alegaram pertencer à terceira 
ou quarta geração de aportuguesados e ter compatriotas com muito status, ocupando altos 
cargos governamentais e políticos e com poder econômico incontestável.
Língua Portuguesa pensou: “assim não dá”, e resolveu pedir que apresentassem uma 
a uma as palavras estrangeiras para contar sua história. Assim, ela teria condições de 
julgar.
A primeira a apresentar‑se foi Xícara, que disse ser uma nativa pura, mas não sabia 
bem se do México ou da América Central (palavras não conhecem fronteiras). Disse que 
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Morfossintaxe da língua portuguesa
vivia bem em seu rincão natal, quando um espanhol dela usou e abusou. O mesmo fizeram 
muitos de seus compatriotas que por ela se apaixonaram. Então, ela saiu de casa para viver 
com os espanhóis. Mas esses latinos volúveis logo se cansaram de sua beleza.
Como estava longe de casa, ela entrou pela porta do Brasil, onde foi muito bem recebida, 
e assim foi ficando por aqui. Lembrou até que causou confusão na Academia Brasileira de 
Letras, quando discutiram sua grafia x ou ch. Então ela disse:
— Andei, virei, mexi e parei aqui. Sou tão vernáculo quanto você. Sou um símbolo 
nacional. Quem me rejeitar xicrinha de café não vai mais tomar.
Língua Portuguesa ficou perplexa. Não se havia dado conta de tão grande verdade. 
Concedeu imediatamente vernaculania à palavra. A aclamação foi geral.
Quem sabe, talvez devêssemos tomar café em xícara com ch.
Aí... Futebol, sempre com a bola no pé, deu com o foot na ball e pediu a palavra. 
Levantou‑se, muito inglês, posudo, com o respaldo do Banco de Londres e da rainha, e com 
a aquiescência da Seleção, reivindicando que já tinha grafia própria. Que mais lhe faltava?
Disse que se fosse banido não mais se faria jogo no Brasil.
A gleba de tricampeões explodiu.
Nesse momento, Ludopédio interveio:
— Vieste de longe, oh inglês, usurpar o meu lugar tal qual fizeste às Malvinas. E eu, como 
é que vou ficar?
Mas ninguém deu bola pra ele.
Língua Portuguesa, perdendo a postura e compostura, quase perdeu também o rebolado. 
Ficou nervosa. Em menos de um momento, concedeu vernaculania à palavra.
O triunfo desses itens lexicais estimulou outros tantos. Piano levantou‑se, liderando 
seus compatriotas, alguns bem famosos como Chau e Pizza, e reivindicou para os italianos 
o direito à vernaculania.
O tumulto que se seguiu foi geral. Saionara, Sputnik, Garçon e muitas outras palavras, 
cada qual liderando um contingente de compatriotas, gritavam por greve.
Língua Portuguesa ficou atordoada. Viu‑se diante de uma guerra sonora tão calamitosa 
que, se não fosse controlada rapidamente, desencadearia uma mudez continental. Muito 
doidona, enfurecida pela pressão dos súditos fiéis e vencida pelos argumentos incontestáveis 
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dos componentes de seu próprio corpo, nomeou a linguística por interventora. Esta, 
embora sob protestos, deu fim à baderna. Pôs os pontos nos is explicando à mui formosa 
senhora toda a complexidade de sua estrutura. Ela compreendeu. Sorriu, deu de ombros 
e, assumindo sua própria natureza, dissolveu a assembleia. Os súditos mais fiéis ficaram a 
ver navios e a Língua evoluiu, entrando por uma perna de pinto e saindo por uma perna 
de pato...
PALáCIO, Adair In: CARVALHO, 1989, p. 06‑09.
Nesta unidade, iniciaremos nosso estudo sobre morfossintaxe. Para tanto, abordaremos primeiramente 
alguns conceitos básicos antes de tratarmos de outros aspectos mais específicos do conteúdo, os quais 
serão tratados na sequência.
Sugerimos que consulte as fontes indicadas, a fim de aprofundar seus conhecimentos e 
esclarecer algumas dúvidas que possam surgir no decorrer da leitura, visto que nossa preocupação 
foi a de simplificar os conteúdos neste momento e, assim, não dificultar seu contato inicial com a 
disciplina.
1 NOÇõES báSIcAS PARA O ESTUDO DE MORFOSSINTAxE
Antes de iniciarmos nossos estudos de morfossintaxe, precisamos compreender alguns conceitos 
que servirão de base para eles.
Primeiramente, quando falamos em sintaxe, ou melhor, morfossintaxe, questionamos o que 
seria isso. Não podemos nos esquecer, todavia, de que todo falante recorre a regras que já tem 
internalizadas e é a partir delas que ele formula suas frases e expressa‑se em língua, em nosso 
caso, portuguesa.
O falante reconhece frases que são consideradas “bem formadas” e rejeita o que não o seria. Como, 
por exemplo, se alguém disser “nós iniciamos um estudo de língua portuguesa”, esse enunciado será 
reconhecido como gramaticalmente bem construído, o que não ocorreria, por exemplo, se fosse dito 
“um nós de língua iniciamos estudo portuguesa”.
Então, não podemos negar que existe uma regra internalizada na mente do falante dessa língua, 
que permite reconhecer o que seja gramaticalmente aceito e o que não o seja. A partir de uma espécie 
de “arquivo mental”, o falante seleciona e organiza as palavras e formula as frases, as orações, enfim, o 
texto.
As línguas são muito complexas, por isso devem ser estudadas em vários níveis que analisam os 
fenômenos gramaticais. Cada um desses níveis estabelece um enfoque diferente em relação aos aspectos 
linguísticos.
Note como a oração a seguir pode ser analisada por diferentes pontos de vista:
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Morfossintaxe da língua portuguesa
João chamou Paulo.
Como você pode analisar essa oração em relação a sua pronúncia?
Em relação à pronúncia, será verificado que há um ditongo nasal na palavra João e a vogal final de 
Paulo pode ser pronunciada como um u [u]. Todas essas observações podem ser feitas, portanto, a partir 
de uma perspectiva fonológica.
Como você pode analisar essa oração em relação aos seus morfemas?
Essa mesma frase pode ser estudada em relação a sua composição, observando‑se que a palavra 
“chamou” é formada por dois elementos: “cham–” + “–ou”. Existem também regras que organizam 
a associação dessas partes de palavras (denominadas morfemas). O estudo dos morfemas e de suas 
associações se denomina morfologia.
Como você pode analisar essa oração em relação à combinação de palavras?
Nessa perspectiva, levam‑se em conta as maneiras como se associam as palavras para formar frases. 
Assim, podemos observar que existe uma regra pela qual a terminação de “chamou” depende do elemento 
“João”. Note que, se substituirmos “João” por “eles”, a terminação “–ou” terá que ser substituída pela 
terminação “–aram”. Dessa forma, “chamou” será substituído por “chamaram”. Além disso, se trocarmos 
o último elemento da frase, “Paulo”, por “eles”, não haverá mudança em relação à forma do verbo 
“chamou”. Todas essas observações relacionam‑se com a estruturação interna da frase e constituem o 
estudo da sintaxe.
Como você pode analisar essa oração em relação ao seu significado?
Pode‑se observar que João designa um homem e Paulo também; que Paulo é a pessoa que foi 
chamada e não João; que o chamado aconteceu no passado e não no presente. Traços de significado 
como esses estão relacionados aos aspectos da semântica.
Assim, a gramática de uma língua inclui os seguintes componentes: a fonologia, a morfologia, a 
sintaxe e a semântica dessa língua.
A fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica (mais o léxico) constituem o estudo da estrutura 
interna de uma língua, aquilo que a distinguedas outras línguas do mundo. É importante lembrar que 
esses aspectos não decorrem diretamente de condições da vida social ou do conhecimento do mundo, 
aspectos extralinguísticos.
Daí a necessidade de entendermos alguns conceitos que elucidam essa organização que o falante 
elabora e que, muitas vezes, não sabe descrever. Essa é tarefa dos estudiosos da língua, como, por 
exemplo, os estudantes de Letras. É isso mesmo, caro aluno: ao inserir‑se na área, você começa a 
desenvolver habilidades para realizar tais investigações.
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Dessa forma, o primeiro conceito importante para entendermos essas leis que organizam a 
fala (e a escrita) de uma determinada língua, no nosso caso, a língua portuguesa, é o da dupla 
articulação da linguagem, proposto por um estudioso chamado Martinet, nas décadas de 1960 e 
1970.
Segundo esse estudioso, ao descrever a língua, precisamos distinguir as unidades significativas das 
não significativas, ou seja, reconhecer os dois planos da estrutura linguística: o do conteúdo (unidades 
significativas) e o da expressão (unidades não significativas). O primeiro denomina‑se primeira articulação 
e o segundo corresponde à segunda articulação.
Para melhor compreendermos essa definição, vejamos o seguinte exemplo:
Nós chegamos logo.
Ao separarmos as unidades constitutivas desse enunciado, poderíamos agrupá‑las em:
• palavras:
—nós
—chegamos
—logo
• morfemas:
—nósØ
—cheg–a–mos
—log–o
• sílabas:
—’nos
—še – ‘ga – mus
—‘lo – gu/)
• fonemas:
—[nכš e g a m u s l כg u].
Nessa estruturação, podemos observar que os fonemas e as sílabas são vazios de significado, 
enquanto os morfemas e as palavras são providos de significado.
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Morfossintaxe da língua portuguesa
De acordo com a classificação de Martinet (1976), a primeira articulação (ou plano do conteúdo) 
corresponde ao léxico gramatical, em que há proposições, palavras, raízes, afixos; já a segunda articulação 
(ou plano da expressão), em que as unidades são desprovidas de sentido, corresponde a fonemas, acentos, 
sílabas.
Outro conceito necessário para entendermos esse mecanismo de articulação da língua é o de eixo 
sintagmático e, consequentemente, o de eixo paradigmático, no qual o falante realiza as combinações 
para elaborar os enunciados gramaticalmente aceitos na língua.
Imaginemos uma linha horizontal, em que se realizam as combinações (eixo sintagmático) e outra 
linha vertical, em que há as possibilidades de escolha (eixo paradigmático). Então, o eixo paradigmático 
corresponde ao eixo da seleção e o sintagmático, ao da combinação.
Vejamos:
Quadro 1 – Eixos sintagmático e paradigmático
O menino caiu do muro.
A garota sentou na calçada.
O irmão saiu da sala.
Os amigos chegaram do passeio.
Um desconhecido entrou na casa.
Olhando verticalmente, podemos visualizar os grupos que possibilitam a seleção entre “o” ou “a”, por 
exemplo, enquanto artigo definido masculino ou artigo definido feminino. Ao selecionarmos um artigo 
definido masculino, combinamos com este, no eixo sintagmático, um substantivo também masculino, 
como “menino” ou “irmão”, por exemplo.
Ao fazermos as combinações, vamos juntando unidades mínimas significativas no plano do conteúdo, 
para formarmos, por exemplo, uma palavra. Em “menino”, temos o radical “menin–“ e a desinência “o” 
como unidades significativas mínimas.
Daí considerarmos os morfemas como as menores unidades significativas da língua, já que o fonema 
é desprovido de significado e encontra‑se na segunda articulação, no plano da expressão, conforme 
proposto anteriormente.
De acordo com Sautchuk, há uma hierarquia gramatical,
que nada mais é do que uma escala de unidades linguísticas organizadas 
segundo graus de posição que seguem princípios constitutivos da língua; (...) 
as unidades linguísticas se combinam entre si formando unidades em níveis 
de construção cada vez mais complexos e de diferentes funcionalidades 
(SAUTCHUK, 2004, p. 03).
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Podemos visualizar essa hierarquia gramatical considerando a gradação da menor para a maior 
unidade linguística da seguinte forma:
Morfema (garot‑ / ‑o)
 
Vocábulo/palavra (garoto)
 
Sintagma (O garoto)
 
Frase/oração (O garoto sumiu.)
 
Período (O garoto sumiu.)
 
Texto (Enquanto a mãe trabalhava, o garoto bonito sumiu de casa.)
Figura 1 – hierarquia gramatical
A visão estruturalista da língua, proposta por alguns estudiosos, entre eles o que ficou conhecido 
como marco desse paradigma de pesquisa, Ferdinand de Saussure (cujos estudos mais aprofundados 
encontram‑se no Curso de Linguística Geral – 2006), propõe que toda língua tem sua forma, sua estrutura, 
suas categorias, às quais chegamos pelo princípio de comutação, isto é, opondo pares dessas unidades.
Como no exemplo dado anteriormente, ao opormos “o” ou “a”, enquanto artigos, encontramos o 
masculino em oposição ao feminino. Ao realizarmos essa oposição, estamos aplicando o princípio da 
comutação. Esse princípio auxilia a isolar, na cadeia falada, as unidades linguísticas. Trata‑se, portanto, 
de um ponto de vista metodológico proposto pelo estruturalismo para um procedimento de análise.
Segundo Azeredo, o estruturalismo:
insistiu nos aspectos distribucionais – posição na estrutura – e funcionais – 
comportamento na estrutura – das unidades como meio de identificá‑las. Por 
esse prisma, um substantivo em português define‑se, distribucionalmente, 
como uma unidade que pode vir precedida de artigo e, funcionalmente, 
como uma unidade que pode ser sujeito ou objeto. A evidente circularidade 
dessas definições se deve a que as unidades da língua não têm existência 
por si mesmas, mas em função de suas relações (AZEREDO, 2001, p. 23).
Como podemos observar, é preciso deixar de lado algumas ideias propostas pela gramática tradicional 
de substantivo, por exemplo, a de que é a “palavra que dá nome aos seres em geral”. Nessa visão de 
estrutura enquanto “arranjo”, combinação no eixo sintagmático a partir da seleção no eixo paradigmático, 
essas definições oriundas de uma gramática filosófica perdem espaço na descrição da língua.
Partindo do pressuposto de que o morfema é a unidade mínima significativa da língua, há, ainda, a 
proposta de classificação feita por Sautchuk (2004) de que esses morfemas se dividem em dois grupos.
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O primeiro compreende os que têm como função nomear e/ou relacionar os três elementos básicos 
do mundo “biossocial/antropocultural”, que, segundo a autora:
Por meio de recortes dessa realidade biossocial ou antropocultural é que 
se apreendem esses três primeiros elementos, ou seja, os(as): objetos 
– representados pelos substantivos; qualidades – representadas pelos 
adjetivos; ações – representadas pelos verbos (SAUTCHUK, 2004, p. 3).
Portanto, as palavras que são carregadas semanticamente em relação ao mundo biossocial/
antropocultural, de acordo com a autora, constituem os lexemas da língua portuguesa, representados 
pelos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios nominais.
 Lembrete
Lexemas da língua portuguesa: principais classes gramaticais – 
substantivos, adjetivos, verbos e alguns advérbios.
Quanto ao segundo grupo, trata‑se dos morfemas que têm como função apenas relacionar os 
elementos do primeiro grupo. Os elementos deste grupodenominam‑se morfemas gramaticais (ou 
gramemas).
 Lembrete
Morfemas lexicais = lexemas.
Morfemas gramaticais = gramemas.
Advérbios nominais = a maioria deles originam‑se de um adjetivo + 
sufixo mente (sutil + mente = sutilmente).
Retomando, então, essa proposta de classificação morfológica, compreendemos que há três classes 
básicas constituídas por morfemas lexicais, as quais correspondem às classes do substantivo, do 
adjetivo e do verbo. As demais classes gramaticais têm função apenas gramatical, são os gramemas, que 
remetem exclusivamente à superfície linguística, constituindo o que se denomina “inventário fechado”, 
em oposição a “inventário aberto”, relativo aos lexemas.
Mas você deve estar se perguntando: por que “inventário aberto”? Chama‑se “inventário aberto” 
porque o número de palavras desse conjunto é ilimitado e tende a aumentar ao passar do tempo.
E por que “inventário fechado”? Chama‑se “inventário fechado” porque o número de palavras desse 
conjunto não tende a aumentar.
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Os usuários de uma língua podem aprender, com mais facilidade, os termos pertencentes a um 
sistema fechado, como os artigos e preposições. Já o sistema aberto não se assimila totalmente, pois é 
impossível saber todos os substantivos, adjetivos e verbos pertencentes ao idioma.
Em um enunciado, teríamos a categorização em L (= lexema) e em G (= gramema), da seguinte 
forma:
Quadro 2 – Categorização em lexema e gramema
A menina de tranças entrou na sala.
G L G L L em + aG G L
Leia, a seguir, algumas reflexões de Maria Helena de Moura Neves, em relação às classes de 
palavras:
A categorização do léxico é uma operação básica do espírito humano. [...] 
A preocupação com o estabelecimento, a definição e o reconhecimento das 
classes de palavras está na história das reflexões linguísticas. O conhecimento 
das classes de palavras é considerado indispensável para o conhecimento 
das suas funções, que é imprescindível para a compreensão do sentido da 
frase. O reconhecimento dessa ligação entre classe e função, entretanto, não 
pode implicar que se defenda que a cada classe corresponde uma função. 
Pelo contrário, essa falsa ligação constitui um engano, que, aliás, tem raízes 
históricas. [...] Falar das classes de palavras tem sido, tradicionalmente, 
repetir o que se depreendeu dessa organização experiencial e lógica que 
deu origem à compartimentação, sem considerar‑se a complexidade de 
ocorrência das palavras e o papel das diversas classes em determinadas 
funções e em determinados esquemas (NEVES, 2002, p. 119).
Isto posto, chegamos à conclusão de que o estudo da língua deve ser feito morfossintaticamente, isto 
é, que, para compreendermos e descrevermos as classes de palavras, precisamos visualizá‑las na cadeia 
falada e verificar que esta se organiza tanto morfológica quanto sintaticamente, daí a necessidade de 
um estudo morfossintático.
 Lembrete
Dupla articulação: 1ª articulação = plano do conteúdo; 2ª articulação 
= plano da expressão.
Estruturalismo: paradigma de estudos linguísticos, que tem por base 
a estrutura de uma língua, isto é, uma forma convencional que pode ser 
descrita.
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Eixo paradigmático: eixo da seleção dos elementos linguísticos.
Eixo sintagmático: eixo da combinação dos elementos linguísticos.
Princípio da comutação: permuta dos elementos linguísticos na 
cadeia falada.
Morfemas gramaticais: gramemas (inventário fechado, memorizado).
Morfemas lexicais: lexemas (inventário aberto, produtivo da língua).
Ainda segundo Sautchuk:
Quando o falante da língua produz qualquer enunciado, está sempre 
articulando duas atividades linguísticas básicas: a de escolha de uma forma 
e a de relação dessa forma com outra. O ato de escolher realiza‑se dentre 
todo aquele acervo que ele possui de unidades linguísticas que pertencem 
ao sistema fechado da língua (os gramemas) e aqueles que pertencem ao 
sistema aberto (os lexemas) (SAUTCHUK, 2004, p. 3).
Verificamos então que, do ponto de vista estruturalista, gramática (enquanto sistema de regras) e 
estrutura tornaram‑se sinônimos. A essa noção houve acréscimo da noção de constituintes imediatos 
do estruturalismo norte‑americano e, consequentemente, a formulação das regras de estrutura 
sintagmática. Para melhor compreensão dessas regras, veremos adiante a noção de sintagma.
Por ora, vamos ver a proposta de classificação das palavras, convidando você, aluno, a fazer uma 
leitura mais detalhada do manual de morfossintaxe elaborado por Sautchuk, que se encontra nas 
referências bibliográficas.
1. 2 classificação morfológica das palavras
Nos estudos linguísticos, podemos observar que há uma variação nos critérios para a classificação das 
palavras. Esses critérios podem ser morfológicos, sintáticos ou semânticos. Além disso, há uma tendência à 
organização dessas classes de acordo com a visão filosófica das gramáticas que se originaram dos estudos 
dos gregos. Daí a definição, por exemplo, de substantivo como “o que dá nome aos seres no mundo”.
Segundo Macambira (2001), essa designação semântica de substantivo como “aquele que dá nome 
aos seres” tem pertinência em relação aos seres concretos, como “casa”, “floresta”, “roupa”; já para seres 
abstratos, como esperança, o nada, o infinito, é pouco proveitosa. Além disso, existem outras palavras 
usadas como substantivo como “o sim”, “o não”, “o amanhã”, “o se”, “o talvez”, “o mas”, “o quando”.
Essa classificação encontra maior dificuldade quando se trata dos lexemas, isto é, das classes que 
correspondem ao inventário aberto da língua e que apresentam maior produtividade. Os critérios 
mórficos e sintáticos são considerados mais seguros pelos linguistas.
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Exemplificando, entre “menin–o” e “menin–a”, temos na forma as desinências “o” e “a”, que constituem 
gramemas dependentes, para destacar a flexão do gênero masculino para o feminino. Assim, essas 
partículas explicam morfologicamente a flexão de gênero do substantivo.
Do mesmo modo, podemos ter processos de derivação prefixal (“rever”, “infeliz”) ou sufixal 
(“felizmente”, “felicidade”), assim como flexão de número (“menino/menino–s”).
Algumas palavras, como “ônibus”, “pires”, “personagem”, por exemplo, não podem ter seu gênero 
definido por um morfema gramatical preso à palavra. É preciso antepor um artigo “o/a personagem” 
para definir o gênero da palavra, nesse caso. Então, o critério passa a ser sintático.
Com base nesses critérios, vejamos o que propõe Sautchuk (2004) para a classificação das palavras 
em língua portuguesa, uma vez que, segundo a autora, não há classificação predeterminada das palavras, 
tendo em vista a posição que podem ocupar na cadeia falada.
Tipos de morfemas gramaticais:
• Classificatórios:
Vogal temática dos nomes Vogal temática dos verbos
–a : criança, artista, festa –a: falar, amar, dançar
–e: dente, estudante, príncipe –e: comer, vender, fazer
–o: sapato, cabelo, lenço –i: sorrir, sumir, fingir
• Flexionais:
Nomes – gênero e número: garot–o, garot–o–s
Verbos – número/pessoa; tempo–modo: fala–mos, fala–va
Derivacionais:
Prefixos: a–moral; in–feliz; des–amor
Sufixos: feliz–mente; gost–oso
1.2.1 Substantivo
É toda palavra que se deixa anteceder pelos determinantes (artigos, pronomes possessivos, pronomes 
demonstrativos e numerais cardinais ou ordinais). Exemplos:
a, uma, minha, esta, primeira – casa.
o, um, nosso, aquele, terceiro – filho.21
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Esse mecanismo auxilia principalmente na identificação de substantivos abstratos, como nos 
exemplos:
a, nossa – emoção.
o, primeiro – amor.
A força substantivadora dos determinantes pode transformar outra categoria em substantivo, como, 
por exemplo, em:
(1) Um não significa muito para mim.
(2) O seu penar transformou‑se em inferno.
Veja que em (1) a palavra destacada geralmente é usada como advérbio de negação e passa a ser 
substantivo na oração. Já no exemplo (2) a palavra destacada normalmente é um verbo, transformado 
em substantivo com a anteposição do pronome possessivo.
Portanto, no caso do substantivo, é o critério sintático que assegura sua classificação, conforme 
visto nos exemplos.
 Lembrete
Substantivo é a palavra que se deixa anteceder por determinantes.
O artigo também vai definir o significado dos substantivos que, tendo a mesma forma, ao mudarem 
de gênero, mudam de sentido. Veja os exemplos a seguir:
o cabeça – chefe, dirigente, líder;
a cabeça – parte superior do corpo humano;
o capital – riqueza, patrimônio de uma empresa;
a capital – cidade onde está instalada a alta administração de um país ou de um Estado;
o cisma – dissidência de opiniões;
a cisma – devaneio, sonho, fantasia.
Em alguns nomes masculinos ou femininos de gênero único, a marca do gênero está na forma do 
artigo definido que exigem. Veja os exemplos:
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(o) pente
(a) ponte
(o) nauta
(a) estrela
(o) livro
(a) tribo
(o) jacaré
1.2.2 Adjetivo
É a palavra que varia em gênero e número e deixa‑se articular (ou modificar) por outra da classe do 
advérbio. Além disso, aceita o sufixo “mente”. Para tornar‑se mais fácil, levemos em conta que “tão” é 
um advérbio (que pode ser substituído por outro intensificador, como “bem” ou “muito”, por exemplo). 
Assim, em:
(3) A (minha, aquela) amiga (tão) tranquila.
(4) Um (este, meu) aluno (tão) atento.
Em (3), o adjetivo “tranquila” tem variação para o masculino “tranquilo” e poderia derivar 
“tranquilamente”. Da mesma forma, em (4), “atento” tem o feminino “atenta” e pode derivar 
“atentamente”.
Assim como para o substantivo, o mecanismo é eficiente mesmo quando há adjetivação de 
substantivo, como no seguinte exemplo:
Ela é mulher para essa tarefa. (= Ela é muito mulher para essa tarefa).
Veja, então, que o adjetivo pode receber o acréscimo sintático do intensificador e varia em gênero 
e número, além de estar articulado a um substantivo, compondo um par com ele. Esse fato é relevante 
para diferenciá‑lo do advérbio.
 Lembrete
Adjetivo é a palavra que se deixa anteceder por “tão”, variável em 
gênero, número e aceita o sufixo –mente.
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De acordo com Macambira (2001), a gramática tradicional afirma que adjetivo é toda palavra que 
exprime qualidade. Porém, a bondade é uma qualidade e, no entanto, não se pode considerá‑la como 
adjetivo. A maioria das palavras terminadas em “–mente” expressam também qualidade; outros que não 
terminam em “–mente” como “bem” e “mal” expressam também qualidade.
Caro aluno, veja a seguir algumas reflexões sobre o gênero feitas por Sírio Possenti:
Temos claramente concordância de predicativo no feminino em frases como 
“Maria é alta”. Mas temos predicativos no masculino em casos como “Pedro 
é alto”, “Está cheio de laranja na geladeira”, “Aqui é bom”, “Tomar uma 
cerveja seria ótimo”. Para explicar esses três casos, teríamos que aceitar uma 
regra muito estranha: os predicativos concordam no feminino com nomes 
femininos e concordam no masculino em três casos: a) quando se ligam a 
nomes masculinos; b) quando não se ligam a nada; c) quando se ligam a 
orações (plenas ou com elementos elípticos) (POSSENTI, 2001, p. 72).
Veja agora algumas hipóteses de Possenti para explicar esses fenômenos linguísticos:
[...] não há masculino e feminino, mas marca de gênero em alguns casos e 
ausência de marca de gênero em outros. Os elementos marcados quanto ao 
gênero, em português, coincidem exatamente com os casos que estamos 
acostumados a tratar como femininos. Os outros casos, todos, seriam 
considerados sem gênero (inclusive o chamado masculino). Parece evidente 
que se pode aceitar que não há gênero no sujeito quando não há sujeito 
(como em “está frio”); imagino que ninguém resistiria a deixar de considerar 
masculinas as orações objetivas (navegar é preciso, tomar uma cerveja seria 
bom etc. Restaria convencer os leitores de que o que estamos acostumados 
a chamar de masculino na verdade não passa de um caso de não‑feminino, 
ou seja, de ausência de gênero (POSSENTI, 2001, p. 72).
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia, na integra, o artigo “Por que 
sempre ele”, do qual foram retirados os trechos acima. Além desse, há outros 
artigos relevantes no livro do professor Possenti, sobre vários aspectos linguísticos. 
Os dados completos do livro encontram‑se nas referências bibliográficas.
1.2.3 Verbo
Além de ser a classe que admite desinências de número, pessoa, tempo e número, é a única classe 
que se articula com os pronomes pessoais do caso reto. É por esse motivo que o falante tende a conjugar 
o verbo para reconhecê‑lo como tal.
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(5) Eu – falo, amo, possuo.
Nós – falamos, amamos, possuímos.
 Lembrete
Verbo é a palavra que se articula aos pronomes pessoais retos e admite 
desinências de pessoa, número, tempo, modo.
Desinência número‑pessoal:
Fal-o
Fal-a-mos
Desinência modo‑temporal:
Fal-a-va
Fal-á-va-mos
Particularidades das vogais temáticas nos verbos:
• Não há vogal temática na primeira pessoa do singular do indicativo presente e em todo o presente 
do subjuntivo. Exemplos:
AMO: radical AM–; desinência número‑pessoal: –O
AME: radical AM–; desinência modo‑temporal: –E
• O verbo pôr e seus compostos pertencem à segunda conjugação, como se comprova pelo 
aparecimento da vogal temática –e– em algumas formas. Exemplos:
pus‑E‑mos
impus‑E‑r
compus‑E‑sse
• As vogais temáticas podem sofrer alterações formais (alomorfes), dependendo de terminados 
fatores:
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a) a vogal temática –a–, no pretérito perfeito do indicativo, transforma‑se em –e– e –o–, quando 
seguida de –i– ou –u–, respectivamente. Exemplos:
Am‑E‑i
Am‑O‑u
Cant‑O‑u
Cant‑E‑i
b) A vogal temática –e–, no imperfeito do indicativo e no particípio assume a forma –i– (segunda 
conjugação). Exemplos:
Imperfeito:
Beb‑I‑a
Beb‑I‑as
Beb‑í‑a‑mos
Particípio:
Beb‑I‑do
c) A vogal temática –I–, quando átona, passa a –E– no presente do indicativo. Exemplos:
Part‑E‑s
Part‑E
Part‑E‑m
Veja a seguir uma análise mais detalhada da formação dos verbos:
VT = Vogal temática
DMT = Desinência modo‑temporal
DNP = Desinência número‑pessoal
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Modelo: verbo “chamar”
Pretérito Perfeito do Indicativo
VT DMT DNP
CHAM E não há I
CHAM A não há S T E
CHAM O não há U
CHAM A não há M O S
CHAM A não há S T E S
CHAM A não há R A M
Futuro do Presente do IndicativoVT DMT DNP
CHAM A RE I
CHAM A Rá S
CHAM A Rá vazio
CHAM A RE MOS
CHAM A RE IS
CHAM A RÃ O
Futuro do Subjuntivo
VT DMT DNP
CHAM A R vazio
CHAM A R ES
CHAM A R vazio
CHAM A R MOS
CHAM A R DES
CHAM A R EM
Modelo: verbo “vender”
Presente do Indicativo
VT DMT DNP
VEND E vazio O
VEND E vazio S
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VEND E vazio vazio
VEND E vazio MOS
VEND E vazio IS
VEND E vazio M
Pretérito Imperfeito do Indicativo
VT DMT DNP
VEND I A vazio
VEND I A S
VEND I A vazio
VEND I A MOS
VEND I E IS
VEND I A M
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
VT DMT DNP
VEND E SSE vazio
VEND E SSE S
VEND E SSE vazio
VEND Ê SSE MOS
VEND Ê SSE IS
VEND E SSE M
Modelo: verbo “partir”
Futuro do Pretérito Indicativo
 VT DMT DNP
PART I RIA vazio
PART I RIA S
PART I RIA vazio
PART I RIA MOS
PART I RIE IS
PART I RIA M
 PART I RIA vazio 
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1.2.4 Advérbio
É a classe que se articula ao verbo, ao adjetivo e ao próprio advérbio, além de não variar em gênero 
e número (como varia o adjetivo). Do ponto de vista morfológico, toda palavra que aceitar o sufixo 
“mente” passa a ser um advérbio. Exemplos:
(6) Todos pareciam bem.
(7) Todos estavam bem cansados.
(8) Todos chegaram bem mal.
No exemplo (6), “bem” é advérbio modificador do verbo “pareciam”, já no exemplo (7) o advérbio 
“bem” modifica o adjetivo “cansados”. E veja que no exemplo (8) “bem” é um advérbio que modifica 
outro advérbio, “mal”, dando‑lhe intensidade.
Exemplo de advérbio que incide sobre um adjetivo:
Essas atitudes são realmente importantes.
Exemplo de advérbio que incide sobre um verbo:
Acho que este livro vai realmente servir para minha tese.
Exemplo de advérbio que incide sobre um advérbio:
Ele, quase inaudivelmente, murmurou.
 Observação
Importante: um advérbio também pode incidir sobre um enunciado:
Realmente, você não sabe o que diz.
Outra característica do advérbio é deixar‑se articular por “tão” (ou equivalente), como os adjetivos. 
No entanto, o primeiro não varia em gênero e número, ao passo que o segundo varia. Essa particularidade 
abrange advérbios que fazem parte do inventário fechado da língua, isto é, não são derivados de 
adjetivos. Veja os seguintes exemplos:
(9) Sua casa fica perto. (Sua casa fica tão perto.).
(10) Eles partirão depois. (Eles partirão bem depois.).
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Nos exemplos (9) e (10), os advérbios “perto” e “depois” pertencem ao inventário fechado, já foram 
memorizados como advérbios de lugar e de tempo pelo falante.
O mesmo acontece com adjetivos que são adverbializados. Vejamos o que ocorre nos exemplos 
seguintes.
(11) Falei alto para a multidão (alto = advérbio, pois é invariável e se deixa anteceder por “tão”, além 
de se articular ao verbo, modificando‑o).
(12) Paguei barato nessa camisa cara (barato = advérbio, que modifica o verbo, é invariável e se 
deixa anteceder por “tão”; cara = adjetivo que modifica o substantivo, é variável e se deixa anteceder 
por “tão”).
Há advérbios de natureza pronominal, que constituem um inventário fechado e, por isso, são mais 
facilmente reconhecidos. É o caso de “cá”, “aqui”, “acolá”, “lá”. Há também os de natureza nominal, que, 
da mesma forma, constituem um inventário fechado, como “agora”, “nunca”, “sempre”, “hoje”, “ontem”, 
“amanhã”.
Existem também alguns advérbios que são quantificadores e não se deixam anteceder pelo 
intensificador “tão”, como é o caso de “meio”, “mais”, “menos”, “demais”. São palavras invariáveis e 
articulam‑se a um adjetivo ou a um verbo (Ex.: Ela está meio cansada. / Coma menos bolacha.).
Como o adjetivo já é um modificador de um substantivo, normalmente, quando vem acompanhado de 
um advérbio, este funciona como intensificador daquele (“muito bom”, “feliz demais”, “mais/menos triste”).
As demais classes de palavras (artigos, pronomes, numerais, preposições e conjunções) constituem um 
inventário fechado, portanto, é de conhecimento do falante, uma vez que se encontram memorizadas 
por ele.
 Lembrete
Advérbio é a palavra que se deixa anteceder por “tão”, invariável em 
gênero e número.
Há advérbios que se formam a partir de adjetivos como o acréscimo do sufixo “–mente”. Estes 
constituem o inventário aberto. Já outros constituem o inventário fechado e trata‑se daqueles que já 
foram memorizados como tal (por exemplo, aqui, lá, longe, perto etc.) 
 Lembrete
O advérbio pode se articular a um verbo, a um adjetivo ou a outro 
advérbio.
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• Veja alguns advérbios que indicam lugar: aqui, cá, lá, acolá, ali, aquém, algures (em algum lugar), 
alhures (em outro lugar), atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, onde, avante, através.
• Alguns advérbios que indicam tempo: amanhã, hoje, depois, antes, agora, anteontem, ontem, 
sempre, nunca, já, logo, cedo, tarde, ora, afinal, outrora, então, breve, entrementes, brevemente, 
imediatamente.
• Alguns advérbios que indicam modo: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior, 
melhor, suavemente, comumente.
• Alguns advérbios que indicam intensidade: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, 
demasiado, meio, completamente, profundamente, quanto, tanto, bem, mal quase.
• Alguns advérbios de afirmação: sim, deveras, certamente, realmente, efetivamente.
• Alguns advérbios de dúvida: acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto, provavelmente.
• Alguns advérbios interrogativos: onde? Quando? Por que? Como?
Segundo Neves (2000), alguns advérbios modalizadores têm como característica básica expressar 
alguma intenção do falante em relação ao valor de seu enunciado. O uso dos advérbios e das locuções 
adverbiais modalizadoras constitui uma das estratégias para marcar essa atitude do enunciador em 
relação ao que ele próprio diz. Esses aspectos são muito estudados pela Linguística Textual.
Observe a seguir alguns desses modalizadores:
Modalizadores epistêmicos
Esses advérbios expressam uma avaliação que passa pelo conhecimento do falante. O que se avalia 
é o valor da verdade do que é dito no enunciado. Exemplos:
Muitos alunos já provaram, incontestavelmente, sua capacidade.
Eventualmente, ele poderá testar seus conhecimentos.
Ela ainda não sabia de nada certamente.
Sem dúvida, passamos por vários perigos naquele lugar.
Modalizadores delimitadores
Esses advérbios relacionam‑se às afirmações e às negações. O falante apresenta os limites dentro dos 
quais o enunciado deve ser interpretado. Exemplos:
Eu, particularmente, sou a favor do seu projeto.
As mulheres são biologicamente iguais aos homens?
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Modalizadores deônticos
Esses advérbios apontam, em um enunciado, a atitude do falante em relação a algo que deva ocorrer. 
Exemplos:
Os funcionários terão obrigatoriamente que participar de cursos de reciclagem.
Necessariamente, teremos que viajar na próxima semana.
Modalizadores afetivos
Por meio desses advérbios, os falantes exprimem reações emotivas, quer dizer, manifestam 
posicionamento em relação ao que é afirmado ou negado. De acordo com Neves (2000), essa manifestação 
pode ser apenas subjetiva, envolvendo as emoções do falante (felicidade, surpresa,curiosidade) e pode 
também ser intersubjetiva, envolvendo um sentimento que se defina pelas relações entre falante e 
ouvinte (sinceridade, franqueza). Exemplos:
O problema, lamentavelmente, existe há muito tempo.
Felizmente, chegamos a tempo na reunião.
Honestamente, não sei o que faria se isso acontecesse comigo.
 Saiba mais
Há muitas estratégias que o professor de português pode utilizar, em 
suas aulas, para mostrar aos alunos os efeitos de sentido produzidos pelos 
modalizadores. Veja as dicas disponíveis no site <www.portaldoprofessor.
mec.gov.br/fichatecnicaaula.html>.
Caro aluno, como você já verificou, os verbos podem ser decompostos em partes, assim como outras 
palavras. Apresentamos, a seguir, algumas dessas partes que compõem as palavras:
Raiz: é o elemento fundamental da palavra, que não pode ser mais decomposto e nele transparece 
o sentido básico. Além disso, é comum às palavras cognatas (palavras da mesma família). Por exemplo, 
REG– é a raiz das palavras cognatas: reger, régua, regular.
Afixos: são elementos de significação secundária que se agregam à raiz para formar uma nova 
palavra, derivada da primeira. Podem ser prefixos ou sufixos.
a) Prefixos: são os afixos que se antepõem à raiz da palavra. Os prefixos empregados nas palavras 
portuguesas são de origem latina ou grega. Veja alguns prefixos de origem latina:
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AMBI– (duplicidade): ambidestro, ambivalência;
ANTE– (posição anterior): antebraço, anteontem;
BI– (duas vezes): bisavô, bípede;
CIS– (posição além): cisalpino;
DES– (negação): desfazer, desacreditar;
IN– (movimento para dentro): inalar, incorporar;
PER– (movimento através de): percorrer, perfurar;
POS– (posição posterior): pós‑graduação, posposto;
PRE– (anterioridade): prefixo, pré‑história;
RETRO– (para trás): retroativo, retrovisor;
SUB– (posição abaixo de): subchefe, sublocar;
SUPER–, SOBRE– (posição superior): superpopulação, sobrecarga.
Veja agora alguns prefixos gregos:
ANFI– (duplicidade): anfíbio, anfiteatro;
ANTI– (oposição): antibiótico, antítese;
DIá– (através de): diáfano, diálogo;
DIS– (mau funcionamento): disenteria, dispneia;
ENDO– (direção para dentro): endotérmico, endometriose;
EPI– (posição superior): epicentro, epiderme;
HEMI– (metade): hemisfério;
HIPER– (posição superior, excesso): hiperacidez, hipérbole;
HIPO– (posição inferior, insuficiência): hipoderme, hipótese;
METá– (posterioridade, mudança): metafísica, metáfora;
PARá– (proximidade, ao lado): paradigma, paráfrase;
POLI– (pluralidade): polissemia, politeísmo;
SIN– (simultaneidade, reunião): sinfonia, sincrônico.
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Veja agora a correspondência entre alguns prefixos gregos e latinos:
Quadro 3 – Prefixos
Grego Latino significado exemplos
des– a– negação ateu desleal
anfi– ambi– duplicidade anfíbio, ambivalente
di– bi– duas vezes dígrafo, bimestre
eu– bene– bem, bom eufonia, benévolo
para– ad– proximidade paráfrase, adjacente
peri– circum– em torno de periscópio, circumpolar
b) Sufixos: são os afixos que se pospõem à raiz da palavra. Os sufixos mais numerosos em língua 
portuguesa são de origem latina ou grega. Veja alguns deles a seguir:
Sufixos: –dor, –tor, –sor, –eiro, –ista, –nte, –ário.
Sentido: agente, profissional.
Exemplos: nadador, tradutor, revisor, artista, estudante, bibliotecário.
Sufixos: –ada, –agem, –ção, –mento.
Sentido: ação ou resultado da ação.
Exemplos: cabeçada, aprendizagem, doação, pensamento.
Sufixos: –dade, –ência, –ez, –ura.
Sentido: qualidade, estado.
Exemplos: debilidade, paciência, pequenez, formosura.
Sufixos: –acho, –culo, –inho, –zinho.
Sentido: diminutivo.
Exemplos: riacho, corpúsculo, menininho, animalzinho.
Sufixos: –aço, –anzil, –ão, –orra.
Sentido: aumentativo.
Exemplos: ricaço, corpanzil, portão, cabeçorra.
Sufixos: –ado, –ato, –aria, –tório, –tério.
Sentido: lugar.
Exemplos: principado, sindicato, livraria, dormitório, cemitério.
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Sufixos: –ismo, –tica.
Sentido: ciência, técnica, sistema doutrinário.
Exemplos: cristianismo, cibernética.
Sufixos: –al, –estre, –tico.
Sentido: relativo a, que contém a qualidade de.
Exemplos: espiritual, campestre, aromático.
Sufixos: –az, –into, –onho.
Sentido: intensidade, qualidade em abundância.
Exemplos: voraz, faminto, medonho.
Sufixos: –aco, –enho, –ense, –ita.
Sentido: origem, naturalidade.
Exemplos: austríaco, caribenho, cearense, moscovita.
Sufixos: –ável, –ível, –úvel.
Sentido: inclinação, tendência.
Exemplos: louvável, comestível, solúvel.
Veja mais alguns sufixos:
Sufixos: –icar, –itar, –inhar.
Sentido: ação diminutiva e repetida.
Exemplos: bebericar, saltitar, escrevinhar.
Sufixos: –ecer, –escer.
Sentido: ação que principia.
Exemplos: amanhecer, renascer.
Sufixos: –izar, –ntar.
Sentido: ação causadora.
Exemplos: humanizar, esquentar.
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Radical: é a raiz da palavra acrescida de afixos, se houver. Não havendo qualquer afixo, raiz e radical 
se confundem. Assim, na palavra REGer, eliminando‑se a desinência –er, fica‑se com a raiz que, nessa 
palavra, é também radical.
Para você entender melhor o que é o radical, pense em uma forma como –terr–, por exemplo. A 
partir desse segmento foram formadas muitas palavras, acrescentando determinados elementos, tais 
como morfemas derivacionais (prefixos e sufixos), morfemas flexionais (desinências), vogal temática.
Observe a formação das palavras a seguir:
 TERRa
 TERReno
 TERRestre
 EnTERRar
DesenTERRar
Um grupo de palavras que apresentam um radical comum é um grupo de palavras cognatas.
Veja a seguir alguns radicais gregos presentes nas palavras de língua portuguesa:
Biblion (livro): biblioteca, bibliófilo.
Cardia (coração): cardialgia, cardiograma.
Citos (célula): leucócito, citologia.
Cosmos (mundo): cosmogonia, cosmonauta.
Crátos (poder, força): democracia, plutocracia.
Crónos (tempo): diacrônico, sincrônico.
Glossa, glota (língua): poliglota, glossário.
Filos (amigo): filólogo, filantropia.
Hedra (face, base): poliedro, dodecaedro.
Hipnos (sono): hipnotismo, hipnose.
Pan, pantos (tudo, todo): panorama, panteísmo.
Pseudo (falso): pseudônimo, pseudosofia.
Sofia (sabedoria): filosofia.
Tópos (lugar): topografia, toponímia.
Xeno (estrangeiro): xenofobia, xenomania.
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Observe a seguir alguns radicais latinos:
Agri (campo): agricultor.
Api (abelha): apicultor.
Beli (guerra): beligerante.
Cord (coração): cordial.
Gni (fogo): ignição.
Multi (numeroso): multinacional.
Oni (tudo, todo): onipresente.
Pedi (pé): pedicure.
Pisci (peixe): pisciforme.
Pluri (muitos): plurilíngue.
Pleni (cheio, pleno): plenitude.
Pluvio (chuva): pluviômetro.
Prim(o) (primeiro): primogênito.
Tri (três): triciclo.
Uni (um): unívoco.
 Saiba mais
Pesquise, no dicionário, alguns tipos de medo (fobias) a que os seres 
humanos estão sujeitos no seu dia a dia: nosofobia, hipnofobia, dendrofobia, 
neofobia, hidrofobia, acrofobia, amaxofobia, agorafobia, ginecofobia, 
xenofobia, psicrofobia, necrofobia,fotofobia.
Vogais ou consoantes de ligação: elementos sem qualquer significado que se intercalam entre os 
outros elementos que formam a palavra, para facilitar a pronúncia. Exemplos: cafe–I–cultura; gas–O–
metro; cha–L–eira.
Vogal temática: vogal que se acrescenta ao radical de certas palavras; essa vogal amplia o radical 
e o prepara para receber as desinências. Em relação aos verbos, –a– é a vogal temática da primeira 
conjugação; –e– é a vogal temática da segunda conjugação; –i– é a vogal temática da terceira conjugação. 
Nos nomes são as vogais átonas finais –a, –e, –o. Exemplos:
Rosa
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Poeta
Triste
Livro
Tribo
 Observação
• O –o final será vogal temática, quando substituído por –a, não 
há oposição masculino/feminino. Exemplo: na palavra “livro”, não há 
oposição masculino/feminino (livr–?).
• O –o final será desinência de gênero quando a sua substituição 
por –a vai enquadrar o vocábulo na categoria de gênero feminino. Há 
então oposição masculino/feminino. Exemplo: menino (masculino)/
menina (feminino).
Os nomes terminados em consoante (lar, azul) e em vogal tônica (café, caju) são atemáticos, isto é, 
não possuem vogal temática.
Tema: radical acrescido de uma vogal, denominada “vogal temática”. Nos nomes nem sempre é fácil 
apontar a vogal temática, quando coincide com as desinências de gênero, ou não passa de simples 
semivogal; além disso, pode nem existir. Nos verbos, obtém‑se o tema com a eliminação da desinência de 
infinitivo (–R). Exemplos: ama– é o tema (amaR), AM– é o radical e –A– a vogal temática (característica 
da primeira conjugação).
2 PROcESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Em português, são dois os principais processos de formação de palavras: composição e derivação. A 
composição consiste na criação da palavra nova por meio da união de duas outras ou mais. A associação 
desses elementos pode ser feita por justaposição ou por aglutinação.
Na justaposição, os elementos linguísticos conservam a sua independência, tendo cada radical o 
seu acento tônico, não havendo perda de sons em qualquer dos componentes. Exemplos: amor‑perfeito, 
segunda‑feira, passatempo, pontapé. Na aglutinação, os dois elementos se fundem num todo, com 
um só acento tônico, havendo, inclusive, perda de sons. Exemplos: aguardente (água+ardente); embora 
(em+boa+hora); pernalta (perna+alta).
A derivação consiste na formação de palavras novas por meio de prefixos ou sufixos. Daí 
a divisão em prefixação e sufixação. Exemplos de prefixação: reter, semicírculo, percorrer, 
hipótese.
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Veja que a derivação prefixal é um processo muito presente no português contemporâneo. Ao unir‑se 
a uma base, o prefixo exerce a função de acrescentar‑lhe variados significados como grandeza, exagero, 
oposição, pequenez, repetição. Por exemplo, o prefixo “mega–“ tem gerado um grande número de palavras 
que indicam grandeza como “megacomício”, “megacomemoração”, “megashow”, “megaliquidação”.
Observe o que ocorre com alguns prefixos. Alves (1994) aponta que alguns prefixos, antepostos a uma base, 
atribuem‑lhe um significado; algum tempo depois, passam a concorrer com tal elemento ao serem empregados, 
de forma isolada, em função substantiva e com o valor semântico da palavra à qual se prefixaram. Exemplos:
Acordo anti‑inflação: uma tentativa de evitar a hiper.
Outros micros também recebem ordem de copiar o programa invasor.
Assim, hiper e micros perderam em parte o significado prefixal primitivo e adquiriram a função 
semântica desempenhada pelos substantivos hiperinflação e microcomputadores, respectivamente, 
constituindo uma forma reduzida.
Exemplos de sufixação: pedreiro, casamento, bebedouro, socialista.
De acordo com Alves (1994), no âmbito dos sufixos formadores de substantivos e dos adjetivos, 
“–ismo” e “–ista” apresentam‑se entre os mais produtivos. O sufixo “–ismo” une‑se a bases substantivas, 
adjetivas ou verbais. Exemplos:
Havia muitos seguidores do Brizolismo.
Hoje em dia, muitos são “achistas” em suas argumentações.
Na literatura também são comuns os neologismos. Leia o poema “Neologismo”, de Manuel Bandeira, 
escrito em 1947:
Beijo pouco, falo menos ainda,
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
BANDEIRA, 1967, p. 281.
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Veja alguns exemplos de neologismos em poemas de Carlos Drummond de Andrade, destacados por 
Alves (1994).
“Estou comprometida para sempre / eu que moro e desmoro há tantos anos / Grande Hotel do 
Mundo sem gerência”.
ANDRADE, 2002, p. 448.
“Quero que me repitas até a exaustão / que me amas que me amas que me amas / Do contrário 
evapora‑se a amação”.
ANDRADE, 1983, p. 181.
“desabando nem gritar / dava tempo soterrados / novos desabamentos insistiam/ sobre peitos em pó 
/ desabadesabadesabadavam / As ruínas formaram / outra cidade em ordem definitiva.”
ANDRADE, 1983, p. 469.
 Saiba mais
Procure pesquisar nas obras do escritor Guimarães Rosa algumas 
criações lexicais literárias. Elas dão um efeito especial ao texto porque 
fogem ao uso comum da língua.
Há outro tipo de derivação chamada “regressiva”, em que não se acrescenta sufixo, mas palavra 
primitiva é reduzida, originando‑se novo vocábulo. Caracteriza‑se pela formação de um substantivo 
abstrato de ação a partir de verbo. Por isso, tais substantivos são chamados “deverbais”. Exemplos:
o atraso (= o ato de atrasar);
o combate (= o ato de combater);
 a renúncia (= o ato de renunciar);
 o estudo (= o ato de estudar);
 a volta (= o ato de voltar);
a pesquisa (= o ato de pesquisar).
Segundo Henriques (2007), a regressão se caracteriza pela ausência de sufixo, contrariando a relação 
entre verbos e substantivos, que consiste em o nome ser o vocábulo primitivo e dele se formar o verbo 
– como normalmente ocorre com os adjetivos. Exemplos:
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forte > fortalecer;
belo > embelezar.
Isso também ocorre com os substantivos concretos:
a máquina > maquinar;
a escova > escovar.
Outro processo de formação de palavras é a braquissemia ou abreviação, ou seja, o processo de 
reduzir um vocábulo, geralmente longo, por comodidade expressiva. Exemplos:
moto > motocicleta;
eletro > eletrocardiograma ou eletrodoméstico
Henriques (2007) aponta a truncação como um tipo de abreviação. Nela, uma parte da sequência 
lexical é eliminada. Exemplos:
niver > aniversário;
su > sucesso.
Outro processo de formação de palavras é a reduplicação. Esta consiste na repetição de sílabas 
semelhantes ou iguais, principalmente com o intuito de formar palavra onomatopaica (imitativa). 
Exemplos: reco‑reco, tique‑taque.
2.1 Neologismos fonológicos
Segundo Alves (1994), os neologismos são criados a partir de um item lexical criado sem tomar 
como base nenhuma palavra já existente. Exemplo: bebemorar, para fazer par com comemorar, associa 
as ideias de beber e comer.
Veja esse exemplo muito relevante: “um exemplo muito utilizado pela mídia [...] ocorreu com a 
palavra valerioduto, popularizada pela imprensa para se referir a um dos muitos e grandes escândalos 
da política brasileira” (HENRIQUES, 2007, p. 140).
2.2 Neologismos: estrangeirismos
Os estrangeirismos são casos especiais de neologismoslexicais. Sandmann (1992) aponta três tipos 
de empréstimos:
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2.2.1 Empréstimo lexical
O empréstimo lexical caracteriza‑se pela incorporação da palavra estrangeira em sua forma original. 
Exemplos:
Pizza
Ghost‑writer
Pole position
Clip
Gauche
Grid
A palavra estrangeira também já pode estar adaptada plenamente à língua portuguesa:
Blecaute
Copirraite
Veja alguns estrangeirismos de origem francesa que foram aportuguesados:
Abat‑jour: abajur
Bouquet: buquê
Bibelot: bibelô
Cliché: clichê
Champagne: champanha ou champanhe
Garage: garagem
Glacé: glacê
Limousine: limusine
Tricot: tricô
Vitrine: vitrina
Veja alguns estrangeirismos de origem inglesa que foram aportuguesados:
Club: clube
Drink: drinque
Foot‑ball: futebol
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Jeep: jipe
Jockey: jóquei
Picnic: piquenique
Sandwich: sanduíche
Shampoo: xampu
Snob: esnobe
Sport: esporte
Veja alguns estrangeirismos de origem italiana que foram aportuguesados:
Ghetto: gueto
Gnocchi: nhoque
Libretto: libreto
Lasagna: lasanha
Ravioli: ravióli
2.2.2 Empréstimo semântico
O empréstimo semântico é marcado pela tradução ou substituição de morfemas, para preservar a 
ideia que é importada. Exemplos:
Hot dog > cachorro‑quente
Mezzo‑soprano > meio‑soprano
Haute‑couture > alta costura
2.2.3 Empréstimo estrutural
O empréstimo estrutural consiste na importação de um modelo que não é vernáculo, como na 
antecipação do determinante. Exemplo:
Videoconferência em vez de “conferência por vídeo”.
Recentemente, houve uma grande polêmica em torno do projeto de lei nº 1676/99, apresentado pelo 
deputado Aldo Rebelo à Câmara dos Deputados. Rebelo propunha uma política linguística contra o uso 
dos estrangeirismos. Veja trechos do projeto de lei nº 1676 de 1999:
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Art. 3º. É obrigatório o uso da língua portuguesa por brasileiros natos e naturalizados, 
e pelos estrangeiros residentes no País há mais de 1 (um) ano, nos seguintes domínios 
socioculturais:
I – no ensino e na aprendizagem;
II – no trabalho;
III – nas relações jurídicas;
IV – na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica oficial;
V – na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica em eventos públicos nacionais;
VI – nos meios de comunicação de massa;
VII – na produção e no consumo de bens, produtos e serviços;
VIII – na publicidade e no consumo de bens, produtos e serviços.
§ 1º. A disposição do caput, I–VIII deste artigo não se aplica:
I – situações que decorrem da livre manifestação do pensamento da livre expressão da 
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, nos termos dos incisos IV 
e IX do art. 5º da Constituição Federal;
II – a situações que decorrem de força legal ou de interesse nacional;
III – a comunicações e informações destinadas a estrangeiros, no Brasil ou no exterior;
IV – a membros das comunidades indígenas nacionais;
V – ao ensino e à aprendizagem das línguas estrangeiras;
VI – a palavras e expressões em língua estrangeira que decorram de razão social, marca ou 
patente legalmente constituída.
§ 2º. A regulamentação desta lei cuidará das situações que possam demandar:
I – tradução, simultânea ou não, para a língua portuguesa;
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II – uso concorrente, em igualdade de condições, da língua portuguesa com a língua ou 
línguas estrangeiras.
Art. 4º. Todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira, ressalvados 
os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, será considerado lesivo ao 
patrimônio cultural brasileiro, punível na forma da lei.
Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, considerar‑se‑á:
I – prática abusiva, se a palavra ou expressão em língua estrangeira tiver equivalente em 
língua portuguesa;
II – prática enganosa, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder induzir 
qualquer pessoa, física ou jurídica, a erro ou ilusão de qualquer espécie;
III – prática danosa ao patrimônio cultural, se a palavra ou expressão em língua 
estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar qualquer elemento da cultura 
brasileira.
Art. 5º. Toda e qualquer palavra ou expressão em língua estrangeira posta em uso no 
território nacional ou em repartição brasileira no exterior a partir da data da publicação 
desta lei, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, terá que 
ser substituída por palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa no prazo de 90 
(noventa) dias a contar da data do registro da ocorrência.
Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, na inexistência de 
palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa, admitir‑se‑á o aportuguesamento 
da palavra ou expressão em língua estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser 
criado.
Art. 6º. A regulamentação desta lei tratará das sanções administrativas a serem aplicadas 
àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que descumprir qualquer disposição 
desta lei.
Art. 7º. A regulamentação desta lei tratará das sanções premiais a serem aplicadas àquele, 
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que se dispuser, espontaneamente, a alterar o 
uso já estabelecido de palavra ou expressão em língua estrangeira por palavra ou expressão 
equivalente em língua portuguesa.
Art. 8º. À Academia Brasileira de Letras, com a colaboração dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, de órgãos que cumprem funções essenciais à justiça e de instituições 
de ensino, pesquisa e extensão universitária, incumbe realizar estudos que visem a subsidiar 
a regulamentação desta lei.
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 Saiba mais
Para você conhecer a opinião de vários autores, procure pesquisar mais 
no livro Estrangeirismos: guerras em torno da língua, organizado por Carlos 
Alberto Faraco, que se encontra na bibliografia.
Observe, a seguir, alguns trechos de artigos que compõem o livro de Carlos Alberto Faraco:
Em uma sociedade como a brasileira, na qual é imensa a disparidade na 
capacidade de consumo dos cidadãos e na qual a classe social consumidora 
sofre de grande insegurança social e se mira em modelo externo de consumo, 
norte‑americano ou europeu, não surpreende que o anglicismo se preste 
para marcar a diferenciação competitiva entre quem dispõe desse capital 
simbólico e a massa não consumidora. Temos aí mais do que preconceito. 
A força desse desejo parece irrefreável. Dele resultam muitos empréstimos, 
desnecessários na sua maioria, de gosto duvidoso quase sempre (e gosto 
linguístico se discute, é claro). Ou seja: seriam imprescindíveis esses 
estrangeirismos? Não. Desejados? Sim, por muitos de nós. Fazem mal? Tanto 
quanto as ondas que vieram antes, como a dos galicismos – os empréstimos 
franceses do início do século XX – passageiros, na maior parte; incorporados 
sem cicatrizes, os mais úteis ou simpáticos. Reprimi‑los, por quê? (GARCEZ; 
ZILLES apud FARACO, 2001, p. 25).
O projeto de Aldo Rebelo poderia ser visto apenas pelo seu lado grotesco; 
ou como um oportunismo face a seus evidentes efeitos midiáticos. 
Machado

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