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Resumo - Poder Constituinte

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Poder Constituinte
Resumo histórico
A doutrina acerca do Poder Constituinte, foi elaborada de forma explícita, pela primeira vez, em plena Revolução Francesa (final do séc. XVIII), por Sieyes. Sua obra denominou-se “O que é o terceiro estado?” qu’est-ce que le Tiers État? (conhecido no Brasil como A Constituinte Burguesa). Esta obra nasceu com a Revolução Francesa e se desenvolveu com a atuação política do autor; em razão de ter participado ativamente neste processo revolucionário, sobre tudo propôs uma nova forma de organização do poder político, visando dar maior legitimidade a nação.
O primeiro Estado era correspondia ao clero; o Segundo Estado à nobreza. Ambos, clero e nobreza, eram ordens privilegiadas, pois não pagavam qualquer tipo de impostos, desfrutavam de benefícios políticos e faziam parte do Conselho do Notável. Todos aqueles que não compunham as ordens privilegiadas, pertenciam ao Terceiro Estado (o povo). 
Conceito:
CANOTILHO diz que: “o poder constituinte, como próprio nome indica, visa constituir, criar, positivar normas jurídicas de valor constitucional”.
MALUF afirma o seguinte: “o poder constituinte é uma função da soberania nacional. É o poder de constituir e reconstituir ou reformular a ordem jurídica estatal”.
Para BONAVIDES o poder constituinte é “um poder político, um poder de fato, um poder que não se analisa em termos jurídicos formais e cuja existência e ação independem de configuração jurídica”.
O poder constituinte não se subordina a qualquer outro, possui sua própria natureza, é absolutamente livre, se expressando do modo que lhe convier, se funda sobre si mesmo, precisamente por ser antecedente ao ordenamento jurídico e consequentemente aos poderes constituídos.
Titularidade
Para Emmanuel Joseph Sieyés o titular do Poder Constituinte é a nação vez que a titularidade do Poder coaduna-se a concepção de soberania do Estado que através da atividade do poder constituinte originário estabelecerá sua formação essencial pela carta constitucional, que será necessariamente superior aos poderes constituídos, do modo que todas as atitudes dos poderes compostos unicamente alcançarão a inteira validade se sujeitar-se à Carta Magna.
Hodiernamente, é dominante na doutrina brasileira que a titularidade do Poder Constituinte concerne ao povo, pois o Estado emana da soberania popular, cujo conceito é mais amplo do que o de Nação, assim, os anseios constituintes na verdade são aspirações populares propagadas por meio de seus representantes.
MELLO, legitimando este ponto de vista, ensina que as “Assembleias Constituintes não titularizam o Poder Constituinte. São apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação popular, o exercício dessa magna prerrogativa”.
A Carta Magna de 1988 no seu art. 1° afirma ser o povo o detentor da soberania, “onde todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. 
O povo reconhecidamente é titular do Poder Constituinte, mas a ele não cabe o exercício direto do mesmo, havendo uma titularidade passiva, ao qual se atribui uma vontade constituinte que é sempre executada por um pequeno grupo social. 
Tipos
Pacificamente, a doutrina admite duas espécies de poder constituinte denominados de originário e reformador.
Somadas a essas duas formas tradicionais de poder constituinte, doutrinas contemporâneas acolhem a existência de mais duas espécies de poder constituinte, quais sejam: o poder difuso e o poder constituinte supranacional.
- Poder constituinte originário
CRIA
É o poder que tem como razão de existência o início de uma nova ordem jurídica, seja pelo o nascimento de um Estado, por exemplo, como ocorreu com os Estados Unidos da América em 1776, ou porque uma Constituição é abandonada em detrimento de outra, como no caso da República Federativa do Brasil de 1988, esta pode ser realizada por diversas formas, tais como: democrática, revolucionária e por golpe de Estado.
A principal característica deste poder originário são seis ideais principiológicos sendo eles: 
a) Poder Inicial; 
b) Poder Ilimitado; 
c) Poder Incondicional; 
d) Poder Político; 
e) Poder Soberano; 
e f) Poder Permanente.
Não existe procedimento determinado pelo qual se apresenta o poder constituinte originário, uma vez que tem como características ser incondicionado e ilimitado. Analisando historicamente a constituição de diversos países, há a possibilidade de assinalar duas formas básicas de expressão do poder constituinte originário, qual seja: Assembleia Nacional Constituinte e o Movimento Revolucionário, também chamado de outorga.
Poder Constituinte derivado
O poder constituinte de reforma pode ser conceituado como um poder instituído pelo originário que visa modificar a Carta Constitucional, objetivando adapta-la as transformações sucedidas no campo social de um determinado Estado Soberano, amoldando-a as mutáveis exigências sociais, podendo essa reparação compreender uma adição, exclusão ou alteração de frações do conteúdo constitucional. 
A expressão competência reformadora, aquela capaz de modificar a Constituição, parece o modo mais adequado de denominar a possibilidade de alterar parcialmente a Constituição, utilizando o termo Poder Constituinte apenas quando tratar de criação de uma nova lei maior.
A concepção dominante na doutrina é que o poder constituinte reformador possui natureza jurídica, pois ele é um poder de direito, apenas manifestando a atividade de uma competência reformadora, e não político ou de fato, tal como ocorre com o poder constituinte originário.
Características 
Subordinado (se submete ao texto vigente)
Limitado (clausulas pétreas, por exemplo, não podem ser restritas ou abolidas)
Condicionado (condições de exercícios pré estabelecidos pelo originário)
Poder constituinte derivado reformador 
Consiste em um meio oriundo do Poder Constituinte Originário para reformular os dispositivos constitucionais sempre que for conveniente e necessário, mediante emendas constitucionais, haja vista a necessidade de tais dispositivos se adequarem à realidade social.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Poder Constituinte Derivado Decorrente 
é o poder responsável por elaborar e reformar essas Constituições Estaduais. Este poder é exercido, em cada Estado, pela Assembleia Legislativa (cada Estado possui a sua). 
ATENÇÃO! 
Não existe Poder Constituinte Derivado Decorrente nos Municípios, mesmo que estes sejam regidos por leis orgânicas (LOM- Leis Orgânicas Municipais) que são aprovadas na Câmara Municipal.
Poder constituinte derivado revisor
O poder constituinte derivado revisor foi instituído pelo artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Esse artigo estabeleceu que após 5 anos da promulgação da Constituição de 1988, seria realizada uma revisão constitucional.
Essa revisão deveria ser realizada pelovoto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, reunidos em sessão unicameral. Dessa forma, ela possibilitou a alteração do texto da Constituição por meio de um procedimento mais simplificado que a edição de emendas constitucionais.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Uma vez realizada a revisão, o que ocorreu em 1994, com poucas alterações, por sinal, os efeitos do artigo 3º do ADCT se exauriram, restando ele sem aplicabilidade, já que a revisão foi autorizada a ocorrer apenas uma vez.
Questões 
Questão (CESPE – MPE/RR – Promotor de Justiça): A CF de 1988 prevê expressamente o poder de reforma, o qual materializa o poder constituinte derivado.
Questão (CESPE – TCU – Auditor de Controle Externo): O poder de reforma recebe, doutrinariamente, as mais diferentes denominações, sendo seus sinônimos as expressões poder constituinte derivado ou poder constituinte de segundo grau.
Questão (FEC – PC/RJ – Inspetor de Polícia): De acordo com a doutrina constitucionalista, o Poder Constituinte derivado classifica-se em:
a) poder revisor e poder originário.
b) poder originário e poder reformador.
c) poder decorrente e poder originário.
d) poder reformador e poder decorrente.
e) poder majoritário e poder contramajoritário.
Questão (OBJETIVA – Prefeitura de Vitorino/PR – Procurador): Assinalar a alternativa que NÃO caracteriza o Poder Constituinte Derivado:
a) Condicionado.
b) Subordinado.
c) Jurídico.
d) Limitado.
e) Inicial.
Questão (FGV – PC/RJ – Oficial de Cartório): A respeito do poder constituinte derivado, assinale a afirmativa incorreta.
a) O procedimento que deve ser adotado para a reforma do texto constitucional está necessariamente previsto na própria Constituição.
b) A aprovação de uma emenda constitucional depende dos votos favoráveis de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, obtidos em dois turnos de votação em cada uma delas.
c) As chamadas cláusulas pétreas da Constituição estabelecem limitações materiais ao poder constituinte derivado.
d) É vedada a aprovação de emenda constitucional que altere o regime constitucional da previdência social, tal como instituído no art. 201 e seguintes da Constituição de 1988.
e) Norma aprovada pelo poder constituinte derivado está sujeita ao controle judicial de constitucionalidade
Questão (CESPE -DETRAN/DF – Analista – Advocacia): O poder de modificar o texto originário da Constituição advém do exercício do poder constituinte reformador e do revisor, os quais podem ser manifestados a qualquer tempo, mediante o voto de três quintos de cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação.
Questão (MS CONCURSOS – SEDS/PE – Sargento da Policia Militar): Acerca do Poder Constituinte, aponte a alternativa CORRETA:
a) No Brasil, o Poder Constituinte Originário é limitado juridicamente, mas incondicionado e soberano em suas decisões.
b) O Poder Constituinte Originário se manifesta unicamente na forma de Assembleia Nacional Constituinte ou Convenção.
c) No ordenamento jurídico brasileiro, não é mais possível a manifestação do poder constituinte derivado revisor.
d) Para elaborar as Constituições Estaduais, os representantes dos Estados Membros exercem o Poder Constituinte Originário.
e) O Poder Constituinte Derivado Reformador é incondicionado, e sua manifestação verifica-se por meio das Emendas Constitucionais.
Questão (FCC – TRE/PE – Analista Judiciário): O Poder Constituinte derivado decorrente consiste
a) no estabelecimento da primeira Constituição de um novo país.
b) na possibilidade de alterar-se o texto constitucional do país, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal.
c) na possibilidade dos Estados membros de se auto organizarem através de suas Constituições Estaduais próprias, respeitando as regras limitativas da Constituição Federal
d) no estabelecimento de uma Constituição posterior de um velho país.
e) no fato de não estar sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar a sua vontade.
Gabarito
Resposta: 
Certo.
Comentário: O poder de reforma está expressamente previsto no artigo 60 da Constituição, que regula a edição das Emendas Constitucionais, um dos meios pelo quais o poder constituinte derivado se expressa em nosso ordenamento jurídico. 
Resposta: 
Certo.
Comentário: Além de poder constituinte de segundo grau, o poder constituinte derivado também é chamado pela doutrina de poder constituinte instituído, constituído, secundário ou remanescente.
Resposta: Letra D.
Comentário: Dentre as opções listadas, são espécies de poder constituinte derivado apenas os poderes reformador e decorrente. Além desses dois, a doutrina ainda define o poder constituinte derivado revisor, estabelecido pelo art. 3º do ADCT.
Resposta: Letra E.
Comentário: Dentre as características elencadas, o poder constituinte derivado só não é inicial, característica esta pertencente ao poder constituinte originário
Resposta: Letra D.
Comentário: O determinado pelo artigo 201 da Constituição não constitui limite material ao poder de reforma.
Resposta: Errado.
Comentário: A afirmação da questão refere-se somente ao poder constituinte reformador. O poder revisor foi estabelecido no ADCT da Constituição de 1988, e somente pôde ser exercido uma única vez, esgotando-se após decorrido o prazo para sua manifestação (5 anos).
Resposta: Letra C.
Comentário: A Constituição de 1988 conferiu apenas uma oportunidade para manifestação do poder constituinte derivado revisor, conforme art. 3º do ADCT. Essa manifestação já ocorreu, esgotando os efeitos da determinação constitucional. Em relação aos demais itens da questão, o poder constituinte originário é ilimitado juridicamente (letra A) e pode se manifestar também por meio de uma revolução (letra B). A elaboração das Constituição Estaduais é manifestação do poder constituinte derivado decorrente (letra D), e o poder constituinte derivado reformador é condicionado (letra E).
Resposta: Letra C.
Comentário: O poder constituinte derivado decorrente é consequência do poder de auto-organização conferido aos Estados-membros e se materializada por meio da elaboração e reforma das Constituições Estaduais.
Questões já resolvidas!
7 acertos
1 erro (questão 7, que marquei letra B)

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