PRODUCAO LITERARIA NO BRASIL

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JÚNIA DE JESUS SANTOS ESPÍNDOLA
PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL
Resenha apresentada à Empresa Viçosense de Assessoria Técnico-Acadêmica como parte das exigências para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Literatura e Língua Portuguesa.
Orientador: Jorge
Viçosa
FACULDADE DO VALE DO PIRANGA
2008
PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL
A literatura, em suas formas escritas, é um elo onde as pessoas podem organizar os pensamentos e repensar o mundo em que vive, através da linguagem. Ela permite ao indivíduo transcender os limites do tempo e do espaço e se comunicar com o outro, sem precisar seguir as regras e o formato usual da língua.
Fazendo uma breve abordagem sobre a obra “O direito à literatura” do escritor Antônio Candido, editada em 1995, nota-se de imediato o quanto é importante entender o domínio das práticas sociais da escrita como direito do cidadão. A literatura brasileira tem muitos conceitos e representações importantes na vida das pessoas que se interessam pela leitura. Os textos literários são fundamentais para aquisição do letramento, devido às diferentes dimensões da linguagem escrita em seus usos sociais. Ela contribui para o domínio dessas práticas. Na visão desse autor, o indivíduo só entra em contato com a literatura a partir do momento em que adquire as práticas sociais da leitura e da escrita na escola, que é a instituição responsável pela formação dos letrados.
Sabe-se que o lugar da literatura ainda é um campo cada vez mais complexo e indefinido. Para Cosson (2006), a literatura é entendida, hoje, nas escolas, como sinônimo de todo e qualquer tipo de leitura praticada no Ensino Fundamental. No Ensino Médio ela é vista como o estudo dos estilos de época, como se fossem momentos delimitados na História.
Cândido (2000) mostra em sua obra “Formação da literatura brasileira: momentos decisivos”, ele diz que a literatura brasileira nasceu a partir dos primeiros escritos de viajantes e missionários europeus que documentavam informações sobre a terra recém-colonizada. Embora esses primeiros escritos não possam ser considerados como literatura de fato, por estarem demasiadamente presos à crônica histórica; são compreendidos como o ponto de partida para a formação de nossa identidade literária e cultural. No decorrer da leitura dessa obra, foi possível ver que a literatura no Brasil está, de certa forma, ligada à literatura portuguesa. Durante muito tempo, toda produção literária esteve subjugada ao pensamento português. Só a partir do Romantismo que a literatura emancipou-se, alcançou sua autonomia e criou manifestações literárias próprias.
Cândido (2000) cita as escolas literárias, que são: Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo e Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o Neo-Realismo. A seguir, será feito aqui uma descrição suscinta dessas escolas que merecem destaques na produção literária no Brasil.
O Quinhentismo representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no século XVI, começo da colonização. Ele representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destacando, na época, o Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Deve-se destacar também Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação de viagem sobre o Brasil. 
O Barroco surgiu no século XVII e essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco, onde as obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. As figuras de linguagens como metáforas, antíteses e hipérboles são foram as mais usadas neste período. Bento Teixeira, autor de Prosopopeia; Gregório de Matos Guerra, com a obra Boca do Inferno, autor de várias poesias críticas e satíricas; e o Padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.
O Arcadismo surgiu no século XVIII e foi marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Aqui a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desse período são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.
A literatura do Romantismo iniciou-se no século XIX com a modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil em 1822. Essa escola literária tem como características principais o individualismo, o nacionalismo, a retomada dos fatos históricos importantes, a idealização da mulher, o espírito criativo e sonhador, a valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar: O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.
O Realismo/Naturalismo surgiu na segunda metade do século XIX, período em que a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta fase, cita-se: objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade. O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluísio de Azedo autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu.
O parnasianismo, que surgiu no final do século XIX e início do século XX buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho
O Simbolismo surgiu no final do século XIX e os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.
O Pré-Modernismo foi um período marcado pela transição, de 1902 a 1922, pois o Modernismo só começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Foi uma época marcada pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Destacaram-se como principais autores desse período: Euclides da Cunha com Os Sertões, Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.
O Modernismo que foi de 1922 a 1930 iniciou com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são: nacionalismo, temas urbanos do cotidiano, linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira foram os principais autores modernistas.
O Neo-Realismo foi no período de 1930 a 1945, a fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Vidas Secas de Graciliano Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiróze O País do Carnaval de Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecilia Meireles são as principais obras da época.
Para Cândido (2000), cada uma dessas escolas literárias apresenta características temáticas peculiares, que muito contribuíram para a formação da Literatura Brasileira e cada movimento uma importância no estudo dos autores que escreveram sobre essas escolas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
________________. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo horizonte, MG: Editora Itatiaia, 2000, vol. II. 
COSSON, Rildo. Letramento Literário. São Paulo: Contexto, 2006.