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Ponto 11 - Civil

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PONTO 11
Civil - Contratos. Teoria Geral dos Contratos. Princípios Contratuais Gerais. Elementos Constitutivos. Pressupostos de Validade. Revisão Contratual. Disposições Gerais. Extinção.
CONCEITO: “Contrato é o acordo de duas ou mais pessoas que cria, regula, modifica ou extingue direitos patrimoniais. Trata-se da mais comum e principal fonte lícita de obrigações” (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 135).
“Contrato existe quando o acordo, diretamente, cria, modifica, conserva ou extingue direitos de crédito ou reais. O requisito da inserção no âmbito patrimonial é imperioso, advém de nosso sistema legal, e é reconhecido pela maioria de nossa doutrina; em alguns ordenamentos, a referência aparece de modo expresso”. (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 135).
A NOVA TEORIA CONTRATUAL
O Contrato mudou seu matiz ideológico. A teoria mudou em diversos aspectos. 
Não é possivel fixar ao longo da história uma data específica de surgimento do contrato porque o contrato acompanha o desenvolvimento moral da humanidade e não há como definir este marco do início do desenvolvimento moral da humanidade. O contrato surgiu como o 1º grande instrumento de harmonização de interesses contrapostos. O contrato teve sua 1ª função social nesta ideia de harmonização (Clóvis Beviláqua). O contrato de permuta foi a primeira figura contratual. O historiador Max Kazer afirma que o contrato teve grande desenvolvimento no período clássico do Direito Romano, contudo, não foi criado pelo Direito Romano, mas teve grande desenvolvimento nele. 
A teoria do contrato foi especialmente desenvolvida a partir do desenvolvimento da ideologia liberal e capitalista. 
Orlando Gomes diz que o Direito Romano é uma referencia histórica do contrato, mas ele foi moldado, desenvolvido pelo Capitalismo, no plano económico, e o liberalismo, no plano político, especialmente no final do sec xix, início do sec xx. Sendo assim, faria com que o Estado não se metesse nas relações contratuais. Esta teoria norteia o desenvolvimento na Europa e na América. A autonomia privada era tudo, partia-se da premissa que as partes eram iguais. A ideia era de que a autonomia privada era o núcleo da relação entre partes iguais. 
Teoria clássica do contrato:
Autonomia privada
Igualdade entre as partes contratantes
Força obrigatória “pacta sunt servanda”
	Até o sec. XX as bases contratuais eram estas. 
	Durante o sec XX, inúmeras foram as variáveis para a modificação da teoria clássica do contrato. Tivemos as revoluções socialistas, 2 guerras mundiais, completa mudança na economia global. Tudo isto obrigou a doutrina a modificar a teoria clássica do contrato. Esta teoria clássica foi reconstruida, foi reformulada em novas bases. A teoria clássica se reformulou, durante o sec XX, os Estados sentiram a necessidade de determinar na teoria dos contratos o dirigismo contratual, que é um processo de contenção ou limitação das bases da teoria clássica do contrato, porque o Estado sentiu a necessidade de limitar a autonomia privada, É o contrato de adesão, que nos dá a imagem da nova teoria do contrato. Quem criou o contrato de adesão foi um jurista francês, Raymond Saleis, em 1901, que trata-se de uma técnica de contratação que se caracteriza pelo fato de uma das partes ditar o conteúdo da relação negocial. George Ripair, analisando o contrato de adesão, diz que o contrato de adesão é o termômetro que nos mostra a mudança da teoria contratual. 
	
	O tripé da teoria clássica foi reformulado (autonomia privada, igualdade entre as partes contratantes, força obrigatória do contrato “pacta sunt servanda”). A nova teoria contratual reconstruida em perspectiva constitucional, sem menoscabar os elementos da teoria clássica, aponta no sentido de reconhecer na autonomia privada, uma função socializante, de maneira a permitir a pactuação de relações negociais em harmonia com o valor máximo da dignidade da pessoa humana. (Gustavo Tepedino – Problema de direito civil constitucional / Fachim/ Hironaka). O que se busca não é desaparecer a autonomia privada, isto nunca, sempre o núcleo do contrato é a autonomia privada. Esta liberdade contratual foi funcionalizada. Não se quer fazer justiça social, uma justiça distributiva do contrato. 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
ATENÇÃO: OPINIÃO DO COUTO SOBRE OS PRINCÍPIOS: “Seria possível falar em mais de uma ou duas dezenas de outros [princípios contratuais], mas apenas serão realçados os acima listados [seguem], e em perspectiva objetiva. Certa bolha (ou inflação) de soluções à base de princípios, na prática judiciária brasileira, muito contribui para a quantidade de julgados contraditórios, em que vence quem tem mais prestígio perante os julgadores. E isso atua contra os alicerces que permitem o desenvolvimento de qualquer nação: regras claras, iguais para todos, que não tolham a livre iniciativa e permitem competição igualitária e o sucesso do mais eficiente. É com essa ótica que passamos a expor notas sobre os fundamentos reitores do mundo contratual” (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 136).
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA – primeiro desenvolvida pela escola jusnaturalista que sufragava que o homem era livre em suas ações. Todavia, hoje, ela é empregada de forma mais comedida. Não são sinônimos autonomia privada e livre iniciativa econômica, porque autonomia privada é um conceito mais amplo que o conceito de livre iniciativa economica negocial. Dentro do direito contratual, a autonomia privada significa liberdade negocial. Devemos ter alguma margem de liberdade negocial, decidindo com quem se contrata. A autonomia privada é limitada, é contida, sofre incidência de elementos de contenção.
De fato, a autonomia privada é o poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica. Sinônimo de autonomia da vontade para grande parte da doutrina contemporânea, com ela porém não se confunde, existindo entre ambas sensível diferença. A expressão, ‘autonomia da vontade’ tem uma conotação subjetiva, psicológica, enquanto a autonomia privada marca o poder da vontade de um modo objetivo, concreto e real” (Tartuce).
A professora Judith Martins Costa fala em autonomia solidária, porque ele é condicionada a valores sociais solidarizantes. A autonomia privada é contida pela eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pelo princípio da função social e também pelo princípio da boa-fé objetiva. 
	
“No setor dos contratos, a autonomia privada manifesta-se na liberdade contratual. Caracteriza-se como a livre-escolha, conferida aos interessados, de contratar ou não, decidir com quem contratar, e definir o conteúdo do contrato a ser celebrado. Em suma, o princípio da autonomia da vontade faz nascer, na seara, três ângulos principais: a) liberdade entre contratar ou não; b) o alvedrio de escolher com quem contratar; e c) a liberdade de definir o conteúdo do contrato a ser celebrado” (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 137).
2. PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO. “pacta sunt servanda” – o contrato tem força de lei entre as partes. Este princípio da força obrigatória é relativizado pela teoria da imprevisão. No Direito do Consumidor se chama teoria da onerosidade excessiva (ou quebra da base objetiva do contrato). 
Art. 478 CC/02 ( nos contratos de execução continuada, ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
“Certo é, portanto, que o princípio da força obrigatória não tem mais encontrao a predominância e a prevalência que exervia no passado. O princípio em questão está, portanto, mitigado ou relativizado, sobretudo pelos princípios sociais da função social do contrato e da boa fé-objetiva” (Tartuce).
De acordo com COUTO,“o princípio fundamental é que, quando o contrato é celebrado, as partes devem cumprir suas obrigações especificamente. Não existe arrependimento e nem sequer possibilidade de ser substituído o cumprimento do contrato por perdas e danos. Assim, se alguém vende um quadro e, depois, antes de entregá-lo, se arrepende, não tem a opção de cancelar o negócio nem que queira pagar o dobro, triplo ou o quádruplo do valor do objeto alienado. O comprador pode exigir o cumprimento específico da prestação, caso não aceite a generosa oferta” (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 139).
ATENÇÃO PARA A EXCEÇÃO: “Mas há casos de admissão do puro arrependimento na própria lei. A hipótese é rara: a mais geral está no art. 49 do CDC. Cuida-se de verdadeiro prazo de reflexão em prol do adquirente de produto que chegou ao consumidor através de “técnica de venda”. (COUTO, Direito Civil, 5.ed., p. 139). 
Art. 49 do CDC: “Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados”.
Conceito da teoria da imprevisão
A teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimento novo e imprevisível, com impacto na base econômica do contrato, justificaria a sua revisão ou resolução. A presente teoria somente interessa aos contratos de execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo, uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea. 
Requisitos da teoria da imprevisão
Podemos, nessa linha de intelecção, decompor essa importante construção dogmática, nos seguintes elementos:
1 superveniência de circunstância imprevisível – claro está, assim, que se a onerosidade excessiva imposta a uma das partes inserir-se na álea de previsão contratual, não se poderá, em tal caso, pretender-se mudar os termos da avença, eis que, na vida negocial, nada impede que uma das partes tenha feito um “mau negócio”;
2 alteração da base econômica objetiva do contrato – a ocorrência da circunstância superveniente altera a balança econômica do contrato, impondo a uma ou ambas as partes onerosidade excessiva; 
3 onerosidade excessiva – consequentemente, uma ou até mesmo ambas as partes experimentam um aumento na gravidade econômica da prestação a que se obrigou. Com isso, podemos concluir, consoante anotamos linhas acima, que a teoria da imprevisão não pressupõe necessariamente, enriquecimento de uma parte em detrimento do empobrecimento da outra. Isso porque, a superveniência da circunstância não esperada poderá haver determinado onerosidade para ambas as partes, sem que, com isso, se afaste a aplicação da teoria.
4 enriquecimento ilícito – Não teria que haver um quarto requisito: ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA PARTE? Parte da doutrina defende a necessidade desse requisito. Entretanto, a menção a somente 03 requisitos acima é defendida por outra parte da doutrina (RUY ROSADO DE AGUIAR), porque NEM sempre o enriquecimento ilícito é INDISPENSÁVEL, para a doutrina. Mas o CC/02 exige o enriquecimento ilícito, nos termos do artigo 478, que afirma a necessidade de a onerosidade excessiva gerar uma vantagem exagerada para a outra parte.(arts. 478 a 480 CC)
No CDC, a TEORIA DA IMPREVISÃO é diferente, é denominada de TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO (Direito Alemão).
O artigo 317 do CC é uma aplicação específica da teoria da imprevisão para fins de revisão de uma prestação do contrato. O artigo 478 é o artigo que serve para resolver o CONTRATO e não somente revisar uma prestação específica do contrato.
OBS: Não confundir o instituto da lesão com a teoria da imprevisão. Na lesão, o contrate já surge viciado. Nesse caso não se aplica a teoria da imprevisão, a qual só tem uso quando o contrato nasceu válido, porém, com o decurso do tempo, desequilibrou-se os deveres entre os contratantes.
Guilherme Couto: o Código Civil nasceu com concepção velha. A ótica prestigiada, hoje, é a do CDC: a revisão não tem como pressuposto a necessidade de que o fornecedor obtenha manifesto ganho com a alteração superveniente, e nem mesmo a imprevisibilidade da situação nova. Convivem dois sistemas, o do CDC e o do CC, sendo o último mais antiquado, de modo que, mesmo fora do âmbito das relações de consumo, pode ser oxigenado pelas premissas do primeiro.
	A Lei nº 8.078 rendeu homenagem à concepção objetiva da manutenção da base do negócio. A tutela da boa-fé não admite que eventos posteriores, que não estão nos riscos normais do ajuste, recaiam nos ombros de uma das partes. Se a outra é a parte profissional, não se admite, em detrimento do consumidor, a quebra da base; não há a necessidade da vantagem manifesta para o fornecedor, ou mesmo de que o acontecimento superveniente seja extraordinário e imprevisível. Basta que ele seja inesperado, e não atribuível ao consumidor.
	A utilização do CC afasta o direito do consumidor em casos rotineiros: mutuário pede a revisão judicial das prestações do seu contrato de financiamento, com a assertiva de que mudou de emprego, seu salário é menor, e agora as prestações estão excessivamente onerosas. Mas não estão presentes os pressupostos do art. 6º, V, do CDC, e muito menos do art. 478 do CC: o problema não diz respeito à base do negócio. Diz respeito a aspecto subjetivo vinculado a uma das partes, atribuível ao consumidor. Se esse ônus fosse transferido ao fornecedor, os contratos de mútuo passariam a ser aleatórios.
	De outro lado, um caso em que se aplicou o CDC foi o da liberação do câmbio, em janeiro de 1999. Eram comuns as aquisições de automóveis por meio de contratos de arrendamento mercantil, vinculados à variação cambial. Com a explosão do dólar, houve aumento significativo das prestações. O STJ aplicou o art. 6º do CDC, que favorece os consumidores, e lhes garantiu o direito à revisão.
3. PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL - prof. Paulo Lobo trata bem deste princípio. Tem intima conexão com a função social. Enunciado 22 da 1ª jornada de direito civil. Significa que em um contrato, as partes devem guardar equilíbrio entre as prestações pactuadas. Mas há situações em que o contratante assume o risco, com no caso dos contratos aleatórios. 
4. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO - um contrato vincula, em nível obrigacional, regra geral, apenas as próprias partes contratantes. Este princípio, contudo, sofre mitigações, uma vez que o contrato pode ter uma eficácia transubjetiva, à luz do princípio da boa-fé. Ex. estipulação em favor de terceiro (seguro de vida); contrato com pessoa a declarar, que nada mais é que uma promessa de fato de terceiro (os efeitos atingem terceiros).
O contrato de pessoa a declarar – 467 do CC02 – excepciona o princípio da relatividade dos efeitos do contrato, e traduz uma promessa de prestação de fato por terceiro. Se o terceiro não quiser ou não puder assumir, o contrato valerá pelas pessoas originárias. Também como exceção ao princípio da relatividade dos efeitos é a tutela externa do crédito (expressão cunhada pelo prof. Antônio Junqueira de Azevedo) porque sustenta a responsabilização do 3º que interfere na relação jurídica alheia, violando o princípio da boa-fé – 
“A estipulação em favor de terceiro, tratada entre os arts. 436 e 438 do CC (...) os efeitos são de dentro para fora do contrato, ou seja, exógenos, tornando-se uma clara exceção à relativização contratual. Exemplo típico é o que ocorre no contrato de seguro de vida, em que consta terceiro como beneficiário. A promessa de fato de terceiro – arts. 439 e 440 do CC – figura negocial pela qual determinada pessoa promete que uma deeterminada conduta seja praticadapor outrém, sob pena de responsabilização civil” (Tartuce).
5. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO - Este princípio consagrado em cláusula geral no art. 421, traduz um forte elemento de contenção da autonomia privada, a ideologia é a limitação da autonomia privada de acordo com valores como defesa ambiental, do consumidor, da ética. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Resp 476649 SP que diz em sua ementa que multa moratória escolar de 10% foi limitada a 2% em respeito ao princípio da função social em defesa do consumidor. Este princípio se projeta no âmbito interno e no âmbito externo do contrato.
Função social traduz uma cláusula geral de conteúdo de natureza principiológica, limitativa da liberdade de contratar. Ela é ao mesmo tempo cláusula geral e princípio. 
O que é uma CLÁUSULA GERAL? Segundo a prof. Judith Martins Costa, trata-se de uma disposição normativa dirigida ao juiz para que, a vista do caso concreto, crie, complemente, ou desenvolva uma norma jurídica. Ela tem conteúdo aberto que impõe ao juiz uma conduta, um comportamento, no sentido de desenvolver a norma jurídica. Tem conteúdo aberto, mas não trata-se de conceito aberto. 
O princípio da função social, incide tanto no âmbito intrínseco como extrínseco da relação contratual.No ambito interno, significa que as partes devem guardar equilíbrio e lealdade entre elas. No âmbito externo, temos, como exemplo, que um contrato não pode violar regras do direito ambiental, ele internamente é perfeito, mas se, externamente, violar o direito ambiental, então ele estará ferindo a função social do contrato. O contrato deixou de ser um átomo para se contextualizar socialmente. Isto mostra a mudança de mentalidade o amadurecimento do direito brasileiro. 
O CC16 não tratou do principio da função social, quem trata no CC02 é no art. 421.
6. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA - para entendermos a boa-fé temos que voltar ao tempo e fazer um histórico deste princípio. Ela tem raiz na denominada bona fides do Direito Romano, significando à época, um conceito ético individual. A nossa atual doutrina tem suas bases no Direito Alemão, que é a nossa principal referencia histórica, que recepcionou o direito romano, reconstruindo a bona fides,
	A base da boa fé é o §242 do código alemão quando os alemães tratam do conceito de lealdade e confiança. A doutrina traduz lealdade e confiança como boa-fé objetiva. Em Roma, a boa-fé tem padrão individual, e os alemães transformaram a boa-fé em regra, em valor objetivo de conduta. Há influencia do direito alemão no código italiano, no código de portugal, e no código brasileiro. O Direito Alemão é o berço desta influencia no Brasil, que está no art. 422 do NCC. 
Qual a diferença entre boa-fé subjetiva e boa-fé objetiva? Boa-fé subjetiva traduz um estado psicológico de inocência. Já a boa-fé objetiva trata-se de uma cláusula geral de natureza principiológica e que consiste em uma regra de conteúdo ético e exigibilidade jurídica. 
Antônio Menezes de Cordeiro e sua clássica obra – da boa-fé objetiva no Direito Civil/ Editora Almedina de Portugal. 
A boa-fé objetiva possui funções:
	1. função interpretativa - Orlando Gomes já tratou disto. O juiz quando interpreta um contrato deve, de toda maneira, resguardar a boa-fé – art. 113 do NCC. (o negócio jurídico deve ser interpretado segundo a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração).
	2. função constitutiva – função integrativa da boa-fé de deveres anexos ou de proteção, informação e cooperação> a boa-fé traz direitos anexos ao contrato. 
Violação positiva do contrato. Expressão também conhecida como “cumprimento defeituoso” ou “cumprimento imperfeito”, a “violação positiva do contrato” é uma espécie de inadimplemento contratual a imputar responsabilidade contratual objetiva àquele que viola direitos anexos do contrato. A “violação positiva do contrato” não decorrerá do descumprimento da prestação principal do mesmo, mas sim da inobservância dos deveres anexos decorrentes do princípio da boa-fé objetiva em sua função de proteção e de tutela. São exemplos desta “violação” o dever de informação, de proteção, de assistência, de cooperação, e de sigilo. Se, qualquer desses deveres for descumprido haverá a “violação positiva do contrato”, que poderá ensejar o pedido, pela parte inocente, da resolução do contrato ou até mesmo a oposição da exceção de contrato não cumprido.
	3. função de controle – art. 187 – abuso de direito – também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé, ou pelos bons costumes.
CIVIL. CONTRATOS. DÍVIDAS DE VALOR. CORREÇÃO MONETÁRIA. OBRIGATORIEDADE. RECOMPOSIÇÃO DO PODER AQUISITIVO DA MOEDA. RENÚNCIA AO DIREITO. POSSIBILIDADE. COBRANÇA RETROATIVA APÓS A RESCISÃO DO CONTRATO. NÃO-CABIMENTO. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. TEORIA DOS ATOS PRÓPRIOS. SUPRESSIO.
(...)
4. O princípio da boa-fé objetiva exercer três funções: (i) instrumento hermenêutico; (ii) fonte de direitos e deveres jurídicos; e (iii) limite ao exercício de direitos subjetivos. A essa última função aplica-se a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos próprios, como meio de rever a amplitude e o alcance dos deveres contratuais, daí derivando os seguintes institutos: tu quoque, venire contra facutm proprium, surrectio e supressio.
5. A supressio indica a possibilidade de redução do conteúdo obrigacional pela inércia qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, em exercer direito ou faculdade, criando para a outra a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa.
6. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1202514/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 30/06/2011)
O dever de informação decorre da boa-fé objetiva, da sua função integrativa. Em todo e qualquer contrato, não apenas nos contratos de consumo, as partes devem, reciprocamente, prestar informações necessárias uma à outra. A doutrina hoje entende, enunciado 24 da 1ª jornada, que, dada a grande importância ético-jurídica dos deveres anexos, a responsabilidade civil de quem os descumpre é objetiva. 
Críticas ao art. 422 do NCC - este artigo mandou aplicar o princípio da boa-fé na conclusão e durante a execução, e esqueceu o codificador de se referir que, este princípio da boa-fé aplica-se também nas fases pré e pós contratual. A pós-eficácia objetiva do contrato: o princípio da boa-fé deve ser também observado após a consumação do contrato. 
A fase pré-contratual é a fase das tratativas preliminares. Não se trata de promessa, porque ai seria contrato preliminar. Aqui, redige-se a minuta do contrato. 
TEORIAS RELEVANTES PARA OS CONTRATOS: SUPRESSIO, SURRECTIO, TU QUOQUE e VENIRE CONTRA FACTUM PROPIUM NO POTEST
O “venire contra factum proprium” é uma vedação decorrente do princípio da confiança. Trata-se de um tipo de ato abusivo de direito. Referida vedação assegura a manutenção da situação de confiança legitimamente criada nas relações jurídicas contratuais, onde não se admite a adoção de condutas contraditórias. Trata-se de “uma regra de coerência, por meio do qual se veda que se aja em determinado momento de uma certa maneira e, ulteriormente, adote-se um comportamento que frustra, vai contra aquela conduta tomada em primeiro lugar”. Portanto, o “venire contra factum proprium no potest” significa a proibição de ir contra fatos próprios já praticados.
Como afirma Menezes de Cordeiro “o venire contra factum proprium coloca a hipótese de, independentemente de ter sido acionado qualquer previsão normativa comum de tipo contratual, o agente fica adstrito a não contradizer o que fez e disse”. A título de exemplo, é a situação em que o credor, durante anos, aceita o pagamento da obrigação em data posterior ao do vencimento estipulado no contrato – configurando-se uma violaçãodeste – e, depois, vem pleitear a rescisão contratual com base na conduta anteriormente, por ele, tolerada. O “venire contra factum proprium non potest” ocorreu nesta hipótese, quando se criou a confiança, no sentido de que nada seria feito contra essa violação contratual – pagamento da obrigação em data posterior à estipulada. Logo, essa rescisão pleiteada com base na conduta tolerada, resulta numa violação do princípio da confiança, além de mostrar-se um verdadeiro abuso de direito, gerando as consequências já mencionadas. Perante um comportamento contraditório, portanto, a ordem jurídica não visa à manutenção do estado pela primeira atuação, que o direito não reconheceu, mas antes a proteção da pessoa que teve por boa, com justificação, a atuação em causa. 
O Superior Tribunal de Justiça abriu precedente de aplicação do venire contra factum proprium¸ antes mesmo do advento do Novo Código Civil, em julgado que afastou a possibilidade de anulação de compra e venda de um imóvel, celebrado somente pelo marido sem a outorga uxória, uma vez que a própria esposa declarou, como testemunha, em outro processo, a anuência tácita à venda. 
Já as expressões “surrectio” e “supressio” são classificações dadas em Portugal às expressões “verwirkung” e “erwirkung”, originárias da Alemanha. A “supressio” refere-se ao fenômeno da supressão de determinadas relações jurídicas pelo decurso do tempo. A “surrectio”, por sua vez, consagra o fenômeno inverso, ou seja, o surgimento de uma prática de usos e costumes locais. 
Assim, tanto a “supressio” como a “surrectio” consagram formas de perda e de aquisição de direito pelo decurso do tempo. Por outro lado, essas aquisições e restrições, em nosso ordenamento jurídico, somente são admitidos mediante expressa disposição de lei, como se vê no art. 1.238 que trata da aquisição de propriedade pela usucapião extraordinária, bem como pelos arts. 205 e 206, do Código Civil, que tratam de prescrição extintiva, uma vez que a prescrição consiste na aquisição ou extinção de direitos, pelo decurso do tempo. É admitido, outrossim, a aquisição ou perda de direitos – “surrectio” ou “supressio”, respectivamente – pelo transcurso do tempo, em nosso ordenamento jurídico, desde de que a ele se relacionam uma situação de confiança, investida numa relação jurídica. Portanto, o transcurso de tempo, como forma de aquisição ou perda de um direito, afora das previsões legais, somente é possível mediante à conjugação do “venire contra factum proprium no potest”.
Encontra-se exemplo de “supressio” e “surrectio”, assim, como expõe Maria Helena Diniz, no art. 330 do Código Civil, ao dispor que se o devedor efetuar, reiteradamente o pagamento da prestação em lugar diverso do estipulado no negócio jurídico, há presunção “juris tantum” de que o credor a ele renunciou, baseado no princípio da boa-fé objetiva e nessas formas de aquisição e perda de direito pelo decurso do tempo. Consequentemente, se o devedor efetuar o pagamento em local diverso do previsto no contrato, de forma reiterada, surge o direito subjetivo de assim continuar fazendo-o – “surrectio” – e o credor não poderá contrariá-lo, pois houve a perda do direito – “supressio” -, desde que, contudo, com observância do “venire contra factum proprium no potest”. 
Desse modo, a “surrectio”, nas palavras de Menezes de Cordeiro “é o instituto que faz surgir um direito que não existe juridicamente, mas que tem existência na efetividade social”.
 
Com relação ao “tu quoque”, é esta expressão que, de fato, revela os deveres anexos de uma relação contratual, decorrentes da boa-fé. Essa locução é designativa de uma situação gerada de um abuso de direito, que se verifica quando uma das partes viola a norma jurídica e, após tenta aproveitar-se dessa conduta em benefício próprio, que conforme o brocardo “turpitudinem suam allegans non auditur” – o sujeito não pode valer-se da própria torpeza -, que é vedada pelo direito. Assim, quem viola as suas obrigações contratuais não pode se valer da sua própria falta para se favorecer diante da contraparte. 
Conforme o Enunciado nº 24 do Conselho Superior da Justiça Federal, a violação dos deveres anexos decorrentes da cláusula geral da boa-fé objetiva, constitui-se espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
DUTY TO MITIGATE THE LOSS ( o conceito é desenvolvido no direito norte-americano e cristaliza o imperativo da boa-fé na relação obrigacional para impor à parte, que evite o dano evitável, sob pena de perder o direito à indenização. Traduz a expressão “o dever de mitigar”. Mesmo sendo vítima, há dever de mitigar os efeitos do dano, se estiver ao alcance. 
PROBIDADE (GUILHERME COUTO): expresso no art. 422 do CC, é uma das manifestações da boa-fé. É sinônimo de honestidade e retidão. A ideia do princípio é que as partes atuem com justiça comutativa e busquem prestações equilibradas; não é dado a qualquer dos contratantes enxergar o outro como uma fonte de lucro a ser explorada. São correlatas aos princípios regras que proíbem prestações iníquas (art. 51, IV, do CDC); o dever, atribuído ao magistrado no art. 413 do CC, de reduzir a cláusula penal excessiva; a vedação à sociedade leonina; o vício da vontade, em caso de lesão etc.
CLASSIFICAÇÕES E DISTINÇÕES
	CONTRATO
	INSTRUMENTO CONTRATUAL
	Relação jurídica, ou seja, é o negócio jurídico, o acordo de vontades.
	É o documento do contrato, é a forma física do contrato.
	
	Requisitos
	
	Preâmbulo
	Ë a introdução do contrato, é a cabeça, é a parte na qual os contratantes são qualificados
	
	Contexto
	É o corpo do contrato no qual estão previstas as cláusulas
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
MARIA HELENA DINIZ: os contratos podem ser classificados de acordo com os critérios abaixo identificados:
	CONSIDERADOS EM SI MESMOS
	RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
	Quanto à natureza da obrigação
	Unilaterais ou bilaterais
	CONTRATOS PRINCIPAIS ou CONTRATOS-BASE
	
	Onerosos ou gratuitos
	
	
	Comutativos ou aleatórios
	
	
	Formais ou reais
	
	Quanto à forma
	Consensuais, formais ou reais
	
	Quanto à designação
	Nominados e inominados
	
	Quanto ao objeto (conteúdo do direito conferido)
	Alienação de bens
	
	
	Transmissão de uso e gozo
	CONTRATOS ACESSÓRIOS ou CONTRATOS-DERIVADOS
	
	Prestação se serviço
	
	
	Conteúdo especial
	
	Quanto ao tempo de execução
	Execução imediata
	
	
	Execução mediata
	
	
	Execução diferida
	
	Quanto à pessoa do contratante
	Intuito personae ou impessoal
	
4.1.1 CONSIDERADOS EM SI MESMOS (principais classificações)
BILATERAIS ou UNILATERAIS
Unilaterais: se um só dos contratantes assumir obrigações em face do outro, de tal sorte que os efeitos são ativos de um lado e passivos do outro, pois uma das partes não se obrigará, não havendo, portanto, qualquer contraprestação. EXEMPLO: doação pura e simples, em que do concurso de vontades nascem obrigações somente para o doador. EXEMPLOS: depósito, comodato, mútuo, mandato.
Os contratos unilaterais requerem duas manifestações de vontade, mas colocam um só dos contratantes na posição de devedor, ficando o outro como credor.
Bilaterais: são os contratos em que cada um dos contratantes é simultânea e reciprocamente credor e devedor do outro, pois produz direitos e obrigações para ambos, tendo por característica principal o SINALAGMA, ou seja, a dependência recíproca de obrigações (CONTRATOS SINALAGMÁTICOS).
	SOMENTE SE APLICAM AOS CONTRATOS BILATERAIS
	EXCEPTIO INADIMPLETI CONTRACTUS
	Exceção do contrato não cumprido. NÃO se aplica a contratos unilaterais
	CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA
	Admite o inadimplemento como condição resolutiva. Os contratos bilaterais contêm implícita ou explicitamente essa cláusula.
	TEORIAS DOS RISCOS
	CONTRATOS UNILATERAIS: o contraente a quem o contrato aproveite responde por culpa e por dolo responde aquele a quem não favoreça.
Princípio da res perit creditori.
	
	CONTRATOS BILATERAIS: cada contratanteresponde por dolo.
Princípio da res perit debitori.
	ARTIGO 477
	Fica a obrigação em suspenso até que seja prestada garantia real ou fidejussória suficiente, já que as circunstâncias supervenientes de modificação no patrimônio do devedor alteram os termos contratuais, permitindo ao contratante que se comprometeu a realizar a sua prestação em primeiro lugar recusar-se a cumpri-la, até que o outro satisfaça sua obrigação ou dê garantia bastante de que cumprirá o prometido.
Contrato bilateral imperfeito – é o contrato unilateral que, por circunstância acidental, ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometera. Pode ocorrer com o depósito e o comodato quando, por exemplo, surgir para o depositante e o comodante, no decorrer da execução, a obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo comodatário e pelo depositário. O contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos unilaterais, porque as contraprestações não nascem com a avença (Carlos Roberto Gonçalves).
ONEROSOS ou GRATUITOS 
Gratuitos ou benéficos são os contratos em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem. 
Nos onerosos, ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício. 
A doutrina distingue os contratos gratuitos propriamente ditos dos contratos desinteressados. Aqueles acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes, como se dá nas doações puras. Estes, subespécies dos primeiros, não produzem esse efeito, malgrado beneficiem a outra parte (comodato e mútuo, p.ex.). “Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, o contrato oneroso é bilateral, o gratuito unilateral. Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros – mútuo feneratício – pelo qual além da obrigação de restituir a quantia emprestada – contrato unilateral - , devem ser pagos os juros – contrato oneroso” (Tartuce).
COMUTATIVOS ou ALEATÓRIOS
Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e aleatórios. Comutativos são os de prestações certas e determinadas. Os contratos aleatórios caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, acerca das vantagens e sacrifícios que deles pode advir. 
CONSENSUAIS ou REAIS
Contratos consensuais, ou formais, são aqueles que se perfectibilizam com a simples manifestação do consentimento. Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito, comodato ou mútuo, por exemplo. 
“Não se pode confundir o aperfeiçoamento do contrato – plano de validade – com o seu cumprimento – plano da eficácia. A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes convencionam sobre a coisa e o seu preço. No caso da compra e venda de imóveis, o registro mantém relação com a aquisição da propriedade do negócio decorrente, o mesmo valendo para a tradição nos casos envolvendo bens móveis. Utilizando a escada ponteana, o registro e a tradição estão no plano da eficácia desse contrato. No que concerne à tradição, é melhor dizer que está, em regra, no plano da eficácia. Isso porque, no caso dos contratos reais, a entrega da coisa está no plano da validade.” (Tartuce).
 NOMINADOS ou INOMINADOS
Contratos nominados são os que têm designação própria. Inominados são as que não a têm. 
Contratos típicos são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. Contratos atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e regulados na lei. 
4.1.2 RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Contratos principais: são os que existem por si, exercendo sua função e finalidade independentemente de outro.
Contratos acessórios: são aqueles cuja existência jurídica supõe a dos principais, pois visam a assegurar a sua execução. EXEMPLO: a fiança é contrato acessório, estabelecido para garantir a locação, que é contrato principal.
Regras gerais: devem obedecer aos seguintes princípios fundamentais:
nulidade da obrigação principal acarretará a das acessórias, porém a destas não implica a da principal;
a prescrição da pretensão relativa à obrigação principal induzirá à alusiva às acessórias, mas a recíproca não é verdadeira; assim, a prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas:
A parte que faz a proposta (POLICITAMENTO) é a parte PROPONENTE ou POLICITANTE. A parte que aceita é chamada de ACEITANTE ou OBLATO.
Declaração receptícia de vontade só surte efeitos quando do conhecimento da parte contrária.
Proposta trata-se de uma declaração receptícia de vontade, séria e concreta, dirigida ao aceitante. A proposta obriga o proponente, salvo nas hipóteses em que a própria lei afirma que a proposta não é obrigatória. (arts. 427 e 428 do CC)
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
RESULTAR DOS TERMOS DELA = previsão de desistência
NATUREZA DO NEGÓCIO = limitação de estoque
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO = conceito aberto que será avaliado pelo juiz, EXEMPLO: proposta jocosa, feita de brincadeira.
A proposta entre presentes é aquela feita entre pessoas que mantém contato direto e simultâneo uma com a outra. Entre ausentes, todavia, a proposta pressupõe não haver contato direto e imediato entre as partes. EXEMPLOS ENTRE PRESENTES: telefone e internet (MSN, Skype e similares). EXEMPLO ENTRE AUSENTES: por carta ou por e-mail.
A aceitação é a manifestação concordante do oblato. O consentimento somente existe com a aceitação da proposta. 
Se o aceitante modificar a proposta ele estará fazendo uma contra-proposta.
 TEORIAS DA FORMAÇÃO
O maior problema que temos na matéria de contratos é formação de contratos entre ausentes, digladiando-se a doutrina ao sabor de 02 teorias: TEORIA DA COGNIÇÃO e TEORIA DA AGNIÇÃO.
Fundamentalmente, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da formação do contrato entre ausentes (PEREIRA, Caio Mário da Silva, ob. cit., pág. 25 e RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Dos Contratos e Declarações Unilaterais de Vontade. vol 3. 25 ed. São Paulo: Saraiva, 1997):
Teoria da cognição: para os adeptos dessa linha de pensamento, o contrato entre ausentes somente se consideraria formado quando a resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do proponente. CRÍTICA: não se sabe qual o exato momento em que o proponente tomou conhecimento da aceitação.
Teoria da agnição: dispensa-se que a resposta chegue efetivamente ao conhecimento do proponente:
Sub-teoria da declaração propriamente dita: o contrato se formaria no momento em que o aceitante ou oblato redige ou datilografa a sua resposta. Peca por ser extremamente insegura, dada a dificuldade em se precisar o instante da resposta.
Sub-teoria da expedição: considera formado o contrato, no momento em que a resposta é expedida.
Sub-teoria da recepção: reputa celebrado o negócio no instante em que o proponente recebe a resposta. Dispensa, como vimos, que leia a mesma. Trata-se de uma sub-teoria mais segura do que as demais, pois a sua comprovação é menos dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebimento), nas correspondências.
Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito positivo? 
No Direito brasileiro, parte da doutrina entende que se deve aplicar a sub-teoria da EXPEDIÇÃO e outra parte sustenta que se deve aplicar a sub-teoria da RECEPÇÃO.
CLÓVIS BEVILÁQUA, autor do anteprojeto do Código Civil de 1916 era, nitidamente, adepto da sub-teoria da expedição, por reputá-la “a mais razoável e a mais jurídica”. (BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Obrigações.São Paulo: RED, 2000, pág. 238). Por isso, boa parte da doutrina brasileira, debruçando-se sobre o art. 1086 do Código revogado,concluía tratar-se de dispositivo afinado com o pensamento de CLÓVIS;
Na mesma linha, se cotejarmos esse dispositivo com o correspondente do Código Civil em vigor, teremos a nítida impressão de que foi adotada a vertente teórica da expedição: Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto :I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado.
Note-se, entretanto, que o referido dispositivo enumera situações em que o contrato não se reputará celebrado: no caso do art. 433; se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta (nesta hipótese, o próprio policitante comprometeu-se a aguardar a manifestação do oblato); ou, finalmente, se a resposta não chegar no prazo assinado pelo policitante.
Ocorre que, se nós observarmos a ressalva constante no inciso I desse artigo, que faz remissão ao art. 433, chegaremos à inarredável conclusão de que a aceitação não se reputará existente, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Atente para essa expressão: “se antes dela ou com ela CHEGAR ao proponente a retratação do aceitante”. 
Ora, ao fazer tal referência, o próprio legislador acabou por negar a força conclusiva da expedição, para reconhecer que, enquanto não tiver havido a RECEPÇÃO, o contrato não se reputará perfeito, pois, antes do recebimento da resposta ou simultaneamente a esta, poderá vir o arrependimento do aceitante. Podemos concluir que o contrato somente se forma quando o PROPONENTE RECEBE A RESPOSTA, SEM ARREPENDIMENTO.
Dada a amplitude da ressalva constante no art. 433, que admite, como vimos, a retratação do aceitante até que a resposta seja recebida pelo proponente, entendemos que o nosso Código Civil adotou a sub-teoria da recepção, e não a da expedição.
PROPAGANDA E PUBLICIDADE
“As expressões propaganda e publicidade muitas vezes são utilizadas como sinônimas. A própria Constituição o fez, no art. 220, § 4º. O primeiro vocábulo, porém, tem uma acepção mais ampla: significa a veiculação de ideias com o fito de convencer; assim, é possível utilizá-lo para designar a veicular promocional de mensagens filosóficas, religiosas e ideológicas, enquanto o segundo é reservado à mensagem comercial ou negocial” (COUTO, op.cit., p. 147).
ARRAS.
Conceito e natureza jurídica. Arras ou sinal é quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento.
 É instituto muito antigo, conhecido dos romanos, que costumavam entregar simbolicamente um anel para demonstrar a conclusão do contrato. Tem cabimento apenas nos contratos bilaterais translativos de domínio, dos quais constitui pacto acessório. Não existe por si: depende do contrato principal. 
As arras, além da natureza acessória, têm também caráter real, pois se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível, por um dos contraentes ao outro. Poderá ou não, a depender da espécie das arras dadas, conferir às partes o direito de arrependimento.
Arras confirmatórias (arts. 417, 418 e 419). As arras confirmatórias confirmam o contrato, que se torna obrigatório após a sua entrega. Prova o acordo de vontades, não mais sendo lícito a qualquer dos contratantes rescindi-lo unilateralmente. Quem o fizer, responderá por perdas e danos, nos termos dos arts. 418 e 419 do CC. São comuns nas vendas a prazo, em que o vendedor exige um sinal e significam princípio de pagamento. Se forem da mesma natureza da prestação principal (ex: dinheiro), serão computadas no valor devido, para efeito de amortizar a dívida. Tendo natureza diversa (ex: jóias), deverão ser restituídas, ao final da execução do negócio.
	
Não admitem direito de arrependimento. Não havendo nenhuma estipulação em contrário, as arras consideram-se confirmatórias: “Ordinariamente, as arras são simplesmente confirmatórias e servem apenas para início de pagamento do preço ajustado e, por demasia, se ter confirmado o contrato, seguindo a velha tradição do direito romano no tempo em que o simples acordo, desvestido de outras formalidades, não era suficiente para vincular os contratantes.” (RESP 110528/MG, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, 4ª T., j. 29.10.1998).
		
A parte que descumpriu o contrato perde o sinal dado (ou devolve o sinal recebido mais o equivalente, conforme o caso) para a parte inocente. Além disso, a parte inocente pode:
a) pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; ou
b) exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
Arras penitenciais (arts. 417 e 420). Podem as partes convencionar o direito de arrependimento. Neste caso, as arras denominam-se penitenciais, porque atuam como pena convencional, como sanção à parte que se valer dessa faculdade. Acordado o arrependimento, o contrato torna-se resolúvel, respondendo, porém, o que se arrepender, pelas perdas e danos prefixados modicamente pela lei: perda do sinal dado ou sua devolução mais o equivalente (o NCC não mais utiliza a expressão “devolução em dobro” – Se a parte que recebeu as arras se arrependeu, deverá devolver as arras recebidas mais o equivalente).
	Não se exige prova do prejuízo real. Por outro lado, não se admite a cobrança de outra verba, a título de perdas e danos, ainda que a parte inocente tenha sofrido prejuízo superior ao valor do sinal. O sinal constitui, pois, predeterminação das perdas e danos em favor do contratante inocente.
	
A jurisprudência estabeleceu algumas hipóteses em que a devolução do sinal deve ser pura e simples, não tendo que pagar o equivalente:
	a) havendo acordo nesse sentido;
	b) havendo culpa de ambos os contratantes (inadimplência de ambos ou arrependimento recíproco);
	c) se o cumprimento do contrato não se efetiva em razão do fortuito ou outro motivo estranho à vontade dos contratantes.
Funções das arras. Em síntese, as arras têm três funções:
	1) servirem de garantia do cumprimento do contrato, confirmando-o e o tornando obrigatório (arras confirmatórias);
	2) servirem de prefixação das perdas e danos quando convencionado o direito de arrependimento (arras penitenciais);
	3) servirem como começo de pagamento, quando forem da mesma natureza da prestação principal (ambos os tipos de arras).
Atente-se ao disposto no Enunciado 165 do CJF: “Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao sinal, sejam as arras confirmatórias ou penitenciais”, sendo que o dispositivo citado estatui que “A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.”
VÍCIOS REDIBITÓRIOS
CONCEITO
Os vícios redibitórios, por definição, são defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo.
REQUISITOS
a) a existência de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da coisa);
b) um defeito oculto existente no momento da tradição (contemporaneidade);
c) a diminuição do valor econômico ou o prejuízo à adequada utilização da coisa.
FUNDAMENTO
A regulação dos vícios redibitórios é uma garantia para o adquirente.
OBS: Não confundir vício redibitório com erro. Este é uma falsa percepção da realidade. É um defeito na percepção da coisa que, em si, não contém qualquer vício. Aquele é defeito da coisa.
AÇÕES EDILÍCIAS
Diante da ocorrência dos vícios redibitórios, o adquirente pode propor dois tipos de ação:
a) ação redibitória: rejeição da coisa. As perdas e danos estão referidas no artigo 443. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas docontrato.
b) ação estimatória ou ação quanti minoris: abatimento (artigo 442). Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Prazos: para a propositura das ações edilícias foram poucos dos prazos que foram aumentados (artigo 445): 
* venda de animais - os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais
São prazos decadenciais:
	BEM MÓVEL
	30 DIAS
	Contado da entrega efetiva
	SE JÁ ESTAVA NA POSSE
	15 DIAS
	Contado da alienação
	BEM IMÓVEL
	01 ANO
	
	
	6 MESES
	
O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então deve ter um prazo menor para ingressar com ação contra o alienante. 
CRÍTICA: a lei não estabeleceu um prazo mínimo da posse, assim pela letra fria da lei até o prazo de posse de 01 dia seria suficiente para a perda da metade do prazo decadencial. Assim seria justo que o legislador estabelecesse um período de tempo suficiente para o efeito de perda da metade do prazo, na hipótese prevista na segunda parte do artigo 445.
Há GARANTIA LEGAL (essa estabelecida nos artigos acima), mas há também a GARANTIA CONTRATUAL. Enquanto o prazo de GARANTIA CONTRATUAL está em curso, o prazo de garantia legal está suspenso, nos termos do artigo 446, CC, que deve ser aplicado também às relações de consumo, já que não há regulação no CDC.
OBS: O CDC protege o consumidor não só dos vícios ocultos, mas também dos aparentes. Nesses casos, o consumidor pode exigir a substituição do produto, o abatimento do preço ou o cancelamento do contrato.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ALIENANTE
A primeira parte do artigo 447 deixa bem claro quem responde pelos riscos: o alienante. 
E para que a sua responsabilidade se manifeste, três requisitos devem se conjugar:
a) aquisição de um bem;
b) perda da posse ou da propriedade; (note-se que a evicção pode ser parcial)
c) prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo.
DIREITOS DO EVICTO (art. 450) 
EXCLUSÃO DA GARANTIA
O contrato pode aumentar a garantia da evicção além do estabelecido no artigo 450, da mesma forma pode ser diminuída. 
A evicção pode ser EXCLUÍDA, por admissão do CC. A exclusão pode ser: LEGAL (artigo 457) ou CONVENCIONAL (artigo 449).
Observar o teor do art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
O contrato pode dizer que o alienante não responde pela evicção (até poderia ser revisada sob a luz do princípio da função social do contrato, mas a lei permite). Mas se isso ocorrer (cláusula que exclui a garantia), o evicto terá pelo menos o direito a receber o PREÇO QUE PAGOU, o que pode significar a não exclusão total da garantia. Entretanto, o contrato pode prever que o adquirente ciente do ato está assumindo-o, o que implicará a total exclusão da garantia.
Para que haja a exclusão total da garantia (artigo 449), é preciso que o adquirente expressamente tome ciência e assuma os riscos da evicção. 
CONTRATOS E O DIREITO INTEREMPORAL
O NOVO CÓDIGO CIVIL E OS CONTRATOS CELEBRADOS ANTES DA SUA VIGÊNCIA (tudo do material do TRF1)
Com a entrada em vigor do novo Código Civil, importantes problemas referentes ao Direito Intertemporal poderão ser suscitados, exigindo do magistrado redobrada cautela. Um desses problemas diz respeito à possibilidade de incidência da lei nova em contratos celebrados antes de 11 de janeiro de 2003. 
Segundo o art. 2035, os negócios jurídicos celebrados antes da entrada em vigor do novo Código continuarão regidos pelas leis anteriores (Código Civil de 1916, Código Comercial), no que tange aos seus pressupostos de validade (nulidade e anulabilidade). 
Da mesma forma, não se deve pretender aplicar as regras da lesão e do estado de perigo (defeitos do negócio jurídico), inauguradas pelo Código de 2002 (art. 156 e 157), restando ao hermeneuta recorrer a outros meios de colmatação, eventualmente aplicáveis, e à luz da disciplina normativa anterior.
Por tais razões, um contrato celebrado por um menor de 18 anos, antes de 11 de janeiro (data da entrada em vigor do novo Código), continua sendo anulável (art. 147, I, CC-16), a despeito da redução da maioridade civil (18 anos), eis que, à época da celebração do negócio, segundo a lei então vigente, o ato seria considerado inválido.
Aliás, esta impossibilidade de retroação dos efeitos da lei nova para atingir a validez dos negócios já celebrados apenas consubstancia a observância da regra constitucional que impõe o respeito ao ato jurídico perfeito (art. 5°, XXXVI, CF). 
No entanto, se, por um lado, não pode a lei nova atingir a validade dos negócios jurídicos já constituídos, por outro, se os efeitos do ato penetrarem o âmbito de vigência do novo Código, deverão se subordinar aos seus preceitos, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. Esta parte final do caput deverá causar polêmica, e abrir margem à insegurança jurídica. (MÁRIO DELGADO = direito intertemporal). (ANTONIO JEOVÁ DOS SANTOS = a segunda parte é inconstitucional).
Para melhor entendê-lo, cumpre-nos marcar, neste ponto, um divisor de águas: quanto ao aspecto de sua validade, não poderá o Código de 2002 atingir negócios celebrados antes da sua vigência; no entanto, quanto ao seu aspecto eficacial, ou seja, de executoriedade ou produção de seus efeitos, caso estes invadam o âmbito temporal de vigência da nova lei, estarão a esta subordinados. 
Um exemplo. Imaginemos um contrato de financiamento celebrado em 1999, de execução repetida no tempo (trato sucessivo), em que o financiado se obrigou a pagar, mensalmente, prestações pecuniárias à instituição financeira pelo prazo de 5 anos. Pois bem. 
Entra em vigor o novo Código Civil. Este, por expressa dicção legal, não poderá interferir na validade do negócio celebrado, embora os efeitos do contrato – de execução protraída no tempo – se sujeitem às suas normas (art. 2.035). Com isso, regras como as relativas à “resolução por onerosidade excessiva” (arts. 478 a 480), à “correção econômica das prestações pactuadas” (art. 317), ao “aumento progressivo de prestações sucessivas” (art. 316), ou às “perdas e danos” (arts. 402 a 405), para citar apenas alguns exemplos, poderão ser imediatamente aplicadas aos negócios jurídicos já constituídos, por interferirem, apenas, em seu campo eficacial ou de executoriedade. EXEMPLO: desconsideração da personalidade jurídica, porque atinge o plano da eficácia.
Entretanto, nos termos da parte final do art. 2.035, se as partes houverem previsto outra forma de execução, a exemplo da execução instantânea (que se consuma imediatamente, em um só ato), ou se afastaram a incidência de determinadas regras consagradas na lei nova – que não tenham substrato de ordem pública – a exemplo do aumento progressivo das prestações sucessivas, poderá ser evitada a incidência da nova lei. 
Mas observe: determinadas normas, como a que prevê a resolução por onerosidade excessiva ou a correção econômica das prestações pactuadas, em nosso pensamento, por seu indiscutível caráter publicístico e social, não podem, a prioristicamente, ser afastadas pela vontade das partes. 
Finalmente, o parágrafo único do artigo sob comento, utilizando linguagem contundente, determina que “nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social dos contratos e da propriedade”. 
Utilizando a expressão “nenhuma convenção”, o legislador impõe a todos os negócios jurídicos, não importando se celebrados antes ou após a entrada em vigor do novo Código, a fiel observância dos seus preceitos de ordem pública, especialmente a função social da propriedade e dos contratos. Assim,contratos que violem regras ambientais ou a utilização econômica racional do solo, assim como as convenções que infrinjam deveres anexos decorrentes da cláusula de boa fé objetiva (lealdade, respeito, assistência, confidencialidade, informação), expressamente prevista no art. 422 do novo Código, não poderão prevalecer, ante a nova ordem civil.
Muitos autores têm defendido que por meio desse dispositivo, há a extinção de toda e qualquer cláusula leonina.
EXTINÇÃO DO CONTRATO	
	1. Modo normal de extinção	
	A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. É o cumprimento das obrigações das partes. Comprova-se o pagamento pela quitação fornecida pelo credor (art. 320).
	2. Extinção sem cumprimento
	Causas anteriores ou contemporâneas:
	a) Nulidade absoluta ou relativa	
	b) Cláusula resolutiva	
	Pode ser expressa, quando convencionada para a hipótese de inadimplemento, ou tácita.
	A primeira (expressa) opera de pleno direito. A tácita depende de interpelação judicial e é subentendida em todo contrato bilateral (art. 475).
CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA ( DEPENDE DE INTERPELAÇÃO JUDICIAL
	c) Direito de arrependimento	
	Quando previsto, autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, sujeitando-se à perda do sinal ou à sua devolução em dobro.
	Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
	O princípio fundamental é que, quando o contrato é celebrado, as partes devem cumprir suas obrigações especificamente. Não existe arrependimento e nem sequer possibilidade de ser substituído o cumprimento do contrato por perdas e danos. Assim, se alguém vende um quadro e, depois, antes de entregá-lo, se arrepende, não tem a opção de cancelar o negócio nem que queira pagar o dobro, triplo ou o quádruplo do valor do objeto alienado. O comprador pode exigir o cumprimento específico da prestação, caso não aceita a generosa oferta. (COUTO, citado acima).
	Mas há casos de admissão do puro arrependimento na própria lei. Ex: art. 49 do CDC – desistência da contratação no prazo de sete dias (acerto fora do estabelecimento).
	Causas supervenientes
	
	a) Resolução
	É a terminação da obrigação em casos de inexecução, culposa ou não. 
	- Inexecução voluntária (culposa): sujeita ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal. Se o contrato for de execução instantânea, produz efeitos ex tunc. Se for de trato sucessivo, produz efeitos ex nunc (serviços de transporte, por exemplo, o que se executou continua valendo). 
	- Involuntária (caso fortuito e força maior): a impossibilidade superveniente deve ser objetiva, total e definitiva. 
	- Onerosidade excessiva (art. 478 do CC) – visto acima.
	b) Resilição
	É a terminação do contrato pela vontade de um ou de ambos os contraentes. Quando ambas as partes concordam, há resilição bilateral (distrato); quando a lei autoriza que apenas a vontade de um dos contratantes ponha fim a um contrato em andamento, fala-se em resilição unilateral (ou denúncia).
	c) Morte de um dos contratantes
	Só acarreta dissolução dos contratos personalíssimos. Subsistem as prestações cumpridas.
	d) Rescisão
	É usada de maneira bem genérica, englobando as mais diversas hipóteses de terminação contratual: seu uso amplo abrange até a resilição e a resolução. Ex: art. 477 e seguintes da CLT; art. 570 do CC, art. 15 da Lei do Inquilinato, entre outros. Não obstante, alguns puristas, segundo Guilherme Couto, defendem o uso muito antigo, estrito, apenas para as hipóteses de lesão ou terminações juridicamente determinadas.

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