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3. Aspectos toxicológicos UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: ADITIVOS E COADJUVANTES NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Profa. Florencia Cladera Olivera • Perigos em alimentos Introdução Introdução • Toxicologia de alimentos – Agentes tóxicos naturalmente presentes nos alimentos – Agentes tóxicos gerados no processamento – Contaminantes – Aditivos Introdução http://www.choice.com.au/files/28_FoodAdd.jpg Informe Técnico – Aspartame Informe Técnico – Tartrazina Informe Técnico – Bromatos Informe Técnico – Ciclamato Informe Técnico – Caramelo IV Avaliação de segurança • JECFA - Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives • Comitê científico que avalia a segurança do uso de aditivos alimentares, contaminantes, toxinas naturais e resíduos de medicamentos veterinários monografias toxicológicas • Assessora o Codex Alimentarius em suas decisões • Criação: 1956 (reuniões anuais) Avaliação de segurança Membros do JECFA: - Cientistas independentes - Representação geográfica - Selecionados por competência e experiência - Atuam em caráter individual e não como representantes do seu país Avaliação de segurança Atribuições do JECFA: - Especificações de identidade e pureza dos aditivos - Avaliação toxicológica - Avaliação da ingestão Avaliação de segurança Interpretação de dados obtidos em experimentação com animais de laboratório e extrapolação para o homem Potencial tóxico do aditivo e a dose que o evidencia � Toxicidade aguda � Toxicidade a curto prazo � Toxicidade a longo prazo � Estudo complementares Potenciais genotóxico, carcinogênico, teratogênico; órgãos-alvo, dose-resposta, efeitos cumulativos… Aditivos dificilmente causam intoxicação aguda, geralmente os problemas são de caráter crônico. � Toxicidade aguda: estudo dos efeitos produzidos pela substância administrada uma vez. A dose que provoca a morte de 50% dos animais é chamada DL50 (considera-se uma DL50< 3g/kg pc não significativa). Estuda-se efeitos de intoxicação e morte de diversas doses. � Toxicidade a curto prazo: estudo dos efeitos produzidos pela substância ao ser administrada durante um tempo de aprox 3 a 6 meses. Verifica-se o crecimento, comportamento, mortalidade (sangue, urina, órgãos). � Toxicidade a longo prazo (crônica): estudo dos efeitos produzidos pela substância ao ser administrada durante um longo período (de 18 mese a 2 anos para os ratos e cachorros). São observados os efeitos nas duas ou três gerações seguintes. Estudo exaustivo dos órgãos (signos de carcinogênese) Avaliação de segurança NOEL (No Observed Effect Level) IDA (Acceptable Daily Intakes) São expressos em mg/kg p.c. DADOS TOXICOLÓGICOS NOEL – No Observed Effect Level (Nível sem efeito observável) É a maior concentração ou quantidade de uma substância, encontrada experimentalmente, que não causa alteração adversa detectável da morfologia, capacidade funcional, crescimento, desenvolvimento ou expectativa de vida do animal (mg/kg p.c.) (Ingestão Diária Aceitável) É a quantidade estimada de uma substância química, expressa em mg/kg peso corpóreo, que pode ser ingerida diariamente durante toda a vida sem oferecer risco à saúde, à luz dos conhecimentos toxicológicos disponíveis na época da avaliação IDA - Acceptable Daily Intakes IDA - Acceptable Daily Intakes Valor extrapolado para o homem = IDA IDA = NOEL Fator de segurança % 10 % 10Diferença entre espécies Variabilidade humana Fatores de incerteza e/ou segurança NOEL IDA % 100 Camundongos, ratos, cachorros, coelhos Variações inter e intra espécies Fator de segurança % 10 – intra espécie % 10 – inter espécie > 100 – inter espécie e informação disponível não conclusiva Fator de segurança Ingestão Diária Aceitável • Conceito baseia-se na premissa de que todas as substâncias químicas são tóxicas, e suas toxicidades variam quanto à natureza do efeito e à quantidade necessária para produzir sinais e sintomas tóxicos • Valores são atribuídos somente às substâncias com dossiê toxicológico completo, preparado de acordo com protocolos e exigências preestabelecidos JECFA - estabelece valores de IDA – IDA – IDA Não especificada ou não limitada (não se julga necessário o estabelecimento de uma IDA visto que a substância não apresenta perigo nas doses de uso) – IDA não alocada (não se possuem informações sobre a inocuidade da substância ou os dados não apresentam segurança de uso, logo não pode ser utilizada) – IDA Temporária (os dados toxicológicos são suficientes para o emprego do aditivo até ter os dados complementares para fixar a IDA). – IDA de grupo (para aditivos semelhantes química e toxicologicamente, evita-se a ingestão acumulativa. A IDA deve englobar todos os membros do grupo). Ingestão Diária Aceitável Ingestão Diária Aceitável IDA não é definitiva... Situações que justificam a necessidade de reavaliação: - Novas informações sobre a segurança do aditivo - Novos usos da substância no alimento - Novos métodos de fabricação IDA para ciclamato 111982 4 (temporária)1980 4 (temporária)1977 Não alocada1976 Não alocada1974 Não alocada1970 50 (temporária)1967 IDA (mg/ kg p.c.)ANO Um metabólito do ciclamato (ciclohexilamina) é considerado cancerígeno. Taxa média de conversão = 30% É proibido nos Estados Unidos. IDA para amarelo crepúsculo (INS 110) 4,02011 1 (temporária)2009 2,51982 IDA (mg/ kg p.c.)ANO Valor baseado em um estudo em ratos dieta de 28 dias: NOEL = 375 mg/kg pc e Fator de Segurança de 100 Marthur et al (2005) – Dieta de 90 dias em ratos com doses 250 a 1500 mg/kg pc levou a problemas histopatológicos e mudanças no perfil de lipídeos do sangue. Estudo foi feito com AC de procedência duvidosa. Fundamental: • Laboratórios - sistemas de qualidade • Métodos validados - entendimento dos parâmetros de deteção e quantificação • Estudos que incluam grupos controle • Relatos confiáveis dos dados observados e de forma científica • Avaliação da ingestão potencial • Identificação de grupos de risco Avaliação de segurança http://www.choice.com.au/files/28_FoodAdd.jpg Avaliação da ingestão potencial Estimativa de Ingestão Que dados são necessários para avaliar o quanto de um determinado aditivo uma pessoa ingere por dia? Que dados são necessários para avaliar o quanto de um determinado aditivo uma determinada população ingere por dia? Estimativa de Ingestão Ingestão Diária Aceitável (IDA) Limite Máximo Teórico (LMT) Ingestão Diária Máxima Teórica (IDMT) Estimativa Ingestão Diária (EID) Estimativa de Ingestão Como podemos determinar que alimentos e em que quantidade uma população (ou grupo de pessoas) ingere? Inquérito recordatório 24h (IR24h) Consiste em quantificar todos os alimentos ingeridos no dia anterior ou nas últimas 24hs. Registro Alimentar (RA) O indivíduo registra tudo o que ele consome em um ou mais dias através de um formulário. Questionário de Freqüência Alimentar (QFA) Através de um questionário com uma lista de alimentos o indivíduo responde com que freqüência cada item da lista é consumido em número de vezes por dia, semana, mês . POF - IBGE Exemplo Alimentos com corantes http://www.youtube.com/watch?v=e-vXlNcR8Qw Coca-Cola e a Pepsi reduzem níveis de corante caramelo http://www.youtube.com/watch?v=uAPIy0igB8M Exemplo - DADOS 1) Verifique se através do consumo de refrigerantes pode ser ultrapassada a IDA para adolescentespara o corante caramelo IV. •IDA caramelo IV = 200 mg/kg pc •POF 2008/2009 no módulo “Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil”: Média do consumo diário per capita de refrigerantes na população em geral é de 95 ml/dia e em adolescentes é de 124 ml/dia. •Considere peso médio de 55 kg para os adolescentes. Exemplo - DADOS •Internacionalmente, o uso do corante Caramelo IV em bebidas não alcoólicas é reconhecido como aceitável dentro do limite máximo de 5g/100mL(limite adotado pelo Codex em 2009). 2) Verifique quantos mL de refrigerante poderia consumir por dia para não ultrapassar a IDA. 3) Que dados seriam necessários para verificar se o consumo é seguro considerando o 4-metilimidazol? Grupos de risco Grupos de risco Grupos de risco • Pureza dos aditivos (aspectos analíticos e microbiológicos) – legislação estabelece limites para impurezas orgânica e inorgânicas • Inocuidade dos aditivos – Segurança (teoricamente, se os experimentos toxicológicos foram bem realizados e com métodos modernos os aditivos são inócuos nas doses estabelecidas. Mas existem aditivos autorizados que com o tempo se revelaram cancerígenos). – Equilíbrios nutricionais (considerar mudanças na dieta da população que podem deixar o organismo mais sensível e que alguns aditivos podem modificar o equilíbrio nutricional) – Problemas alérgicos (alguns aditivos têm sido relacionados com alergias: edulcorantes, corantes, conservantes, etc.) Avaliação de segurança Legislação específica � Legislação brasileira Aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia só podem ser utilizados se estiverem explicitamente definidos em legislação específica, com as respectivas funções, limites máximos e categorias de alimentos permitidas O QUE NÃO CONSTAR NA LEGISLAÇÃO, NÃO TEM PERMISSÃO PARA SER UTILIZADO EM ALIMENTOS Referências internacionais/ estrangeiras Codex Alimentarius JECFA CCFA – Norma Geral de Aditivos Alimentares (GSFA) União Européia Diretivas European Food Safety Authority (EFSA) U.S. Food and Drug Administration (FDA) Lista Geral Harmonizada do Mercosul – GMC 11/2006 Aromas Aditivos BPF * Edulcorantes ADITIVOS LEGISLAÇÃO Resolução RDC 2/2007 * Resoluções 386/99, 234/02 e 43/05 Resolução RDC 18/2008 Outras normas * Limite de uso quantum satis = quantidade suficiente para obter o efeito tecnológico desejado - IDA não especificada ou não limitada BPF Aditivos • Geralmente têm IDA não especificada ou não limitada. •A quantidade de aditivo no alimento deve se limitar à dose mínima necessária para obter o efeito desejado (geralmente quantum satis). • Não significa que possa ser utilizado em qualquer alimento. • O aditivo deve ser de uma qualidade alimentar adequada e deve ser preparado e manipulado da mesma forma que um ingrediente alimentício.
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